segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Liga Sagres - Classificação


Capas de 31 de Agosto de 2009


O peso de um trio improvável

Nada melhor do que explicar uma teoria com números. Vamos a eles, então. Dos sete golos marcados pelo FC Porto em três jornadas disputadas, Falcao está em cinco: marcou três (ao Paços de Ferreira, Nacional e Naval), fez uma assistência para golo (anteontem, para Varela, na Figueira da Foz) e ainda teve participação directa no golo de Rolando ao Nacional (foi dele o primeiro cabeceamento que o central desviou posteriormente para a baliza). Agora, Varela. O ex-jogador do Estrela está em três golos da equipa até agora. Para além do golo apontado à Naval, foi dele o passe para Mariano assistir Falcao para o primeiro tento anteontem, já depois de ter participado na jogada em que o extremo-direito argentino arancou uma grande penalidade com o Nacional. Falta apreciar os números de Mariano. É verdade que ainda não marcou, mas já teve participação directa em dois golos (no tal penálti com o Nacional e, anteontem, na assistência para Falcao). Este trio, titular nos dois últimos jogos, depois de na primeira jornada também ter actuado durante alguns minutos em Paços de Ferreira, não era o que reunia as preferências de titularidade. No entanto, o castigo de Hulk e a lesão de Rodríguez, que o atrasou na disputa por um lugar que parecia seu, para além de Farías ter perdido a preferência do treinador no onze, levou Jesualdo Ferreira a apostar neste trio improvável. A resposta, consistente, foi dada em números e abre a discussão para os próximos jogos, nos quais Hulk já poderá participar depois de cumprido o duplo castigo. Irá Jesualdo manter o tridente ofensivo dos dois últimos jogos ou irá ceder à tentação de apostar em Hulk ou Rodríguez? Descontando Falcao, as estatísticas fazem a defesa de Mariano e Varela. Por exemplo, Varela é o jogador do FC Porto com mais ataques (34), logo seguido por Mariano (24). O mesmo Varela é o segundo jogador da equipa com maior número de cruzamentos: 13. Jesualdo tem a palavra...

Tomaz Andrade n' O Jogo.

Papel principal

O bom arranque de Falcao poupa-nos daquela lengalenga do costume quando as coisas não correm bem aos reforços: é novo; está em período de adaptação; falta-lhe entrosamento. Enfim, o "blá, blá, blá" de sempre. Mas, sem desconsiderar Falcao, vale a pena conjugá-lo com os outros dois da frente: Mariano e Varela, personagens aparentemente secundários que estão a virar artistas principais. Esta paragem de campeonato lança alguma água na fervura de um rendimento explosivo dos três, apimentando as coisas para a próxima jornada, já com Hulk, com Rodríguez mais rodado, mas também com o desgaste das selecções para gerir. Quem joga? Boa pergunta, mas, pelo que se viu, há uma variação ainda melhor: quem merece jogar? Diferente, não é? Certo, certo é que ninguém perde. O FC Porto vai ganhando jogos; Jesualdo acrescenta opções válidas e o plantel consolida a ideia de concorrência. Isto tudo no arranque e, mais uma vez, depois da saída de peças tidas como... insubstituíveis. O estilo ainda não encanta, mas não há estilo que resista à falta de eficácia, que é sempre um bom começo...

Hugo Sousa n' O Jogo.

sábado, 29 de agosto de 2009

Liga Sagres - Porto vence

Naval 1 - FCPorto 3.








Capas de 29 de Agosto de 2009


Mês das colheitas

Sempre gostei de Setembro. Das cores, da temperatura, dos reencontros. Sempre achei que Setembro faz o que pode para nos fazer esquecer o Verão e nos preparar para o Inverno. E é exactamente isso que o próximo mês pode fazer pelo FC Porto. Com um calendário que reserva jogos com o Chelsea, o Atlético de Madrid, o Braga e o Sporting, Setembro representa um desafio complicado, mas as últimas temporadas demonstram que é precisamente em momentos assim que as equipas de Jesualdo Ferreira amadurecem e se superam. Claro que o ideal seria que o mês começasse mais cedo, sem o adiamento imposto pelos compromissos das selecções nacionais que vão deixar Jesualdo sem onze jogadores, sete dos quais habituais titulares, durante as primeiras duas semanas. Mas também há boas notícias reservadas para esse período. Hulk há-de voltar para esse ciclo idealmente mais calmo e concentrado. Rodríguez há-de estar recuperado, se o seu regresso à selecção do Uruguai não significar uma recaída. Falcao, Varela, Belluschi e Álvaro Pereira hão-de estar mais maduros, prontos para os maiores palcos do mundo. E Setembro há-de fazer o que puder para nos fazer esquecer o Verão e preparar o FC Porto para o Inverno.

Jorge Maia n' O Jogo.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Capas de 28 de Agosto de 2009


Champions

A Liga dos Campeões é mais ou menos como um icebergue - e, antes que desatem a escrever os e-mails de ódio, isto não é nenhuma indirecta ao Titanic de Paulo Bento. É só uma metáfora. A ideia é que apenas uma pequena parte da importância que a Liga dos Campeões tem para as finanças de um clube como o FC Porto é perceptível à primeira vista. Claro que há os sete milhões de euros e uns trocos que são garantidos pela participação na fase de Grupos, mais os 800 mil euros que vale cada vitória e os 400 mil euros dos empates, mais os três milhões de uma eventual passagem aos oitavos-de-final, mais os 3,3 milhões dos quartos-de-final, os 4,2 das meias-finais e os 5,5 da final. E ainda há os direitos televisivos que podem render mais uns três milhões depois de a eliminação do Sporting ter deixado o FC Porto sozinho. "Peanuts", digo eu. Mais longe da vista está a promoção dos jogadores garantida pela sua exposição na mais importante montra do futebol mundial. A mesma que permitiu valorizar um jogador como Cissokho 50 vezes em cerca de quatro meses para ser vendido por 15 milhões de euros. É isso que faz da Champions a melhor competição de clubes do Mundo e do FC Porto uma das equipas que melhor a rentabiliza.

Jorge Maia n' O Jogo.

