sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Capas de 31 de Outubro de 2008

Jesualdo Ferreira - "Não atribuo importância aos lenços brancos"

Jesualdo Ferreira detém a fórmula para o FC Porto regressar aos triunfos: concretizar as ocasiões que cria e evitar os golos atípicos dos adversários. Parece simples. Amanhã, na Figueira da Foz, perante um adversário que considerou "muito difícil", a equipa tem nova prova de fogo e o técnico acrescentou agressividade e concentração à fórmula para garantir os três pontos. Jesualdo saiu ainda em defesa de Rodríguez, lembrou que os grandes andam a perder muitos pontos, mas não explicou a razão que impede Helton de ser convocado.

Disse que também assobiaria se estivesse na bancada, mas agora foram vistos lenços brancos no final do jogo com o Leixões. Que importância lhes atribui?

Quando surge um resultado negativo, é natural que aconteçam as mais diferentes manifestações. Estamos habituados a isto e vai continuar a verificar-se. Não lhes atribuo importância para além daquela que é normal. Como adepto, as minhas manifestações seriam de carinho e de motivação. O FC Porto perdeu um jogo que não devia ter perdido e houve várias manifestações. Nada mais.

Tomás Costa alertou para a necessidade de o FC Porto ser mais agressivo em campo. Partilha dessa opinião?

Se ele diz é porque já o ouviu. Comportamentos agressivos sob o ponto de vista táctico e de empenhamento são fundamentais.

É isso que tem faltado?

Numa ou noutra situação, mas não tem sido essa a nossa matriz.

Então, o que precisa o FC Porto de melhorar para voltar às vitórias?

Duas coisas: primeiro, concretizar os golos que cria; segundo, evitar os golos que tem sofrido. Foram golos atípicos. Excepto o último do Leixões, que é um belo golo, não resultaram de um menor entendimento da equipa ou de processos errados. Em Alvalade sofremos de penálti, com o Dínamo de livre, o primeiro com o Leixões foi de bola parada directa e o segundo na sequência de uma bola parada. São lances que não atestam incapacidades defensivas. Há que conversar, trabalhar para resolver isto e manter os níveis de concentração.

E no ataque?

Aí, recordo que já vamos na nona bola ao poste. Chegou a hora de baterem lá e entrarem. Mas é um facto que aconteceu, em momentos e em jogos que, certamente, teriam virado os resultados. Por estas razões, a confiança que temos nos nossos processos e nos jogadores não nos desvia das nossas convicções. Não se trata de empenho dos jogadores. Com excepção dos primeiros 45 minutos com o Rio Ave, não há nada a apontar ao investimento pessoal de cada um deles.

Tem faltado mais pontaria ou tranquilidade?

Jogos atípicos, golos atípicos e derrotas imerecidas. Parece-me que a derrota do Leixões foi uma consequência do Dínamo de Kiev. Houve situações que, em determinados momentos dos jogos, nos retiraram confiança. Sofrer um golo aos três minutos tira confiança, mas não perdemos a confiança no nosso trabalho.

"Grandes estão a perder muitos pontos"

Na tentativa de explicar os desaires do FC Porto, Jesualdo Ferreira lembrou que o fenómeno não é um exclusivo da sua equipa. "Os grandes estão a perder muitos pontos", referiu. "Embora já se tenham realizado os duelos com os grandes, onde ganhámos pontos, perdemos com equipas que não têm os mesmos objectivos que nós e o mesmo aconteceu ao Sporting e ao Benfica", disse. Para o técnico portista, isso deve-se a dois factores interligados: "Pode concluir-se que os grandes não estão tão fortes como isso, mas é preciso ter outra atenção aos adversários. Equipas como o Leixões, o Nacional ou o Paços de Ferreira, e outras, têm vindo a roubar pontos e condicionam as classificações. Há um quadro de alterações evidente", rematou o técnico.

"Helton? Já disse o que tinha a dizer"

Qual o grau de dificuldade do jogo com a Naval?

A Naval é uma boa equipa, que disputa os jogos com os grandes com um comportamento táctico bem definido. Demonstrou-o na Luz. Tem um bom treinador e, pelo que jogou, até poderia ter conseguido um resultado positivo na Luz. Esperamos uma equipa ainda mais difícil com uma defesa sólida, um meio-campo alterado em relação à época passada e um ataque que tem um perfil simples, com jogadores rápidos. Para nós, é importante termos um jogo difícil, porque, quanto mais difíceis forem as nossas tarefas, melhor jogamos. A ideia de facilidade é negativa.

É preferível jogar fora nesta altura?

Não, gostávamos muito de fazer este jogo no Dragão.

Quer explicar por que razão o Helton não é convocado?

Por que tem sido convocado o Nuno e o Ventura. Não há motivo nenhum. Sobre os guarda-redes já disse o que tinha a dizer.

Falou em golos atípicos, a defesa pode estar a precisar da experiência de Pedro Emanuel?

Não. Precisamos é que não aconteçam golos atípicos. Não faço comentários sobre isso.

"Depositamos grandes esperanças em Rodríguez"

Que comentário faz ao incidente entre Rodríguez e alguns adeptos?

Pelo que conversei com o jogador e pelo que li, creio que foi um acto isolado que não compromete os SuperDragões, nem a massa associativa. Mas, na nossa opinião, foi uma manifestação reprovável.

E isso pode condicionar o jogador ou mesmo os companheiros?

Creio que não. Porque foi um gesto isolado, do tipo estar no local errado à hora errada. Acontece a qualquer um.

