domingo, 30 de novembro de 2008

Capas de 30 de Novembro de 2008


Parabéns SuperDragões

Os SuperDragões fazem hoje 22 anos. Criada em 1986, a claque passou a associação de adeptos, registada no Conselho Nacional contra a Violência no Desporto, e vai aproveitar o aniversário para renovar a imagem do seu sitio oficial.

Memória selectiva

Numa entrevista publicada ontem no "Correio da Manhã", Nuno Valente refere que foi "chantageado" no FC Porto. Explica que o terão obrigado a renunciar à Selecção para jogar no clube e acrescenta que, "com o Euro'2004 à porta" não podia ceder, optando por sair. Ora, a idade não perdoa e é apenas natural que a memória de Nuno Valente não seja o que já foi. Se fosse, lembrar-se-ia que apenas saiu do FC Porto em Janeiro de 2005, muito depois de ter participado no Euro'2004 sem restrições. De resto, talvez se recordasse que os problemas surgiram na época seguinte, com uma série de lesões musculares que forçaram a sua ausência em vários jogos e levaram o departamento médico do clube a aconselhar uma diminuição no número de partidas disputadas, o que implicaria a opção pelo clube ou pela Selecção. Aliás, bastaria contar o número de jogos que Nuno Valente fez pela Selecção Nacional desde que deixou o FC Porto para perceber que o clube tinha razão quanto às limitações do lateral. Finalmente, Nuno acha que "merecia mais respeito" depois de tudo o que ajudou o FC Porto a conquistar. Talvez. Mas talvez o FC Porto também lhe merecesse mais respeito depois de lhe ter dado a ganhar tudo o que vale a pena mencionar no seu currículo.

Jorge Maia n' O Jogo

"Não éramos tão maus antes nem somos tão bons agor

Com a devida licença da Académica, ainda havia muito que esgravatar na vitória arrancada na Turquia. Jesualdo Ferreira aproveitou as entrelinhas das perguntas para lançar alfinetadas a críticos e a críticas que foi armazenando nos últimos tempos. Sem as especificar, deixou implícito nuns casos e explícito noutros que as achou injustas e precipitadas. Agora, também acha que os elogios dos últimos dias são algo prematuros, porque este FC Porto, apesar de apurado para os oitavos-de-final da Champions, tem muito por onde espremer. Contradições.

Depois do sucesso europeu, sente a equipa mais confiante?

O FC Porto chegou aos oitavos numa altura em que ninguém acreditava. Só nós acreditávamos. Diziam que estávamos enterrados, que a equipa não prestava, que os reforços eram maus, que a equipa não jogava. Vocês sabem o que foi escrito. Nem éramos tão maus naquela altura, nem somos tão bons agora. Temos é de trabalhar para sermos cada vez mais fortes, mas isso leva tempo e tem o seu progresso normal. Os jogadores nunca desacreditaram. Repito: não somos tão bons agora, como querem fazer crer, nem tão maus como foi escrito naquela altura. A auto-estima é melhor; a confiança aumentou; as capacidades dos jogadores aparecem com outra naturalidade e a equipa rola de outra maneira. Estamos num momento extraordinário? Não. Estamos no patamar que devíamos estar neste momento, apesar de alguns resultados maus. Mesmo em crise, empatámos na Luz, ganhámos em Alvalade, eliminámos o Sporting, conquistámos o apuramento na Champions com vitórias em Kiev e na Turquia.

Diz que a equipa também ainda não é tão boa como se escreve. Falta o quê?

Falta trabalho. Esta equipa precisa de muita atenção de todos, de técnicos, administradores e adeptos. Precisa de carinho. Ninguém nasce ensinado. Os que observam e avaliam, fazem-no de forma diferente à avaliação que fazemos internamente: não só os jogadores, mas também quem os contrata e dirige. Por isso é que o futebol tem piada, nessas divisões de opinião.

Sublinhou, no final, que aquele jogo era um manual de instruções. Porquê? Só pela eficácia?

Sobre esse manual podia dizer muitas coisas. Os jogadores foram espertos e concentrados, sabendo o que fazer face à forma como o Fenerbahçe jogava. Conseguiram-no graças às transições. Na primeira parte, houve momentos em que foi necessário ter os jogadores posicionados de maneira a garantir a ocupação dos espaços. Mas, o FC Porto não deve ser reduzido ao que fez na primeira parte, nem ao que fez na segunda. Há factores que não permitiram que o tal manual tenha sido constante: fizemos dois golos em lances que nada tiveram que ver com os processos; com o nosso método e preparação aconteceram os "quase" golos. Para mim, foi um jogo conseguido porque a equipa teve capacidade de pôr em campo um plano de jogo.