Estamos longe do que podemos fazer

Conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira n' O Jogo:

De volta ao local do crime, Jesualdo Ferreira garantiu ontem que a derrota sofrida na Figueira da Foz na época passada - a última para o campeonato - não terá qualquer influência na partida de amanhã. As dificuldades que espera encontrar são baseadas na qualidade e motivação do adversário e nas dimensões do terreno. Mesmo considerando que o FC Porto fez um bom jogo diante do Nacional, em que apresentou um onze sem cinco dos habituais titulares na caminhada para o tetra, o professor está consciente de que tem ainda muito trabalho pela frente para conseguir que a equipa renda aquilo que pretende.


O FC Porto desloca-se ao terreno onde sofreu a última derrota para o campeonato. Alguma preocupação acrescida?
Não necessariamente. É uma deslocação difícil porque a Naval é uma boa equipa, porque o estádio é pequeno e com pouco público, o que é sempre preocupante quando se trata de uma Liga profissional. Aliás, esse é um aspecto que se tem repetido com frequência, com excepção dos estádios dos clubes grandes. A Naval perdeu na última jornada, pelo que terá uma motivação acrescida para o jogo com o FC Porto, além da qualidade que tem e do facto de ter praticamente os mesmos jogadores, com uma ou outra alteração apenas, que não retira a dificuldade que vamos sentir. Nos últimos três anos mantém os jogadores e ainda não sabemos quais os efeitos que produzem na equipa a perda do Paulão e do Marcelinho. Por isso, é um plantel que já se conhece, com um treinador que o conhece bem. É um jogo de grau de dificuldade elevado porque jogamos fora, diante de uma equipa que não tem os mesmos objectivos do FC Porto, mas que procura sempre fazer o melhor, como aconteceu na época passada. Contudo, termos perdido não é um factor relevante.


É possível haver mudanças no onze, nomeadamente a chamada de Rodríguez?
Só no sábado, e depois de terminarmos a semana de trabalho, é que me vou debruçar mais sobre essas questões. As estruturas que normalmente treinam e as que mais jogo e rotinas têm neste momento, são as que mais segurança nos dão, pelo menos, para iniciar o jogo.


É um treinador ainda mais optimista depois do jogo com o Nacional?
O FC Porto tem como meta, sempre, o jogo seguinte. O facto de termos estado bem e de ter havido uma observação diferente do FC Porto frente ao Nacional, não retira nada ao que é o nosso momento. Temos muito trabalho pela frente, muitos jogadores a preparar e a melhorar, temos o processo da equipa em crescimento e o jogo com o Nacional foi apenas uma etapa e não me deu mais ou menos optimismo. Ainda estamos muito longe daquilo que pretendemos e podemos. Quero recordar, que iniciámos esse jogo sem cinco titulares da época passada - Cissokho, Lucho, Lisandro, Hulk e Rodríguez. E o Nacional é uma equipa forte, que vinha de um triunfo diante de um ex-vencedor da Taça UEFA. Não foi isso que nos retirou tranquilidade nem sentido de responsabilidade e muito menos a convicção de que jogo a jogo temos de ir construindo a nossa equipa, aperfeiçoando os jogadores e crescer. Foi assim que arrancámos e que vamos continuar.

Bola no braço ou braço na bola

1 Depois das coincidências da 1ª jornada, os jogos dos grandes tiveram desfechos diferentes, mas foram marcados por situações semelhantes, ainda que com consequências difversas, de mão na bola, ou bola na mão. Em Alvalade, Benquerença ou não viu que a bola bateu na mão, ou tomou o toque por acidental. Em Guimarães, Proença não teve dúvidas em marcar penalty. Já no Dragão, aconteceu uma situação intermédia, em que o árbitro da partida, que nada vira, assinalou a infracção por indicação do árbitro assistente.
O aproveitamento dos penalties foi diverso porque Cardozo voltou a desperdiçar, enquanto Falcao soube facturar. Também no capítulo disciplinar, as coisas não foram iguais já que, em Guimarães, apesar de não ser uma jogada perigosa, o jogador da casa foi punido com cartão amarelo, que levou à sua expulsão (ao contrário, aliás, do que acontecera a David Luiz na jornada anterior), enquanto no Dragão, o árbitro poupou o vermelho directo a Cléber, que cortou com a mão a bola que ia para a baliza, mas mostrou-o ao seu indignado colega Clebão. Curiosa esta coincidência de ter havido, três lances cruciais e idênticos que, contudo, foram julgados de forma diferente, o que diz muito (ou pouco) sobre a arbitragem nacional.

2 Reconheça-se, é difícil decidir entre mão na bola ou bola na mão. Diz a Lei 12 que o livre directo, que na grande área resulta em penalty, será concedido «à equipa adversária do jogador que tocar deliberadamente a bola com as mãos». Para determinar a intencionalidade, o árbitro deve ter em consideração «o movimento da mão na direcção da bola, e não a bola na direcção da mão» (tanto mais que «a posição da mão não pressupõe necessariamente uma infracção»), a «distância entre o adversário e a bola», e avaliar, também, se a bola é inesperada. Ora, a equipa de arbitragem tem de decidir em função de todas estas premissas subjectivas e numa fracção de segundo, o que se complica nos jogos de alta competição onde, para cúmulo, dispõe de meios de observação muito inferiores aos que estão disponíveis a todos quantos assistem ao jogo fora das quatro linhas. Além do mais, a decisão tem, por norma, um reflexo disciplinar, já que a lei determina a expulsão do jogador que impede a equipa adversária de marcar um golo, ou anula uma clara oportunidade de golo, tocando deliberadamente a bola com a mão.

3 Não havendo uma solução perfeita, tanto mais que a única forma de reduzir a subjectividade passaria por alterar a Lei 12 e retirar a condição de intencionalidade, bom seria que os árbitros portugueses consensualizassem os seus critérios. Mas, se isso parece difícil, tanto mais que cada árbitro tem, tal como os jogadores e treinadores, um estilo próprio, pode-se exigir, pelo menos que, em cada jogo, e nesta matéria como noutras, o árbitro siga um critério uniforme. Em vez disso, há arbitragens que inclinam o relvado para um só lado.

Rui Moreira n' A Bola.

