terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Liga Intercalar - Porto perde

FCPorto 1 - Boavista 2.


Capas de 30 de Dezembro de 2008


A fraude

PARA o senso comum, senador é alguém cujo nome, estatuto ou posição lhe garante uma credibilidade acrescida perante os outros. Em matéria de opinião, por exemplo, um senador deve ser escutado com mais atenção, porque, tenha razão ou não, é suposto ter uma opinião mais isenta, mais ponderada e mais credível que o comum das pessoas. Foi certamente a pensar assim que a Direcção de A BOLA decidiu, já há uns tempos, introduzir às sextas-feiras as colunas dos senadores — um por cada clube grande. Todos, sem excepção, são figuras de valor intelectual e de carácter acima de qualquer controvérsia. Mas há uma diferença entre eles: Rui Moreira é simplesmente adepto portista e da chamada «ala critica» da respectiva direcção (que lida tão mal com as criticas quanto o azeite liga com a água); já Rogério Alves é membro dos actuais corpos gerentes do Sporting, no cargo de presidente da Assembleia Geral, e Sílvio Cervan é mesmo membro da actual Direcção do Benfica, ou seja, responsável directo pela sua gestão. E isto coloca um problema não escamoteável.
Há uma diferença entre independente e isento — neste caso e, a meu ver, essencial. Eu, por exemplo, desde o primeiro dia que aqui comecei a escrever, que tornei claro o meu estatuto: não sou nem passaria a ser independente, visto que tenho uma filiação clubística e é bem sabido como a paixão clubística tolda a independência de julgamento (a todos, e não apenas aos portistas, como costumam decidir os outros...). Mas, não sendo independente, nunca deixaria de ser isento — não apenas porque não ocupo e nunca ocupei qualquer cargo no meu clube, no seu jornal, televisão ou outros apêndices, e porque, também, e conforme julgo ser público e notório, não presto vassalagem nem silêncio aos seus dirigentes ou técnicos, sejam eles quem forem. Mas, por mais respeito que tenha por eles, que é muito, esta é condição que não assiste nem a Rogério Alves nem, sobretudo, a Sílvio Cervan. Eles não estão na posição de um adepto banal de um clube: são co-responsáveis, os êxitos e inêxitos do clube são também responsabilidade pessoal sua.

Mas, mesmo com essa capitis diminutio, Sílvio Cervan ostenta o título de senador do jornal A BOLA. O tal título que justifica que se espere dele opiniões mais ponderadas, mais isentas e, logo, mais credíveis do que, por exemplo, as minhas. Assim, quando o vi, na sua última coluna, declarar solenemente que «este campeonato está uma fraude» e que «a competitividade é feita com base na batotice», eu tive de partir do princípio de que falava com conhecimento de causa e certamente com motivos gravíssimos para proferir afirmação tão radical e perigosa quanto esta. Radical porque, a partir daqui e nem mesmo que o seu Benfica venha a acabar o campeonato com mais de 20 pontos de atraso do campeão, como sucedeu no ano passado, Sílvio Cervan, para ser coerente, poderá reconhecer qualquer justiça ao campeão ou qualquer seriedade ao campeonato. Perigosa, porque, se o campeão vier a ser o seu Benfica, a sua frase poderá ter um fatal efeito de boomerang: quem quer que ache que o Benfica não mereceu ser campeão, poderá usar as suas palavras para concordar que o campeonato foi uma fraude. Eu, por exemplo, não me esquecerei da frase, se vir motivos para tal. Retroactivamente e aproveitando a boleia do senador, posso até dizer agora que a maior fraude a que assisti nas últimas décadas, e designadamente em matéria de arbitragens, foi o último campeonato ganho pelo Benfica. Mas é só a minha opinião, a de um banal adepto...

O que sucedeu para que Sílvio Cervan tenha decretado desde já que o campeonato é uma fraude, quando apenas decorreram doze jornadas e o Benfica até o lidera? Não seria mais avisado esperar pelas dezoito jornadas que faltam? Pelas deslocações do Benfica a Alvalade e ao Dragão? Pelo cansaço que o tão temido FC Porto não deixará de acusar por ter de combater simultaneamente na Europa e na Taça de Portugal — duas competições onde o plantel de luxo do Benfica já não mora? É que, dito assim, até parece que o raciocínio foi o inverso: que avisado era ir prevenindo desde já uma justificação para um eventual insucesso do Benfica. Uma «fraude»...

A «fraude» foi o golo anulado por Pedro Henriques, aos 94 minutos do jogo da Luz contra o Nacional — já reduzido a dez e depois de todo um jogo em que os madeirenses mostraram não merecer de forma alguma sair derrotados. Concordo que, aparentemente, não houve motivo para a anulação do golo. Mas esse não foi o único erro de Pedro Henriques — outros houve e contra o Nacional, que tiveram importância no jogo, como, legitimamente, recordou Manuel Machado. E, em matéria de erros e, decisivos, de Pedro Henriques, nem calcula o Sílvio Cervan o catálogo deles, em prejuízo do FC Porto, de que eu guardo memoria! Mas, esses, presumo que nunca o tenham incomodado, antes pelo contrário. Não deixa, aliás, de ser curioso que os árbitros que recentemente foram alvo de maiores criticas por parte de benfiquistas e sportinguistas, integrem todos eles a lista dos que mais consistentemente prejudicaram o FC Porto nos últimos anos: Lucílio Baptista, Bruno Paixão, Pedro Henriques. Em comum, o facto de serem ou sportinguistas ou benfiquistas e de esses erros nunca terem merecido nem um átomo da indignação jornalística que agora se levanta em apoio do Benfica e ontem em apoio do Sporting. O Bruno Paixão, por exemplo, que agora suscitou tamanha gritaria dos sportinguistas a propósito do jogo da Taça com o FC Porto (e como se não tivesse prejudicado bem mais os portistas...), é o mesmo árbitro do inesquecível jogo de Campo Maior — essa, sim, a maior fraude que alguma vez vi num campo de futebol — e que iria ter uma importância pontual decisiva na atribuição do título desse ano... justamente ao Sporting e em detrimento do FC Porto. Ironias da História...

