sábado, 28 de fevereiro de 2009

Liga Sagres - Porto empata

FCPorto 0 - Sporting 0.

Basquetebol - Porto vence

FCPorto 67 - Queluz 53.

Capas de 28 de Fevereiro de 2009


Goleada do Sporting torna tudo mais difícil

Conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira n' O Jogo:

Não se falou de favoritos, mas apenas de estados de espírito. O FC Porto parte em alta para este jogo; o Sporting não. Jesualdo não quis, no entanto, jogar com isso, e fez questão de o afirmar na conferência de imprensa que serviu de antevisão a mais um clássico.

O FC Porto vem da melhor exibição da época; o Sporting do pior resultado. O que se pode esperar deste clássico?

São jogos completamente diferentes. O FC Porto fez um bom jogo em Madrid, mas não ganhou e, por isso, viemos para casa incomodados; o Sporting vem de um mau resultado, mas só amanhã [hoje] é que poderemos concluir se isso terá influência no clássico. A derrota do Sporting é uma situação complicada, que acontece a todas as equipas - a nós também já aconteceu. Mas uma coisa é certa: as derrotas nunca animam. Apesar disso, acredito que a goleada sofrida pelo Sporting vai tornar o jogo mais difícil para nós.

Está à espera de um Sporting mais debilitado depois do que aconteceu a meio da semana?

Nenhum resultado negativo é bom. No entanto, o Sporting tem capacidade para ultrapassar essa situação, e já o provou no passado. Aliás, o Sporting até deverá utilizar quatro ou cinco jogadores que não defrontaram o Bayern, pelo que a gestão do plantel foi feita e estou certo de que vão aparecer aqui com uma capacidade superior à que apresentaram na Liga dos Campeões. Nós, FC Porto, não vamos condicionar o nosso jogo por aquilo que aconteceu com o Sporting, nem com o que fizemos em Madrid. São duas competições diferentes.

Hulk afirmou que uma vitória do FC Porto afasta o Sporting do título. Concorda?

Não. Claro que não. Hulk chegou há pouco tempo e não tem muito conhecimento do campeonato português. Para já, revela apenas um grande optimismo. Mas nós, que temos maior experiência, sabemos que se jogam apenas três pontos, e quanto mais pontos tivermos, com menos jornadas para disputar, melhor.

Gostava de oferecer aos adeptos uma exibição como a de Madrid?

O que gostava de oferecer aos adeptos era uma vitória. Uma equipa pode jogar mal uma vez e ganhar, mas não pode ganhar muitas vezes, como nós, e jogar sempre mal... O conceito de jogar bem é relativo. Quero é ganhar o jogo para fazermos, mais uma vez, um corpo único com os adeptos. Se vencermos, são mais três pontos, maior distância, menos jornadas para disputar e uma maior aproximação ao nosso objectivo, que é ser campeão.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Capas de 27 de Fevereiro de 2009


Quarteto fantástico pronto para receber leões

É apenas uma questão de tempo para que o tridente ofensivo do FC Porto passe a "quarteto fantástico" se lhe acrescentarmos Lucho e verificarmos que, com Lisandro, Hulk e Rodríguez, só estes jogadores valem 71,4 por cento dos golos azuis e brancos, esta temporada, na Liga Sagres. Dito por outras palavras, dos 35 golos da equipa dona do melhor ataque do campeonato 25 são da autoria dos quatro jogadores mais adiantados do FC Porto. O teste ao carácter do Sporting, preconizado por Paulo Bento a seguir à maior goleada sofrida pelos leões nas competições europeias, promete.

Os números apontam para uma subida de rendimento dos tricampeões à medida que o campeonato avança. Desde a última derrota do FC Porto no campeonato na deslocação à Figueira da Foz (1-0), à sétima jornada, a equipa está há 12 jogos consecutivos sem perder e já marcou 26 golos, o que perfaz uma média superior a dois golos por jogo nas 12 jornadas seguintes.

Desde o empate com o Trofense (0-0), à 14.ª jornada, o FC Porto vem marcando golos no campeonato há cinco jornadas consecutivas. Só Lisandro, Lucho, Rodríguez e Hulk são responsáveis por 8 dos 11 golos apontados até à recepção ao Sporting. Bruno Alves e Farías marcaram os outros três.

Para além disso, este quarteto tem sabido gerir os cartões amarelos sem condicionar o técnico nas suas opções ou a equipa na sua forma de jogar.

Lucho | 18 jogos | 7 golos

Lucho tem sido preponderante nos últimos encontros do FC Porto. Belenenses, Benfica e Rio Ave são as mais recentes vítimas. Nas quatro últimas jornadas, só não marcou ao Paços de Ferreira.

Hulk | 18 jogos | 7 golos

É um dos principais responsáveis pela subida de rendimento do ataque do FC Porto desde a derrota na Naval, tendo apontado cinco golos. O "Incrível" vale 20 por cento dos golos da equipa.

Rodríguez | 19 jogos | 6 golos

Acordou contra a Académica, à 10.ª jornada, e de então para cá já marcou seis golos em outros tantos jogos da Liga Sagres. Braga e Belenenses foram os últimos a chorar por causa do Cebola.

Lisandro | 19 jogos | 5 golos

É verdade que Lisandro não marca golos em casa desde 15 de Novembro, mas tem-nos conseguido fora, na Amadora e em Braga. Falta ver os efeitos dos dois golos no Vicente Calderón contra o Sporting.

Licha: golos na Champions e o mercado

Após os dois golos apontados ao Atlético de Madrid, Lisandro admitiu, em entrevista à rádio Del Plata, da Argentina, que não descarta a hipótese de sair do FC Porto. "A vontade de dar o saltito está cá sempre. Tenho mais dois anos de contrato, e veremos o que acontece em Junho. Em todas as reaberturas do mercado, tem havido possibilidades", revelou.

O avançado é o melhor marcador da Liga dos Campeões, a par de Miroslav Klose, e acredita que a prova lhe poderá abrir mais portas. "Estou num bom momento, e os golos da Champions dão outra visibilidade, apesar de também marcar na Liga. Embora este ano não esteja com tanta pontaria como em anos anteriores", admitiu.

Licha falou ainda de Maradona. "Ele trata todos os jogadores por igual e mostra estar a par do que se passa nos clubes."

António Soares n' O Jogo.

Jogada de antecipação

O Sporting, pela voz de Miguel Ribeiro Telles, explicou ontem aos seus adeptos que, de acordo com os regulamentos, não pode evitar que o clássico com o FC Porto se dispute no sábado. Podia ter ficado por aí, porque os regulamentos explicam tudo, mas foi mais longe e frisou que o FC Porto quis tirar partido do facto de ter mais um dia de descanso que o Sporting antes do clássico "refugiando-se nos regulamentos". Ora, a minha matemática já não é o que era, mas quer-me parecer que se o jogo fosse disputado no domingo, o FC Porto continuaria a ter mais um dia de descanso. Depois, se os regulamentos existem, é para serem cumpridos quando legitimamente invocados pelos clubes. Aliás, ao sublinhar que o Sporting viu "na contingência regulamentar de aceitar a antecipação" Miguel Ribeiro Telles admite que, se não fosse essa contingência regulamentar, a equipa de Alvalade não teria aceite a mudança, defendendo legitimamente os seus interesses, tal como o FC Porto fez. De resto, os clássicos mais recentes até já demonstraram que o descanso está longe de ser um factor decisivo neste tipo de jogos.