Arte da guerra

1 Vejamos: conseguirão Falcao, Farías, Hulk, Varela e Orlando Sá dar conta do recado lá na frente, com os contributos de Rodríguez e de Mariano (se este perder o ar de empregado de mesa do Café Tortoni de Buenos Aires)? O problema de quem teve Jardel, Domingos e Gomes é que esse sentimento degenera em «nostalgia do goleador». A «nostalgia do goleador» é uma das mais graves doenças do adepto - porque, de episódica, pode passar a crónica.
A vantagem de Jesualdo é que os manda reaprender tudo o que já sabiam até que comecem a jogar de régua e esquadro; já começou o trabalho com Varela, está a começar com Falcao. Falcao é promissor neste modelo de jogo; se levar a bênção de Jesualdo, há-de aparecer na área como um fuzileiro em combate, arrastando as tropas, abrindo alas onde antes estava mato puro. Por mim, gosto das campanhas de guerrilha, sem pompa nem circunstância. É aí que se revelam os grandes combatentes, destinados aos exércitos da frente.E não é preciso perceber da Arte da Guerra para fazer o balanço dos últimos três campeonatos.

2 Soube, por amigos bem informados, que o Benfica vai ter de devolver o título de campeão nacional desta época. Durante os meses de Julho e Agosto não havia redacção de jornal (por mais circunspecta que fosse), comentarista televisivo (por mais fechado que estivesse o seu rosto) sem falar das conversas de fim de tarde com os meus vizinhos no supermercado Tradicional, que não me garantisse o título às primeiras jornadas. Não valia a pena discutir o campeonato e perder tempo a jogar. Bastava discutir estratégia e transformar a I Liga em hipótese de Playstation. Eu bem vi, aos 88', Rui Costa a roer as unhas no último jogo com os «amiguinhos» do Guimarães. Ramires, aos 90', foi o corta-unhas de Rui Costa. Mas não evitou a devolução do troféu.

3 Deve Liedson ser aceite na selecção? Se for português, sim. Vejo nele um algarvio impuro; Deco era minhoto, cheio de malandrice. Pepe nasceu em Trás-os-Montes.

Francisco José Viegas n'A Bola.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Liga dos Campeões - Grupo D

O Porto tem como adversários o Chelsea, o Atlético de Madrid e o Apoel.

Capas de 27 de Agosto de 2009


Qualidade garantida

As fantásticas exibições de Lisandro López frente ao Anderlecht nos dois jogos do play-off da Liga dos Campeões, os quatro golos que marcou e as assistências que fez, somadas às recuperações e passes que assinou, explicam em larga medida como é que todos os anos o FC Porto consegue fazer milhões de euros em transferências: muito simplesmente porque o tetracampeão nacional não vende gato por lebre. Há cerca de um mês, alguns críticos, em França, consideravam os 24 milhões de euros que o Lyon pagou pelo avançado uma loucura. Ontem, já tinham mudado de ideias e chamavam-lhe pechincha. Da mesma forma como alguns críticos, em Espanha, consideraram os 30 milhões pagos por Pepe uma loucura, apenas para mudarem de ideias no primeiro jogo que o central fez frente ao Barcelona e no qual foi considerado o melhor em campo. Em França, ontem, depois da demonstração de classe de Lisandro, falava-se com ansiedade da recuperação de Lucho González e do seu regresso ao activo no Marselha. A explicação é simples: se foi contratado ao FC Porto, deve ser bom.

Jorge Maia n' O Jogo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Convocados

Os portistas Beto, Rolando, Bruno Alves e Raul Meireles integram a lista de convocados por Carlos Queiroz para os jogos com a Dinamarca e a Hungria, ambos de qualificação para o Mundial 2010. O contingente azul e branco para os dois encontros de carácter decisivo poderá, inclusive, registar a inclusão de Varela, colocado, por enquanto, em «stand by» pelo seleccionador português.

Capas de 26 de Agosto de 2009


Uma questão de exigência

Se há uma coisa que separa os adeptos do FC Porto dos restantes, para além dos títulos conquistados nos últimos anos, claro, é o seu incomparável nível de exigência. Imagine-se outro clube qualquer com quatro títulos de campeão consecutivos. Bem sei que não é fácil, mas, já que começámos, imagine-se ainda um desses clubes com quatro participações consecutivas na Liga dos Campeões, sendo que nas últimas três ultrapassando a fase de grupos, e ponha-se-lhe ainda uma Taça de Portugal nas mãos. E acrescente-se, num derradeiro esforço de imaginação, que o mesmo clube conseguia todos os anos vender três ou quatro jogadores realizando várias dezenas de milhões de euros em transferências. Se conseguiu imaginar tudo até ao fim, se não se desconcentrou a meio perante a improbabilidade de semelhante obra de ficção, não deve ter muitos problemas em imaginar o resto: a rendição incondicional dos adeptos, as estátuas erguidas à capacidade dos jogadores, as homenagens prestadas à infalibilidade dos técnicos e as vénias à sagacidade dos dirigentes desse clube. Os adeptos do FC Porto não são assim. Duvidam dos jogadores, questionam os técnicos e criticam os dirigentes. Porquê? Porque não se satisfazem com as migalhas que enchem a barriga aos outros.

Jorge Maia n' O Jogo.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

COMUNICADO DA FC PORTO – FUTEBOL, SAD

Na sequência de factos ocorridos à saída do Tribunal de S. João Novo e uma vez analisados os relatos da Comunicação Social, vem a FC Porto – Futebol, SAD esclarecer o seguinte:

1 – Ao final da manhã de hoje, e terminada mais uma sessão de um julgamento a decorrer no Tribunal de S. João Novo, o veículo conduzido por um motorista da FC Porto – Futebol, SAD arrancou como sempre tem sucedido nestas sessões;

2 - Poucos instante após o início da marcha, surgiu na via pública, vindo de entre os carros estacionados, um aglomerado de jornalistas, sem que, todavia, os ocupantes se tenham apercebido de mais do que um pequeno e usual contacto com o retrovisor da viatura, face à escassa largura da rua;

3 – Foi, portanto, com espanto que, ao chegar ao Estádio do Dragão, a FC Porto – Futebol, SAD foi confrontada com as notícias de um alegado «atropelamento». Nas mesmas informações referia-se ainda um eventual abandono da ocorrência e uma pretensa desobediência à autoridade;

4 – É rigorosamente falso que qualquer agente da autoridade tenha, em algum momento, sido detectado a dar ordem de paragem de local visível para os ocupantes do veículo;

5 - Da mesma forma, é rigorosamente falso que qualquer um dos ocupantes da viatura se tenha apercebido que o referido «toque», normal nestes aglomerados recorrentes à saída de tribunais, tivesse provocado qualquer dano material ou físico;

6 – A FC Porto – Futebol, SAD lamenta esta situação, mas reforça que em momento algum os ocupantes do veículo se aperceberam da ocorrência mediatizada.

