sexta-feira, 31 de julho de 2009

Peace Cup - Porto perde

O FCPorto foi eliminado da Peace Cup ao perder com o Aston Villa por 2 a 1.

Bobby Robson 1933-2009

Bobby Robson, um dos mais carismáticos nomes do futebol inglês e o homem que 'apadrinhou' José Mourinho, morreu hoje aos 76 anos, depois de uma longa batalha contra um cancro nos pulmões.

Três semanas depois de ter passado mais uma vez pelo Algarve, para marcar presença no 'seu' torneio anual de beneficência, no Vila Sol, em Vilamoura, “Sir” Bobby Robson faleceu na sua casa, no condado de Durham, segundo um comunicado da família.

Um dos maiores símbolos do futebol inglês, Robson deixou também a sua marca em Portugal, numa passagem que começou logo depois de se ter sagrado duas vezes consecutivas campeão da Holanda, pelo PSV Eindhoven.

Foi também bicampeão em Portugal, ao serviço do FC Porto (1994/95 e 1995/96), depois de ter sido demitido do Sporting, clube ao qual chegou em 1992, pelas mãos de Sousa Cintra, presidente que viria a trocar o inglês por Carlos Queiroz na segunda temporada do inglês nos 'leões'.

Ao cabo de quase duas décadas como jogador, repartindo a carreira entre o Fulham, West Bromwich Albion e Vancouver Royals (Canadá), foi como treinador que o seu nome colheu maior respeito no mundo do futebol, embora tenha no currículo, ainda como futebolista, 20 internacionalizações, quatro golos e as presenças nos Mundiais de 1958 (Suécia) e 1962 (Chile) ao serviço da Inglaterra.

Foi também com a selecção inglesa, mas como treinador, que Bobby Robson se afirmou como um dos melhores treinadores da altura, servindo a equipa de 'Sua Majestade' entre 1982 1990.

Em 1986, no México, chegou aos quartos-de-final, eliminado pela futura campeã Argentina, de Diego Armando Maradona. Quatro anos depois, em Itália, foi ainda mais longe, acabando por ser travado nas meias-finais, e nas grandes penalidades, pela Alemanha, que também viria a erguer o troféu.

Logo depois da boa campanha no Mundial de Itália, foi condecorado com a Ordem do Império Britânico. Doze anos depois, recebeu o título de cavaleiro.

Muito antes de merecer o convite para a selecção, Bobby Robson iniciou-se como técnico em 1967/68, logo na época seguinte ao seu último ano como jogador. Arrumadas as botas, passou do relvado para o banco do Fulham, clube que representou durante 11 temporadas, jogando ainda cinco épocas pelo WBA.

Em 1981, na penúltima das 14 temporadas ao serviço do Ipswish Town, conquistou o seu primeiro troféu europeu, quando ganhou a Taça UEFA. Em 1997, com José Mourinho (que o tinha acompanhado desde a chegada ao Sporting) como fiel adjunto e os futebolistas lusos Vítor Baía, Fernando Couto e Luís Figo, ergueu, com as cores do FC Barcelona, a extinta Taça dos Vencedores das Taças.

Quase 38 anos depois de se ter iniciado como técnico no Fulham, Bobby Robson terminou a carreira após ter sido despedido do Newcastle, pouco depois do arranque da temporada de 2004/2005, e ao cabo de seis temporadas a orientar o clube do coração.

Do Correio do Minho.

Capas de 31 de Julho de 2009


Dia 5 em Isla Canela

O FC Porto deixou momentaneamente a Isla Canela para se fixar na costa de Málaga onde, esta sexta-feira, joga a meia-final da Peace Cup. Jesualdo Ferreira, contudo, mantém o seu diário. A página arranca com as emoções de ontem e termina na projecção do encontro com o Aston Villa.

Ontem conseguimos o apuramento para as meias-finais da Peace Cup, apesar de não termos vencido o jogo, o que é sempre objectivo do FC Porto, e demos uma resposta positiva a todas as exigências. Estamos satisfeitos por termos atingido este objectivo e agora tudo faremos para ultrapassar mais uma etapa.