Jorge Maia n' O Jogo.

Uma verdade inconveniente

COMO Mário Coluna bem explicou no 'Trio d'Ataque', o Benfica foi instrumentalizado pelo Estado Novo. Aliás, assim se explica o equipamento 'à Benfica' usado pela Selecção de 1966, escolhido para confundir o clube de sucesso, os atletas africanos e o futebol pátrio.
Apesar do seu passado glorioso, o Benfica não ganha um título internacional desde a pré-história das competições europeias. A sua hegemonia doméstica não sobreviveu ao fim do Império, que lhe fornecia os melhores atletas, nem ao fim do regime que o acarinhava. No último quarto de século, o FC Porto roubou-lhe a hegemonia caseira e ultrapassou-o em prestígio internacional.

Essa realidade, que nada tem de indecorosa, é penosa para alguns ilustres benfiquistas, que se refugiam no argumento de que muitos dos adeptos do clube eram do contra. Mas, são esses mesmos ilustres que parecem acreditar que o seu clube tem um direito natural à hegemonia. Ora, percebe-se e saúda-se que os benfiquistas não se resignem à sua fraca sorte, mas não se entende a sua cegueira, quando atribuem os insucessos a factores imaginários e não vêem que eles se devem a fracos dirigentes e a sucessivos erros de gestão. Foi com esse beneplácito acrítico que Vale e Azevedo quase destruiu o clube.

Este devia ter sido o ano da regeneração. Afinal, foi mais uma falsa partida. Foram dadas a Rui Costa condições inéditas e irrepetíveis, só que as expectativas eram excessivas e precipitadas, e não lhe deram o tempo e a margem de erro de que qualquer novo projecto precisa. Em desespero, o clube regressou à táctica da secretaria, procurando através seus fantoches, cujas teses vão sendo derrotadas nos tribunais, o que não consegue no campo.

Enquanto recorrer a esse triste eclectismo, a sua equipa terá desculpas para não vencer e o FC Porto continuará a ganhar.

Rui Moreira n' A Bola.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Golos de ontem

Capas de 25 de Fevereiro de 2009


Mais fortes do que o Azar

Paulo Assunção já deve ter mudado de ideias. Afinal, o jogo de ontem demonstrou que o FC Porto é muito melhor equipa do que o Atlético de Madrid. Tão melhor que foi capaz de sobreviver a uma série inacreditável de azares que poderiam ter vergado uma equipa menor, realizando uma das melhores exibições da temporada, reagindo a cada adversidade com personalidade e lamentando apenas que a enorme superioridade que demonstrou em campo não se tenha traduzido num resultado mais favorável.

Os tais azares começaram ainda antes do primeiro apito de Howard Webb, ele próprio mais uma fatalidade, mais uma desgraça que se abateu sobre os tricampeões nacionais com uma série de decisões desastradas que condicionaram o domínio exercido pelo FC Porto desde o início do jogo. Mas voltaremos ao árbitro mais adiante. Para já, a primeira contrariedade, a lesão de Fucile durante o aquecimento que forçou a entrada de Sapunaru para o onze inicial, e a primeira oportunidade de superação, com o romeno a realizar uma exibição segura, pelo menos até ele próprio ter de sair por lesão a meio da segunda parte. Depois, o primeiro erro de finalização no primeiro minuto. Hulk ganha a Paulo Assunção em velocidade, entra na área e oferece a bola a Rodríguez. O uruguaio roda e remata, mas Leo Franco defende. Um lance que serviria de mote para toda a primeira parte e que antecederia o primeiro golo do Atlético, marcado na sequência de um lance rápido que deixou Cissokho mal na figura. O francês haveria de se redimir mais adiante. Em desvantagem o FC Porto tomou conta do jogo e esmagou o Atlético contra a sua baliza. Hulk, Lisandro, Rodríguez, outra vez Lisandro e mais uma vez Hulk falhavam as inúmeras oportunidades claras de golo que o ataque portista criava, tornando evidentes as debilidades da defesa madrilena.

O golo do empate, o golo que valeu, surgiu aos 22', ironicamente num lance atípico, na menos clara de todas as oportunidades de golo dessa primeira parte. Um erro, Lisandro sozinho com Leo Franco e golo. O jogo não mudou. O FC Porto mandava e o Atlético obedecia. As bancadas do Vicente Calderón já ansiavam pelo intervalo quando Forlán arranjou espaço no miolo para um remate denunciado e à figura de Helton. Azar: o brasileiro largou a bola para dentro da baliza. Um frango monumental e um resultado falso como Judas ao intervalo. O FC Porto sentiu o golo, mas voltou para o segundo tempo com vontade. Falhou duas oportunidades logo no arranque e sentiu o chão fugir-lhe sob os pés. Baixou o ritmo e o jogo fixou-se no meio-campo, apenas sobressaltado por um par de iniciativas inócuas de Hulk, mas era o FC Porto quem queria mais. Abel Resino tirou Aguero e tentou segurar o jogo, mas não conseguiu. Aos 72', Rodríguez passou a bola a Cissokho e este fez o seu primeiro cruzamento do jogo. Lisandro não falhou, Leo Franco não defendeu e o FC Porto marcou, colocando-se em vantagem na eliminatória e dando uma aparência de justiça ao marcador.

Jorge Maia n' O Jogo.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Liga dos campeões - Porto empata

Atlético de Madrid 2 - FCPorto 2. Os nossos dois golos foram marcados por Lisandro.

Capas de 24 de Fevereiro de 2009

Somos mais equipa

Conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira n' O Jogo:

Jesualdo Ferreira sente que a equipa está cada vez mais forte e disse-o ontem, na conferência que também serviu para expressar, repetidamente, uma vontade firme: passar aos quartos.

Existe uma grande expectativa relativamente a este jogo. Sente que o FC Porto está preparado para esta eliminatória?

Estamos preparados. A vida desportiva do FC Porto, e dos seus jogadores, fala por si; em ambientes difíceis, com muitos espectadores, e na Liga dos Campeões, os meus jogadores ganham motivação, ficam mais alerta, há empenho, e apresentam, quase sempre, um maior rendimento. Desta vez, estou seguro de que vai ser assim. Mas, vamos discutir a eliminatória com uma grande equipa, um histórico do futebol espanhol. É verdade que eles não têm a história do FC Porto na Champions, mas têm jogadores muito experientes do ponto de vista internacional. Estamos diferentes da época passada, é um FC Porto remodelado, mas igualmente forte e queremos continuar a fazer história. Queremos muito passar: treinadores, jogadores, administração e, sobretudo, os adeptos; queremos muito e vamos fazer todos os possíveis para concretizar esse objectivo, sabendo que temos de ser corajosos e competentes para o conseguir.