Porto, 25 de Agosto de 2009

O Conselho de Administração da FC Porto – Futebol, SAD

Abriu a caça

1 Abriu a caça mas ainda não foi aquela de que sou adepto: perdizes, coelhos, lebres, etc — essa só lá para início de Outubro. Abriu, de facto, a caça a duas espécies migratórias — rolas e pombos, mas eu falhei a abertura por ausência no estrangeiro e contaram-me que não foi famosa. Não, a caça que agora abriu foi outra, a uma espécie muita rara — uma espécie de jogador de futebol que já não se usa, que avança sem medo direito aos adversários e à baliza contrária, que assume todos os riscos do futebol de ataque (o único que interessa ver), enfim, um tipo de jogador que minimiza todos os outros e deixa os adversários com os nervos em franja. Um jogador assim só pode ser travado sendo acoitado e caçado. Por isso mesmo, começou o campeonato e logo abriu a caça ao Hulk.
Jesualdo Ferreira disse e bem que é muito fácil expulsar o Hulk em Portugal. É facílimo: basta que o árbitro consinta que ele leve pancada desde o minuto primeiro do jogo, que vá levando e levando e que, perante a complacência do árbitro, acabe por explodir de nervos, porque, caramba, ele está ali para jogar futebol e não para ser um saco de pancada de quem só assim consegue pará-lo. Aqui há tempos, quando o Mantorras era uma estrela emergente e igualmente uma força da natureza, começou também a levar pancada sistematicamente, como «estratégia» e «táctica» engendrada por treinadores medíocres, inimigos do futebol. Mas aí rapidamente se organizou um coro, acentuado pela imprensa, sob o grito de «deixem jogar o Mantorras!».

O Hulk não beneficia do mesmo estatuto nem do mesmo apoio da imprensa. Tal como não beneficiou, aqui há três anos, o Ricardo Quaresma. Tal como Quaresma, também Hulk é um desequilibrador de jogos, um perigo à solta e logo uma vítima do anti-jogo. E, tal como o Quaresma, o que parece relevar não é a pancada que leva perante a complacência dos árbitros, mas as reacções que humanamente tem, quando já não aguenta mais. No ano passado, ele foi aguentando até ao limite, até que, como se adivinhava, foi vítima de uma entrada assassina num jogo da Taça, na Amadora, e ficou um mês no estaleiro — sem que nada tenha acontecido ao agressor (nem sequer foi expulso do jogo). Este ano, talvez antevendo uma época inteira de massacre idêntica à anterior, o Hulk perdeu a paciência no primeiro jogo e logo foi expulso. Melhor ainda: já que se tratava dele, em vez de um jogo de suspensão habitual, levou dois. Quando regressar, das duas uma: ou come e cala, ou volta a ser expulso e então leva três jogos. Assim se equilibram as coisas. E assim se arbitra em Portugal — porque estes mesmos árbitros, a arbitrar no estrangeiro, não se atrevem a actuar assim, porque a UEFA quer e precisa dos grandes jogadores em acção e não na enfermaria. Mas é seguramente uma coincidência que tanto o Hulk como o Quaresma tenham servido e sirvam o FC Porto, enquanto que Mantorras é do Benfica.

2 O campeonato ainda vai na primeira infância, mas já deu para perceber duas coisas: que o tema das arbitragens vai continuar a ser o preferido de jornalistas, adeptos e treinadores; e que as mãos vão ser um factor determinante no desfecho dos jogos, todavia jogados com os pés. O Sporting ficou a reclamar um penalty por mão, não assinalado no jogo contra o Braga; o Benfica beneficiou de um na primeira jornada, contra o Marítimo e ficou a reclamar mais um também por mão, no mesmo jogo; e teve mais outro a seu favor no jogo contra o Guimarães, ainda acumulado com a expulsão do adversário; e, por mão também, o FC Porto abriu o marcador contra o Nacional e viu dois adversários expulsos na sequência do penalty assinalado. A discussão não vai ter fim e os que hoje se consideram prejudicados amanhã serão beneficiados, ficando a reclamar no primeiro caso e ficando muito bem calados no segundo. Infelizmente, a ideia que tenho e que já vem de trás é que os árbitros e os jornalistas não têm um critério uniforme e claro para distinguir o que é mão na bola e o que é bola na mão. O exemplo mais evidente é o do penalty reclamado pelo Benfica aos 93 minutos do jogo contra o Marítimo: há um jogador madeirense caído no chão e apoiado nos dois braços, com as mãos espalmadas no relvado; a bola é chutada a curta distância e vai-lhe bater num dos braços, que ele não move nem pode mover, naquela posição. O árbitro, e bem, deixou passar, mas a imprensa berrou «penalty!», com uma convicção que desafia as leis da dinâmica e da anatomia humana. E, infelizmente, esta indeterminação de critério ameaça tornar-se o factor mais decisivo do campeonato. Um campeonato decidido pelas mãos.

3 O Sporting deu o primeiro valente tropeção contra um Braga dirigido por Domingos Paciência — que, por uma vez, deve ter calado as más-línguas benfiquistas. Os adeptos estão insatisfeitos e descrentes com um começo de época mais do que cinzento. Como seria de esperar, Paulo Bento é o primeiro alvo da contestação, mesmo que entre pelos olhos adentro de qualquer um que não há milagres. Dizem que esta é a mesmíssima equipa do ano passado, como se isso fosse uma vantagem, quando afinal é esse o problema: a equipa é um ano mais velha e, se já no ano passado não era boa, este ano é pior. Verdadeiramente, o Sporting só tem um bom jogador, que é o Liedson. Todos os outros são medíocres ou apenas razoáveis. Não é por acaso que, por exemplo, os tão badalados João Moutinho e Miguel Veloso, de quem se diz que anda a Europa inteira a observar e a tentar comprar há dois anos, nada mais tiveram do que umas vagas e dispiciendas ofertas de pequenos clubes europeus. É casa onde não há pão…

O Benfica mantém a sua extraordinária tendência para salvar os jogos nos últimos minutos: foi assim com o Marítimo e voltou a ser assim com o Guimarães. Com menos uns oito minutos jogados no total dos dois jogos, o Benfica estaria agora com um ponto e zero golos marcados. Mas, como disse Jesus, é assim que se fazem os campeões.