Mas, para já, falemos do dia de hoje. Esta sexta-feira arrancou com um treino no qual tivemos de dividir o plantel em dois grupos. Os jogadores titulares frente ao Besiktas mantiveram-se no hotel, cumprindo uma sessão de recuperação de banhos e massagens. Os restantes deslocaram-se novamente ao relvado para nova jornada de aprendizagem de processos.

De tarde, tivemos uma deslocação longa até à costa de Málaga que também contribuiu para o cansaço que, neste momento, temos acumulado. Nesta altura, contudo, os jogadores já se encontram a repousar e a retemperar energias.

Amanhã temos um treino matinal para continuarmos o nosso crescimento colectivo e preparar o jogo com o Aston Villa. Temos a consciência de que vamos encontrar um adversário com grande vigor físico e grande disponibilidade para o jogo. Creio que este não era o oponente ideal para a meia-final, mas é o que nos tocou e será contra ele que tudo faremos para vencer.

Estamos numa fase da pré-temporada em que os treinos e os jogos já se acumularam e promoveram o desgaste dos jogadores. Mas o trajecto tem sido positivo. Já encontrámos adversários com bastante mais tempo de preparação, como o Lyon, e não foi por isso que deixámos de ser capazes de ser competentes e vencer. É um bom indicador.

Jesualdo Ferreira

Do site do FCP.

Entre ganhar e perder

Há um jogo de emoções complicado de gerir esta noite em Málaga, quando o FC Porto defrontar o Aston Villa para discutir a presença na final da Peace Cup. Por um lado, ganhar garante um milhão de euros que podem ser dois no caso de vitória na final. Por outro lado, ganhar ao Aston Villa pode voltar as atenções do mercado inglês para o plantel do FC Porto e, em particular, para Bruno Alves, um dos jogadores que tanto os adeptos do FC Porto como Jesualdo Ferreira pretendem manter de azul-e-branco até depois 31 de Agosto. Pior, só mesmo chegar à final e, eventualmente, ganhar ao Real Madrid. Não há como disfarçar uma eventual vitória sobre este Real Madrid ou esperar que ninguém repare em Hulk (que, por agora, não pode jogar em Inglaterra) e Bruno Alves com o Mundo inteiro a olhar. Resta, talvez, esperar que os 400 quilómetros que o FC Porto teve de fazer ontem sob temperaturas de mais de 40 graus para se deslocar até Málaga tenham os seus custos ou que Jesualdo não encontre maneira de ultrapassar o cansaço dos seus jogadores e os diferentes patamares de preparação em que se encontram. Pensando bem, talvez o melhor seja acender uma velinha…

Jorge Maia n' O Jogo.

Uma equipa à Porto

Eu sei que ainda é cedo para tirar conclusões, e não é meu timbre embandeirar em arco, mas gosto da nova equipa do FC Porto. Quer-me parecer que temos uma equipa muito lutadora, e na boa tradição das velhas equipas portistas, com jogadores que dão tudo o que podem e que se esfarrapam para conseguirem ganhar cada bola, cada duelo.
É essa raça que apreciava em Lisandro, que aprecio, em Bruno Alves, Hulk e Meireles, e também em Fucile e Mariano que não sendo jogadores infalíveis, conseguem ultrapassar as suas limitações à custa dessa abnegação.

Agora, pelo que me foi dado ver, chegou mais um lote de jogadores com essas características. Entre eles, destaco Besluschi, a quem compete substituir o insubstituível Lucho. Naturalmente, não é um jogador com os dotes técnicos do seu antecessor. Nem sequer tem a sua visão de jogo, ainda que, para isso, tenhamos o Falcao, um excelente jogador com um nome, aliás bem sugestivo, e que parece já adivinhar os movimentos dos colegas, apesar de ter chegado há poucos dias. Mas, Beluschi tem, relativamente a Lucho, muitas vantagens. Aparentemente, tem mais capacidade de entrega ao jogo, não tem receio de meter o pé quando é preciso fazê-lo, o que era uma pecha do seu compatriota.

Também Silvestre Varela parece destinado a ser, no princípio da época que se avizinha, um indiscutível titular. E, por fim, temos o Álvaro que só não fará esquecer o Cissokho porque este fica, para a história, como o melhor negócio de sempre do clube.

Teremos, pois, nesta nova época, uma equipa de combate, com diversas alternativas e, ainda, com a possibilidade de variar o esquema táctico em função do adversário e das conveniências.