O FC Porto atravessa uma boa fase, ao contrário do Atlético de Madrid. Esse facto confere algum favoritismo à sua equipa?

São histórias e competições diferentes. Estamos a falar de dois jogos, de 180 minutos, ou mais um pouco, se formos a prolongamento e penáltis, e não de uma prova de regularidade. Os jogadores não se conhecem tão bem, como acontece nos jogos dos respectivos campeonatos, o clima também é diferente. O Atlético fez seis jogos nesta competição e não perdeu nenhum; nós qualificamo-nos em primeiro. Sentimos, por isso, que o facto de estarmos num bom momento não nos confere favoritismo para esta eliminatória.

Encontra diferenças entre o Atlético de Madrid de Javier Aguirre e este de Abel Resino?

As diferenças não são muito evidentes. Aguirre treinou a equipa durante algum tempo, qualificou-a, na época passada, para a Champions, e este ano para os oitavos-de-final. Agora, com o novo treinador, poderá existir o factor surpresa, porque com o anterior treinador sabíamos exactamente como jogavam… Por outro lado, ele também deverá conhecer menos bem a nossa equipa, porque teve, certamente, menos tempo para a analisar. Mas isso é secundário, porque quem vai decidir esta eliminatória são os jogadores.

Durante este tempo de paragem na Liga dos Campeões, sente que a equipa cresceu e ficou mais forte?

Esse crescimento é real e deve-se a uma maior maturidade dos meus jogadores; com o tempo, eles foram assimilando os processos de jogo, conhecem-se melhor e ganharam maior confiança com os bons resultados. Foi o trajecto normal na evolução de uma equipa. Somos mais equilibrados e a integração dos novos jogadores fez-se com segurança. Estamos a caminhar apara atingir os nossos objectivos, de forma gradual e segura, embora não tão exuberante como desejaríamos. Mas somos mais equipa.

Kun ou Hulk?

NAPOLEÃO costumava dizer que o que os seus exércitos deviam fazer sempre em primeiro lugar era mostrar ao inimigo aquilo que o inimigo mais pudesse temer. Se essa for a ideia de Abel Resino, não tenho dúvidas: ao abrir da noite, no Vicente Caldéron, ele mostrará Kun Aguero, a quem Jorge Valdano já traçou, poético, o destino: «Num ano fez-se dono do Atlético, em menos de dez tornar-se-à um dos donos do futebol universal...»
Sim, por sua obra e graça, o jogo do Atlético entrou num cenário novo - do génio que é capaz de descobrir caminhos para o paraíso com a imaginação e a cintura, que em 10 metros quadrados põe toda a equipa a reencontrar-se com a energia e a ordem que a resgata de trevas e angústias. Mas, apesar disso, pode haver factor individual mais decisivo - o menino que driblou o destino da favela, que pequenino se levantava às duas da madrugada para vender bagatelas em feira pobre, que Givanildo de Souza se transformou, incrível, em Hulk. Nele, eu adoro a tendência para não ser aquilo que os treinadores pós-modernos querem que os jogadores sejam: disciplinados, obedientes, tecnocráticos, mostrando, rebelde – estilo, imprevisibilidade e volúpia. Nele, eu empolgo-me com a essência romântica que é jogar sem esquecer que, tal como na guerra, fundamental é a arte do engano, enganando com o drible, enganando com o passe, enganando com o raide. Nele, eu deslumbro-me com a convicção de que no campo ainda existe espaço entre o sonho e a criatividade que apenas a fúria e a delicadeza, a velocidade e a inspiração, podem atravessar. Nele, eu entusiasmo-me com a alma que carrega no acelerador do corpo imponente que rasga a ânsia com a baliza nos olhos, o instinto no pé. Tudo o que se tem visto por cá - e na Europa ainda não. Portanto, se esse Hulk estiver, logo, em Madrid, o FC Porto pode sair de lá com futuro ganho nas Champions e ele com futuro ganho na história - senão... se só lá estiver o seu fantasma, a sua ilusão, não sei... (e é melhor nem escrever o que estou a pensar...)

António Simoões n' A Bola.

Intervalo para futebol

1 - Hoje e amanhã, o futebolzinho à portuguesa —isto é, a discussão sobre o árbitro e os penalties e foras-de-jogo—sofre uma saudável interrupção para que, num televisor perto de si, possa ver de regresso aquilo que interessa: o grande futebol europeu. Joga-se a 1.ª mão dos oitavos-finais da Liga dos Campeões, com a assinalável presença de duas equipes portuguesas: o Sporting e o habitual FC Porto. Quem está, está; quem não está, que estivesse, e quem tentou entrar pela porta do cavalo, que se roa de inveja.
Ao contrário do que sucedeu na fase de grupos, desta vez a tarefa do Sporting parece mais complicada que a do FC Porto. Em teoria, pelo menos, o Bayern de Munich é osso mais duro de roer do que o Atlético de Madrid. Mas esta noite em Madrid, para conseguir sair com um resultado que alimente todas as esperanças para o jogo de retribuição no Dragão, o FC Porto vai ter que mostrar muito mais futebol e consistência do que aquilo que vem mostrando por cá nos últimos jogos. Só com Bruno Alves atrás e Hulk na frente é difícil chegar para esta encomenda. Vai ser necessário que jogadores como Lisandro, Lucho, Rodriguéz, Meireles, estejam ao seu melhor nível, ou melhor, pelo menos, do que têm estado. Até porque, como se tem andado a ver exuberantemente, este FC Porto que deitou fora jogadores de valor seguro e desprezou promessas que despontavam, não tem «banco» à altura das ambições: não há um só suplente de categoria indiscutível, seja para a defesa, para o meio-campo ou para o ataque. São aqueles onze e nada mais. E, quando digo onze, já estou a ser generoso...

Todavia, estou cheio de fé para hoje, porque conto com duas coisas a favor desta equipa: a sua experiência internacional e a capacidade de se agigantar nestes jogos e de mostrar uma personalidade que ninguém mais em Portugal consegue ter.