Embora, segundo o seu testemunho, Pedro Henriques seja sportinguista, é ao FC Porto que Sílvio Cervan atribui a autoria moral do golo anulado pelo árbitro (porque, que me desculpem os sportinguistas, é do FC Porto que eles têm medo a sério). E daí que, citando-me, embora sem me nomear, ele diga que concorda com a minha frase de que «o FC Porto é o mais sério candidato ao título» — apenas discorda do uso da palavra «sério», neste caso. Ou seja, acha que o FC Porto é o mais sério candidato a um título que não será sério. Palavra de senador.

Ora, eu escrevi tal frase depois de ter assistido ao frustrante empate caseiro do FC Porto contra o Marítimo e antes de saber que o Benfica iria repetir o mesmo resultado contra o Nacional. Mesmo prevendo que a jornada acabaria com o FC Porto a quatro pontos do Benfica, escrevi que pensava ser ele o mais sério candidato. E explicava porquê, dando o exemplo do jogo anterior na Amadora, onde o FC Porto abriu em grande estilo, fez o 1-0, perdeu duas oportunidades incríveis do 2-0, viu o Estrela empatar num golo inconcebível e o árbitro ignorar dois penalties na área do Estrela — e continuou, imperturbável, até voltar a colocar-se em vantagem, sem se incomodar em juntar justificações para um desaire. E dizia, como já o disse muitas vezes, que é esta atitude de conquista, em contraste com a atitude de choradinho eterno dos seus rivais, a atitude de cigarra contra formigas, que torna o FC Porto um candidato e um competidor mais sério. Tivesse o Benfica feito contra o Nacional o jogo que o seu plantel de vedetas justificava e que os seus adeptos têm o direito de exigir, e não precisava de esperar pelas decisões de um árbitro, aos 94 minutos de jogo. Mas é mais fácil vir depois queixar-se do árbitro para os jornais ou sentenciar que isto é uma fraude do que reconhecer as culpas próprias. É uma questão de mentalidade e, desculpem que o diga: há nisto muito do que é a atitude mental dos portugueses em relação a tudo o resto e, por isso mesmo, é que estamos no fim da escala em qualquer índice de competitividade do País.

Miguel Sousa Tavares n' A Bola.

domingo, 28 de dezembro de 2008

PARABÉNS JORGE NUNO PINTO DA COSTA

Pinto da Costa está de parabéns. O presidente do FC Porto comemora hoje 71 anos, mais de 26 dos quais à frente dos destinos do clube. Presidente e instituição confundem-se no último quarto de século, e, no capítulo dos melhores presentes que foi desembrulhando ao longo dos mandatos, destacam-se as várias obras a que tem estado associado. A próxima, prevista para ser inaugurada no dia em que completar 27 anos de presidência, em Abril de 2009, tem crescido, mesmo ao lado do irmão mais velho, a olhos vistos: o Dragão Caixa, o novo pavilhão do clube, um dos objectivos que incluiu no programa da recandidatura para continuar à frente do FC Porto.

Antes de cortar esta fita, Pinto da Costa, nascido às primeiras horas do dia 28 de Dezembro de 1937, numa casa burguesa de Cedofeita, já tem outra empreitada em mente: a edificação do museu do clube, que deixou de existir com a demolição do Estádio das Antas, palco que visitou no dia da sua inauguração, a 28 Maio de 1952, pela mão de um tio, Armando Pinto. Aí nasceu a grande paixão que tem pelo emblema azul e branco, do qual nunca mais de desligou. No ano seguinte, tornou-se sócio para em 1962 assumir a primeira função no clube: vogal da secção de hóquei em patins, a modalidade que mais aprecia a seguir ao futebol. Aí chegou, como dirigente, em Maio de 1976.

Ao longo dos últimos anos, Pinto da Costa não se limitou a dar visibilidade ao clube coleccionando títulos em todas as modalidades. Está também ligado umbilicalmente a todos os grandes projectos do FC Porto: o Estádio do Dragão, o Centro de Estágio do Olival, aqui numa parceria com a Câmara de Gaia, a renovação da Constituição, agora rebaptizada "Vitalis Park", e o pavilhão, que voltará a aglomerar as modalidades que, entretanto, se foram espalhando por vários espaços.

Um presidente com obra feita e por fazer. São esses desafios, misturados com a vontade de deixar o currículo do clube ainda mais recheado, que o movem. O actual mandato, o 11.º, prolonga-se até 2010, e a reeleição aconteceu no dia em que o FC Porto se sagrou bicampeão.

A propósito, há alguns anos que Pinto da Costa não passava o dia de aniversário fora do primeiro lugar do campeonato. Contudo, os dois pontos de atraso para o Benfica são compensados com outro detalhe importante: o FC Porto é o único clube português que ainda está em todas as frentes.

Como é habitual nestas ocasiões, as velas de mais um aniversário deverão ser apagadas junto da família e dos amigos mais próximos.

Carlos Gouveia n' O Jogo


O ano de 2009 será sempre marcante para Pinto da Costa, independemente dos resultados desportivos que o FC Porto venha a alcançar ao longo dos próximos 12 meses. A cumprir mais um mandato à frente do clube, o dirigente, que celebra hoje 71 anos de idade, vai atingir 10 mil dias no topo da hierarquia azul e branca.
A longevidade de Pinto da Costa no FC Porto como que introduziu oficiosamente a data do aniversário do presidente no calendário do clube, e 28 de Dezembro é também dia de festa para os dragões, que em 2009 poderão ver o seu líder agrafar mais um registo marcante aos capítulos de uma presidência sem fim à vista. Vem aí um novo ano e vem aí, também, e para o dragão dos dragões, a passagem sobre os 10 mil dias na cadeira da liderança.