Quem continua a não me convencer é o amigo Helton, em quem Jesualdo continua a apostar apesar das suas eternas displicências...

Rui Moreira n' A Bola.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Peace Cup - Porto empata

Beksitas 0 - FCPorto 0. Com este resultado o Porto ficou apurado para as meias-finais do torneio, tendo ganho a módica quantia de 500 000 euros.

Dia 4 em Isla Canela

"O dia de hoje foi novamente marcado pelo calor e foi ocupado com dois treinos com objectivos diferentes. Os jogadores que ontem ganharam ao Lyon tiveram uma primeira sessão necessária de recuperação, enquanto os outros trabalharam com maior intensidade, porque se trata de jogadores com menos trabalho, com menos treinos e que estão em processo de integração. Por isso foi possível encontrar o tempo e o espaço para detalhar melhor determinadas informações, fundamentais para o nosso jogo.

A tarde manteve os níveis de intensidade baixa para quem jogou com o Lyon, enquanto os restantes fizeram um trabalho mais específico de âmbito ofensivo, com objectivo de os integrar na dinâmica geral da equipa.

A nossa previsão para o Besiktas é que será um jogo muito difícil e que constitui uma oportunidade para chegar a mais uma meia-final. Os jogadores estão motivados, mas sabemos que o cansaço é grande. Para conseguirmos estar na próxima fase temos de ser uma EQUIPA, actuando dentro do espírito e da ambição do FC Porto.

A ascensão de alguns jogadores mais novos poderá acontecer amanhã, mas tudo vai depender de como durante o dia, e após o treino da manhã, possamos fazer uma avaliação dos estados de fadiga e aptidão das escolhas para o jogo. Vamos seleccionar uma formação que permita competitividade e uma reserva de banco que possa acrescentar competência durante o jogo.

Jesualdo Ferreira"

Do site do FCP.

Capas de 29 de Julho de 2009


Hulk descodificado

Na altura, pode não ter parecido, mas aquelas duas exibições descoloridas de Hulk frente ao Manchester United, nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, foram das melhores coisas que aconteceram aos adeptos do FC Porto na última temporada. A sério. Afinal, mesmo que Hulk tivesse sido igual a si próprio, mesmo que o FC Porto tivesse seguido em frente, ainda havia aquele Barcelona retorcido por Messi, Iniesta e Xavi para estragar a festa em Roma. Ora, o facto é que Hulk quase não se viu em Old Trafford e também sofreu um pequeno eclipse no Dragão. Se não tivesse sido assim, se tivesse sido incrível como foi frente ao Atlético de Madrid, ou como voltou a ser na segunda-feira, frente ao Lyon, o mais provável é que Alex Ferguson - ou outro bicho papão qualquer - tivesse sublinhado o seu nome numa lista de compras para o ir buscar ao FC Porto logo que o mercado abriu. Assim, os adeptos do FC Porto vão cruzando os dedos e enquanto fazem a contagem regressiva: faltam 33 dias para o mercado fechar e Hulk ainda veste de azul e branco…

Jorge Maia n' O Jogo.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Palmarés

Capas de 28 de Julho de 2009


Negócios estranhos


Alguma coisa está
podre quando um clube

GRAÇA ROSENDO vem da escola do jornalismo de investigação do extinto «Independente» (o bom, porque também houve o mau), o que quer dizer que não é propriamente uma menina recém-chegada ao jornalismo, disposta a escrever qualquer coisa que o director lhe diga que faz vender jornais. Assim, a peça que ela escreveu no penúltimo número do «Sol», sobre as dívidas do Benfica à Euroárea decorrentes da construção do centro de treinos do Seixal, é história que merece ser analisada mais de perto. Aliás, o artigo que logo se seguiu sobre o assunto, aqui, na «Bola», e a reacção do porta-voz da Luz, demonstraram bem que o tema gera bastante desconforto.
Desde logo, salta à vista o facto de, no conjunto de uma dívida cujo total chega aos 24,5 milhões de euros, o Benfica ter já falhado a primeira prestação, de apenas 2,5 milhões, titulada por uma letra de que é avalista. E se falhou o pagamento desses 2,5 milhões, como honrará, em Setembro, o pagamento dessa quantia mais os 22 milhões que então se vencem? A segunda coisa que não pode deixar de preocupar alguns benfiquistas é pensar que esses 24,5 milhões representam o dobro daquilo que efectivamente era devido, mas que a falta de cumprimento contratual por parte do clube fez accionar a cláusula penal do contrato — a qual previa exactamente a duplicação do montante em dívida. E também deve dar que pensar que esses 24,5 milhões representem exactamente aquilo que o clube já gastou em contratações para a próxima época e representem também o total do orçamento do futebol para a época agora iniciada — e de onde tal dívida não consta orçamentada.