2 - Avisadamente, aliás, o Benfica (depois de ter exibido, uma vez mais, a sua confrangedora falta de classe em jogos europeus, esta época), está já a ensaiar a tentativa de entrar para o ano na Champions pela porta dos fundos, à custa do FC Porto e precavendo a hipótese de o não conseguir no terreno de jogo do campeonato. Para que a vergonha seja completa, sustenta-se na confirmação da decisão do CD da Liga, que condenou o FC Porto por tentativa de corrupção no jogo com o Estrela, em 2004. Uma decisão que surgiu dias depois de o Tribunal da Relação ter confirmado, por sua vez, a sentença do Tribunal Criminal do Porto que julgou tal acusação sem qualquer fundamento, e semanas depois de o Supremo Tribunal Administrativo ter decidido que obviamente (basta ler a Constituição...) as escutas telefónicas, admitindo que faziam alguma prova no caso, não podem ser utilizadas em simples processos disciplinares (sob pena de um patrão poder despedir um empregado com base em escutas telefónicas...). Ou seja, o CD da Liga— esse órgão que faz «justiça» sem sequer ouvir a sua principal testemunha e, menos ainda, admitir o seu contra-interrogatório — permite-se a arrogância de manter as suas decisões, mesmo depois de ver dois tribunais superiores desfazerem as duas «provas» em que se sustentou: uma, por não ser aplicável; outra por não merecer credibilidade alguma. Como é que o Benfica vai explicar isto ao amigo Platini?

Entretanto, também dava jeito que o Lisandro fosse suspenso por «simulação», o Bruno Alves por jogo violento ou qualquer outra razão, e, no limite, nada funcionando, que o governo fizesse sair um decreto-lei declarando o Benfica campeão nacional.

3 - Já tinha morrido o mito do Benfica grande potência europeia e com um prestígio internacional a perder de vista (basta viajar para o constatar). Agora, com o estudo dos alemães da Sport Markt, morreu o mito do Benfica dos seis milhões de adeptos cá dentro: afinal, são só 2,1 milhões, contra 1,3 milhões de portistas e 1,1 milhões de sportinguistas. Olha se não se têm registado no Guiness como o «maior clube do mundo»! Assim, sábado passado, houve 2,1 milhões de portugueses tristes com o desfecho do jogo de Alvalade, e 2,4 milhões felizes. É que dantes também havia outro mito, no qual, eu, por exemplo fui educado: o de que o Sport Lisboa e Benfica seria sempre nosso adversário, mas, em reconhecimento pelo que a geração do Benfica de Eusébio deu a Portugal e ao futebol, mereceria sempre o nosso respeito. Isso acabou — acabou com Vale e Azevedo e com Luís Filipe Vieira. Agora, o Benfica de que nos lembramos é o do jogo «comprado» ao Estoril e transferido para o Algarve, do Paulo Madeira roubado ao Belenenses por meios indecorosos e tantos outros roubados à má-fila a clubes pequenos e sem defesa, o Benfica associado a Valentim Loureiro para dominar a Liga, o Benfica que gasta mais energias a tentar entrar na Champions pela porta do cavalo do que a tentar entrar pela porta grande. O Benfica cuja atitude de auto-proclamado fair-play e «moralização do futebol» pode ser exemplarmente reconhecível nesta frase do seu dirigente Sílvio Cervan, aqui escrita sexta-feira passada e a propósito do FC Porto-Rio Ave: «Carlos Brito não esperava que a 15 minutos do fim, mesmo com um penalty inventado, a sua equipa estivesse empatada no Dragão. Por isso mandou os rapazes subirem no terreno, tanto quanto necessário para não pontuar, e assim ficarem quase todos satisfeitos e com emprego». Não é preciso tradução, pois não?

4 - Do jogo de Alvalade, para além da felicidade causada a 2,4 milhões de portugueses, além de quatro belos golos e de mais uma exibição de luxo de Liedson, resultou ainda outra coisa positiva: Olegário Benquerença já não tem razões para continuar a figurar na extensíssima lista de árbitros que o Benfica gostaria de mandar exilar, por declarada desonestidade. Ele, que há quatro anos atrás foi excomungado na Luz porque, a 50 metros de distância, não viu se a bola rematada do meio-campo por Petit entrou ou não na baliza de Baía, não viu agora, a cinco metros de distância, Maxi Pereira levantar o braço para cortar um remate que ia direitinho para golo. Merece, pelo menos, um perdão provisório...

De resto e tirando o golaço de Liedson, a primeira parte foi chata e mal jogada, mas a segunda valeu a pena, pela categórica demonstração de vontade e classe do Sporting. Merecia um resultado melhor e até pode acontecer que aquele golo desmancha-prazeres de Cardozo (também magnífico) venha a ter consequências determinantes, se Sporting e Benfica acabarem o campeonato em igualdade pontual...

Pelo que vi o Sporting fazer, e sabendo que Paulo Bento costuma trocar tranquilamente as voltas a Jesualdo Ferreira, fiquei bastante apreensivo para o jogo do Dragão, no próximo sábado. É, de facto, um período decisivo para leões e dragões. O Sporting começou-o em grande estilo, com as vitórias contra Belenenses e Benfica. O FC Porto começou-o em estilo «tem-te não caias». Veremos com o acabam.

5 - E prossegue a descida aos infernos do V. Guimarães. Há beijos que são mesmo de morte. O do Benfica foi-o. É o que costuma acontecer quando se trocam velhas amizades por interesses e amigos de ocasião...

Já o Braga faz o percurso inverso e colhe os frutos da investida do Vitória contra o FC Porto. Pinto da Costa deu-lhes, de graça, o Luís Aguiar e o Alan; emprestou-lhes o Renteria, pagando ainda parte do ordenado; e dispôs-se a pagar o ordenado ao Andrés Madrid, que vegetava sem utilidade na reserva do Braga e agora vegeta na do Porto. Isto, sim, é que é um amigo!

Miguel Sousa Tavares n' A Bola.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Capas de 22 de Fevereiro de 2009


Scolari e os clubes

Cada um é prò que nasce. Luiz Felipe Scolari, por exemplo, nasceu para trabalhar com selecções. Ter uma grande competição de quatro em quatro anos, uma média de um jogo a sério de dois em dois meses e todo o tempo do Mundo para aprender com os seus inúmeros erros. Os clubes, como a recente experiência com o Chelsea demonstrou para lá de qualquer dúvida razoável, estão longe de ser o seu habitat natural. Sente-se desconfortável com isso de ter de jogar todas as semanas, às vezes mais do que uma vez por semana, ter apenas vinte e tal jogadores por onde escolher e ainda por cima todos treinados por ele. E é por isso, por saber que Scolari não nasceu para o futebol de clubes, que é preciso ter alguma paciência com as suas declarações a propósito do dérbi de Lisboa e as suas considerações sobre a necessidade de não deixar o FC Porto escapar. Claramente, ele não sabe muito bem do que está a falar.

Jorge Maia n' O Jogo.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Hóquei em Patins - Porto vence

FCPorto 13 - Carvalhos 1.

Classificação:
1. FC Porto 61 pontos/ 25 jogos
2. Benfica 54/ 25
3. Oliveirense 54/ 25
4. J. Viana 53/ 25
5. HC Braga 38/ 25
6. Candelária 37/ 24
7. Oeiras 34/ 25
8. O. Barcelos 32/ 25
9. Porto Santo 30/ 25
10. Gulpilhares 29/ 24
11. Nortecoope 24/ 24
12. Valongo 23/ 25
13. Cambra 15/ 24
14. Carvalhos 3/ 25

Capas de 21 de Fevereiro de 2009


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Golos de hoje



Liga Sagres - Porto ganha

Paços de Ferreira 0 - FCPorto 2.

