Em verdade a LPF existe apenas como estrutura formal, consentida ou suportada a contragosto pelos seus membros. Não existe na vontade efectiva e no empenhamento da maioria deles. São poucos (ou nenhuns) os que se revêem nela com empatia e entusiasmo, assumem a sua defesa e utilidade e nutrem por ela respeito, apreço e consideração. Os mais contidos nas críticas e os que, uma vez por outra, tecem elogios a esta ou àquela medida, agem movidos pelo fito de tirar daí alguma vantagem, já que se borrifam para a missão que devia inspirar a Liga e que eles nem sabem qual seja. Enfim, a LPF resvalou para o progressivo descrédito e bateu no fundo; por mais que esbraceje com regulamentos e sanções, está moribunda e mal respira, carecendo de um sopro que a traga de regresso à vida e lhe restaure as funções e fins essenciais.
Não é fácil presidir a uma entidade assente em gente que está nela por engano ou com dolosa intenção. Basta ver que há quem faça acusações recorrentes a um ou outro parceiro e proclame o gosto de o ver sujeito a condenação e, se possível, na prisão. Com mentalidades deste jaez uma Liga não tem grande futuro pela frente.
Porém a actual Direcção da LPF não está isenta de culpas face ao clima reinante. O balanço sereno e rigoroso do seu exercício não a favorece e acusa-a da falta de equidistância e de praticar jogos de animosidades e namoros dispensáveis. O que é que ela fez objectivamente para debelar as fragilidades bem diagnosticas na altura da candidatura e no início do mandato? Melhorou a saúde financeira dos clubes em dificuldades? Há maior controlo e observância das normas instituídas neste capítulo? Diminuiu a tão batida falta de credibilidade do futebol? Registam-se progressos dignos de louvor nas arbitragens? Conta com a solidariedade activa da maioria dos filiados na Liga?
As respostas são óbvias, levantando a interrogação acerca do juízo que os dirigentes da LPF fazem de si. Vêem-se ainda como parte da solução e com capacidade e possibilidade de reverter o quadro negativo, nítido e visível, qualquer que seja o ângulo donde se observa? Ou são parte do problema e esgotaram o prazo de validade?
Um juízo desta natureza pode não envolver de modo igual os diferentes órgãos da Liga. Todavia a responsabilidade pelo mau funcionamento de um sector atinge sempre o Presidente da Direcção, se este não tomar decisões para o corrigir e dele se demarcar.
Ao cabo e ao resto, a avaliação da Direcção não se livra da mistura de razão e paixão com que é vista a actuação da Comissão Disciplinar. Não são apenas os políticos que seguem a agenda da comunicação social, actuam em função dela e se rendem assim às derivas insanas da demagogia e do populismo. A esta luz, por mais voltas e argumentações jurídicas que sejam dadas, no ar ficará sempre a suspeita de que a CDL alinhou com o coro mediático e obedeceu a estranhas motivações e premeditações, ao visar de modo encarniçado e assassino o Boavista e o FCP. Esse começo justicialistainquinou o percurso daí em diante; e não há semana em que não surjam, a adensar a névoa da suspeição, esclarecimentos pífios acerca da absurda disparidade de atitudes.
O castigo aplicado a Rui Costa e a justificação para não sancionar condutas mais graves e públicas de outros actores levam a admitir que a CDL tem vários pesos e medidas. Ou quer tapar o sol com a peneira; ou, pior ainda, confirma que uma mão lava a outra. Seja como for, isto põe na ordem do dia a questão de saber se a Liga morreu; se é preciso refundá-la ou criar outra.
Jorge Olímpio Bento n' A Bola.
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