Jesualdo Ferreira n' O Jogo.

sábado, 29 de novembro de 2008

Hóquei em Patins - Porto vence

FC Porto 3 - Gulpilhares 1.

Classificação:

1. FC Porto, 11 pontos/27 pontos
2. J. Viana, 11/25
3. Benfica, 11/22
4. Oliveirense, 11/22
5. HC Braga, 11/19
6. Porto Santo, 11/17
7. O. Barcelos, 11/14
8. Oeiras, 11/13
9. Nortecoope, 11/13
10. Candelária, 10/12
11. Gulpilhares, 11/12
12. Cambra, 10/8
13. Valongo, 11/6
14. Carvalhos, 11/1

Basquetebol - Porto perde

Física Torres Vedras 73 - FC Porto 71.

Classificação:
1. Benfica 18 pontos/ 9 jogos
2. Ovarense 17/ 9
3. CAB Madeira 17/ 9
4. Vagos 17/ 10
5. Académica 17/ 10
6. Barreirense 16/ 10
7. Vitória Guimarães 16/ 10
8. FC Porto 14/ 9
9. Ginásio 14/ 10
10. Física 12/ 9

Capas de 29 de Novembro de 2008


sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Comunicado da F.C. Porto – Futebol, SAD

A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD informa o seguinte:

1 - Conforme participámos no nosso comunicado do passado dia 10 de Novembro, a Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD apresentou à Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional dois Processos de Revisão das decisões disciplinares condenatórias de que havia sido destinatária em 9 de Maio de 2008;

2 - No dia 25 do presente mês de Novembro, a Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD foi notificada pela Comissão Disciplinar, por faxe, que os processos disciplinares em questão se encontravam em poder do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, o que, no entendimento daquele órgão, «inviabilizaria, por ora, a apreciação dos pedidos de Revisão»;

3 - Ou seja, a Comissão Disciplinar, face a Processos de Revisão legítimos, idóneos e juridicamente enquadrados nos próprios regulamentos da LPFP, decide não decidir, por tempo indeterminado, sem sequer se preocupar em engendrar um esboço de justificação ou de fundamentação mínima;

4 - A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD não pode deixar de qualificar essa lamentável atitude como um veto de gaveta, um esforço patético de evitar o acesso ao direito e à justiça a que todos têm direito;

5 - O mesmo órgão que manifestou um fervor quase desvairado na sua acutilância punitiva na fase acusatória dos processos disciplinares, em que não hesitou em bater a todas as portas de Tribunais e de uma «super-equipa» do Ministério Público, para obter certidões que sustentassem a sua acusação, recusa agora ter a mesma pró-actividade. Não deixa de ser inédito que não tenha tido o cuidado de duplicar os seus documentos antes de os remeter para a FPF e agora nada faça para obter uma cópia, quando se trata de rever as suas decisões. Porque será que são tão expeditos a recorrer aos audiovisuais e não descobriram a utilidade da fotocopiadora e da memória do computador?;

6 - Perante isto, revela a Comissão Disciplinar da LPFP uma estranha inércia e contenção até agora desconhecidas, mostrando a sua dupla face;

7 - A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD declara de modo inequívoco que não se conformará, uma vez mais, com esta forma cada vez mais despudorada de encarar a realização da justiça desportiva em Portugal, pelo que informa ter hoje apresentado reclamação daquela decisão junto do órgão competente.

Porto, 28 de Novembro de 2008

Capas de 28 de Novembro de 2008

Diferenças e semelhanças

Há uma diferença entre ganhar bem e merecer ganhar melhor. Em Portugal, por exemplo, é muito difícil ganhar bem sendo apenas natural que quase todos mereçamos ganhar muito melhor. Ainda assim, não faltam casos de quem, mesmo ganhando bem, mereça mais. Como Lisandro. O avançado argentino do FC Porto ganha bem. É um dos mais bem pagos do plantel portista, mas parece não haver muitas dúvidas de que merece ganhar melhor, até porque há quem ganhe mais e não mereça ganhar tanto. Pode parecer uma forma confusa de colocar o problema, mas na verdade é muito simples: Lisandro até ganha bem, mas merece ganhar, pelo menos, tanto como os jogadores mais bem pagos do FC Porto. E até aqui não parece haver grande discussão, nem sequer por parte dos principais responsáveis portistas de quem, de resto, partiu a iniciativa de oferecer um aumento ao argentino poucos meses depois de terem prolongado o respectivo contrato. O problema é a diferença entre aquilo que o FC Porto quer pagar e aquilo que o argentino quer receber. Mas o que os dirigentes portistas precisam de avaliar com cuidado é se, a prazo, lhes sai mais caro aumentar Lisandro ou não o fazer.