Capas de 20 de Fevereiro de 2009


Pesos e medidas diferentes

A nossa opinião pública é facilmente intoxicável. Há muita intolerância, bastante ignorância e hipocrisia quanto baste, que são alimentadas por notícias tendenciosas e análises pouco isentas.
O futebol é um dos palcos onde essas distorções da realidade, que nos ficaram do antigo regime, se detectam com mais facilidade. O julgamento popular sobre o jogo entre FC Porto e Benfica e também sobre os jogos de FC Porto e Sporting em Belém ilustram bem o que se passa.

No primeiro caso, empolou-se a questão de um penalty discutível mas igual a tantos outros, e branqueou-se o caso do penalty indiscutível sobre Lucho. Pediu-se um castigo para Lisandro por simulação, esquecendo o mergulho sorridente de Di María contra o Braga. Além disso, exigiu-se uma punição a Bruno Alves, esquecendo uma falta não assinalada a David Luís.

No caso dos jogos do Restelo, o FC Porto sofreu um golo, numa jogada em que um jogador adversário estava ligeiramente em fora-de-jogo e interferiu na jogada, estorvando a acção de Rolando e de Hélton. O mesmo jogador do Belenenses, de seu nome Marcelo, estava também ligeiramente adiantado relativamente aos defesas do Sporting, antes de receber o passe e marcar o único golo da sua equipa. Foram dois golos ilegais e muito semelhantes, que não evitaram a derrota dos da casa.

No caso do golo marcado ao FC Porto, a comunicação social desculpou a arbitragem, salientando que cumpriu o regulamento segundo o qual, em caso de dúvida, se deve beneficiar a equipa atacante. Mas, o que é curioso, é que relativamente ao jogo do Sporting, toda a gente concordou com Paulo Bento, para quem esse foi um erro grave e não faltaram os «calimeros» do costume, a reclamar que se tratou de um roubo.

É assim, com vários pesos e várias medidas, que se vai disformando a realidade.

Rui Moreira n' A Bola.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Capas de 19 de Fevereiro de 2009


Direito à indiferença

Jesualdo Ferreira disse que o resultado do dérbi de Lisboa é indiferente para o FC Porto. Nem podia dizer outra coisa. O FC Porto não vai jogar o dérbi de Lisboa e ao treinador dos tricampeões nacionais não ficaria bem dizer que o resultado do jogo entre o Sporting e o Benfica lhe perturba o sono. Ainda assim, para poder ver o clássico de sábado descansado, para que o resultado lhe seja o mais indiferente possível, Jesualdo Ferreira terá de garantir uma vitória do FC Porto em Paços de Ferreira. São esses três pontos que separam a indiferença da preocupação. Com eles, o FC Porto pode capitalizar qualquer dos três resultados possíveis em Alvalade e talvez o empate até lhe seja o mais favorável. Sem eles, para manter a liderança, não poderá ser indiferente ao resultado e, mesmo que não o confesse, o mais provável é que torça pela vitória do Sporting. Em resumo, o FC Porto precisa de ganhar ao Paços de Ferreira para ser indiferente ao desfecho do clássico.

Jorge Maia n' O Jogo.

É muito perigoso pensar que já somos campeões

Conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira n' O Jogo:

Tranquilo, bem disposto, mas com pouca vontade de falar. Foi assim a conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira na antevisão do jogo frente ao Paços. Houve até quem lhe tenha dito que estava a poupar nas palavras, mas o professor afirmou, em jeito de brincadeira, que faltava maior animação na conversa; pediu aos jornalistas para o animarem, mas nem o clássico de Lisboa, o jogo com o Atlético de Madrid, os amarelos do plantel ou os nomes apontados para a sua sucessão serviram para lhe arrancar grandes respostas. Tudo porque a prioridade do FC Porto está no jogo de amanhã.

Com que preocupações parte para o jogo com o Paços de Ferreira?

É uma partida tradicionalmente difícil para o FC Porto. O Paços de Ferreira está nas meias-finais da Taça de Portugal, é o quarto melhor ataque do campeonato e é uma equipa positiva na forma como aborda os jogos, como tivemos oportunidade de constatar na partida frente ao Benfica. Os jogadores do Paços de Ferreira estarão muito motivados e as questões tácticas serão importantes, mas em muitos momentos será mais importante combater a forma positiva, mas também empenhada como eles vão abordar o jogo. Por tudo isto, vamos dar uma grande importância a este jogo, não só pelo seu grau de dificuldade, mas também pela necessidade que temos em conquistar os três pontos; pela sequência de jogos que já ultrapassámos, mas também pelos que temos pela frente, este desafio será muito importante para nós.

Vai à Mata Real com o orgulho ferido depois das declarações de Paulo Sérgio, que afirmou que era fácil ser-se campeão no FC Porto?

Não ouvi as declarações do Paulo Sérgio e não sei em que enquadramento surgiram. Mas acrescento o seguinte: estou no FC Porto há dois anos e, nesse período, ganhámos dois campeonatos. Felizmente, não sou excepção àquilo que tem sido a regra no FC Porto.

Mas nunca nenhum treinador conseguiu ganhar três campeonatos seguidos ao serviço do FC Porto…

Que eu saiba não. E?... Esse é um dos grandes objectivos, mas não é o meu, é o do FC Porto. Em nenhum momento, as pessoas se podem esquecer de uma coisa importante: o FC Porto tem sempre como primeiro objectivo ser campeão nacional; depois, sempre foi assumido que também se tem de chegar aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Um já está conseguido esta época; falta o outro. E nas épocas anteriores, esses dois objectivos foram sempre alcançados. Por isso, o importante é não ser excepção, e eu não fui, apesar de haver treinadores que já perderam no FC Porto…

Laszlo Boloni afirmou que o FC Porto vai ser campeão e que o clássico deste fim-de-semana vai decidir apenas o segundo lugar. Tem a mesma opinião?

É a opinião dele… Mas se a opinião que a maior parte das pessoas tem emitido fosse verdadeira, estávamos aqui a tirar uma soneca, convencidos de que já éramos campeões. Mas isso é muito perigoso e eu não me deixo ir na onda dessas declarações. Apesar disso, são declarações com crédito, tendo em conta de quem as proferiu, porque Boloni conhece bem o futebol, em especial o português. Mas é só isso. E, infelizmente, isso não ganha campeonatos.


Liga Intercalar - Porto vence

Freamunde 1- FCPorto 2.