Será em Setembro, no dia 2 ou no dia 10, dependendo das contas que se queiram fazer... No primeiro caso, a soma faz-se a partir da data da eleição de Pinto da Costa como presidente do FC Porto: 17 de Abril de 1982; no segundo caso, parte-se da data da primeira tomada de posse: 25 de Abril de 1982.

NÚMEROS REDONDOS

A vida de Pinto da Costa entronca nos últimos 30 anos de história do FC Porto, e no contador de dias da presidência do dirigente azul e branco podem destacar-se muitas outras curiosidades. Por exemplo, quando os portistas levantaram a Taça dos Campeões Europeus em 1987, na final de Viena, onde venceram o Bayern de Munique, o líder do clube já percorria o corredor dos 1800 dias à frente do emblema nortenho.

Nas conquistas seguintes, também esteve sempre perto de números redondos, como aconteceu na vitória dos dragões na Champions de 2003/2004 — cerca de 8.100 dias —, apenas para destacar duas das mais marcantes conquistas de Pinto da Costa como presidente do FC Porto.

Hoje, dia em que completa 71 anos de idade, o líder dos portistas acumulará mais de 9700 dias como o grande farol de toda a estrutura azul e branca. Em 2009, então, o contador vai mesmo passar a barreira dos 10 mil dias.

Paulo Horta n' A Bola.

Capas de 28 de Dezembro de 2008

sábado, 27 de dezembro de 2008

Basquetebol - Porto vence

O FCPorto venceu o Atlético por 119-55.


A crise e o Lucho

Estive para aqui mais de uma hora a tentar resistir à tentação da piada óbvia, mas tenho de me render à evidência: sou um fraco. Se fosse mais forte, teria conseguido evitar a boçalidade infantil de escrever que, em tempos de crise, o Lucho é sempre o primeiro sacrificado. Ora, agora que o mal está feito, mais vale dar-lhe algum uso e sublinhar que Lucho foi uma vítima da crise que marcou o mês de Outubro no FC Porto. Jesualdo Ferreira teve de mudar a equipa, fixou Hulk e Lisandro na frente, e Lucho mudou de funções assumindo novas responsabilidades na exploração do lado direito do ataque onde falta um lateral como era Bosingwa há um ano. Dividido entre as suas funções no meio-campo e as preocupações ofensivas e de cobertura no lado direito, Lucho perdeu definição, baixou de rendimento e entrou ele próprio em crise de confiança. Ultimamente, os passes não têm saído, os remates têm saído tortos, e o futebol desorganiza-se nos seus pés, mas Jesualdo insiste. O professor sabe que precisa de Lucho para ser campeão e que Lucho precisa de jogar para se motivar. Até porque esta não é a primeira crise que ambos enfrentam.

Jorge Maia n' O Jogo.

Capas de 27 de Dezembro de 2008


sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Capas de 26 de Dezembro de 2008


O insustentável peso dos nomes

O FC PORTO acabou o ano com um empate caseiro que interrompeu a melhor série de resultados com Jesualdo Ferreira como treinador. Desta forma, e apesar de não ter perdido pontos para os adversários directos, também não conseguiu, antes das festas, a liderança que os adeptos tanto esperavam.
O treinador do Marítimo entende que a sua equipa mereceu ganhar. Só se foi pelas duas bolas que atingiram a trave da baliza do FC Porto, ou pelo mérito do seu guarda-redes, que não devia ter jogado se os regulamentos fossem justos, pois fora expulso na jornada anterior mas limpou o castigo na Taça da Liga… De resto, a sua equipa foi tímida e só não perdeu o jogo porque os jogadores azuis e brancos foram muito perdulários. Rodriguez, à sua conta, poderia ter marcado quatro golos fáceis, e o jogo teria terminado numa natural goleada. Mas, também é verdade que o FC Porto só jogou bem durante a primeira meia hora, enquanto Meireles teve forças para colmatar a ausência de Lucho Gonzalez, que se arrastou em campo, mais uma vez, durante 90 minutos. No final, voltou a haver pressão, mas esta foi sempre na forma de um 'chuveirinho' atabalhoado.

Neste jogo, Jesualdo foi, afinal, igual a si próprio. Sóbrio, competente, mas tímido nas substituições e vergado ao peso dos nomes das camisolas. Só assim se entende que tenha apostado em Fucile e Pedro Emanuel como laterais, num jogo em que era preciso alguém que jogasse rápido pelas alas, e que tenha deixado Lucho, que agora até falha no passe, em campo, quando tinha Guárin, que tanto elogiou, no banco.

Veremos o que acontece em Janeiro próximo. Fala-se da saída de Stepanov, Farias e Bolatti e do regresso de João Paulo e de Pitbull. Este último será uma opção para alguns jogos, mas continua a faltar um lateral de qualidade e um pouco mais de ousadia e atrevimento.

Rui Moreira n' A Bola.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Capas de 23 de Dezembro de 2008


Balanço para a frente

O fim do ano é sempre uma altura propícia a balanços. Ora, o que é verdadeiramente fascinante nos balanços que se fazem no futebol português é a forma como proporcionam uma visão tão clara sobre a personalidade dos clubes. O FC Porto ganhou mais um título este ano. O terceiro consecutivo. Com 20 pontos de avanço. Jogou e perdeu a final da Taça de Portugal com o Sporting. Jogou e perdeu a Supertaça. Discutiu o acesso aos quartos-de-final da Liga dos Campeões com o Schalke 04 até ao último minuto e voltou a garantir, antes do final do ano, a possibilidade de voltar a discuti-lo com o Atlético de Madrid no início de 2009 repetindo o triunfo no seu Grupo da Champions. Fê-lo depois de ter vencido uma rude batalha jurídica com o Benfica e o Guimarães em torno do direito a jogar a competição milionária. Depois de um ano assim, os técnicos, dirigentes, jogadores e adeptos do FC Porto dirão que 2008 podia ter sido melhor. Noutros clubes, onde não se ganhou nada em 2008, onde até já se perdeu uma parte dos objectivos para 2009, haverá sempre quem diga que podia ter sido pior. Como dizia alguém, são os pequenos pormenores que fazem as grandes diferenças.