Mas desde que chegou, é o segundo episódio que envolve Rodríguez [o outro foi à partida para Londres]…

O Rodríguez é um jogador com muita qualidade, novo e com um ano e pouco de futebol português. A sua transferência para o FC Porto foi surpreendente em alguns aspectos. Temos um carinho e depositamos grandes esperanças nas suas capacidades. O facto de ele não estar ao nível que devia prende-se com outras questões. Não só ele, como outros, que têm tido constantes interrupções no trabalho por causa das selecções. A exibição dele na Luz deu a todos uma imagem da sua qualidade, mas ainda será muito mais forte do que é. Ele está consciente disso.

A forma de superar isso é jogar?

É jogar e treinar. Aliás, esta foi a única semana normal nos últimos dois meses. Não estou a dizer que as selecções são um entrave à evolução dos jogadores, mas retira-lhes capacidade durante algum tempo até que as coisas cheguem ao normal.

Vitórias para Reinaldo Teles

O momento difícil que está a passar Reinaldo Teles, que hoje deverá ser operado na sequência de um enfarte, não deixa o grupo de trabalho indiferente. Jesualdo Ferreira considerou que é mais um motivo para a equipa dar as mãos. "A equipa técnica e os jogadores têm um apreço muito grande pelo senhor Reinaldo Teles. Lamentamos o momento que está a atravessar e é mais um motivo para nos unirmos para que, no final de uma série de jogos importantes que temos, lhe possamos dedicar as vitórias", referiu.

Pinto da Costa "está sempre presente"

A presença de Pinto da Costa no Olival para assistir ao primeiro treino após a derrota com o Leixões foi amplamente noticiada, mas Jesualdo Ferreira não lhe atribui grande significado por considerar "normal" a visita. "O presidente está sempre presente quando a equipa ganha ou perde e a posição dele é sempre a mesma: de confiança. É uma característica de ele trabalhar com quem tem confiança e a sua presença só significa isso. Quantas vezes o têm visto por aqui? E não quero dizer que só vem quando a equipa perde, porque, então, seria raro e ele está cá muitas vezes", frisou.

D' O Jogo

Atrás do resultado

AS duas derrotas em casa, ainda por cima com o Dínamo de Kiev, que era o mais fraco adversário do grupo da Champions, e o Leixões, que escapara à tangente da descida, são um score invulgar para o FC Porto. Nada está perdido, porque está à frente do Sporting e a um ponto do Benfica, tendo já visitado ambos os rivais.
Seguem-se três importantes confrontos, para competições diferentes. É bom que decorram fora de portas, porque os adeptos estão impacientes pelos resultados, pelas exibições e porque não vêem que a equipa esteja a crescer. Mas, a culpa não é dos seus assobios. Há uma crise, que tem outras causas.

Por um lado, as saídas de peças nucleares não foram colmatadas. Sapunaru não é Bosingwa, Fernando não é Assunção, Rodriguez não é Quaresma. Mas, basta ver a falta que Cech faz, para se compreender que o problema é mais profundo.

Independentemente do seu custo, alguns dos novos reforços são prometedores, mas precisam de tempo para se adaptarem ao futebol europeu e à casa portista. Ora, a raiz do mal está mais longe, nos muitos atletas adquiridos no início da época passada, que deviam, agora, estar aclimatados e disponíveis, e dos quais nenhum conseguiu, até ver, o estatuto de titular.

Apesar disso, e do que os adversários investiram para contrariar a sua hegemonia, patente em três títulos consecutivos, o FC Porto ainda tem argumentos suficientes para vencer. Bastará, para isso, que Jesualdo não invente, esqueça os nomes das camisolas e aposte sempre nos que estão em melhor forma, colocando-os nos lugares para que estão talhados e demonstre, também, a sua autoridade no banco, que parece ausente desde que Azenha saiu. A voz de comando de Pedro Emanuel, essa, não pode suprir essa lacuna. Faz mais falta dentro do campo, pelo que é tempo de regressar à titularidade.

Rui Moreira n' A Bola.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Evitar acabar pendurados na Figueira

Quem diria há um par de meses, quando o sorteio do campeonato reservou logo para as primeiras jornadas jogos tão complicados para o FC Porto como sempre são as deslocações à Luz e a Alvalade, quem diria nessa altura, insisto, que o jogo com a Naval seria decisivo para o FC Porto? Mas é. Depois da derrota caseira com o Leixões, o desfecho da deslocação à Figueira da Foz pode ser determinante para o futuro imediato dos tricampeões nacionais e para a motivação com que vão abordar as "finais" com o Dínamo de Kiev, na Liga dos Campeões, e o Sporting, na Taça de Portugal. E assim, de repente, é obrigatório para o FC Porto ganhar à Naval. Uma urgência que a equipa da Figueira da Foz pode explorar, até porque, como se viu contra o Benfica, tem argumentos suficientes para isso. Mas ganhar é só uma parte do problema. Convém também, por exemplo, que o FC Porto não perca nenhum dos poucos jogadores que, apesar de tudo, estão em boa forma. Um exercício de equilibrismo delicado entre a urgência de uma postura agressiva e a necessidade de preservação dos melhores. Para Jesualdo resolver.

Jorge Maia n' O Jogo.