Só não percebi a revolta do treinador e jornalistas benfiquistas contra o esquema de jogo apresentado pelo Marítimo na Luz. Que estiveram o tempo todo a defender? Mas como é que eles julgam que se fazem os campeões nos jogos contra estas equipas? Ou esperariam que lhes bastava anunciar «este ano vamos ser campeões» e todas as equipas passavam a ter obrigação de jogar contra o Benfica sem lutar pelos pontos e apenas com a missão de abrilhantar o espectáculo e as pré-anunciadas vitórias da águia?

O povo e a imprensa benfiquista (que se confunde frequentemente com ele) continuam a confundir desejos com realidades — o que quase sempre conduz a um despertar ressacado. Bastou terem ganho 4-0 numa eliminatória de acesso à Liga Europa (!), contra uma equipa de que nunca ninguém tinha ouvido falar, para logo desatarem a prever o regresso do «grande Benfica europeu» — uma coisa sucedida há quase duas gerações atrás! Afinal, de certo, mesmo certo, tiveram mais uma vitória em Guimarães — uma tradição que se transformou em fatalidade desde que o Vitória resolveu estabelecer aquele pacto de amizade com o Benfica, com o objectivo (falhado) de levar os dois à Europa pela porta dos fundos e com a prestimosa colaboração do CD da Liga. Isso sim, é uma certeza inabalável. O resto ainda tem de ser demonstrado.

Quanto ao FC Porto, que anteontem actuou com quatro reforços, ainda é cedo para perceber se esta equipa vai conseguir ser equivalente ou melhor que a do ano passado. Infelizmente, Jesualdo — talvez o mais teimoso de todos os treinadores da primeira Liga — mantém, inabalável, as suas apostas em Helton e no desesperantemente inútil e trapalhão do Mariano González. Não sei para que serviu comprar o Beto e não sei como é que se mantém o Mariano e se deita fora o Rabiola e o Candeias: será que o problema é serem todos portugueses? Do que vi, gostei do Belluschi, do Falcao e do Varela; o Álvaro Pereira vai ter de mostrar muito mais para fazer esquecer o Cissokho. A ver vamos o que dali sai.

Miguel Sousa Tavares n' A Bola.

Capas de 25 de Agosto de 2009

sábado, 22 de agosto de 2009

Capas de 22 de Agosto de 2009


Conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira n' O Jogo:

Avesso a particularizar, ontem Jesualdo particularizou, e muito. Fez a defesa de Hulk e clamou por justiça. Há leis que não são cumpridas, diz. A explicação é simples: não há coragem.

Qual é a sua opinião sobre o que se está a passar com o Hulk?

Todos nós temos memória. Não ficaram espantados com o que viram [vídeo mostrado antes]? Temos de ficar espantados ao longo do tempo, e em alguns momentos, com as considerações que fazem sobre esse assunto. Houve quem entendesse isto como uma forma de desculpa. Era importante que se pensasse que havia um jogador no futebol português [n.d.r. Hulk] que estava a passar a mau da fita. Era o jogador que mais faltas ofensivas fazia e o mais penalizado durante o jogo, mas que, quando tivesse um desabafo, era imediatamente punido. Até que, como nada se fez para perceber o que se estava a passar, e até porque se esquece as indicações da UEFA e da FIFA que vão no sentido de proteger o jogo e punir quem faz faltas, chegámos ao último jogo. Assistimos a uma acção de jogo em que o Hulk fez um desarme que o senhor árbitro não considerou falta, a seguir puniu-o com segundo cartão amarelo e, depois, o vermelho. O curioso é que quando pensava que ia apanhar um jogo, percebi que com o segundo amarelo, e depois com o vermelho, isso podia significar dois jogos. Disse que era fácil expulsar o Hulk em Portugal. É preciso que ele leve pancada o jogo todo, que os adversários não sejam penalizados e depois esperar que faça uma falta para o expulsar. Foi o que disse.

O que é que o FC Porto pretende com esta reacção? É um alerta, um grito de revolta?

É tudo. Significa que o FC Porto acaba de renovar contrato com um jogador importante para o clube, com uma cláusula de 100 milhões de euros, que é uma coisa louca. Significa a importância que o jogador tem para o FC Porto e a importância que o clube tem para o jogador. O que pretendemos é que o futebol português tenha um jogo de maior qualidade, mais emotivo, com melhores espectáculos. Não queremos que os jogadores de melhor qualidade sintam incapacidade para fazer o seu jogo ou que as equipas não possam aproveitar as capacidades dos melhores jogadores. Disse que o FC Porto tinha um jogador que era capaz de fazer mais faltas ofensivas do que aquelas que os defesas faziam sobre ele. É uma coisa gira. É como se os grandes jogadores da NBA de cada vez que aplicassem as suas capacidades ao máximo, físicas ou técnicas, fossem penalizados. Num quadro de leis claras, elas têm de ser aplicadas. A questão não é a de não haver leis, mas sim a de não haver coragem para marcar as faltas. Há regulamentos que não são aplicados e quando isso acontece diz-se que não se sabe e não se faz nada. Não há é coragem para aplicar o que está previsto na lei. Mas não é só aqui e não é só no contexto desportivo.

Teme que o futebol português não esteja preparado para um jogador com a qualidade do Hulk?