Mas isso são preocupações dos sócios benfiquistas, se as quiserem ter. E a verdade é que os sócios benfiquistas, que votaram maciçamente em Luís Filipe Viera há poucas semanas, ouviram-no dizer na campanha eleitoral que não lhe falassem do défice, se queriam ter uma equipa de futebol competitiva. E há poucos dias, os sócios benfiquistas desertaram também maciçamente a Assembleia Geral onde as contas e o orçamento do próximo ano foram aprovados. A mim, as dívidas do Benfica não me interessam nem me ocupam — excepto se, como também se pode inferir da notícia de o «Sol», elas vierem a ser cobertas, no todo ou em parte, pela Caixa Geral de Depósitos, porque aí já são os dinheiros públicos que entram em cena e julgaria inaceitável que o banco do Estado andasse a financiar um clube que, em lugar de pagar dívidas, compra jogadores. Mas, tirando essa situação, o que me preocupa, e tem ocupado aqui bastas vezes, são as contas e as compras do FC Porto.

Porém, se venho a este tema, é porque há, na peça da Graça Rosendo, uma parte que me fez disparar uma campainha de alarme. Como é que a direcção da SAD do Benfica, presidida então, como agora, por Vieira, se propôs pagar à Euroárea os custos da compra do terreno e construção do centro do Seixal? Em dinheiro, em partilha de receitas, em direitos de exploração? Não: propôs-se pagar em forma de tráfico de influências politicas. É isso mesmo que se infere do contrato assinado entre ambas as partes. O Benfica propôs à Euroárea cumprir a sua parte do contrato obtendo da CML a autorização para mais 1 800 metros quadrados de construção a favor da Euroárea na urbanização dos terrenos da Luz, e obter da CM Seixal idêntica licença para ampliação em 30 000 metros quadrados da urbanização na Quinta da Trindade, no Seixal, de que esta empresa é proprietária.

Ou seja: o Benfica propôs-se servir de intermediário da Euroárea e junto das edilidades de Lisboa e do Seixal, a favor dos interesses da empresa. E se o fez, e se a Euroárea o aceitou, é logicamente porque a empresa concluiu que, por si só, não conseguiria convencer as autarquias a reverem e revogarem os planos municipais já aprovados. A Euroárea reconheceu não ter força de influência politica para o conseguir; mas reconheceu também que o Benfica a tinha. E foi com este pressuposto que assinaram o contrato. Estamos perante um chocante caso de tráfico de influências, feito por um clube de futebol a favor de uma empresa privada e no interesses de ambos. A força da «marca Benfica», como costumam dizer, é de tal ordem, que a direcção presidida por Luís Filipe Viera não hesita em assinar contratos onde se compromete a obter de autarquias regimes de excepção a favor de terceiros!

Em tempos, e perante o silêncio geral, expus aqui detalhadamente o que foram os extraordinários contratos de favor celebrados entre Benfica e Sporting, por um lado, e a CML, então presidida por Santana Lopes, por outro, e que permitiram a construção dos novos Estádios da Luz e Alvalade XXI. Já lá vão cinco anos e recordo apenas que, entre várias facilidades de construção excepcionais e outras alcavalas, a CML (eternamente arruinada) deu, literalmente dado e em «cash», 15 milhões de euros a cada clube. O contrato era de tal forma impressionante que a última cláusula estabelecia (ó santa inocência!) que nos próximos dez anos nenhum dos dois clubes teria mais o que quer que fosse da CML. O Sporting conseguiu recentemente que um tribunal arbitral, aceite pela CML, lhe outorgasse mais uns direitos de construção extra em terrenos tão próximos do estádio que basta olhar para a sua localização para perceber o regime de favor e excepção de que beneficiou. E o Benfica, pelos vistos, ainda se reserva o direito de obter o mesmo, directamente a favor de terceiro. E pensar que, depois do grande regabofe entre câmaras e clubes a pretexto do Euro-2004, o único «escândalo» que ocupou a imprensa e o Ministério Público foi a permuta de terrenos entre o FC Porto e a CMP! Ao menos o FC Porto, quando se abalançou à construção do Estádio do Dragão, era proprietário de 17 hectares de terrenos na zona, livres e disponíveis. Quantos tinham Benfica e Sporting?