Jorge Maia n' O Jogo.

Vencer sem dependências

O FC Porto dá-se bem com o Inferno, nas suas versões turcas. Depois de, no ano passado, ter ganho ao Besiktas na margem europeia de Istambul, desta vez venceu o Fenerbache no lado asiático da grande metrópole. Selou, assim, o apuramento para a fase seguinte da Liga dos Campeões pelo terceiro ano consecutivo, o que é obra para uma equipa que milita num campeonato fraquinho como o nosso.
Mérito para o clube, para Jesualdo Ferreira e para os jogadores que estiveram irrepreensíveis. Agora, defrontará, o Arsenal e espero que seja capaz de vingar a derrota em Londres, porque não esqueço o mau resultado, a má exibição e, principalmente, o riso sarcástico do treinador Wenger. Depois do desastre londrino e da azarada derrota caseira contra o Dínamo de Kiev, quem diria que o FC Porto estaria, agora, a apurado e a disputar a liderança no grupo?

Esta vitória, que só foi sofrida pelo facto de o FC Porto, a exemplo do que acontecera no Dragão contra estes mesmos turcos, ter desperdiçado várias oportunidades de marcar o «três a zero» e matar o jogo, teve a particularidade de ter sido obtida por uma equipa inédita e adaptada, em que avultava a ausência de Lucho. Foi por castigo que o melhor jogador do plantel não jogou, depois de ter despido a camisola em Kiev mas, na noite turca, percebemos que esta equipa não é «Lucho-dependente».

Naturalmente, são poucas as equipas mundiais que podem dispensar um jogador dessa qualidade, mas era importante perceber, e desta vez percebeu-se, como é que a equipa pode ser armada, no seu impedimento. Em Istambul, viu-se que Tomás Costa pode substituir o seu compatriota, dividindo a organização de jogo com Meireles. E, viu-se também que as variantes 4-4-2 e 4-1-4-1 são possíveis com este plantel, o que é uma boa notícia para o resto da época.

Rui Moreira n' A Bola.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Fenerbahçe 1 - FCPorto 2

O Porto ganhou e apurou-se para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões:

Capas de 25 de Novembro de 2008

"Também vamos entrar forte"

O FC Porto nunca perdeu na Turquia - nem com equipas turcas - e manter a tradição poderá ser meio caminho andado para garantir a presença nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Jesualdo Ferreira confirmou Fucile no lado direito da defesa, revelou que Pedro Emanuel - alternativa para o lado esquerdo que o uruguaio deixa vazio - está em condições de jogar durante os 90 minutos e deixou elogios para Hulk. Para além disso, falou ainda de Lucho, sem o enaltecer demasiado, e dos três pontos que pensa levar de Istambul.

Que FC Porto se vai apresentar frente ao Fenerbahçe tendo em conta a actual classificação no grupo?

O FC Porto é segundo e estamos a dois pontos do primeiro lugar. Mas essas são questões que não nos preocupam. Este jogo é importante para nós, até pela responsabilidade que o FC Porto assume nesta prova, e estamos obrigados a procurar aqui a qualificação. O Fenerbahçe tem uma boa equipa, composta por excelentes jogadores, com talento, experientes, habituados a ganhar grandes provas. Mas isso é apenas mais um suplemento motivacional para nós. Sabemos que é um estádio difícil, com um público sempre carinhoso para a sua equipa, mas estamos habituados a estes ambientes e gostamos deles. É verdade que temos uma equipa jovem, com alguns jogadores que disputam pela primeira vez a Liga dos Campeões, mas até agora temo-nos portado muito bem. Aliás, só temos menos um ponto do que na última época. Pelo passado, presente e também pelo futuro do FC Porto, sabemos que este jogo é muito importante para nós.

A ausência de Lucho vai obrigar a uma mudança de estratégia?