Jorge Maia n' O Jogo.

Não há azar!

1 - Por pouco, por muito pouco, tinha sido uma semana em cheio para o FC Porto. Vitória convincente sobre o Estrela da Amadora, a meio da semana, no jogo que tinha em atraso para a Liga, conseguida com a atitude de conquista desde o apito inicial que eu aqui tinha desejado. Mesmo levando em conta que estava a jogar contra adversários que não recebem um salário desde que a época começou (!), mas que nem assim deixaram de se bater com toda a dignidade e força, o FC Porto, como lhe competia, não facilitou. E soube enfrentar tudo, erros do árbitro e falta gritante de sorte no jogo, para procurar e chegar à vitória sem fazer caso dos contratempos inesperados- o que é a marca dos campeões. Há os que parecem mais preocupados em encontrar, ao longo do jogo, razões para se desculparem dos insucessos, e há os que por mais razões de queixa que tenham, do árbitro ou da sorte, continuam a lutar até conseguirem o que querem. Há muitos anos que as equipas portistas nos habituaram já a fazer parte da segunda categoria e, só por isso, é que ganham mais vezes que os outros.
Depois da vitória na Amadora, vieram os felizes sorteios da Taça e da Champions. Não menosprezo o Leixões, mas jogar no Dragão representa uma inestimável vantagem, até porque não acredito que Braga seja capaz de voltar a repetir aquele fantástico e feliz pontapé que deu o segundo golo ao Leixões no jogo da Liga e não estarei a desvalorizá-lo se disser que provavelmente nunca mais na sua carreira terá dois pontapés tão certeiros e felizes no mesmo jogo como aqueles que deram a vitória ao Leixões no Dragão. Quanto ao sorteio da Champions, basta olhar para a ilustríssima lista dos segundos classificados de grupo que poderiam ter calhado aos portistas, para concluir que melhor era quase impossível. O Atlético de Madrid, de Simão, Maniche, Diego Fórlan e Máxi Rodriguez (e Paulo Assunção...), até é capaz de, jogador por jogador, ser melhor equipa que o F.C.Porto e certamente não será pêra doce. Mas falta-lhe a experiência europeia dos portistas, a capacidade de se superar nos grandes momentos e falta-lhe «alma de campeão»- condenados como estão a fazer eternamente figura de simples animadores do campeonato espanhol. Tudo ponderado, e se o FC Porto jogar ao seu melhor nível, ao nível a que já jogou esta época em Istambul ou Kiev, o favoritismo é seu.

Assim, para a semana ser perfeita faltava apenas esse «pequeno» obstáculo de vencer em casa um Marítimo que vinha de duas sovas consecutivas contra «grandes». Mesmo descontando o cansaço acumulado por sete jogos em três semanas, a ansiedade das mini-férias à saída do jogo e a pressa de chegar lá à frente, ao seu lugar natural na classificação, a tarefa não se afigurava de especial dificuldade. Mas razão tinha Jesualdo Ferreira para avisar que o Marítimo era a tal equipa que ainda só tinha sofrido um golo fora em cinco partidas da Liga. Marcos voltou à baliza dos madeirenses, o autocarro recuou, o Marítimo deixou-se de veleidades de jogar o jogo em todo o campo e Lucho e Bruno Alves falharam as duas primeiras opurtunidades de baliza escancarada. E tudo se foi complicando até ao 0-0 final, que até podia ter sido bem pior, se os dois estoiros do Marítimo às madeiras da baliza de Helton tivessem entrado. Estes dois jogos vieram confirmar as principais dificuldades conjunturais desta equipa, que, insisto, me parece desiquilibrada no valor das suas unidades: Lucho González prolonga o seu momento de crise e a sua «ausência»do jogo deixa a equipa amputada da capacidade de usar a sua principal arma, que é a da passagem rápida de uma situação defensiva para uma ofensiva, através dos passes a rasgar do argentino. Por outro lado, falta gritantemente um defesa esquerdo completo: o que mais garantias dá a atacar (Lino), não as dá a defender; e o que melhor defende (Pedro Emanuel), é inexistente em termos de ataque - uma característica cuja falta se faz notar sobretudo contra equipas que defendem atrás, com muitos jogadores.

De presente de Natal, queremos um defesa-esquerdo e dois médios ofensivos (não, não é preciso ir comprá-los à América do Sul, temos vários emprestados por aí e os tempos não vão para gastos sumptuários). Mas se não houver presente de Natal, também não há azar: apesar dos pontos mal perdidos aqui e ali e apesar da sobrecarga de ser a única equipa nacional que continua a lutar pela vitória em todas as frentes, o tri-campeão FC Porto é ainda o mais sério candidato a vencer a Liga.