VOLTANDO ao contrato entre Benfica e Euroárea, o que parece ter complicado a posição contratual do Benfica é que, por um lado, a CM Seixal ainda não outorgou a tempo o alvará a favor da Euroárea que o Benfica se comprometeu a obter, e a CM Lisboa levou a expansão da área de construção da Luz a votação camarária e o projecto não passou. Houve uma votação que terminou empatada 5-5 e o presidente e benfiquista António Costa fez uma prévia declaração prescindindo do seu voto de qualidade. O Benfica já juntou o inevitável parecer jurídico, sustentando que o presidente, quando vota, tem sempre voto de qualidade (e devo dizer que, juridicamente, também acho o mesmo). Mas, no mínimo, o que António Costa deveria ter feito era abster-se na votação, ou, melhor e mais normal, ter recusado liminarmente o projecto porque cidade alguma pode ser governada com decisões de excepção a favor de clubes de futebol que vivem eternamente acima dos meios normais de que dispõem. Chama-se a isso fomentar a concorrência desleal e chama-se a isso dispor de coisa pública em benefício de interesses particulares.

Depois não venham dizer que o futebol é um mundo à parte. Alguma coisa está podre quando um clube assina contratos em que se compromete a obter junto das autarquias autorizações de construção a favor de terceiros.

Miguel Sousa Tavares n' A Bola.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Peace Cup - Porto vence

Lyon 0 - FCPorto 2.

Dia 3 em Isla Canela

A única sessão de treino da véspera do jogo com o Lyon marcou também o primeiro contacto do Prediger com a equipa e com o nosso trabalho. Sem querer avançar muitas apreciações, ficou a todos a ideia de se tratar de um bom jogador, um jogador com qualidade, que precisa naturalmente de uma adaptação segura e de um progressivo conhecimento dos processos da equipa e da própria forma como se joga na Europa e de como o FC Porto funciona como equipa.

O dia de hoje foi apenas preenchido por um treino táctico dirigido ao jogo com o Lyon. Pelo que pudemos observar ontem do encontro com o Besiktas, trata-se de equipa muito forte, com muitos jogadores que vêm de anos anteriores e que estão habituados a jogar sempre para ganhar. Foram sete anos consecutivos campeões de França e a sua hegemonia foi apenas quebrada esta época, pelo Bordéus.

O Lyon trabalha também há mais tempo que o FC Porto, mas, pelo que observámos, achamos que temos capacidade para poder ganhar um jogo que é importante para podermos aferir as nossas capacidades do momento, tendo em conta a forma como temos vindo a trabalhar, com jogadores que começaram a época em momentos diferentes: A 7 de Julho recebemos os jogadores da época passada e os jogadores novos, uma semana depois chegaram os internacionais - dada a experiência que já têm do clube e da equipa, entraram no trabalho queimando etapas -, outros que chegaram muito próximo da vinda para Espanha e ainda um naipe que tem tido limitações físicas.

Neste quadro de 22 jogadores de campo que temos, é visível a diferença de regimes físicos e, a exigência que o FC Porto tem em todos os jogos, particulares e oficiais, obriga a gerir esta realidade. É a maior dificuldade do momento e que temos que ultrapassar. Vamos esperar com alguma curiosidade para ver o que esta equipa vai poder fazer dentro daquilo que temos sido: um conjunto que consegue interpretar, de forma coesa e disciplinada, um processo que possa tirar proveito do que tem sido a matriz táctica há anos.

Jesualdo Ferreira

do site do FCP.