Não. Todos sabemos e temos consciência da importância do Lucho na nossa equipa. No entanto, quero recordar que, na época passada, sem o Lucho, vencemos o Marselha. Mas, independentemente dos jogadores que jogam, temos um trabalho diário que sustenta o nosso processo de jogo, pelo que o conceito de jogo será sempre o mesmo. Ou seja, trata-se de substituir um jogador importante por outro.

A ausência de Lucho, mas também de Sapunaru, complicam as opções para construir uma equipa para este jogo?

Se eu disser que não, vocês não acreditam; se disser que sim, pensam que estou preocupado. A ausência do Lucho obriga a equipa a jogar de forma diferente. É normal que assim seja, porque qualquer equipa que tenha, durante muitos anos, um jogador da qualidade do Lucho, sente sempre a sua ausência.

Luis Aragonés afirmou que o Fenerbahçe ia entrar forte no jogo, para marcar cedo, e destacou o contra-ataque do FC Porto…

As transições ofensivas rápidas da nossa equipa são apenas um dos momentos que sustentam o nosso processo de jogo. Mas há mais. Há diferentes formas de utilizar a bola quando a temos. Nós utilizamos preferencialmente esta porque entendemos que, no futebol actual, é uma excelente forma de tentar desequilibrar os adversários. Mas não é um método exclusivo; utilizamos apenas em determinados momentos. E mais uma coisa: o Fenerbahçe vai entrar forte, mas nós também. Não faz sentido pensar de outra forma.

Espera sair de Istambul qualificado para os oitavos-de-final?

Temos a convicção de que podemos chegar ao fim do jogo com uma vitória, mas isso pode não chegar para garantir a qualificação. Tal como afirmei em Kiev, podemos conversar sobre a forma como as equipas estarão distribuídas na classificação no final do jogo. Mas é lógico que a nossa perspectiva é vencer. Depois logo se vê.

Na época passada, o FC Porto venceu o Besiktas e suportou bem a pressão do público. Como vai ser com o Fenerbahçe?

Aquilo que vi no Besiktas, vou ver outra vez frente ao Fenerbahçe, mas ainda com mais gente. Vamos sentir uma pressão muito grande sobre o campo, e as emoções do público vão estando relacionadas com o decorrer do jogo. Mas quando os jogadores estão muito concentrados, as sensações que o público transmite são apenas ruído. Estamos habituados a jogar nestes ambientes, com ruído contínuo, o que até é bom, porque assim ninguém pode dormir (risos).

Jesualdo Ferreira n' O Jogo

Excursão ao Brasil

1 - Como sabemos e todos os dias nos repetem, vai para aí uma terrível crise, que ataca as economias das famílias portuguesas. Bem, nem tanto assim ou nem todas. A Euribor desceu acentuadamente e, com ela, desceram as taxas de juro que a população mais endividada do mundo paga mensalmente aos bancos; a gasolina começou a descer também (embora apenas uma pequena parte do que deveria descer, se houvesse transparência no mercado). E, com isso, parece que há por aí muitos portugueses oficialmente em crise, que já se esqueceram outra vez das preocupações: as viagens para o Brasil estão esgotadas até Janeiro e os bilhetes já custam a inacreditável quantia de dois mil euros!
Não admira que também Gilberto Madail e o seu homólogo da CBF tenham pensado em conjunto montar também uma excursão ao Brasil. Juntos, encheram um avião de vedetas de ambos os lados do Atlântico, que têm em comum o facto de quase todas estarem expatriadas na Europa milionária do futebol. Foi um voo histórico: talvez nunca um só avião tenha transportado uma carga humana tão valiosa. Afora essa curiosidade histórica e as sempre bem-vindas receitas para duas federações que se habituaram a viver no luxo, não consigo descortinar uma única vantagem nesta excursão de Novembro ao Brasil.

Como se sabe, o negócio das federações é feito toda à custa do esforço extra dos jogadores e, sobretudo, dos clubes que lhes pagam. Há qualquer coisa de «chulice» institucional neste negócio dos jogos particulares organizados para dar receita às federações. Compreendo, evidentemente, que se façam jogos de preparação antes das grandes competições — o Europeu e o Mundial — e que, de vez em quando, se faça um outro jogo dito «de apresentação». Mas aproveitar todos os buracos e buraquinhos do calendário competitivo dos clubes para encaixar jogos a feijões da Selecção Nacional é apenas um abuso de coisa alheia. Já Scolari — que, para justificar o ordenado de luxo da federação e os milhentos contratos publicitários que adorava, tinha de reunir a Selecção pelo menos uma vez por mês — confessava, todavia, que a única preparação que interessava era a que decorria nas duas ou três semanas anteriores às fases finais das competições, quando tinha os jogadores à sua disposição o tempo suficiente para treinar rotinas e esquemas de jogo. Agora, fazer um jogo de preparação com as Ilhas Feroé, dois meses depois outro com o Brasil, dois meses depois outro com as Bahamas, dois meses depois outro com a Itália, não serve para nada, rigorosamente. Só para prejudicar os clubes e cansar as vedetas.