2 - Como vem sendo hábito, Quique Flores safou-se de mais uma humilhação europeia do Benfica mandando as culpas para cima dos jogadores. Eu até acho o espanhol simpático, sério na maneira como encara o trabalho e civilizado -o que já não é nada pouco, no futebol português. Mas esta arte que ele tem (ou melhor, que lhe propicia a imprensa) de alijar responsabilidades quando perde, não me parece muito católica. Foi Quique Flores quem começou por desdenhar o jogo com o Metalist- nas declarações que fez previamente e na equipa que pôs a jogar. E fez mal. O jogo não era a feijões. Embora o tão louvado «prestígio internacional do nome Benfica» já nada diga à geração que tem menos de trinta anos e hoje só exista para uma coisa chamada Federação Internacional das Estatísticas de Futebol e para a imprensa benfiquista, a verdade é que perder com o Metalist em casa e ser varrido da UEFA, ficando em último lugar num grupo mais do que acessível, com três derrotas e um empate, dois golos marcados e nove sofridos, só serve para colocar esse saudoso prestígio internacional ao nível dos delírios. Por outro lado, o Benfica- que tudo tentou para entrar na Champions pela porta das traseiras e à custa do FC Porto- é capaz de ser a equipa portuguesa que nos últimos vinte anos mais beneficiou e menos fez pelas participações europeias. Se, de vez em quando, o Benfica vai às eliminatórias da Champions ou à UEFA deve-o, sobretudo aos pontos que o FC Porto, e em menor grau o Sporting, têm acumulado. Acontece que, mesmo não contando já para o apuramento, o jogo com o Metalist valia os mesmos pontos no ranking da UEFA- onde, justamente somos precedidos pela Ucrânia, país do Metalist. Havia um «interesse nacional» em jogo: era uma excelente opurtunidade para recuperar pontos ao nosso mais directo competidor no ranking- não para os perder, jogando com uma equipa de circunstância, para poupar vedetas, já tão poupadas como Aimar ou Reyes. Escolhendo a equipa que escolheu, Quique Flores pensou apenas nos seus interesses imediatos, esquecendo o mais que estava em jogo. Não vejo como se pode descartar de responsabilidades, consolando-se com o título «ad hoc» de «campeão de Inverno»-depois de já ter perdido, sem glória, tudo o que até aqui, havia para perder: UEFA, Taça de Portugal e até o chamado «Torneio do Guadiana» e o chamado «Troféu Eusébio».

3 - Gilberto Madail explicou sabiamente porque é que a Federação nada pode fazer contra os salários em atraso: porque qualquer punição aos clubes, fosse financeira ou desportiva, acarretaria fatalmente a morte destes. Hermínio Loureiro, por seu lado, ainda não explicou o que pode a Liga fazer, mas o seu silêncio parece indicar que também ele acha que não pode, e não deve, fazer nada. Temos assim que a direcção do Estrela da Amadora acaba de descobrir um ovo de Colombo, em termos de gestão: como manter um clube a funcionar e na primeira divisão, sem pagar ordenados a jogadores e técnicos.

Miguel Sousa Tavares n' A Bola.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Liga Sagres - Porto empata

FCPorto 0 - Marítimo 0.

Capas de 21 de Dezembro de 2008


Estão todos assustados porque podemos ganhar

Conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira n' O Jogo:

A missão é vencer o Marítimo para não dar margem de manobra ao Benfica, numa altura em que os tricampeões nacionais podem alcançar dez vitórias consecutivas. O melhor período sucede a uma fase menos boa e os resultados começam a levantar algumas preocupações nos outros, segundo Jesualdo, que se congratulou com a estratégia seguida. E nem sempre compreendida.


Nos últimos 10 anos, o FC Porto só não liderou uma vez em Dezembro, mas agora está numa espiral de vitórias e joga antes do Benfica. Isso permite pressionar quem está em primeiro?
Perseguimos o primeiro lugar, mas não encontramos nesse cenário mais ou menos motivação do que aquela a que estamos obrigados em qualquer jogo. Não conseguimos chegar a esta altura com a mesma vantagem das duas últimas épocas por demérito nosso e por mérito dos adversários. Vamos defrontar o Marítimo, um adversário difícil, que respeitamos muito, porque é importante que se perceba que o Marítimo, até ao último jogo que fez com o Benfica, no campeonato, era a defesa menos batida da prova, tinha um registo muito bom fora, com três vitórias e um empate em cinco jogos, e um golo sofrido. Vai obrigar-nos a jogar, se calhar, melhor ainda. Agora, à medida que nos vamos aproximando dos nossos objectivos, mais nos mobilizamos. Estamos a dois pontos do líder e queremos chegar rapidamente à liderança. Não dependemos de nós e, por isso, temos apenas a missão de ganhar o jogo.


Qual é o sentimento quando olha para trás e passa de uma sequência de jogos menos bons e chega aqui a dois pontos do líder?
Em "off" teria uma série de respostas que até davam para rir. Como não é em "off", acho que aquilo que foi dito sobre o FC Porto, o seu treinador e alguns jogadores teve alguma razão de ser, porque o FC Porto perdeu e porque normalmente não perde; ganha. Estamos num país em que existem três equipas grandes que são tratadas de forma diferente. Acho mau, mas não tenho nada a ver com isso. Às vezes, fica no ar aquele sentimento de pouca seriedade, que é uma coisa que me assusta. Quando o FC Porto perdeu, encontraram razões da derrota sem se preocuparem em fazer uma análise crítica correcta, optando pelo mais fácil, que é dizer mal. Depois, o FC Porto começou a ganhar e as pessoas ficaram com dificuldade para explicar, porque, se tivessem feito uma análise séria, teriam sabido explicar. Mas, como não a fizeram, deixaram de ter argumentos. O meu sentimento foi sempre de serenidade, porque nunca perdemos o norte, tínhamos uma estratégia e cumprí-mo-la.

Então, que balanço faz nesta altura?
Olhando para trás, acho inevitável o que se passou. Talvez não as três derrotas, mas os solavancos que a equipa teve, porque, quando o FC Porto perdeu, a observação feita foi a de que os jogadores não prestavam, que as outras equipas eram muito mais fortes. Ninguém foi capaz de fazer uma análise para saber porque é que os jogadores que chegaram tiveram aquelas prestações. Nos últimos dois anos, saíram cinco jogadores do FC Porto que praticamente cresceram cá, como Pepe, Anderson, Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma. A equipa ganhou o campeonato no primeiro ano, no segundo e, agora, está toda a gente assustada, porque podemos ganhar o terceiro. Para além disso, apurou-se na Champions com jogadores que toda a gente qualificou de mediana e até baixa qualidade. Teria sido muito fácil substituir os cinco que saíram por outros com a mesma qualidade, com os mesmos milhões, mas o FC Porto não pode fazer isso.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Hóquei em Patins - Porto vence

Nortecoope 5 - FCPorto 8.