Capas de 27 de Julho de 2009


Passivo activo

Estava aqui a fazer umas contas e cheguei à conclusão de que o FC Porto é responsável por quase 84 por cento das receitas realizadas em Portugal com a venda de jogadores. E o mais interessante é que, depois do FC Porto, na tabela dos melhores vendedores do mercado português não está nem o clube da capital em que o caro leitor pensou primeiro nem o outro em que está a pensar agora; o segundo clube que mais dinheiro realizou até ao momento em transferências foi o Nacional da Madeira. O que justifica a pergunta: porque será que alguns clubes têm tantas dificuldades para vender se todos os anos compram grandes jogadores? A resposta pode muito bem estar na linguagem utilizada actualmente pelo mercado. Os responsáveis do FC Porto, por exemplo, têm insistido na ideia de que vendem activos. Ora aí está. Activos. Basta consultar o dicionário de sinónimos para perceber que "activos" é igual a "dinâmicos, enérgicos, ágeis e desembaraçados". Percebem? Quer dizer, pensando bem, teremos de reconhecer que o mercado português de transferências não tem assim tantos activos como isso. Já passivos não faltam, mas esses, ninguém os quer.

Jorge Maia n' O Jogo.

domingo, 26 de julho de 2009

capas de 26 de Julho de 2009

Inspiração e transpiração

Ontem transpirou-se a sério na Isla Canela e não apenas por causa dos cerca de 35 graus que queimam todos lugares onde o ar condicionado não chega. Jesualdo Ferreira subiu a fasquia da exigência nos treinos, quer no capítulo físico, quer no capítulo táctico, embora esta parte mais longe do olhar curioso dos jornalistas, até porque o segredo ainda é a alma do negócio. O FC Porto está a duas semanas de disputar a Supertaça e menos de um mês do arranque do campeonato. Ora, para além do prestígio e do tentador pote de ouro que está guardado para quem chegar ao fim da Peace Cup, o torneio é uma oportunidade única para tirar o pulso à equipa frente a adversários capazes de testar os limites e de evidenciar as eventuais debilidades numa altura decisiva da pré-época. Jesualdo Ferreira chegou a Espanha com um conjunto de jogadores em patamares diferentes de ritmo e preparação, mas quer voltar ao FC Porto com uma equipa. E para isso, vai ser preciso suar ainda mais.

Jorge Maia n' O Jogo.

sábado, 25 de julho de 2009

Dia 2 em Isla Canela

"Hoje repetimos as duas sessões de treino, subiu a intensidade, com a manhã preenchida com um trabalho físico muito forte e a tarde com trabalho de abordagem táctica a diferentes princípios ofensivos, tudo debaixo de um grande calor, mas com uma entrega muito grande dos jogadores e a percepção de que, treino a treino, a integração dos mais novos se faz com mais segurança, embora algumas questões de natureza física venham a afectar um ou outro. Mas sobre esse aspecto falaremos amanhã com mais detalhe, pois irá influenciar a escolhas dos mais aptos para o jogo com o Lyon.

Três registos importantes no dia de hoje: os anos do Fernando e do Hulk, que o grupo festejou com os tradicionais «parabéns», dois bolos que ficaram por comer por exigências do regime alimentar e a chegada do Prediger que, fatigado pelas diferenças de horário, ficou apenas a descansar no hotel. Amanhã fará o primeiro treino e todos esperamos que seja mais um jogador para ajudar a equipa a ser mais forte.

Amanhã vamos ter uma preparação da equipa que não é condicionada pelo jogo do Lyon, mas sim pelo entendimento global das nossas vertentes tácticas no plano ofensivo e defensivo. Será mais um trabalho forte.

Já referi que estamos a trabalhar em microciclos de cinco treinos, distribuídos por dois ou por três dias. Tem sido assim desde que jogámos com o Leixões, pois favorece a intensidade do trabalho e a apropriação dos jogadores, mas também devido ao ritmo a que os jogadores têm chegado: primeiro os internacionais, depois Falcao e Valeri e agora Prediger. E a isto deve somar-se a integração progressiva do Miguel Lopes, do Sapunaru, do Rodríguez e do Farías, que praticamente começaram a pré-época já em Espanha.

Nota final para o clima que se faz sentir, mas para destacar a forma muito profissional como todos têm trabalhado, ultrapassando a fadiga e pequenas mazelas que nesta altura são normais, mas que também servem para testar o espírito de sacrifício e a competência no plano mental de cada um.

Jesualdo Ferreira"

do site do FCP.