Capas de 30 de Outubro de 2008

SAD do FCP -lucros triplicam

A Futebol Clube do Porto - Futebol SAD apresentou ontem os resultados consolidados relativos a 2007/08 em comunicado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários registando um aumento nos lucros, de 2,3 para oito milhões de euros. Cresceram também os resultados operacionais, que subiram para 12,7 milhões, em comparação com os 9,4 registados no exercício anterior. De resto, o mesmo comunicado sublinha o significativo crescimento do Activo Total Líquido em 26 por cento (de 126 para 159 milhões), apesar de registar um aumento considerável do passivo, que cresceu dos 116,6 do ano passado para 141,1 milhões este ano. Estes resultados não incluem a venda de Quaresma ao Inter.
O comunicado do FCP, na íntegra, pode ser lido no site do clube.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Capas de 28 de Outubro de 2008

Partir para a ignorância

Tenho sérias dúvidas em relação aos efeitos motivacionais das ameaças. Não acredito, por exemplo, que passasse milagrosamente a ser melhor jornalista ou a dar as notícias que eventualmente falho se fosse insultado, ameaçado ou agredido por um grupo de leitores insatisfeitos com o meu rendimento na última edição. Da mesma forma, custa-me a acreditar que um jogador de futebol, por exemplo, renda mais e comece a marcar golos impossíveis se se sentir desconfortável e ameaçado na sua integridade física. Por outras palavras, não se pode arrancar bom futebol de um jogador à chapada e é por isso que me fazem alguma espécie os episódios de abordagem aos jogadores como aquele que teve lugar nas imediações do Dragão no final do jogo com o Leixões com Cristian Rodríguez como protagonista. Uma coisa é manifestar o justo desagrado com o rendimento da equipa em geral ou até de um jogador em particular. Outra, muito diferente, é partir para a ignorância. E é disso que se trata neste caso: ignorância.

Jorge Maia n' O Jogo

Interior de vós

Caro prof. Jesualdo Ferreira

FOI Giovanni Trapattoni quem traçou a equação: «um bom treinador pode conseguir que a sua equipa melhore no máximo 10 por cento, um mau pode torná-la pior 50 por cento no mínimo». E antes disso eu já aprendera que se o futebol se jogasse apenas com uma bola perderia o que tem de imprevisível, apaixonante, misterioso, patético - numa tirada famosa de Alex Fergunson: «Quando os críticos desfilam teorias acerca dos atributos que tornam umas equipas melhores do que outras divirto-me com a avidez com que se concentram quase em exclusivo nas comparações entre a técnica e a táctica, com que discutem o futebol em termos abstractos, esquecendo-se de que na realidade é jogado por criaturas de carne e osso com sentimentos, que a táctica é importante mas não ganha jogos, quem os ganha são sempre os homens que os jogam...»

Vendo o FC Porto contra o Arsenal, o Kiev e o Leixões, sabe o que senti? Que o passado e a memória eram os únicos lugares para onde os seus adeptos podiam fugir do choque, da náusea e da angústia. Apeteceu-me lembrar-lhe que a espada por si só de pouco vale, dá o golpe mas é no acerto da mão que está a vitória ou a derrota — e que tendo os jogadores que tem este ano, aceitando tanta gente banal que lhe impingiram, falhar a mão mais duas ou três vezes pode ser a tragédia — e você o bode-expiatório. Mas não, prefiro dizer-lhe outra coisa: que sei que é pesada a cruz que é ter o pior FC Porto do século XXI, falho do talento e da personalidade que têm sido o ADN do dragão que tudo ganhou vivendo a sonhar com mais ainda — e que de nada lhe servirá suplicar por tempo e paciência para construir equipa em que ainda crê, talvez em solidão. Melhor será gastar o tempo e a paciência na busca da alma e do carácter que se esfumou. Só assim se salvará. E pode ser ingrato, pode ser injusto, mas é aí, no interior de vós, que há-de estar a diferença entre você ser ser uma coisa ou outra da frase de Trapattoni, acredite...

António Simões n' A Bola

Nem tanto ao mar nem tanto à terra

1 - Parece que um grupo muito especial de adeptos portistas fez uma espera aos jogadores, após a derrota com o Leixões, e, entre outros desacatos, atacou o carro de Cristian Rodriguez, numa triste repetição do episódio sucedido há anos com Co Adriaanse. Não vale a pena tecer grandes considerações sobre o assunto, porque ele é pacífico: este é o futebol que vamos tendo, aqui e lá fora, e é por isso que há cada vez menos gente decente a frequentar o futebol. Diga-se, porém, e em abono da verdade, que as claques organizadas não são apenas um cancro do futebol, mas o reflexo de uma sociedade sem valores. A «coragem cívica» das multidões organizadas em gangues de intervenção é o contraponto exacto da falta de coragem individual. Sozinhos, os portugueses não se atrevem a nada; em bando, atrevem-se a tudo.
Uma das demonstrações da falta de coragem individual é a renúncia à capacidade crítica contra os poderes instalados. A multidão do Dragão, justamente irritada com o que vai vendo, é capaz de fazer esperas aos jogadores, assobiar a equipa e acenar com lenços brancos contra o treinador. Mas ninguém, individualmente, se atreve a levantar a voz e assinar por baixo uma crítica aos verdadeiros responsáveis: a administração do clube, que, ano após ano, vende os melhores para comprar camionetas de jogadores de terceira categoria, com isso destroçando a equipa, arruinando o clube e prestando um péssimo serviço ao futebol português — que exporta para a Roménia, Chipre ou equipas nacionais sem projecção, os jovens valores formados nas escolas, em benefício de sul-americanos de ocasião, que proporcionam negócios rentáveis a quem não devia.

Quando uma simpática e persuasiva funcionária do FC Porto me telefonou em Agosto, lembrando que eu ainda não havia renovado o meu dragon seat, eu respondi-lhe, meio a sério, meio a brincar, que, constatando o esforço titânico que a administração estava a fazer para vender o Quaresma a qualquer preço (como viria a suceder), eu perguntava-me para quê renovar o lugar no Dragão: para ver Adelino Caldeira a fazer cruzamentos de letra ou Pinto da Costa a marcar golos de trivela?