Hóquei em Patins - Porto vence

FCPorto 4 - Gulpilhares 0.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Capas de 18 de Fevereiro de 2009


Grandes e pequenas penalidades

Os judeus têm um provérbio que avisa os mais apressados a terem cuidado com o que desejam, porque correm o risco de serem atendidos. Lembrei-me disso ontem, quando soube que Pedro Proença teve negativa no último clássico entre o FC Porto e o Benfica. Levou um 2,4, equivalente a um desempenho Insatisfatório, atendendo as preces de vários milhões de almas, embora segundo um recente estudo alemão não sejam tantos milhões como quando se conta ao perto. O "twist", a "punchline", ou, para os menos dados a estrangeirices, a reviravolta final que dá razão aos judeus e aos seus avisos sobre os cuidados a ter com aquilo que se deseja é que o árbitro lisboeta só não teve positiva por não ter assinalado o penálti de Reyes sobre Lucho. Isso mesmo, o penálti da primeira parte, quando o jogo estava empatado a zero. Se o tivesse feito, teria recebido 3,4, o equivalente a um desempenho Bom a uma décima de ser Muito Bom. Claro que o observador avalia o trabalho do árbitro segundo o que vê desde a bancada e talvez a sua opinião fosse diferente se visse uma ou duas repetições em câmara lenta do lance entre Lisandro e Yebda. Talvez. Mas mesmo em câmara acelerada Reyes fez falta sobre Lucho. E essa deu pra ver da bancada.

Jorge Maia n' O Jogo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Taça de Portugal - meias-finais

O FCPorto defronta o Estrela da Amadora.

Jorge Sousa

P. Ferreira – Porto, 21h00 (RTP 1)
Árbitro: Jorge Sousa

Pedro Proença avaliado com 2,4 no FC Porto-Benfica

Xiiii a azia vai ser mesmo muita!!!!!

Pedro Proença avaliado com 2,4 no FC Porto-Benfica por não ter assinaldo penálti sobre Lucho

O árbitro Pedro Proença foi avaliado com a nota 2,4 no FC Porto-Benfica devido a não ter assinalado penálti no lance em que Lucho González foi tocado por Reyes, o que segundo o relatório do observador lhe custou um ponto.

"Não assinalou grande penalidade contra a equipa B [Benfica], por falta do seu jogador nº 6 [Reyes], que, dentro da sua área de grande penalidade, rasteirou o adversário nº 8 [Lucho González]...", lê-se no relatório do observador José Gonçalves, a que a Agência Lusa teve acesso. Mais à frente o observador justifica a má nota ao árbitro Pedro Proença: "Caso não tivesse a falha mencionada em 2 a) a nota final seria 3,4".

Um fora-de-jogo não assinalado a Lisandro López e um cartão amarelo poupado a Sidnei foram os outros erros apontados pelo observador a Pedro Proença. Curiosamente, o polémico penálti que permitiu a Lucho igualar o marcador não é sancionado no relatório do observador, que dá o "benefício da dúvida" ao árbitro.

"Aos 25 minutos do 2º tempo, marcou grande penalidade contra a equipa B [Benfica], por suposta falta do jogador nº 26 [Yebda] (...) Do local onde nos encontramos e uma vez o lance ter ocorrido no vértice mais distante da grande área, não nos foi possível vislumbrar com clareza o desenlace da jogada: se a queda é provocada por algum contacto dos pés ao nível do terreno ou em virtude do defensor ter colocado o braço à frente do tronco do adversário, impedindo/perturbando a sua progressão. Porque o árbitro se encontrava bem colocado e perto, cerca de 3/4 metros, e foi peremptório a assinalar a grande penalidade, aliado ao facto de não terem existido protestos de jogadores da equipa penalizada, que aceitaram pacificamente a decisão, com excepção do faltoso, único a esboçar contrariedade, damos-lhe o benefício da dúvida".

A nota 2,4 é, segundo o critério da escala de avaliação que varia entre 0 e 5, uma nota insatisfatória, consequência de uma grande penalidade não assinalada com influência no resultado e um cartão amarelo não exibido.

Segundo as normas e instruções para observadores, "um árbitro que não assinale uma grande penalidade e esta tenha influência no resultado a nota máxima é 2,5". A Pedro Proença ainda foi descontada uma décima pelo cartão amarelo não exibido a Sidnei.

Nesta temporada, cheia de casos de arbitragem, a avaliação de Pedro Proença está longe de ser a pior. Elmano Santos foi avaliado com 2,1 no Belenenses-Benfica, enquanto Pedro Henriques (Benfica-Nacional), Paulo Baptista (Benfica-Braga) e Paulo Costa (Braga-FC Porto) tiveram 2,3.

No Público.

Não há melhor do que o pior Lisandro

Sentar Lisandro e Rodríguez no banco ao mesmo tempo pode ter sido uma forma habilidosa de espicaçar o primeiro sem o tornar num alvo demasiado evidente. É uma teoria. Mas, acertada ou ao lado, a questão nuclear é capaz de ser outra: haverá, no banco do FC Porto, quem seja melhor do que o pior Lisandro? Sem querer fazer dele um insubstituível, até porque sabemos todos onde costumam estar os insubstituíveis (e, para quem não sabe, estão num grupo muito restrito de clubes milionários...), a resposta mais óbvia é não. Não, não há. Ou melhor: se há, tem sido difícil descobrir. Bem sei que Farías até marcou dois golos, e, não fosse o detalhe da regra e da sua excepção, essa pontaria surpreendente deveria ser suficiente para esperar um momento mais oportuno de lançar o debate. Mas crucificar Farías é um atalho traiçoeiro, porque, na verdade, se ele continua a ser um mistério é porque também têm faltado oportunidades para o descobrir - 252 minutos de campeonato não chegam para formar grande teoria.

Hugo Sousa n' O Jogo.

(Des)enganos

LIGUEI a TV, percebi que lhe perguntaram sobre Lisandro, se deveria ser castigado por ter enganado Pedro Proença contra o Benfica – e ouvi Quique Flores dizer que como jogador também fizera simulações assim, mas agora só se preocupava com «as tácticas e as convocações», que por questões «burocráticas» não entrava. Pum! E a minha cabeça foi, em rodopio, parar ao Catch 22 de Heller. A Yossarian, o piloto de bombardeiro da US Air Force que na ilha de Pianosa descobriu que a dirigi-lo estava comandante comicamente inepto, falsete que lhe prometia que após determinado número de missões voltaria a casa mas nunca voltava porque catch 22 era regra que determinava que só seria desmobilizado se enlouquecesse e se requeresse dispensa por essa via dava sinal de lucidez, logo teria de voar - ou morrer. A Major Major Major (sim, era nome de baptismo!), comandante dos comandantes, que a major subiu no primeiro dia de carreira graças a falha no sistema informático. A Milo Minderbinder, o oficial da messe, que enriqueceu dominando mercados negros de bens e consciências, assinando até contrato com alemães para bombardearem o seu próprio esquadrão. A Doc Daneeka, o médico que depois de erro burocrático lhe decretar «baixa por morte» andou em afã para provar que estava vivo e glorioso, ninguém lhe dando crédito – nem a mulher, deliciada com o cheque que todos os meses lhe calhava do seguro de vida. Não, Catch 22 não é romance sobre a II Guerra Mundial – é sobre o absurdo, o videirismo, a manigância, as tropelias do poder. Como o futebol que se joga fora de campo em Portugal se povoa de figuras como as de Heller: espectro largo de excêntricos, hipócritas, manipuladores – gostei de ver Quique, sério e livre, despachar numa frase a ideia de que o que o futebol tem de sublime e apaixonante também lhe vem da arte do engano, que pode estar, metáforica, na Mão de Deus de Maradona ou no penalty de Chalana contra a URSS ou... ou... ou...