O Brasil-Portugal, jogado a meio de uma semana de competições nacionais e entre competições europeias, num subúrbio de Brasília e num relvado que nem se sabia se iria estar em condições, foi uma excursão inútil e um desastre desportivo. Uma humilhação para todos nós, como era de prever, excepto para o Miguel Veloso, que não viu motivos para tal.

Repare-se, por exemplo, no caso de Danny, a mais recente aquisição da Selecção. Na penúltima jornada do campeonato russo, jogou em São Petersburgo, no domingo, dia 16; a 17, no dia seguinte, viajou para Lisboa, provavelmente via Frankfurt e talvez também com escala em Moscovo — um mínimo de oito horas de viagem, entre voos e aeroportos; nessa mesma noite, embarcou para um voo de dez horas até Brasília, saindo de uma temperatura de alguns dez graus negativos para as temperaturas do Verão brasileiro, a rondar os 35; no dia seguinte, treinou-se em Brasília e na noite seguinte, quarta-feira, a uma hora que para ele equivalia às 4 da manhã em S. Petersburgo, jogou contra o Brasil e até marcou o golo inaugural; terminado o jogo, seguiu-se hora e meia de autocarro e embarque para Lisboa, em novo voo de dez horas; desembarcado em Lisboa ao meio-dia de 5.ª feira, ei-lo a reembarcar para S. Petersburgo, via Frankfurt: mais oito horas de viagem, até chegar a casa, depois de ter percorrido 23 mil quilómetros em quatro dias; sexta-feira, acorda em S. Petersburgo e voa para Moscovo, onde, no dia seguinte, joga os 90 minutos no último e decisivo jogo do campeonato contra o Dínamo, em que o seu clube, o Zenit, disputava o 5.º lugar e a participação na Taça UEFA do próximo ano (o Zenit ganhou e Danny marcou dois golos e assistiu o terceiro); seguiu-se novo voo de regresso a S. Petersburgo e, enfim, o descanso. Imagine-se o entusiasmo com que ele irá receber no futuro novas convocatórias para jogos destes...

2 - Se todos, brasileiros e portugueses, tinham razões para acusar cansaço, desmotivação e poupança, um houve que foi o pior em campo e não por essa razão: Cristiano Ronaldo. O homem que já virou griffe e que se faz tratar por CR7, perdeu-se no jogo apenas por culpa do vedetismo e vaidade de que vem dando mostras, em crescente descontrolo. Quando lhe perguntaram se era o melhor jogador do mundo e ele respondeu que era «o primeiro, o segundo e o terceiro», quando lhe perguntaram se era mais bonito que o Kaká e ele respondeu «gosto de mim», quando foi substituído no sábado, em Inglaterra, depois de mais uma exibição completamente apagada, e saiu com o dedo espetado a indicar que era o n.º 1, já dá para perceber que aquele rapaz precisa urgentemente de quem lhe explique coisas básicas sobre a vida e a maneira de estar no futebol, como em tudo o resto. Em Brasília, ele não se perdeu por cansaço nem por falta de talento: perdeu-se por falta de humildade, incapacidade de pensar na equipa e não apenas em si próprio, parecendo uma barata tonta às voltas com fintas falhadas e rodriguinhos sem sentido para impressionar as meninas da plateia. O problema de se querer ser vedeta todos os dias é que não se pode falhar dia nenhum... Ele é o número 1 do mundo? Ponha os olhos no Messi ou no Ibrahimovic e vai ver que não. Ou então, que alguém o ponha a ver os vídeos de um senhor chamado Eusébio da Silva Ferreira, que ganhava um centésimo do que ele ganha, jogava bem mais do que ele e era capaz de chorar depois de perder um jogo pela Selecção.