A razão pela qual o FC Porto desta época é o que está à vista é simples, tremendamente simples: porque, como aqui o escrevi há semanas para grande escândalo de outros observadores para quem há gente e coisas intocáveis, é que este FC Porto é a pior equipa da década, pelo menos. A geração que ganhou a Liga dos Campeões em 2003, foi destroçada, e, da que se lhe seguiu, já só restam Lucho e Lisandro. Mas Lucho, que havia começado a época em grande, entrou em crise psicológica e não tem quem pegue na equipa em vez dele, e Lisandro está em guerra surda com a SAD — que é capaz de pagar 200.000 euros por mês ao Cristian Rodriguez (apenas 50.000 a menos do que Quaresma foi ganhar para o Inter), é capaz de pagar alguns 50.000 a jogadores que nem na Segunda B teriam lugar, é capaz de pagar uns trinta ordenados a jogadores para brilharem noutros clubes, mas não tem dinheiro para pagar ao Lisandro o que ele acha que merece. Talvez o Lisandro esteja a exagerar, mas quando os maus exemplos vêm de cima, porque não aproveitar, quando se é um dos raros ali que fazem a diferença?

É fácil, facilíssimo, atirar as culpas para cima do treinador: é sempre assim, quando não se sabe gerir. Eu acho que Jesualdo tem feito o melhor que pode, com equipas que, de ano para ano, são cada vez piores. E, como já aqui o disse, tirando erros pontuais às vezes incompreensíveis — como a insistência no Mariano González ou essa fatal tendência dos treinadores portugueses para mudarem a equipa toda e renunciarem ao ataque, de cada vez que têm um jogo difícil pela frente — Jesualdo só pode, eventualmente, ser culpabilizado por ter sido cúmplice ou testemunha silenciosa dos negócios que desmantelaram a equipa e a puseram a falar castelhano e a jogar um futebol que depende da inspiração de não mais do que dois ou três jogadores.

À vista de todos, a este FC Porto falta, para começar, um guarda-redes a sério e é incrível que não o tenha. Todas as equipas que conheço devem vitórias e resultados aos guarda-redes: não me lembro, desde que Adriaanse reformou Baía, de um só jogo em que se possa dizer que o FC Porto ficou a dever o resultado ao guarda-redes. Depois, falta-lhe um lateral-esquerdo de categoria internacional, até para libertar o Fucile para a direita, onde ele é bem melhor do que Sapunaru. E mais uma vez é incrível como é que, tendo comprado 13 (!) defesas-esquerdos nos últimos dez anos, não se comprou um único que desse garantias. Falta-lhe, a seguir, pelo menos dois grandes médios de ataque, que libertem o Raul Meireles para o lugar de trinco (onde, entre os cinco vindos este ano, não há um só que preste!) e libertar o Lucho (enquanto lá está...) do peso de ter de carregar em exclusivo a equipa para a frente. E falta-lhe, para terminar, dois extremos a sério, pois que só tem um e Jesualdo nem sequer gosta de apostar nele: o Candeias. Borda fora foram, além do Quaresma, o Pittbull, o Vieirinha, o Alan, o Hélder Barbosa, o Diogo Valente. É preciso ir às compras em Dezembro, mas calma: não vale a pena ir já a correr reservar um charter para a América do Sul. Há muita gente aí, emprestada, que deve ser mandada voltar para casa e, embora eu duvide, se possível, trocada por uma dúzia de inutilidades que por lá andam.

Com esta equipa, não vale a pena alimentar ilusões nem agitar lenços brancos. Não vale a pena caírem em cima do treinador, porque nem Mourinho conseguia fazer daquilo uma equipa a nível europeu. E, depois, também manda a verdade que se diga, que Jesualdo não tem tido sorte. O Dynamo de Kiev não fez nada para merecer ganhar no Dragão: fez tanto como o Sporting fez para merecer ganhar em Donestk. Com a mesma sorte do Sporting (aquele remate de Lucho ao poste, por exemplo), o FC Porto teria ganho ao Dynamo e com justiça. E com a sorte que o Benfica teve contra a Naval, teria ganho, ou pelo menos empatado, com o Leixões e não se estaria agora a falar em crise. Mas as coisas são o que são e estamos todos habituados a ver o FC Porto a superar erros de arbitragem e bolas ao poste. Foi o que fizemos em Alvalade, contra o Sporting e contra Lucílio Baptista e aí escreveu-se que estava de volta o FC Porto dos últimos anos. Não estava e logo se viu. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. A fórmula actual é simples: em dia de inspiração de Lucho e Lisandro, o FC Porto ganha; em dia de desinspiração deles, não ganha, porque não há ali ninguém mais que tenha categoria para desequilibrar um jogo.

2 - No momento em que escrevo, não sei o desfecho do Braga-Estrela da Amadora, mas, ao ler que Jorge Jesus afirmou que este jogo era mais difícil do que o confronto com o Portsmouth, dá-me ideia de que estava já a preparar os adeptos para um fracasso e a desresponsabilizar os seus jogadores, por antecipação. Ele lá sabe, melhor do que ninguém, o que a equipa pode ou não dar. Agora, há uma coisa que, francamente, já enerva como desculpa: que é a do cansaço do jogo europeu a meio da semana (ainda para mais, jogado em casa e sem necessidade de viagens). Nunca percebi porque razão as equipas ditas pequenas se batem tanto por um lugar europeu, quando depois, na época seguinte, vivem a queixar-se do cansaço dos jogos europeus a meio da semana. E também nunca percebi porque é que o cansaço há-de atacar mais os pequenos do que os grandes: alguém se lembrou de justificar as más exibições de FC Porto, Sporting e Benfica, nesta jornada, com o cansaço do jogo europeu?