António Simoões n' A Bola.

Capas de 17 de Fevereiro de 2009


De forma alguma credível

1 - Quinta-feira foi um dia aziago para alguns ilustres benfiquistas e para alguns defensores do Estado da Calúnia contra o Estado de Direito: o Tribunal da Relação do Porto, por voto unânime dos três desembargadores, confirmou a sentença do tribunal de primeira instancia que mandou arquivar o célebre «caso da fruta», envolvendo o jogo FC Porto-Estrela da Amadora (2-0), de 2004, peça central do Apito Dourado. E mandou arquivar porque julgou que a prova decisiva em que se baseava a acusação do Ministério Público- o testemunho de Carolina Salgado- «como é bom de ver, não é de forma alguma credível» e, pelo contrario, não podia nunca ser julgado isento. E, quanto aos supostos «erros de arbitragem» que, segundo o MP, teriam favorecido o FC Porto (num jogo que já só era a feijões), a Relação julgou que «eles não são mais do que aqueles que os agentes de investigação consideraram...por conjectura ou imaginação...e não o resultado da perícia e das declarações dos peritos». E, acrescentaram os juízes, o que a peritagem concluíu foi que «nenhum dos lances que originaram os golos do F C Porto foram precedidos de erros de arbitragem» e, por isso, nunca a acusação poderia concluir que os erros ocorridos «são causa adequada do resultado final quando favorecem o F C Porto, e completamente inóquos quando favorecem o Estrela da Amadora». Para quem sabe ler, o que os desembargadores dizem é que toda a acusação se baseou em preconceitos clubisticos e assentou na credibilidade de uma testemunha que, de todo, a não merece. Ando a escrever isto há dois anos, mas há quem ache que a justiça dos tribunais não presta, a do Comissão Disciplinar da Liga- onde os juízes são escolhidos por influências dos clubes, onde se julga sem contraditório e sem sequer ouvir testemunhas- essa, sim, é que é a verdadeira. Foi isso, por exemplo, que José Manuel Delgado quis dizer, num elucidativo texto aqui, sábado passado e acompanhando uma resumida notícia sobre a sentença da Relação, e no qual ele defendia nas entrelinhas que é uma chatice que a justiça comum tarde em render-se à campanha de moralização do futebol português, tão exemplarmente encabeçada pelo exemplar Sr. Vieira.
Mas convém recordar que este processo da «fruta» já antes tinha sido investigado pelo MP e arquivado por absoluta falta de indícios probatórios. Foi então que o Dr. Pinto Monteiro, acabado de ser nomeado Procurador-Geral da República e interrogado sobre o «livro» «de» Carolina Salgado, respondeu que ia mandar investigar o que lá vinha- assim lhe conferindo, logo, uma credibilidade que não podia saber se a coisa justificava. E nomeou, perante o aplauso de toda a nação benfiquista, uma task-force encabeçada pela Dr.ª Maria José Morgado para investigar o FCPorto e Pinto da Costa- e apenas eles. E a Dr.ª Morgado agarrou-se à pretensa «testemunha» como se Deus falasse pela boca dela. Gastou aos contribuintes milhares e milhares de euros a fazer «proteger» a sua testemunha, dia e noite, por dois seguranças cuja verdadeira função era a de fazer crer que ela poderia estar ameaçada, tal era a importância daquilo que sabia. E obrigou o MP do Porto a reabrir o processo e levar uma acusação a tribunal. O tribunal respondeu com a não-pronúncia dos réus e, vexame máximo, ainda mandou abrir um processo contra Carolina Salgado por crime de «falsidade de testemunho agravado». A Dr.ª Morgado entendeu recorrer para a Relação e a Relação acaba de lhe dar a resposta que merecia e que, houvesse algum sentido de responsabilidade, deveria levar o Sr. Procurador-Geral e a Sr.ª Procuradora, pelo menos, a pedir desculpas públicas.

Mas, não. Tudo continuará na mesma. Como se nada se tivesse passado, continuarão a escrever sobre o «Apito Dourado» e a «fruta» como verdade estabelecida, continuarão a tentar que a «justiça desportiva» consiga excluir o FC Porto da Liga dos Campeões, em benefício do Benfica. E o Sr. Vieira, verdadeiro criador da criatura caída em descrédito e genuíno paradigma do fair-play, continuará a dizer que a hegemonia do FC Porto nos últimos 20 anos se deve apenas a batota. Como aliás o demonstra a comparação entre as carreiras europeias do Benfica e do FC Porto nos últimos 20 anos...

2 - Tive o saudável bom-senso de me pirar daqui na altura crítica deste clima de histeria, quando, no espaço de doze dias, ao FC Porto coube defrontar os três clubes de Lisboa: Belenenses, Benfica e Sporting. Dos três jogos só soube à distância e não vi nada, depois, senão os dois cruciais lances do Dragão. Mas deixei os jornais guardados e fartei-me de sorrir ao lê-los. E então, do pouco que vi e li, constatei o seguinte:

— em Alvalade, houve dois penalties do Sporting contra o Porto, que viraram o resultado (há trinta anos que é assim...). Na página 11 da edição de 5/02 de A BOLA vêm as respectivas fotografias. Na primeira, não se vê rigorosamente nada que possa justificar um penalty, mas a legenda diz que se deve «dar o benefício da dúvida ao árbitro». Na segunda, vê-se o Sapunaru no chão, com uma mão pousada suavemente sobre a anca de Postiga e a legenda reza que foi «penalty claro» ( a fazer lembrar a mão pousada no ombro do João Moutinho e que também foi «penalty claro» no Sporting-Porto para o campeonato);

— na edição de 9/02, vêm duas fotografias do penalty do Dragão, onde, tal como nas imagens televisivas, se vê claramente a mão de Yebda tentando travar Lisandro pela barriga. A legenda, porém, diz que foi só um «toque» e quando ele já estava em queda (a cuja não se vê de todo). Ora, eu até concedo que aquela mãozinha não chegasse para justificar um penalty; o que não percebo é como é que os três penalties de Alvalade são claros ou merecem o benefício da dúvida e aquele seja um «roubo» evidente...