3 - Dei comigo, durante o Brasil-Portugal de triste memoria, a contar os ex-jogadores do FC Porto que actuavam pelos dois lados. Eram onze, uma equipa inteira! Quatro pelo Brasil — Thiago Silva, Diego, Anderson e Luís Fabiano — e sete por Portugal — Bosingwa, Pepe, Paulo Ferreira, Deco, Maniche, César Peixoto e Hugo Almeida. Por aqui se pode ver a dimensão do património que o FC Porto tem delapidado nos últimos anos.

4 -Já não há saco para aguentar as eternas lamúrias dos sportinguistas contra as arbitragens, ainda para mais sem ponta de razão. Parece que, no espírito de um sportinguista, basta que um árbitro apite qualquer coisa contra o Sporting para já ser suspeito. Como toda a gente viu e comentou, Paulo Bento, mais uma vez, não teve a menor razão para se queixar da arbitragem de Artur Soares Dias, na Figueira da Foz. Na minha opinião, trata-se até, provavelmente, do melhor árbitro português do momento e, seguramente, muito melhor árbitro do que Paulo Bento é treinador. Com que legitimidade é que Paulo Bento acha que se pode permitir pôr em causa a seriedade dele? Tem algum mandado divino para decidir que não é penalty quando toda a gente viu que era? Ou tem andado a almoçar com o dr. Dias da Cunha e está contagiado pela asneira livre? Ele que ponha os olhos no Domingos Paciência, que interrogado sobre o penalty a favor do Benfica que resolveu o jogo em Coimbra — e quando já todos tínhamos visto que resultara de uma simulação de Reyes que enganou o árbitro — se limitou a dizer que estava longe de mais para poder ter visto em condições. Mais vale perder como um gentleman do que ganhar como um Dias da Cunha.

5- Olho para aqueles meninos dos No Name Boys e para o extenso rol das suas actividades «desportivas» e só espero que ninguém mais venha falar da selvajaria dos adeptos portistas — um dos mitos que alimentam as crónicas lisboetas desde há muito.

Miguel Sousa Tavares n' A Bola

sábado, 22 de novembro de 2008

Hóquei em Patins - Porto vence

FCPorto 6 - Valongo 3.

Classificação:

1. FC Porto, 10 jogos/23 pontos
2. J. Viana, 10/22
3. Oliveirense, 9/20
4. Benfica, 10/18
5. HC Braga, 10/17
6. O. Barcelos, 10/13
7. Candelária, 10/12
8. Nortecoope, 9/12
9. Gulpilhares, 10/12
10. Porto Santo, 9/11
11. Oeiras, 10/9
12. Cambra, 10/8
13. Valongo, 10/6
14. Carvalhos, 9/1

Basquetebol - Porto perde

Barreirense 88 – FC Porto 85.

Capas de 22 de Novembro de 2008


sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um sério caso de polícia

A operação fair-play desmontou a tese calabresa, mostrando que a comparação entre Porto e Palermo, invocada por pseudo-sociólogos e afins, só pode ter sido inventada por palermas. O problema das claques não tem base regional. Tem a ver com o seu modelo, semelhante ao das milícias, que propicia a infiltração por marginais e radicais. Gente que, protegida pelo ambiente de clã e pelo fervor colectivo, encontra, no seu seio, condimentos propícios à construção de teias de cumplicidades.
Por isso, as claques devem ser filtradas e legalizadas, para serem menos estanques e terem hierarquias responsáveis e responsabilizáveis. As outras, que são barrigas de aluguer para a marginalidade, só podem ser desmanteladas pela força da lei. Mas a certificação não pode ser um instrumento branqueador.

No caso da claque benfiquista, o clube deve ser responsabilizado se os materiais ilegais tiverem sido apreendidos dentro das instalações do clube, porque é fácil compreender que essas áreas reservadas dos estádios são a mala diplomática onde se podem esconder armas e drogas, fumos e tochas, que por isso escapam ao controle de acesso aos jogos.

As claques são úteis como apoiantes, e também fazem parte do grande espectáculo, desde que resistam à subversão dos seus fins: seja pela marginalidade, seja pela mão dos dirigentes dos clubes.

Infelizmente, é vulgar serem estes a corromper as claques, para as arregimentarem e transformarem em guardas pretorianas ao serviço de desígnios que rigorosamente nada têm a ver com a glória desportiva. Quando as claques servem de escolta aos dirigentes para as suas bravatas cobardes, quando são usadas por eles para silenciarem jornalistas incómodos ou vozes discordantes, deixam de ser úteis e passam a ser, apenas, um problema muito sério e uma ameaça à nossa segurança. Um sério caso de polícia.