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Liga Sagres - Classificação

Capas de 27 de Outubro de 2008

Pessimismo sustentado

Por norma, sou um optimista. Ora, a diferença entre um optimista e um pessimista é que o primeiro acredita que vivemos no melhor de todos os mundos possíveis e o segundo teme que isso seja verdade. Pois bem, mesmo eu, que por norma sou um optimista, não consigo evitar uma razoável dose de pessimismo em relação a este FC Porto. O problema é que os últimos jogos tornam mais ou menos inevitável admitir que este FC Porto que perde com o Dínamo de Kiev e com o Leixões no Dragão seja mesmo o melhor de todos os FC Portos possíveis neste momento. O que é uma péssima notícia para os portistas. A verdade é que faltam opções no ataque para a ocasional desinspiração do sempre esforçado Lisandro, faltam alternativas para o cansaço de Lucho no meio-campo, escasseiam opções para as faixas laterais na defesa e nem sequer parece existir um processo de jogo definido, capaz de disfarçar qualquer destes problemas. Entretanto, o calendário reserva mais um par de jogos decisivos ao virar da próxima esquina. Para bem ou para o mal, Kiev e Alvalade vão decidir muito do futuro próximo do FC Porto.

Jorge Maia n' O Jogo

Jesualdo criticado mas seguro

Em futebol, quando as coisas correm mal o primeiro alvo é sempre o treinador. Apesar dos dois títulos de campeão nacional consecutivos conquistados nas últimas duas temporadas, Jesualdo Ferreira não é a excepção à regra e tanto os adeptos anónimos como os mais conhecidos, passando pelos mais de 1500 que participaram no inquérito online promovido por O JOGO, apontam o dedo ao técnico no momento de encontrar um responsável pelo mau momento da equipa.

Ainda assim, são poucos os que encontram na eventual saída do técnico uma solução para os problemas da equipa. De resto, o cenário de uma eventual chicotada psicológica nem sequer se coloca, porque Jesualdo Ferreira continua a merecer toda a confiança por parte da SAD.

Apesar da natural preocupação com o mau momento que a equipa atravessa, bem como com as eventuais repercussões que mais resultados negativos a curto prazo possam ter nos objectivos desportivos e financeiros do clube, existe a consciência de que esta é uma equipa nova, baseada num plantel profundamente revisto e ainda em fase de construção, o que explica a actual instabilidade exibicional.

De resto, nos corredores do Dragão a confiança na capacidade de Jesualdo Ferreira para liderar este processo, bem como a crença de que este é o único caminho para a renovação da equipa continua inabalável.

O próximo jogo, com a Naval, é agora visto como determinante para a recuperação da equipa antes dos decisivos confrontos em Kiev e Alvalade.

Jorge Maia n' O Jogo

sábado, 25 de outubro de 2008

ADEUS JESUALDO

FCPorto 2 - Leixões 3.

Capas de 25 de Outubro de 2008


Na bancada eu também assobiava

Conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira n' O Jogo

Jesualdo Ferreira esforçou-se por apagar o que de mais negativo o FC Porto tem feito neste início de época, recusando abordar a derrota com o Dínamo de Kiev, na Liga dos Campeões, e, com ela, estabelecer um fio condutor sobre o momento que a equipa atravessa. "As distâncias entre uns jogos e outros não me dizem respeito, dizem respeito ao calendário", justificou, evitando, de forma crispada, recuperar o jogo de terça-feira. Respondeu apenas ao que definiu como essencial para as circunstâncias, "chutando para canto" toda e qualquer pergunta que tocasse nos reflexos menos menos bom do FC Porto espelhados pela Liga dos Campeões. Prioridade, portanto, ao Leixões.

Espera de uma boa reacção neste jogo com o Leixões, depois da derrota com o Dínamo de Kiev?

Sim, claro. Não está nas nossas cabeças outra resposta que não seja ganhar. Vamos defrontar uma das equipas que está a jogar bem neste momento. Tem três vitórias seguidas e um empate com o Benfica, depois de ter perdido o primeiro jogo. É segunda classificada e está apenas a um ponto do FC Porto. Tradicionalmente, José Mota tem um conceito que me agrada muito, discute o jogo e é isso que deverá acontecer. Não acredito num Leixões a defender, a colocar-se todo atrás da linha da bola, como outros já o fizeram. Nessa perspectiva, a nossa resposta tem de estar ao nível daquilo que é o FC Porto em todos os jogos e, em casa, queremos consolidar a liderança.

No final do jogo com o Dínamo de Kiev ouviram-se alguns assobios. Neste momento, é uma vantagem ou não jogar em casa?

É sempre uma vantagem jogar no Dragão. É com os nossos adeptos que queremos estar e os assobios vão ouvir-se sempre. Já não vou estar cá seguramente, ao contrário dos mais novos, e ouvir mais vezes assobios. Em Portugal, e não só, os assobios fazem parte do jogo. Aliás, entendemo-los como normais. A massa adepta do FC Porto está habituada a ganhar e quando não ganha assobia. Contra isso, nada tenho a dizer. Provavelmente, se estivesse na bancada também assobiava.

Depois do resultado frente ao Dínamo de Kiev...

O Dínamo de Kiev acabou na terça-feira, falei tudo sobre o Dínamo de Kiev, não falo mais nada sobre o Dínamo de Kiev...

Não era sobre o Dínamo de Kiev...

Você falou sobre o Dínamo de Kiev... era ou não era?

Mas não é sobre o Dínamo de Kiev, é interligado...

Não está interligado nada, estamos a falar de um jogo de campeonato, no qual vamos à frente. É bom que as pessoas percebam que, até ao momento, o FC Porto fez cinco jogos. As distâncias entre uns jogos e outros não me dizem respeito, dizem respeito ao calendário. O FC Porto jogou na Luz e em Alvalade, é líder e é sobre isso que temos de falar. É nessa posição que queremos continuar e para isso temos de ganhar.

A pergunta era na sequência do que estava a dizer. Como está o ânimo da equipa?

