Os jogadores são todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros. Os novos campeões formam um onze uniforme, mas o plantel está longe de ser um primor em termos de segundas linhas. A época confirmou que os pupilos de Jesualdo Ferreira se podem dividir em quatro categorias: os essenciais, os importantes, as mais-valias e os outros.
ESSENCIAIS
Bruno Alves
É um dos bons exemplos de como um treinador competente pode exponenciar as qualidades de um jogador dotado de raras qualidades físicas e técnicas, mas que precisava aprender alguns segredos da posição. Não só confirmou as melhoras da sua estabilidade emocional, como se tornou no verdadeiro líder do balneário. Aos 26 anos, está no topo da lista de vendas do FC Porto. A dúvida é como irá ser preenchido o vazio da sua saída.
Raul Meireles
Evoluiu de forma surpreendente e hoje não há muitos médios com as suas características em toda a Europa, o que acaba por ser surpreendente num médio aparentemente tão franzino. Sem ele, dificilmente Jesualdo Ferreira conseguiria impor com tanto sucesso um futebol feito de transições rápidas. Atingiu a maturidade aos 25 anos e adaptou-se bem quando o FC Porto passou a mostrar um futebol mais variado, feito também de algum controlo e posse de bola.
Fernando
A forma como se adaptou à posição seis transformou-o na grande revelação da época. De certeza que Jesualdo Ferreira não o trocava hoje por Paulo Assunção. Tem agressividade, é veloz e forte no jogo aéreo. Depurou deficiências na qualidade de passe e, aos 21 anos, só pode melhorar.
Hulk
Quando chegou, tinha o hardware dos grandes craques, mas faltava-lhe ainda o software. Em termos físicos, técnicos, remate, velocidade e capacidade de explosão está ao nível dos melhores sistemas operacionais que o futebol mundial actualmente comporta, mas precisava mudar a programação que lhe foi instalada no Brasil e Japão. Hulk ainda não entendia o jogo, mas Jesualdo Ferreira foi o primeiro a reconhecer que não lhe podia apagar de um dia para o outro o software e instalar-lhe outro mais actualizado, sob pena de lhe estragar o que ele tem de melhor, o hardware. Cuidadosamente, o treinador rectificou-lhe este ou aquele programa e as melhorias foram evidentes.
IMPORTANTES
Lisandro
Marcou menos golos no campeonato do que na época passada (inversamente ao que aconteceu na Champions), mas manteve o seu peso na organização ofensiva do FC Porto. Principalmente porque é o tipo de avançado que mais cai no goto de Jesualdo, apresentando rendimento superior tanto no miolo como nas faixas e uma facilidade rara de se adaptar ao dinamismo com que o treinador quer que funcione o tridente ofensivo. Mas teve fases sombrias, o que pode ser justificado pela vontade de se juntar ao lote dos que ganham mais.
Lucho
É um daqueles casos raros: às vezes até joga mal, mas nota-se logo sempre que não joga. Parece ter atravessado alguns problemas psicológicos, mas continuou a introduzir a magia necessária a uma equipa que aposta muito no controlo táctico em todas as situações. Contando com os penáltis, para já, é o melhor marcador da equipa na Liga. Mas deixou a sensação de que podia ter feito um pouco melhor.
Rodríguez
Passou por uma fase crítica, em que jogava sôfrego, como se sentisse necessidade de justificar os euros gastos na sua contratação. Depois, estabilizou e tornou-se numa pedra fundamental, pela agressividade e pela variedade de recursos tácticos que a sua presença garante. Marcou seis golos, alguns deles decisivos e já não joga tanto a olhar para o relvado.
Rolando
Ele e mais uns tantos foram lançados às feras em pleno Estádio da Luz e logo aí ficou provado que, ao lado de Bruno Alves, o problema da saída de Pepe estava em vias de ser resolvido. Pode não ter a qualidade técnica de Stepanov, mas ganha-lhe nos restantes itens, designadamente no da concentração. Aos 25 anos, está a caminho da maturidade.