Não é isso. Sempre houve jogadores de grande qualidade no futebol português. Quando se diz que os jogadores com talento devem ser protegidos, não se trata disso. Trata-se de aplicar as leis do jogo e ter a capacidade para avaliar as situações. Se não for assim, é muito fácil preparar uma equipa para jogar. Se o FC Porto se preocupa em ser a equipa que faz menos faltas, que ganha os jogos, que os seus jogadores não vejam amarelos e se somos melhores do ponto de vista táctico e técnico, por que é que é fácil fazer um jogo em que nada disto é importante e passa a ser importante apenas travar os jogadores com melhor qualidade? Trava-se o jogo através de faltas constantes. Vamos ver as faltas que existem em Portugal em cada jogo: 50, 46, 39... Isto é jogo? Tem de haver, por parte de quem é responsável pelo jogo, regras definidas. Também tem de haver mentalização dos jogadores e tem de haver consonância entre os agentes do futebol. Estamos a discutir imagens que passaram várias vezes na televisão na época passada e o que é que se fez? Nada. Aconteceu uma lesão grave do Hulk e aconteceu o que se viu neste último jogo, depois de já ter acontecido três ou quatro situações idênticas na Supertaça. Para que fique claro: não estou a desculpar o Hulk. O processo de educação do Hulk no futebol europeu, e tudo indica que continuará nele, é que tem de haver capacidade para controlar emoções. Não vamos é tirar do Hulk o que ele tem de mais poderoso, que é a agressividade competitiva e física, o talento e o profissionalismo. É bom que se diga que o Hulk não é mal-educado. Se fosse, estaria aqui a dizer o que penso. É um jogador que, como qualquer um, desabafa. É bom que os árbitros comecem a perceber o léxico que há no campeonato, porque não há apenas jogadores portugueses. É bom que os árbitros percebam que se têm sensibilidade nos ouvidos, também têm de entender que essa sensibilidade existe do lado dos jogadores. Num quadro emotivo, é bom que todos os agentes envolvidos percebam que é importante mudar, sob pena de não podermos qualificar o nosso futebol como bom.

Esta questão à volta do Hulk está a ter implicações na preparação da equipa?

Não. Durante 300 e tal treinos por época os jogadores sabem qual é a nossa linguagem de funcionamento. Os jogadores também entendem que não há questões claras.

O facto de não ter Hulk trava-lhe o crescimento da equipa?

Ele não cresce com os jogos... cresce com o treino.

Mas quanto ao crescimento da equipa...

A equipa vai ter de resolver o problema. Numa conversa que tive há tempos, disse que o Hulk influencia mais a Imprensa do que o seu próprio treinador. O Hulk impressiona mais a Imprensa e os espectadores do que a mim. São questões avaliadas dentro do treino e dentro daquilo que é o jogo de equipa. Quando o Hulk faltou, a equipa resolveu. Agora também terá de resolver. Para ele, foi mau. Para o FC Porto também. Vai faltar-lhe competição, vai ficar um mês parado. Vai dar para ele perceber que tem de lidar com esse tipo de avaliação injusta.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Capas de 21 de Agosto de 2009


Uma cajadada, três coelhos

Matar dois coelhos com uma cajadada. Aí está uma expressão tipicamente portuguesa e, talvez por isso mesmo, muito politicamente incorrecta nestes tempos de preocupação com os direitos dos animais. Matar um coelho à cajadada evoca imagens de violência medieval que só fazem sentido num desenho animado da Warner Brothers. Matar dois coelhos com uma cajadada só, contudo, não é fácil. Acreditem. Um ainda vá, mas o segundo simplesmente não pára quieto. Deve ser por isso que a expressão é usada para descrever situações em que dois problemas são arrumados de uma só vez. Ora, ontem, o FC Porto matou três coelhos com uma cajadada só. Emprestou Adriano ao Braga, onde o brasileiro terá a oportunidade de voltar a jogar após duas temporadas parado e resolveu o problema criado pela ausência do avançado no treino de domingo depois de ter sido alegadamente agredido na noite. Pelo caminho, os portistas aproveitaram para reconhecer o crescimento da influência de Mariano na equipa promovendo-o a capitão e para dar um enorme voto de confiança a Hulk, renovando com o brasileiro por dois anos e fixando a cláusula de rescisão nos 100 milhões de euros.

Jorge Maia n' O Jogo.

100 milhões blindam Hulk

Hulk vai ser jogador do FC Porto até 2014. Clube e jogador chegaram a acordo para o prolongamento do contrato que os unia até 2012 por mais dois anos e os responsáveis da SAD portista aproveitaram a oportunidade para fazer subir a cláusula de rescisão do brasileiro para uns estratosféricos 100 milhões de euros. Recorde-se que o avançado brasileiro assinou na última temporada por quatro épocas com os portistas, prevendo o contrato original uma cláusula de rescisão de 40 milhões de euros, um valor considerado agora demasiado baixo perante a valorização que o jogador conheceu durante a última época e o enorme potencial de crescimento que ainda demonstra. O acordo ontem alcançado entre o FC Porto e o jogador praticamente assegura a sua permanência no plantel durante, pelo menos, mais uma época, blindando-o contra eventuais ofensivas até ao encerramento do mercado de transferências. Recorde-se, a título de curiosidade, que Cristiano Ronaldo, o jogador mais caro de sempre, foi transferido do Manchester United para o Real Madrid por 94 milhões de euros, sendo intenção dos responsáveis portistas valorizar Hulk precisamente ao nível dos melhores jogadores do Mundo.

Outra leitura que necessariamente se deve retirar do acordo alcançado entre o FC Porto e Hulk tem a ver com o voto de confiança mútuo que o mesmo representa. Por um lado, numa altura em que o jogador foi alvo de críticas ferozes após a sua expulsão no jogo com o Paços de Ferreira, o FC Porto demonstra de forma clara e inequívoca que conta com ele para chegar ao penta e mais além. Por outro lado, mesmo consciente do interesse que existe em si no mercado, o próprio Hulk assume o FC Porto como clube ideal para continuar a desenvolver todo o seu potencial, prolongando e consolidando o vínculo que o une ao clube.