Está bem.

Não ficou abalado?

Não está abalado nada. Está abalado o quê? Uma pessoa só fica abalada quando alguém morre, como não morreu ninguém... A equipa está muito bem e sabe perfeitamente aquilo que tem de fazer para ganhar o jogo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Esbarraram nos ferros

Os ferros servem para delimitar as balizas e para irritar os portistas. Nos dez jogos oficiais, o FC Porto já acertou oito vezes no poste ou na barra. Será caso para dizer que a pontaria anda afinada demais e que isso já custou, pelo menos, cinco pontos à equipa. Quatro no campeonato e um na Liga dos Campeões: no clássico da Luz, Lisandro acertou no poste esquerdo de Quim, num remate que ampliaria a vantagem bem perto do intervalo e que poderia anular o golo que Cardozo marcou depois. Assim, o FC Porto sairia de Lisboa com os três pontos e não com apenas um; em Vila do Conde, o cenário é ainda mais evidente, com os postes a evitarem duas vezes os festejos dos azuis e brancos, num jogo que teimou em não ter golos; finalmente, na quarta-feira, Lucho acertou no poste com o jogo ainda a zero. Poderia ter dado para empatar e, neste caso, além do ponto em causa, desapareceram alguns milhares de euros dos cofres e a qualificação para os oitavos-de- final ficou hipotecada.

Em todo o caso, este tipo de análises é sempre subjectiva já que não é líquido que o rumo e o resultado final dos respectivos encontros fosse alterado. Mas, que fica a dúvida, lá isso fica. Já agora, acrescente-se outro condimento interessante: os ferros da baliza de Helton ou de Nuno ainda não ajudaram a evitar que os portistas tivessem de ir buscar algumas bolas ao fundo das suas redes.

Refira-se que há ainda mais registos de bolas nos postes que não condicionaram as vitórias ou derrotas, mas que, seguramente, dariam outra tranquilidade à equipa. Casos dos remates de Mariano (Belenenses) e de Bruno Alves (Sporting), ambos no campeonato. Num plano diferente, há a bola à barra de Rodríguez em Londres, numa altura em que a artilharia dos "gunners" ainda não tinha feito estragos na retaguarda azul e branca. E há também o remate de Lucho à trave de Rui Patrício na Supertaça Cândido de Oliveira, quando o Sporting ainda não tinha aberto o marcado. Dois grandes "ses" que poderiam ter - ou não - mudado a história dos encontros.

Carlos Gouveia n' O Jogo

Livres de Perigo

Encravei numa frase de Bruno Alves, algures aqui em baixo. "Cheguei à Selecção há relativamente pouco tempo e já havia marcadores de livres", explicou, quando lhe perguntaram qualquer coisa como isto: por que raio insistiram em Cristiano Ronaldo, com a Albânia, quando já tinha ficado provado que ele estava com a pontaria calibrada para os pássaros que andavam nas redondezas? Resposta de camarada: porque é isso que dita a hierarquia, quer ele atire à baliza ou à casa da vizinha mais próxima do estádio. Ainda que mal comparado, era como se eu dissesse que não socorreria uma vítima porque já há bombeiros na cidade. OK, não é bem a mesma coisa, mas serve para o que vem a seguir: foi mais ou menos por este tipo de camaradagem, ou respeito a hierarquias imaginárias, que Quaresma andou anos a assassinar a passarada ou a encher o quintal das vizinhas dos estádios quando marcava livres. E isto não é um ataque a Quaresma - aliás, louve-se-lhe a auto-estima por querer marcar sempre. Apenas a constatação simples: podíamos ter descoberto mais cedo que Bruno Alves sabia marcar livres.

Hugo Sousa n' O Jogo.

Os novos têm de perceber o que é jogar no FC Porto

BRUNO ALVES n' O Jogo

Três derrotas e nove golos sofridos em dez jogos fizeram soar o alarme, apesar de a equipa estar na liderança do campeonato e presente em todas as competições. Bruno Alves deu ontem a cara, enfrentou a crítica de peito feito e mostrou-se confiante. Com mais trabalho e entrosamento, diz, o FC Porto vai melhorar a eficácia defensiva e ofensiva, evitando mais desgostos. Primeiro, um olhar ao sector que comanda. "A explicação é que a equipa mudou alguns jogadores e estamos ainda numa fase de adaptação. A equipa está a conhecer-se e os jogadores novos estão também a conhecer a identidade do clube. Estas coisas levam sempre o seu tempo, mesmo que não haja muito para essa adaptação, que tem de ser rápida. Os jogadores mais novos têm de compreender o que é jogar a este nível e no FC Porto. Têm procurado melhorar, entender os métodos do treinador e analisar aquilo que tem de ser feito para ganhar jogos", disse.

Ora, o tempo é um bem precioso no futebol, mais ainda com a sucessão de compromissos a que uma equipa está sujeita. "A estabilidade vem com os jogos grandes, como o Dínamo e o Sporting, mas também o Leixões, que está a fazer uma boa carreira. É com estes que vamos aprendendo, melhorando o conhecimento entre os jogadores".

Vencer o Leixões é, assim, o melhor antídoto para esquecer o Dínamo de Kiev. "Quando o FC Porto vem de um jogo menos conseguido, tenta sempre fazer melhor no seguinte, isto é, ganhar. Temos trabalhado bem e temos confiança em todos, sabendo que o plantel é bom. Esperamos que a massa associativa nos apoie ao máximo, como tem feito até agora".