Cissokho
Chegou apenas em Janeiro, mas a tempo de ganhar uma relevância rara. Esteticamente, pode deixar um pouco a desejar, mas é de uma agressividade e eficácia a toda a prova, principalmente depois de o treinador lhe ter corrigido alguns posicionamentos. Tanta maturidade não é normal num jogador com 21 anos. O FC Porto ganhou muito com a sua chegada em termos de profundidade.
MAIS-VALIAS
Mariano
Foi uma espécie de 12.º jogador (fez quase metade dos jogos a titular). Que tinha qualidade, já se sabia, desde os tempos em que passou pelo Palermo e Inter de Milão, mas sempre faltou continuidade ao seu futebol, deficiência que corrigiu em boa parte esta época. A sua polivalência acabou por ser também uma vantagem.
Tomás Costa
Ainda não confirmou ser um jogador de top, como Jesualdo prognosticou no início da época, mas foi útil em várias alturas.
Sapunaru
Começou por pagar as comparações com Bosingwa e também alguns disparates. Mas fez meio campeonato a titular e confirmou alguma qualidade, designadamente no jogo aéreo.
Farías
Sete golos com tão pouco tempo de utilização são sempre sete golos, mesmo que quase todos frente a adversários débeis. Não é o avançado ideal, mas fez o possível por ajudar.
OS OUTROS
Helton teve erros de palmatória e só foi decisivo em Manchester, o que é pouco. Fucile pagou um ano horrível em termos de lesões, mas é cada vez mais um jogador à imagem do FC Porto. Guarín foi útil num ou outro jogo, mas só isso. Pedro Emanuel pode ser importante no balneário, mas custou vê-lo numa missão de sacrifício como lateral. Stepanov não aproveitou as oportunidades, joga desconcentrado e precisa rodar noutro clube. Andrés Madrid chegou para ocupar a vaga de uma desilusão chamada Pelé, mas quem é a última escolha no Braga dificilmente pode ser solução no FC Porto. Tarik já não parece deste filme, ao contrário de Rabiola.
Do Público.
ESSENCIAIS
Bruno Alves
É um dos bons exemplos de como um treinador competente pode exponenciar as qualidades de um jogador dotado de raras qualidades físicas e técnicas, mas que precisava aprender alguns segredos da posição. Não só confirmou as melhoras da sua estabilidade emocional, como se tornou no verdadeiro líder do balneário. Aos 26 anos, está no topo da lista de vendas do FC Porto. A dúvida é como irá ser preenchido o vazio da sua saída.
Raul Meireles
Evoluiu de forma surpreendente e hoje não há muitos médios com as suas características em toda a Europa, o que acaba por ser surpreendente num médio aparentemente tão franzino. Sem ele, dificilmente Jesualdo Ferreira conseguiria impor com tanto sucesso um futebol feito de transições rápidas. Atingiu a maturidade aos 25 anos e adaptou-se bem quando o FC Porto passou a mostrar um futebol mais variado, feito também de algum controlo e posse de bola.
Fernando
A forma como se adaptou à posição seis transformou-o na grande revelação da época. De certeza que Jesualdo Ferreira não o trocava hoje por Paulo Assunção. Tem agressividade, é veloz e forte no jogo aéreo. Depurou deficiências na qualidade de passe e, aos 21 anos, só pode melhorar.
Hulk
Quando chegou, tinha o hardware dos grandes craques, mas faltava-lhe ainda o software. Em termos físicos, técnicos, remate, velocidade e capacidade de explosão está ao nível dos melhores sistemas operacionais que o futebol mundial actualmente comporta, mas precisava mudar a programação que lhe foi instalada no Brasil e Japão. Hulk ainda não entendia o jogo, mas Jesualdo Ferreira foi o primeiro a reconhecer que não lhe podia apagar de um dia para o outro o software e instalar-lhe outro mais actualizado, sob pena de lhe estragar o que ele tem de melhor, o hardware. Cuidadosamente, o treinador rectificou-lhe este ou aquele programa e as melhorias foram evidentes.