Basquetebol - Porto perde

FCPorto 82 - Benfica 84.

Classificação:
1. Benfica, 14 jogos/14 vitórias/0 derrotas
2. CAB Madeira, 14/12/2
3. Ovarense, 14/11/3
4. Académica, 13/9/4
5. Vagos, 13/8/5
6. Barreirense, 13/8/5
7. V. Guimarães, 11/7/7
8. FC Porto, 14/7/7
9. Ginásio, 13/6/7
10. Física, 14/5/9

Capas de 20 de Dezembro de 2008


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Liga dos Campeões - adversário Atlético de Madrid

O FCPorto vai defrontar o Atlético de Madrid nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
O FCPorto vai a Madrid e recebe depois o Atlético no Dragão. Os jogos estão marcados para 24/25 de Fevereiro e 10/11 de Março.

Pinto da Costa na festa de natal do Porto

«Sabemos que custa a alguns digerir o sucesso do FC Porto. Isso não pode ser razão para esmorecer, mas sim motivo para sermos mais fortes e lutarmos ainda mais.
Foi um ano vivido, sofrido, de lutas e emoções, mas ao olharmos para trás temos a noção do dever cumprido. É com vitórias que se fortalece este clube, mas também com a dedicação daqueles que não conseguem ser campeões. Não vencem dentro do campo, mas são exemplo de perseverança, lutando para que isso venha a acontecer, pelo que também são alvo de homenagem e do nosso reconhecimento».

Amanhãs que embalam

Não é fácil ser adepto do Benfica. E não estou a falar dos resultados desportivos, que este ano até variam entre o óptimo no campeonato e o fracamente mau na Taça de Portugal e na Taça UEFA. Estou a falar na dificuldade que têm para acederem a informação credível sobre o seu clube. Os jornais, as rádios e as televisões tratam os adeptos do Benfica como crianças, frágeis, facilmente impressionáveis e incapazes de lidar com a dura realidade. Usam eufemismos, douram a pílula, exageram nos méritos e relevam os defeitos. E quando já não podem fazer mais nada para ignorar uma realidade que se impõe, evitam falar do presente, refugiando-se na memória de um passado glorioso ou na promessa de um futuro radiante. É por isso que, dias antes do Benfica se despedir da Taça UEFA, puseram Quique Flores a garantir que está obcecado pela Champions e, na semana em que os encarnados disseram Taça de Portugal, puseram Suazo a dizer que só pensa no título. Como se pudesse pensar noutra coisa. São os amanhãs que cantam e que vão embalando os adeptos encarnados até os adormecer há dezenas de anos. Os adversários agradecem.

Jorge Maia n' O Jogo.

Capas de 19 de Dezembro de 2008


Interpretando os elogios

JESUALDO FERREIRA não costuma fazer elogios individuais aos seus pupilos. Por vezes, como já fora o caso esta época com Cristian Rodriguez, o treinador pressente que um deles precisa de apoio público. Por isso, numa altura em que os adeptos começavam a desconfiar das qualidades do uruguaio e em que este poderia sentir-se fragilizado pelo cobarde ataque de que foi vítima em condições ainda por apurar, veio desculpar o jogador, dizendo que este se sacrificara a jogar lesionado. A verdade é que, desde então, as prestações de Rodriguez melhoraram.
Em Cinfães, o treinador elogiou Guarín pelo seu empenho, em contraste com alguns colegas que mostraram uma displicência incompreensível, em suplentes que poderiam e deveriam ter visto neste jogo contra uma equipa amadora e de um escalão inferior mas «a valer», uma rara oportunidade para «mostrarem serviço».

Jesualdo Ferreira esteve bem nas duas circunstâncias, tanto mais que os seus elogios, por serem raros, valem a dobrar. Mas, haverá também, porventura, nos seus comentários, um «mea culpa», ainda que subliminar. É que, se no caso do uruguaio parece evidente que rende mais a jogar mais recuado, como aconteceu nos últimos jogos, já no caso do colombiano ficou sempre a ideia, entre aqueles que, como eu, apreciam os seus dotes, que ele fora vítima dos equívocos do princípio da época, quando o treinador hesitava sobre o substituto de Assunção. O que já não se percebe é porque entrou, na Amadora, para substituir Meireles, quando poderia ter sido mais útil a substituir o apagado Lucho, a «vaca sagrada» deste treinador.

Hoje, o xadrez do professor está mais arrumado. É possível que não seja o seu desenho favorito, mas é aquele que se adequa ao plantel. Assim, e sem equívocos, é mais fácil, para qualquer jogador, atingir bons níveis de produtividade.

Rui Moreira n' A Bola.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Rui Moreira e o actual momento do FCPorto

Rui Moreira analisou a exibição de Cristian Rodriguez, de Hulk e o actual momento do clube.

Capas de 18 de Dezembro de 2008


Prendas de Natal

À medida que o tempo passa acodem-me à lembrança pormenores da conversa tida recentemente com o Menino Jesus. Dela dei aqui conta na semana passada. Talvez a minha memória tenha ficado mais viva pelo facto de eu ter seguido o Seu conselho e, desde aquela altura, ainda não ter parado de rir, caçoar e mangar com os astuciosos gabirus, fariseus e proteus que visam vergar-nos com o fardo da tristeza e do pessimismo. Ademais esse conselho veio aguçar aquilo que já tinha aprendido com Ludwig Wittgenstein: o «humor não é um estado de espírito, mas uma visão do mundo».
Era forçoso que eu falasse ao Menino nas prendas que nos estão reservadas neste Natal. Ele revelou-me algumas e não fez questão de sugerir que eu guardasse segredo; por isso vou abri-las aos leitores.