Apesar da motivação, os ucranianos ainda estão atravessados na garganta e no Olival, nota-se, o ambiente é de ressaca. "Procuramos reagir da melhor maneira possível. Não estamos habituados a perder, é verdade, ainda por cima na Liga dos Campeões. Era um jogo que considerávamos importante e que podíamos ter ganho. De qualquer forma, estamos a recuperar, até porque temos já um jogo muito importante no sábado, essencial para continuarmos na frente do campeonato. Quanto à derrota na Liga dos Campeões, são jogos que acontecem. Também já ganhámos algumas vezes dessa maneira. Claro que os jogadores ficaram decepcionados, porque podíamos ter ganho. Há que trabalhar bem e arranjar outros meios para marcarmos mais golos e também para não os sofrer"

Capas de 24 de Outubro de 2008

Recordações e boas tradições

NA terça-feira, apesar de estar condicionado por ter, nessa noite, o meu habitual compromisso televisivo, resolvi que tinha de ir ao Dragão com os meus filhos. Afinal, há lendas que passam de geração para geração e, dos muitos jogos que vi no velho Estádio das Antas com meu pai, aquele que me deixou melhores recordações foi o de Abril de 87, contra o Dínamo de Kiev, que era então a equipa europeia que melhor futebol jogava.
Foi no estádio à pinha e em festa, depois de ganharmos o jogo em que Futre fez a sua melhor exibição com as nossas cores, que se abriram as portas da final de Viena. Foi nessa noite que prometemos que não faltaríamos à final porque, depois daquela vitória, já não receávamos a segunda mão, em Kiev.

Passaram mais de 20 anos. Desta vez, o Dínamo chegava em boa hora, para enfrentar o FC Porto, que regressava ao Dragão depois de uma ausência de 25 dias, em que fora derrotado em Londres mas também vencera em Alvalade e assumira a liderança do campeonato.

Esperava, por isso, que os adeptos estivessem com fome de bola. Mas, afinal, as bancadas estavam menos repletas do que é costume e, não fossem as claques, também mais silenciosas. Terá havido uma premonição colectiva?

A verdade é que foi uma noite desastrada. Desta vez, nem se pode falar de falta de empenho, nem sequer se pode acusar o treinador de ter inventado, porque jogou com a táctica habitual. O problema é outro, e está mais acima. Um dia, falarei no nervosismo da hierarquia, mas não é este o tempo certo para divagações ou derrotismos. O que importa, agora, é ganhar lanço e estofo para a révanche. Não estamos nos idos de 87, mas temos de voltar a Kiev para ganhar a este Dínamo de trazer por casa. Aliás, o Sporting acaba de vencer na Ucrânia, o que só nos pode espicaçar.

Rui Moreira n' A Bola.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Classificação Liga dos Campeões

Liga dos campeões - Porto perde

O Porto perdeu, em casa, com o Dínamo de Kiev. Porto 0 - dínamo 1.

Capas de 21 de Outubro de 2008

O temido regresso do pechisbeque

Não era inevitável, mas era previsível. O pechisbeque voltou em força às primeiras páginas dos jornais, e desta vez a culpa não é da crise do subprime. Quero sublinhar que a expressão "pechisbeque" - utilizada para designar as primeiras páginas dos jornais que valorizam o Benfica muito para além do seu valor facial, pela necessidade de dourar a pílula que se serve aos adeptos encarnados - foi aplicada originalmente pelo director de outro jornal desportivo há um par de semanas. Na altura, celebrava-se a sequência de triunfos dos encarnados sobre o Sporting e o Nápoles e tinha-se como certo que este Benfica dispensava os corantes e os conservantes: podia servir-se ao natural. Afinal, bastaram dois jogos para voltarmos à comida de plástico. Ou ao pechisbeque. Entretanto, Quique Flores, em entrevista ao jornal "AS", reconheceu que a vantagem do FC Porto no futebol português se explica com a existência de um projecto credível, que vai da formação de jogadores às vertentes sociais. Banalidades que não fazem boas primeiras páginas.

Jorge Maia n' O Jogo.

Continuar a crescer

Confrência de imprensa de Jesualdo Ferreira n' O Jogo:

Não abordou a condição física de Fucile ou Rodríguez; não se pronunciou sobre a questão da baliza; não quis destacar nenhum jogador do Dínamo de Kiev. Jesualdo Ferreira apenas generalizou. E, como de costume, não havia lista de convocados para o confrontar com as escolhas que fez. Dessa forma, as perguntas que realmente interessavam ficaram penduradas ou, quando abordadas, acabaram sem resposta. Um exemplo do que ficou pendurado: por que razão não se senta Helton no banco?

Adiante. Sobre o adversário, diplomacia: "Conhecemos bem o Dínamo. Estamos perante uma equipa que é muito forte e é bom que todos tenhamos consciência disso." E continuou. "Só vamos conseguir ganhar este jogo se estivermos todos juntos: jogadores, treinadores, administradores e adeptos." E não parou. "Este jogo vai exigir-nos grande capacidade colectiva testando a nossa capacidade de concentração. Pode durar 90 ou 94 minutos, e é preciso ganhá-lo no minuto que for, com muito suor e trabalho. A nossa equipa tem de ser aquilo que tem sido nos jogos importantes e decisivos. Não estou a criar nenhum fantasma, mas a dizer o que sentimos." A fechar, uma conclusão: "O FC Porto é uma equipa mais crescida do que era há dois meses, mas ainda tem muita margem de progressão. Terá de continuar a crescer e só o podemos fazer num clima de seriedade, com um jogo de equipa forte."

"O Sporting também nos ia degolar..."