IMPORTANTES
Lisandro
Marcou menos golos no campeonato do que na época passada (inversamente ao que aconteceu na Champions), mas manteve o seu peso na organização ofensiva do FC Porto. Principalmente porque é o tipo de avançado que mais cai no goto de Jesualdo, apresentando rendimento superior tanto no miolo como nas faixas e uma facilidade rara de se adaptar ao dinamismo com que o treinador quer que funcione o tridente ofensivo. Mas teve fases sombrias, o que pode ser justificado pela vontade de se juntar ao lote dos que ganham mais.
Lucho
É um daqueles casos raros: às vezes até joga mal, mas nota-se logo sempre que não joga. Parece ter atravessado alguns problemas psicológicos, mas continuou a introduzir a magia necessária a uma equipa que aposta muito no controlo táctico em todas as situações. Contando com os penáltis, para já, é o melhor marcador da equipa na Liga. Mas deixou a sensação de que podia ter feito um pouco melhor.
Rodríguez
Passou por uma fase crítica, em que jogava sôfrego, como se sentisse necessidade de justificar os euros gastos na sua contratação. Depois, estabilizou e tornou-se numa pedra fundamental, pela agressividade e pela variedade de recursos tácticos que a sua presença garante. Marcou seis golos, alguns deles decisivos e já não joga tanto a olhar para o relvado.
Rolando
Ele e mais uns tantos foram lançados às feras em pleno Estádio da Luz e logo aí ficou provado que, ao lado de Bruno Alves, o problema da saída de Pepe estava em vias de ser resolvido. Pode não ter a qualidade técnica de Stepanov, mas ganha-lhe nos restantes itens, designadamente no da concentração. Aos 25 anos, está a caminho da maturidade.
Cissokho
Chegou apenas em Janeiro, mas a tempo de ganhar uma relevância rara. Esteticamente, pode deixar um pouco a desejar, mas é de uma agressividade e eficácia a toda a prova, principalmente depois de o treinador lhe ter corrigido alguns posicionamentos. Tanta maturidade não é normal num jogador com 21 anos. O FC Porto ganhou muito com a sua chegada em termos de profundidade.
MAIS-VALIAS
Mariano
Foi uma espécie de 12.º jogador (fez quase metade dos jogos a titular). Que tinha qualidade, já se sabia, desde os tempos em que passou pelo Palermo e Inter de Milão, mas sempre faltou continuidade ao seu futebol, deficiência que corrigiu em boa parte esta época. A sua polivalência acabou por ser também uma vantagem.
Tomás Costa
Ainda não confirmou ser um jogador de top, como Jesualdo prognosticou no início da época, mas foi útil em várias alturas.
Sapunaru
Começou por pagar as comparações com Bosingwa e também alguns disparates. Mas fez meio campeonato a titular e confirmou alguma qualidade, designadamente no jogo aéreo.
Farías
Sete golos com tão pouco tempo de utilização são sempre sete golos, mesmo que quase todos frente a adversários débeis. Não é o avançado ideal, mas fez o possível por ajudar.
OS OUTROS
Helton teve erros de palmatória e só foi decisivo em Manchester, o que é pouco. Fucile pagou um ano horrível em termos de lesões, mas é cada vez mais um jogador à imagem do FC Porto. Guarín foi útil num ou outro jogo, mas só isso. Pedro Emanuel pode ser importante no balneário, mas custou vê-lo numa missão de sacrifício como lateral. Stepanov não aproveitou as oportunidades, joga desconcentrado e precisa rodar noutro clube. Andrés Madrid chegou para ocupar a vaga de uma desilusão chamada Pelé, mas quem é a última escolha no Braga dificilmente pode ser solução no FC Porto. Tarik já não parece deste filme, ao contrário de Rabiola.
Do Público.
1 comentário:
concordo em pleno. há alguns muito bons, vários bons e alguns que definitivamente não devem continuar. temos algumas mais-valias em potência nos miúdos que temos emprestados mas temo que não possam vir a ter grandes hipóteses de regressar ao plantel. espero pela confirmação de Jesualdo como treinador para ver no que isto dá.
excelente análise!
Jorge (Porta19)
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