Rui Moreira n' A Bola

Capas de 21 de Novembro de 2008

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Capas de 20 de Novembro de 2008

Hóquei em Patins - Porto vence

Oeiras 4 - FCPorto 7.

Classificação:
1. J. Viana, 22 pontos
2. FC Porto, 21
3. Oliveirense, 20
4. Benfica, 16
5. HC Braga, 15
6. Candelária, 12
7. Nortecoope, 12
8. Gulpilhares, 12
9. Porto Santo, 11
10. O. Barcelos, 11
11. Cambra, 8
12. Oeiras, 7
13. Valongo, 6
14. Carvalhos, 1

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Capas de 18 de Novembro de 2008

Heróis do Mar

1 - O Leixões merece. Merece ter ganho em Alvalade, merece ter ganho no Dragão e merecia ter ganho ao Benfica, se a sorte não lhe tivesse voltado as costas. O Leixões merece as quatro vitórias obtidas fora de casa em outros tantos jogos. Merece o primeiro lugar isolado, os cinco pontos a mais que leva sobre o FC Porto e os seis que leva sobre o Sporting. O Leixões merece este regresso à 1ª Liga, depois de tantos anos de espera e de dois anos em que esteve quase a conseguir chegar, mas no fim fraquejou.
Durante toda a semana foi um «blitz»de entusiasmo da imprensa, antevendo a chegada do Benfica ao primeiro lugar, após quatro anos de ausência da posição cimeira do futebol português. Lendo os jornais, eram favas contadas: o Benfica vencia tranquilamente na Luz os sub-alimentados do Estrela da Amadora, e o Sporting, com uma «arbitragem imparcial», só podia vencer de forma igualmente tranquila o intruso de Matosinhos. Ah, mas o futebol ainda tem parte substancial que se decide no relvado, apesar de tanta conversa, tantas queixas e lamúrias, tantas pseudoverdades proclamadas para valerem como factos!

Facto é que o Benfica lá venceu o Estrela da Amadora, ao estilo tem-te não caias, que é a sua imagem de marca este ano. Foi uma exibição pífia, a fazer lembrar o Benfica de Trapattoni, que foi campeão sem convencer ninguém. Facto é que o Leixões chegou a Alvalade, levou meio tempo a perder o respeito ao Sporting e depois mostrou ao que vinha: jogar sem medo, jogar com qualidade, com classe, com alegria. Já é tempo de fazer justiça a José Mota: não sei se haverá, entre os treinadores portugueses em actividade aqui, quem se lhe possa comparar em termos de resultados. Que os há menos humildes, sempre em bicos de pés mal obtêm um bom resultado, bem-falantes, isso há. Mas que consigam, uma, duas, várias vezes, pegar em equipas sem esperança e pô--las a jogar mais do que seria legítimo exigir e chegar aonde ninguém pensava possível, como José Mota tem feito, isso não há muitos.

Em Alvalade e no Dragão, a prestação do Leixões confirmou uma coisa que há muito penso: que uma equipa pequena, bem treinada e bem motivada, não precisa de jogar naqueles «quintais» onde se disputam tantos jogos da 1.ª Liga para fazer frente aos grandes. O que mais tenho gostado de ver no Leixões é o aproveitamento que a equipa faz do campo todo. As dimensões do relvado dos grandes não a intimidam, antes pelo contrario: é nesse espaço todo que o Leixões mostra que sabe jogar futebol. Bater o pé aos grandes em campos como o de Paços de Ferreira, Nacional, Naval, Amadora, não é tão difícil como parece: porque a falta de espaço prejudica o melhor futebol e beneficia quem quer, acima de tudo, defender e apostar na confusão e na sorte. Não é por acaso que os jogos dos campeonatos inglês, espanhol, italiano, francês ou alemão, são sempre bem disputados, mesmo com equipas fracas. Porque ninguém vê, nas Ligas desses países, campos como aqueles. Se eu mandasse, havia dois tipos de clubes que seriam excluídos do primeiro escalão: os que não pagam os salários, a Segurança Social ou o fisco, e os que não dispõem de relvados com a dimensão máxima.