Tão valorizado como os melhores do Mundo

A cláusula de rescisão de Hulk passa a constituir um novo recorde em Portugal. Os 40 milhões previstos no contrato original já representavam o valor mais elevado no FC Porto, mas os 100 milhões tornam Hulk no jogador potencialmente mais caro do futebol português. No Benfica, Cardozo e David Luiz têm cláusulas de rescisão de 50 milhões de euros, enquanto no Sporting, Miguel Veloso é recordista com 30 milhões. Em termos mundiais, Cristiano Ronaldo lidera, com mil milhões de euros de cláusula de rescisão. Contudo, nunca nenhum jogador foi transferido por mais do que os 94 milhões de euros pagos pelo Real ao Manchester pelo português. O FC Porto nunca vendeu um jogador acima dos cerca de 32 milhões conseguidos por Anderson, mas Hulk pode ser o próximo recordista.

Jorge Maia n' O Jogo.

E mais de Rui Moreira

'Pero que las hay…'

XISTRA arbitrou, na época passada, os jogos em Guimarães, em que Hulk levou uma carga de pancada, e na Amadora, em que foi lesionado gravemente por uma entrada maldosa de um jogador que nem sequer foi admoestado. Vítor Pereira achou por bem nomeá-lo para o jogo de abertura do campeonato, talvez para provocar o treinador portista que se tem queixado das sucessivas faltas que Hulk tem sofrido, e que ficam impunes. Na 1.ª parte, Hulk viu um cartão amarelo por reclamar, com razão, por ter sido assinalada falta que não cometeu. Na 2.ª parte foi expulso por uma falta que não existiu. Não, não fui só eu a ver, Coroado também viu. O que é certo é que já muita gente dizia que era preciso travar Hulk…

Encantos do 'Xistrema'

NUM jogo viril e faltoso, Carlos Xistra só mostrou dois cartões amarelos por faltas, uma das quais a tal que não existiu, mas exibiu outros dois cartões por protestos dos jogadores. Estranhos critérios, estes, de um árbitro que se farta de condescender mas, como se viu, só o faz com alguns. É que, ainda antes de Hulk ser expulso, já há muito que os jogadores do Paços de Ferreira andavam a fazer simulações sempre que o portista estava por perto. E, numa dessas cenas, depois de Anunciação fingir (sem muito jeito) ter sido agredido pelo brasileiro, quase todos os pacenses e até os sentados no banco protestaram e exigiram o segundo amarelo, sem que tenham sofrido qualquer sanção…

Os ecos do costume

TUDO isso não impressionou a crítica que, crucificou o brasileiro e ainda sugeriu que o Paços fora prejudicado pela arbitragem. Como de costume, os comentadores televisivos, que têm acesso às repetições, não viram que Hulk não fez falta como o árbitro admitiria ao reatar o jogo com pontapé de baliza. Também não tinham visto o penalty não assinalado a Anunciação. Toda a gente falou, em tom de escândalo, que o assistente que se equivocou no último minuto, e como se leu neste jornal, «o lance com Carlitos vai dar pano para mangas», mas ninguém diz que esse mesmo assistente se equivocara de forma bem mais escandalosa, quando impediu Hulk de se isolar, numa jogada que poderia ter dado o empate.

Quem tem pequena dimensão?

NUMA entrevista, Antero Henrique disse que quando Pinto da Costa «pegou» no FC Porto, «isto era um clube de pequena dimensão». Admito que os funcionários dedicados e que prestam bons serviços ao clube, como é o caso do director-geral da SAD, deixem resvalar a gratidão para a adulação mas, ao contrário do que ele disse, o clube não é «isto» e nunca foi de pequena dimensão. Sempre teve grandes atletas e também ilustres dirigentes, que não tiveram o mérito nem conseguiram os feitos de Pinto da Costa mas que conheciam e respeitavam a história do clube, ao contrário de Antero Henrique a quem recomendo a leitura de Largos dias tem cem anos, onde encontrará tudo o que lhe falta, ainda, saber.

N' A Bola.

'Catenaccio' à portuguesa

ENTENDE-SE o orgulho do presidente do Sindicato de Treinadores por todas as equipas das competições profissionais serem orientadas por portugueses mas, se é positivo que os treinadores portugueses tenham um prestígio que lhes abre as portas internacionais, também é verdade que essa exclusividade doméstica contribui para o conservadorismo do nosso futebol, que se reflecte nas tácticas defensivas e na falta de golos.
Os treinadores portugueses conhecem melhor do que ninguém os costumes caseiros, e sabem que os adeptos nacionais estão menos preocupados com o espectáculo do que com o resultado. Lembro-me, a propósito, duma conversa que tive com Co Adriaanse, semanas antes do holandês romper com o FC Porto. Dizia-me ele que havia momentos em que ficava na dúvida se o adepto português gostava, de facto, de ver futebol, ou se apenas estava interessado na vitória da sua equipa, ou seja, se gosta mais do jogo que de futebol.

O que é inegável é que, de acordo com os padrões nacionais, é menos preocupante não ganhar do que não perder. É por isso que, entre nós, e ao contrário do que acontece, por exemplo, no futebol holandês ou escocês, os adeptos tendem a só aplaudir a equipa quando esta está a ganhar, e é muito raro ouvir-se aplaudir quem está a perder ou já perdeu, mesmo que a derrota seja imerecida. Este status quo, que conta com a cumplicidade de alguns ilustres especialistas do futebolês, sempre prontos a crucificar os insensatos treinadores que ousam correr riscos, acaba por influenciar as tácticas e por redundar em maus espectáculos, com poucas ocasiões e pouquíssimos golos, como se viu na maçadora primeira jornada da nossa principal liga, com jogos tão monótonos, com equipas medrosas e com permanentes interrupções causadas por faltas reais e por muitas lesões fingidas. Creio, aliás, que o nosso futebol deve ser recordista mundial da utilização da maca.

Não defendo, note-se, a adopção de tácticas suicidas, por parte dos treinadores das equipas mais fracas. No jogo entre o gato e o rato, disputado entre o mais forte e o mais fraco, é normal que este tente pregar partidas àquele. Foi o caso do Marítimo, na Luz, onde fez a exibição possível, com sorte, é certo, mas também com inteligência e mérito. Contudo, se essa opção de contra-ataque é compreensível perante tão grande desequilíbrio de forças, já não entendo, por exemplo, a táctica do treinador do Paços de Ferreira que, a jogar em casa e depois de se ter apanhado com a dupla vantagem, no marcador por culpa da defesa do FC Porto e da trave, e no número de jogadores por precipitação de Hulk e por artes do xistrema, optou por reforçar a defesa em vez de tentar dar a estocada final.