Em primeiro lugar, o Menino garantiu que nos íamos ver livres do famigerado sistema e do clima de corrupção que este criou no futebol. O Benfica chegaria ao primeiro lugar do campeonato e a partir daí não haveria mais razões para os jornais e programas de rádio e televisão nos atafulharem constantemente os olhos e ouvidos com semelhante imundície. Que alegre e faustosa novidade e quão soberba e excelente notícia, confirmando que é sempre da(o) capital que a virtude e a moral irradiam para a periferia e a província!

Em segundo lugar, fiquei a saber que o melhor treinador do mundo, isto é, José Mourinho, ia ser prendado com uma caixinha de pozinhos mágicos, susceptíveis de transformarem Ricardo Quaresma no génio, no criativo, no fantasista e desequilibrador que os nossos iluminados e extasiados analistas e comentadores sempre viram nele. Por sua vez, os jornalistas italianos vão receber lentes especiais que os façam ver o que os seus colegas portugueses tanto apregoam e exaltam, mas eles não conseguem descortinar, nem de perto nem de longe.

Em terceiro lugar, fui informado de que o presidente da Comissão Disciplinar da Liga seria obsequiado com um tratado de justiça do tamanho do mal a que condenou o Boavista. A consulta e assimilação do extenso volume bom jeito lhe farão, sabendo como ele está apostado e vocacionado para ser um ilustre, fulgurante, eminentíssimo e famoso, mas contido, humilde, probo e recatado doutor de leis.

As restantes prendas são mais ou menos do mesmo jaez; a enumeração de todas corria o risco de ser fastidiosa, pelo que me contento em referir estas, por serem suficientes para dar a ideia aproximada da conversa em apreço.

Resta acrescentar que também perguntei ao Menino como será o novo ano e se as reformas vão continuar. Ele não se fez rogado e reagiu de imediato: «Quais reformas? Reforma é um termo que significa melhoria da qualidade de alguma coisa. Ora nenhuma das medidas que estão a ser tomadas, em qualquer sector, é ditada por essa preocupação; todas seguem a cartilha e a lógica de interesses do economicismo neoliberal. O que era sólido foi fragilizado e o frágil destruído».

Confesso que fui apanhado em falso e fiquei sorumbático, com cara de basbaque. Meio abatido e atónito, meio tímido e lívido, levantei a cabeça para Ele e inquiri se não havia um sinal de esperança para nós. O Menino lançou-me um olhar de terna e doce compreensão e retorquiu: «Se todos demonstrarem a lucidez, coragem e persistência dos professores, um dia sereis premiados com a democracia».

Foi então que eu me senti como se fosse fulminado por um raio. No entanto, atrevi-me a balbuciar confuso e dominado pela incredulidade e gaguez: «Mas em democracia já nós vivemos!» O Menino fitou-me com ar sorridente e exclamou: «Santa ingenuidade!» Dito isto, desapareceu e eu fiquei perplexo a matutar naquilo que Ele me quis dizer. Acho que já percebi; os factos não deixam outra alternativa. Afinal, lá do alto vê-se e avalia-se com melhor precisão e rigor aquilo que ocorre cá em baixo, neste chão sujo, de erva daninha e ruim. Logo devemos redobrar a reacção de zombaria e desdém, festejar assim o Natal e do mesmo jeito entrar no Novo Ano. Riso e sorrisos, alegria, humor e saúde — eis o que eu desejo aos leitores.

Jorge Olímpio Bento n' A Bola.

Hóquei em Patins - Porto vence

FCPorto 4 -Cambra 3.

Classificação:

1. FC Porto, 36 pontos;
2. Juventude de Viana, 30;
3. Benfica, 29;
4. Oliveirense, 26;
5. HC Braga, 20;
6. Óquei de Barcelos, 20;
7. Porto Santo, 18;
8. Nortecoope, 17;
9. Oeiras, 17;
10. Gulpilhares, 15;
11. Candelária, 12;
12. Valongo, 12;
13. Cambra, 11;
14. Carvalhos, 1.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Golos de hoje











Liga Sagres - Classificação

Liga Sagres - Porto ganha

Estrela da Amadora 2 - FCPorto 4.

Liga Intercalar - Porto perde

Trofense 1 - FCPorto 0.

Sorteio da Taça de Portugal

O FCPorto defrontará o Leixões a 28 de Janeiro, no Estádio do Dragão.

Capas de 17 de Dezembro de 2008


Pré-avisos

O FC Porto acerta hoje contas com o campeonato. Se ganhar ao Estrela da Amadora ficará a dois pontos do Benfica, em igualdade pontual com o Leixões e à frente do Sporting. Considerando o apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões no primeiro lugar do Grupo G e a qualificação para os quartos-de-final da Taça de Portugal, onde será o único representante do restrito grupo dos "três grandes", não está nada mal. Mas, tal como refere Jesualdo Ferreira aqui em baixo, também é verdade que podia ser melhor. Se a derrota com o Leixões no Dragão até passa por aceitável à luz do que a equipa de Matosinhos tem feito aos "grandes" esta temporada, o deslize frente à Naval ou até o empate com o Rio Ave podem custar a liderança no campeonato na viragem de ano e servem de sérios avisos para a deslocação à Amadora, onde os salários em atraso e as ameaças de greve fazem o futebol descer à terra. Não há adversários demasiado fracos, nem jogos demasiado fáceis para as equipas que querem ser campeãs. Ou tetracampeãs.

Jorge Maia n' O Jogo.