2 - Já aqui escrevi algumas vezes que tenho todo o respeito por Paulo Bento. Acho que ele faz o melhor possível com a equipa que tem e, para todos os efeitos, é uma proeza ter que disputar o campeonato de igual para igual com dois rivais que gastam o dobro ou o triplo do que o Sporting gasta em jogadores. Mas Paulo Bento, de facto, não tem o dom da palavra e parece achar que isso não é importante. Está errado: um treinador é um líder, um condutor de homens, e um líder tem de saber falar para que o entendam, para que as suas razões sejam escutadas. Mesmo falando «a quente», não pode dizer a primeira coisa que lhe vem à cabeça, não pode anunciar como verdades indiscutíveis coisas que não resistem ao senso-comum de quem o ouve e também vê os jogos, não pode adoptar uma linguagem sem freio, ao nível do adepto de bancada.

Durante toda a semana, foi montada uma fortíssima campanha, e não apenas interna, de lavagem das declarações incendiárias de Paulo Bento, no final do Sporting-FC Porto. Ao ler algumas das opiniões expressas a propósito disso, fiquei a pensar se os tais que se intitulam cavalheiros do futebol acham mesmo que é admissível que um treinador diga o que Paulo Bento disse, no final daquele jogo.

Mas também fiquei a pensar porque razão não se atrevem os nossos jornalistas a contraditar treinadores ou dirigentes, quando eles dizem a primeira coisa que lhes apetece e anunciam como verdades inquestionáveis coisas que não resistiriam a um simples escrutínio de facto. Porque razão, quando ouvem Paulo Bento ou Dias da Cunha a falarem daquela arbitragem como se o Sporting tivesse sido roubado, não se atrevem a dizer-lhes: «E a cotovelada do Liedson no Fucile, que passou impune? E o descarado penalty do Rui Patricio sobre o Hulk, que acabou com cartão amarelo ao Hulk, por ter sido derrubado por um e pisado no chão por outro? E a gravata dentro da área do Rochemback ao Rolando, que acabou em livre contra o Porto? O que tem a dizer sobre isso?» Será precisa assim tanta coragem para fazer perguntas destas, as perguntas pertinentes?

Se as tivessem feito, e logo ali, no flash-interwiew, a Paulo Bento, ter-se-iam evitado muitas asneiras subsequentes, dele e de outros. Assim, foi necessário esperar que o Leixões fosse a Alvalade e tratasse de demonstrar que a desculpa das arbitragens não serve sempre. Apesar de, na sequência do apelo de Paulo Bento, o público de Alvalade ter recebido os árbitros com a dose de intimidação recomendada. Aliás, o apelo de Paulo Bento nem sequer faz sentido: de há muito que Alvalade é o estádio que mais pressiona os árbitros- e por isso é que o Sporting é cronicamente o clube com mais penalties a favor e mais adversários expulsos nos jogos disputados em sua casa. Mas como ninguém se atreve a lembrar-lhes as estatísticas nem os muitos e muitos casos em que a arbitragem os favorece, eles conseguiram fazer das suas verdades doutrina. Enfim, daí não vem grande mal ao mundo. Nem verdade ao futebol...

3 - Estávamos três a ver o FC Porto-Vitória de Guimarães e, de princípio a final, o que a todos mais impressionou foi a exibição de Cristian Rodriguéz. Acho que não exagero muito (é ver o vídeo...), se disser que ele não ganhou nem 10% dos lances disputados. Não fez uma assistência para golo, um cruzamento de jeito, um remate digno desse nome, não acabou ou deu sequência a uma jogada que fosse. Foi absolutamente impressionante a quantidade de jogo que ele estragou à equipa. E isto repete-se, jogo após jogo, desde o início da época, fazendo-me crer que o Cristian Rodriguéz é o útlimo de uma série de fiascos resultantes da irresistível tentação de Pinto da Costa de roubar jogadores ao Benfica- na esteira, por exemplo, dos inesquecíveis Iuran e Sokota.

Mas, afinal, li aqui, no relato do jogo, que dois jornalistas de A Bola tinham considerado o Cristian Rodriguéz como dos melhores portistas em campo. Ou não vimos o mesmo jogo ou só me resta render-me à evidência de que não percebo nada de futebol. Mas lá que gostava de ver Jesualdo experimentar o Candeias, de vez em quando, isso gostava. Mas não vou ter sorte, porque, como disse Carlos Azenha, na excelente entrevista que deu ao Diário de Notícias de 6.ª feira, para Jesualdo Ferreira há sempre titulares indiscutíveis. E já é uma sorte que Mariano González não seja sempre um deles.

Miguel Sousa Tavares n' A Bola.