Para Jesualdo Ferreira, não faz muito sentido continuar a lembrar a derrota de Londres, e explica porquê. "O jogo com o Arsenal foi há tanto tempo e continuam a falar dele. Depois disso, já fizemos mais dois. Um deles garantiu-nos a liderança do campeonato, num campo difícil, contra um adversário que colocaram como carrasco do FC Porto, dizendo que iríamos morrer ali degolados e que seríamos esfolados. Já estamos habituados", ironizou, evitando projectar a importância do jogo desta noite nas contas do grupo. "Se o Arsenal continuar sem falhar; se o Dínamo… Ainda é muito cedo. O Arsenal só tem mais um ponto", lembrou, antes de rematar com uma certeza: "O jogo com o Arsenal não nos vai condicionar. É outro adversário e outro momento. Temos vindo num trajecto aos solavancos, não de resultados, mas de preparação e trabalho. A capacidade das equipas nota-se não pelos resultados que fazem, mas pela capacidade que têm de virar resultados negativos." A propósito de adversidades, ainda que de outra natureza, perguntou-se por Fucile - ainda não havia convocatória, recorde-se - e por Rodríguez. Nada feito nas dúvidas por esclarecer. "É uma análise que vão ter de fazer depois. Neste momento, não é motivo de conversa em conferência de Imprensa."

O hábito de virar bem na Champions

O FC Porto já não perde em casa para a Liga dos Campeões desde o jogo com o Artmedia. Por outras palavras: na Champions, nunca perdeu em casa desde que Jesualdo é o treinador. "Isso dá-nos confiança e outra tranquilidade", reconhece, antes de mencionar outra tradição, também ela favorável. "Esta é a última jornada da primeira volta da Liga dos Campeões. Nos últimos anos, temos conseguido fazer muito bem a viragem da primeira para a segunda volta. Esperemos que isso se repita." O Dínamo de Kiev ainda não perdeu: empatou com o Arsenal, em casa, e na Turquia com o Fenerbahçe.

Escolhi, mas não digo

Pergunta: "Já escolheu o guarda-redes?" Resposta: "Já." Pergunta: "E quem é?" Resposta: "Amanhã vêem." Na verdade, já se sabia que seria Nuno a jogar, mas o que se desconhecia - e o assunto não foi desenvolvido - era que Helton nem na convocatória estava.

sábado, 18 de outubro de 2008

Taça de Portugal - Porto apurado

O Porto venceu o Sertanense por 4 golos sem resposta e continua em frente na Taça de Portugal.

Capas de 18 de Outubro de 2008


Teoria da desinspiração

Toda a gente tem uma teoria sobre a Selecção Nacional. Sim, eu também tenho uma. Não é melhor nem pior do que as outras, mas é a minha e eu gosto dela por isso. Ao contrário do que diz a corrente mais populista, não me parece que o problema com a Selecção seja a falta que Scolari faz ao futebol português. O problema com a Selecção é a falta que José Mourinho faz ao futebol português. Eu explico. Tal como Jesualdo Ferreira sublinhou ontem, Scolari chegou à Selecção sem a pressão de fazer um apuramento, mas, mais do que isso, sem a pressão de ter de fazer uma equipa. E não a fez. Já estava feita, por José Mourinho, no FC Porto que venceu a Taça dos Campeões Europeus com sete jogadores portugueses que Scolari, mesmo assim, manteve à distância até esgotar a margem de erro no seu primeiro jogo oficial: a derrota com a Grécia no jogo de abertura do Euro'04. Ora, essa base de trabalho construída por Mourinho foi sustentando o resto da Selecção e durou até ao Mundial de 2006. Depois esgotou-se e ninguém tratou de a repor. E assim, temos Queiroz a começar do zero, sem Mourinho que lhe valha nas aflições.

Jorge Maia n' O Jogo.

Esta eliminatória não vai ser um passeio

Conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira, n' O Jogo:

O FC Porto vai apresentar-se na Sertã sem metade dos jogadores que compuseram a equipa que venceu em Alvalade. As alterações na convocatória são numerosas, mas Jesualdo Ferreira exige que a equipa se apresente com a mesma atitude na terceira eliminatória da Taça de Portugal. As lições com o Atlético e o Fátima estão mais do que assimiladas, por isso o técnico garantiu que a equipa que subir hoje ao relvado será a que representa melhor o FC Porto nesta altura, mas terá de trabalhar muito para seguir em frente.

Que dificuldades espera encontrar neste jogo da Taça de Portugal?

Muitas. Campo pequeno, muita gente a querer ver se o FC Porto perde, para o Sertanense tentar ganhar um milhão. Mas vamos ter de trabalhar e suar muito para ganhar, como no ano passado. Pelo que pudemos observar desta equipa é praticamente a mesma que defrontámos na época passada e não vai ser a passear que vamos conseguir passar esta eliminatória.

Vai fazer muitas alterações na equipa?

Vai haver algumas por gestão em função dos jogos de selecção, mas também por uma questão de equilíbrios que temos de ter em atenção, em função dos compromissos que temos nas próximas semanas. Não pelo facto de o Sertanense, com todo o respeito que temos, ser uma equipa de um escalão inferior, mas pelo posicionamento deste jogo em relação aos que vêm a seguir e fundamentalmente porque os jogadores estiveram afastados do trabalho de equipa durante alguns dias. Isto obriga-nos a procurar uma estrutura que seja sólida, coerente, lógica, competitiva e competente para ganhar este jogo.

Vai correr mais ou menos riscos com as alterações que vai fazer ?

No ano passado, o FC Porto foi à Sertã e foi uma equipa séria, profissional, ganhou com justiça e é aquilo que eu exijo à minha equipa amanhã [hoje]. A equipa que vai representar este emblema será a melhor. Temos princípios, objectivos claros e consciência da responsabilidade do jogo.

Onde vai mexer sem desequilibrar a equipa?

Provavelmente em todos os sectores. É importante manter blocos, enquadramentos que tenham alguma rotina e treino, mas o equilíbrio vai estar presente, porque é o que perseguimos de forma obsessiva.