Podíamos ter feito melhor

Conferência de Jesualdo Ferreira n' O Jogo:

Jesualdo Ferreira exige a vitória no jogo de hoje para se aproximar do primeiro lugar e pressionar o Benfica. E disse mais: não aceita algum tipo de relaxamento depois de oito vitórias consecutivas.

O actual momento do Estrela, nomeadamente no que diz respeito aos constantes pré-avisos de greve do plantel, pode levar a alguma descompressão dos jogadores do FC Porto?

Este é um jogo muito importante para nós. Lamentamos todos estes problemas pelos quais o Estrela está a passar, mas não os podemos resolver, nem sequer desviarmo-nos do nosso objectivo, que é ganhar e conquistar mais três pontos. Mas não vai ser a situação do Estrela que tornará este jogo mais ou menos exigente. Aqui a exigência é sempre elevada. Estamos numa boa sequência de resultados, com cinco vitórias num ciclo de 21 dias, e não faz sentido deixar de ser exigente quando faltam disputar apenas dois jogos para terminar esta fase. O actual momento do Estrela não pode condicionar o rendimento dos jogadores do FC Porto. Deve, antes, aumentar o grau de exigência que habitualmente faz parte do nosso processo evolutivo.

Considera que esta situação vivida no Estrela da Amadora se pode considerar concorrência desleal?

Não faço comentários sobre isso. É um assunto que deve ser debatido por pessoas mais competentes nessa área. Não é a mim que me compete falar sobre isso, muito menos na véspera de um jogo.

Alguns jogadores têm referido que querem terminar o ano no primeiro lugar. Pensa da mesma forma?

Isso não depende de nós. O que depende de nós é fazermos todos os possíveis para estarmos mais perto do primeiro lugar no final destes dois jogos. Esta é uma partida muito importante e sê-lo-ia quer estivéssemos a dois pontos do primeiro lugar ou na frente da classificação, como aconteceu noutras alturas.

Considera que o FC Porto deu algum avanço aos adversários nesta época?

Não ganhámos os pontos que deveríamos ter ganho, mas não demos avanço a ninguém. Simplesmente não conseguimos.

Depois de um período conturbado, a equipa venceu oito jogos consecutivos. Que balanço faz da temporada?

Até este momento, é o de uma época positiva, embora saibamos que podíamos ter feito melhor, em especial no campeonato. Não me parece que a equipa tenha menos talento do que nos últimos anos, temos é mais jogadores novos e nem sempre é fácil que todos se revelem na sua plenitude num curto espaço de tempo. O futebol vive fundamentalmente daquilo que se treina diariamente e sinto que a equipa melhorou de condição, evoluiu.

O FC Porto continua a lutar por todos os objectivos da época, ao contrário do líder Benfica. Isso pode prejudicar a equipa no campeonato?

É verdade que estamos envolvidos em quatro competições que garantem um calendário muito denso entre Janeiro e Maio e isso obriga a que todos jogadores estejam preparados e motivados para jogar e lidar com essas exigências. Mas é isto que pretendemos; tal como nos outros anos, queremos estar no maior número de competições durante muito tempo.n

"Temos de estabilizar comportamentos"

Nos últimos tempos tem dirigido algumas críticas à atitude da equipa, como em Cinfães, por exemplo. Porque o faz?

Há momentos em que determinados comportamentos da equipa não funcionam como eu quero. Normalmente, resolvo estes assuntos internamente, mas há determinadas situações que são tão claras que não me parece correcto estar a fazer declarações que não correspondam a uma realidade visível. Quando a equipa faz o que eu quero, também venho dizer que os jogadores são fantásticos. Por exemplo, no jogo com o Sertanense, que era tão difícil como o encontro com o Cinfães, elogiei-lhes o comportamento.

Mas então, a que se deve essas oscilações da equipa?

Ao fim destes três meses ainda continuamos a ter que lidar com a integração de muitos jogadores novos. Estamos a alcançar vitórias, mas estes jogadores são os mesmos que há dois meses estavam a registar maus resultados. As coisas não passam do oito para o 80 num estalar de dedos. Há momentos em que é importante que esses comportamentos tácticos e mentais sejam o mais constantes possível, no sentido de valorizar um conjunto de jogadores que têm trabalhado para se integrar rapidamente. É isso que estamos a fazer.

"Guarín foi um exemplo"

Tem insistido nos elogios a Guarín. Porquê?

Há um conjunto de jogadores que chegaram há pouco tempo e que têm feito um grande esforço no sentido de se integrarem rapidamente. É o caso de Guarín. Mas ele foi um exemplo neste jogo, porque mesmo não jogando bem, teve sempre uma grande capacidade de trabalho e uma grande motivação por jogar. E não digo isto porque marcou dois golos.

Há uns tempos também defendeu Benítez das críticas, mas a verdade é que raramente o voltou a utilizar. Que se passa com ele?

Está a treinar bem, como sempre, e é um profissional muito sério. Teve algumas dificuldades e, nessas circunstâncias, proteger o jogador é uma forma de treino e de evolução.

Mas sente que tem um problema no lado esquerdo da defesa, onde tem vindo a jogar um defesa-central?

Não tenho tido... No ano passado, também tínhamos dois laterais esquerdos e jogava lá um central...

"Tudo bem com Tarik"

A meio da conferência de imprensa, Jesualdo Ferreira decidiu abrir um parêntesis para falar sobre Tarik. O professor negou algum tipo de problema disciplinar com o extremo marroquino e explicou que a intermitência do jogador se deve exclusivamente a problemas físicos. "Vi escrito na comunicação social que eu teria um problema com o Tarik. Provavelmente, fiz uma cara diferente ou um gesto mais agressivo num determinado momento, e as pessoas interpretam aquilo conforme lhes deu mais jeito. Mas eu não sou actor. Posto isto, não existe nenhum problema pessoal com o Tarik; o que existe são alguns problemas físicos do jogador, que se manifestaram mais neste último jogo", explicou.