— evidente, evidente, é que aos 19 minutos do jogo do Dragão, Reyes rasteirou Lucho dentro da área. Ele foi ao chão e levantou-se, prosseguindo a jogada e dando ao árbitro mais do que tempo para se lembrar de que não há lei da vantagem em caso de penalty. Ou seja, o árbitro do Dragão errou primeiro contra o FC Porto e depois contra o Benfica. Não entendi, assim, porque fizeram desta arbitragem mais um caso para o «Apito Dourado» e porquê que o José Manuel Delgado teve logo de ir ouvir Luís Filipe Vieira em mais uma «entrevista exclusiva», para dizer o mesmo de sempre- ele, que até nem vê os jogos.

3 - E anteontem, infelizmente (eu odeio penalties, desde a infância, onde enjoei de os ver na Luz e em Alvalade e sempre, sempre, para o mesmo lado...), um FC Porto com um ataque reduzido ao génio de Hulk e à absoluta inutilidade de Mariano e Farias, só conseguiu inaugurar o marcador contra o último classificado e no Dragão, através de um penalty que, vendo na televisão, ninguém de boa-fé pode dizer se existiu ou não. Mas logo estava a receber uma mensagem de um amigo benfiquista garantindo que, na sua televisão, tinha sido mais um «roubo» evidente. E, embora três minutos depois, só o árbitro e o fiscal-de-linha não tenham visto a bola dentro da baliza do Rio Ave, seguiu-se nova mensagem a garantir-me que também aquele árbitro estava comprado. Depois do Benfica-Porto, li alguns benfiquistas queixarem-se de que tinham sido vítimas do «excesso de isenção» de um árbitro sabidamente benfiquista. Mas, curiosamente, só se queixaram da nomeação depois e não antes do jogo: antes, não lhes ocorreu estranhar que para um Porto-Benfica onde muito do campeonato se podia decidir, tenham escolhido um árbitro que é sócio do Benfica. Olha se fosse sócio do Porto, o que não diriam!

Aliás, acho que seria útil que a direcção do Benfica encarregasse o João Gabriel de anunciar publicamente a short-list dos raríssimos árbitros que, à imagem do seu próprio presidente, consideram sérios. E Vítor Pereira faria o favor de só nomear esses dois ou três para todos os jogos do Benfica e do Porto.

Miguel Sousa Tavares n' A Bola.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Basquetebol - Porto perde

FCPorto 59 - Ovarense 80.

Capas de 14 de Fevereiro de 2009


Ainda sobre Justiça

Faz-me uma certa confusão que se achem normais as divergências entre o que decidiu a Justiça desportiva e o resultado que vai sendo apurado nos recursos que batem na trave assim que chegam aos tribunais comuns. Argumenta-se que é assim mesmo, que a Justiça desportiva não é uma etapa final; que não há uma verdade inquestionável até se esgotarem os canais de recurso. De acordo. Mas, puxando o filme atrás e sabendo que a UEFA emendou a mão a tempo, não deixa de ser assustador pensar que chegou a julgar, e a decidir, baseando-se em pressupostos que os tribunais têm como frágeis. Sendo verdade que não é bom para ninguém que a Justiça siga lenta, como é quase sempre, vai-se percebendo que é capaz de ser bem pior quando quer ser rápida e acaba por se precipitar. Tratando-se de Justiça, mesmo de âmbito desportivo, e independentemente dos ataques de clubite aguda, não vale a pena fingir que não se passa nada quando o problema é só do vizinho. Mais dia, menos dia acaba por passar o muro.

Hugo Sousa n' O Jogo.

Agredidos são os meus jogadores e isso passa ao lado

Conferência de imprensa de Jesualdo Fereira n' O Jogo:

O clássico ainda mexe, e Jesualdo Ferreira apresentou-se ontem com um discurso mais agressivo na tentativa de defender os seus jogadores e os interesses do clube. Atirou-se ao Benfica, sem nunca o referir directamente, e ainda falou da gestão que terá de fazer do plantel pelo avolumar de jogos e de... cartões amarelos.

O Benfica pediu castigos para Lisandro e Bruno Alves. Que comentário lhe merece esta atitude?

Este tipo de análises depende sempre das pessoas, que as fazem em função dos interesses dos seus clubes. Desde que estou no FC Porto que me habituei a esse tipo de situações, mas não tenho dúvidas em afirmar que os meus jogadores têm sido os mais atingidos; têm sido agredidos, e as situações passam ao lado... Toda a gente sabe disso. No entanto, não estou aqui para fazer esse tipo de análises, mas para falar de futebol e, sobretudo, de questões importantes.

Este tipo de atitudes desagradam-lhe?

Dentro do futebol português, são situações normais...

Mas podem condicionar a forma de preparar os próximos jogos, se perder os dois jogadores?

Não me condiciona nada, muito menos dentro dessa perspectiva. Temos de lidar com as questões dos castigos no momento próprio, e não é preciso criar qualquer tipo de ansiedade por antecipação. São cenários que existem, mas que serão equacionado no momento certo. Agora, o que fazemos é planear, antecipar as situações.

Mantém a opinião de que o Lisandro não simulou a grande penalidade no jogo com o Benfica?

Terminei a minha actuação como árbitro no domingo. Não faço mais análises, porque na altura não fui bem entendido.

Tem cinco jogadores em risco de exclusão, quando se aproximam os jogos com Sporting e Leixões. Admite fazer algum tipo de gestão?

A gestão não tem só a ver com o Sporting ou o Leixões... A gestão que tem vindo a ser feita está relacionada com os 21 jogadores de campo, em função do calendário e das provas em que o FC Porto está inserido. Não é agora que me vou preocupar com isso; preocupei-me e pensei nisso há muito tempo. Já tinha dito de que forma íamos abordar cada uma das competições e cumpri. É uma gestão que respeita os interesses do clube, contando com os jogadores na máxima força. Umas vezes consegue-se, outras não. Depois, há jogadores com cartões amarelos, há uma série de jogos, e a gestão dessas questões vai ser feita no próprio momento. A única preocupação que temos é a de colocar em campo a melhor equipa.

Voltava a repetir a equipa que usou em Alvalade, na Taça da Liga?

É preciso ter atenção ao seguinte: o FC Porto fez um jogo com o Braga intenso e difícil; na quarta-feira seguinte defrontou o Leixões, para a Taça; domingo foi ao Restelo; depois tinha o Sporting na quarta-feira, tinha o Benfica e ainda tinha oito jogadores nas selecções; e depois tenho o Rio Ave, o Paços de Ferreira. Gerimos o plantel de acordo com os interesses. Para que não restem dúvidas, falo da gestão do jogo com o Sporting assumindo as responsabilidades. Mas as análises são assim, sempre em função dos resultados: por exemplo, as do jogo com o Benfica foram feitas em função dos 20 minutos finais, depois de termos marcado de penálti, mas nunca foram feitas com o que ficou para trás. Parece que antes não existiu jogo, e acho que isso não é honesto.

Mas acha que há uma campanha contra o FC Porto?

Não, não... Aliás, até parece que nunca houve, que tem sido só este ano...