É por essas e por outras, também, que os estádios estão vazios, e que o futebol nacional vai perdendo competitividade e viabilidade, e não sai da cepa torta.

Rui Moreira n' A Bola

Ainda estão nos dribles

HOUVE, no passado, empates e derrotas que depois se encaminharam para o penta. Empatar na 1.ª jornada era chato, mas resolvia-se. Com o tempo aprende-se a esperar pelo tempo — as coisas não estão afinadas, ainda não há automatismos (uma das palavras que menos tem a ver com futebol), é uma equipa nova, com jogadores que ainda não estão a cem por cento. Todos sabem inventar desculpas e algumas estarão inteiramente correctas depois de vermos os empates dos grandes.
Terminei a crónica da semana passada pedindo para o FC Porto jogar de acordo com o que Jesualdo disse no final do jogo com o Paços (o da Supertaça) — e não com aquilo que jogou nesse dia. Meu dito, meu feito: fizeram ao contrário. Não gosto muito de repetir desculpas e prefiro olhar para a semana seguinte, para o jogo seguinte, para a vitória seguinte. Se o futebol fosse da ordem dos automatismos, jogava-se a régua e esquadro com um transferidor pelo meio; acontece que o Verão ainda vai no seu segundo terço propriamente dito e as temperaturas pedem tranquilidade nos adeptos e concentração aos artistas. É o que faço.

De resto, Bento, Jesus e Jesualdo não têm entendimento muito diferente do que deve ser um jogo de futebol. No entanto, mandam jogar de maneira diferente — e obtêm os mesmos resultados. Ainda estão nos dribles.

Hulk tem um problema essencial — para o adepto sem rede e munido de fé para ser adepto. Esse problema chama-se baliza e não me venham com explicações rebuscadas. A defesa adversária treme quando vê Hulk, o homem que é capaz de fazer tudo até chegar diante da baliza: arrancar com uma potência quase sobre-humana, correr e desenhar laterais de sonho, fintar, driblar em duplas perfeitas, cruzar com elegância e até cair. As defesas tremem de medo diante de Hulk, os guarda-redes tremem de medo. Mas as balizas, caramba, as balizas não tremem nem por decreto. Ora, um homem destes enerva-se frequentemente. E isso não pode acontecer.

Francisco José Viegas n'A Bola.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Convocados

Sub-16: Jorge Azevedo, Bruno Silva, Gonçalo Paciência e Diogo Mota.

Sub-17: André Teixeira, Catarino, Fábio Martins, Igor Rocha, Paulo Jorge e Tiago Ferreira.

Capas de 20 de Agosto de 2009


Rotura evolutiva

Jesualdo Ferreira foi sempre um adepto assumido da evolução da equipa na continuidade. Por isso mesmo, a integração dos reforços no onze principal é, normalmente, um processo longo e sustentado, com cada elemento novo a ser devidamente enquadrado no respectivo sector por companheiros mais experientes e versados nos processos da equipa. É o que acontece com Álvaro Pereira, na defesa, e com Belluschi, no meio-campo. E é o que deveria acontecer também com Falcao no ataque. Na planificação portista, o avançado colombiano seria - e ainda será - o terceiro elemento de um tridente completado por Hulk e Rodríguez. Um tridente com potencial para ser tão potente e eficaz como o que Hulk, Rodríguez e Lisandro formaram na última época. Um plano traído pela lesão de Rodríguez - que tarda em recuperar do traumatismo sofrido no joelho no final da última época - e agora pela expulsão de Hulk que deixa Falcao entregue a si próprio e ao apoio improvisado por Mariano e por Varela, ele próprio um recém-chegado. E assim, de um momento para o outro, Falcao deixou de ter tempo para crescer. No domingo, contra o Nacional, sem muletas, terá de ser ele a referência do ataque.

Jorge Maia n' O Jogo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Capas de 19 de Agosto de 2009





Sinais de nervosismo

Uma jornada foi o suficiente para desfazer todas as considerações sobre a eficácia dos sistemas tácticos, a relevância dos treinadores ou a importância dos jogadores que preencheram o defeso e para devolver o protagonismo aos verdadeiros decisores: os árbitros. De tal forma que já há quem faça contas aos pontos que uns têm a mais e outros a menos por causa dos apitos que se ouviram ou que ficaram por se ouvir. Claro que cada um faz a soma que entende. Há os que somam os penáltis que deviam ser repetidos até entrarem aos penáltis que terão ficado por marcar, mas subtraem as cotoveladas e as entradas a pés juntos que deviam ter dado expulsões. Curiosamente são os mesmo que, mudando os protagonistas, deixam de ver os penáltis para se concentrarem nos foras-de-jogo mal assinalados no final da partida, sem se preocuparem com lances idênticos na primeira parte. Para alguns clubes, já se percebeu, esta é uma época de tudo ou nada, e a primeira jornada esteve mais perto de nada, o que explica os sinais de um evidente nervosismo perante a urgência de garantir o retorno dos investimentos de risco realizados.

Jorge Maia n' O Jogo.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Capas de 18 de Agosto de 2009


Males que vêm por bem

Há cerca de duas semanas, no final da participação na Peace Cup, Jesualdo Ferreira disse, em entrevista a O JOGO, que o FC Porto era muito mais do que apenas o Hulk. Ontem, em Paços de Ferreira, a equipa deu-lhe razão. Incapaz de chegar ao empate com o brasileiro, foi sem ele que o tetracampeão chegou ao golo. Aliás, o melhor período dos portistas na partida correspondeu exactamente aos cerca de 30 minutos que jogou em inferioridade numérica, com o resto da equipa a crescer para compensar a ausência do brasileiro. Pelo caminho, ficou a teoria de que este FC Porto é Hulk e mais dez, provando que os dez, mesmo sem Hulk, podem ser o suficiente. Agora, frente ao Nacional, com Hulk a cumprir castigo, o FC Porto terá de voltar a demonstrar que é muito mais do que ele até para que, tal como Jesualdo Ferreira também disse a O JOGO, ele perceba definitivamente que a equipa joga para ele e que ele tem de jogar para a equipa. Para que possam crescer juntos.

Jorge Maia n' O Jogo.