Diário de Jesualdo Ferreira na Isla Canela

"Começámos hoje o último ciclo de treinos para a preparação da equipa, que engloba a Peace Cup e a Supertaça, depois de uma primeira fase em que fizemos quatro jogos e trabalhámos no Olival.

Este ciclo tem uma particularidade diferente dos anteriores, pois é feito em competição mais exigente e obedece a uma situação também diferente, porque o plantel do FC Porto e os jogadores têm vindo a ser trabalhados em patamares diferentes: Todos os que chegaram logo no dia 7, os internacionais que chegaram cinco dias depois e o Falcao e o Valeri, que chegaram apenas há escassos dias e os lesionados (Farías, Rodríguez, Miguel Lopes e o Sapunaru).

Temos a preocupação de tentar aproximar o mais possível estes jogadores para patamares próximos das nossas necessidades, em regime de trabalho integrado e trabalho diferenciado, e tem-se percebido pelos jogos que os que estão desde o inicio são aqueles que em melhor condição se encontram, respondendo à exigência de condição táctica e física a que a competição obriga.

Todos os processos de treino neste momento suportam-se numa base táctica, utilizando exercícios que possibilitem a integração rápida dos novos jogadores, cujo objectivo é tentar aproximar os que vieram em tempo posterior, por forma a que no, espaço máximo de duas semanas, se não surgirem lesões, possamos ter os atletas disponíveis e próximos das suas melhores capacidades.

Isso tem obrigado a utilizar uma base de trabalho táctico que se suporta em alguns jogadores da época passada, mas que também tem permitido a integração de outros, que têm beneficiado de mais rápido entendimento de processos.

Hoje realizámos os primeiros dois treinos aqui em Espanha. O primeiro foi fundamentalmente de recuperação, o segundo lançando o micro-ciclo do jogo com o Lyon. Amanhã vamos aumentar a intensidade. A parte física será intensa e apostaremos na apropriação de processos tácticos, que faremos a partir da tarde deste sábado e até ao jogo com o Lyon, baixando o ritmo na véspera da partida, porque percebemos que o jogo vai ser exigente, mas essencialmente porque haverá apenas um dia entre o Lyon e o Besiktas.

Até amanhã!

Jesualdo Ferreira"

do site do FCP

Capas de 25 de Julho de 2009


Varela, um reforço confirmado

Varela desequilibra, assiste e marca. Já o tínhamos visto desequilibrar, assistir e marcar na época passada e se calhar é por isso que, apesar das atenções que pontualmente desperta, não está ainda coberto pelos superlativos reservados aos reforços, sobretudo aos que aterram cá pela primeira vez. Nestes, por norma, tudo é novo e apresentado de forma exclamativa: Ele anda! Ele corre! Ele sabe o que é uma bola! Varela - um reforço baratinho, ainda por cima - tem crescido à sombra de uma atenção moderada, com a inteligência de saber marcar pontos com a ausência de outra sombra que o poderia eclipsar um pouco: Rodríguez. É esse crescimento, feito de desequilíbrios, assistências e golos, que poderá fazer dele uma alternativa séria. Assim o confirme nos próximos jogos e assim o deixem confirmar, porque esta última parte, parecendo que não, é tão ou mais importante.

Hugo Sousa n' O Jogo.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Capas de 24 de Julho de 2009


A planificação do risco

DEPOIS das entrevistas concedidas por Jesualdo Ferreira, desta vez foi o administrador com o pelouro financeiro da FC Porto SAD a falar. Fê-lo numa boa altura, logo a seguir à 'revenda' de Cissokho, o que completa um encaixe extraordinário para os seus cofres.
Percebe-se, pelo tom da entrevista, que foi programada, como é timbre no clube. A quem aparece a falar para o exterior, é sempre exigido que confira previamente com a restante estrutura quais são as mensagens que convém fazer passar para o exterior. Perde-se, assim, alguma espontaneidade, rareiam as surpresas, mas o que importa é que desta política de comunicação resulta sempre uma mensagem coerente, ao contrário do que tantas vezes acontece nos clubes rivais, onde se fica com a sensação de «cada cabeça, uma sentença».

Por isso, a parte mais importante da longa entrevista diz respeito ao «reequilíbrio do plantel», em que Fernando Gomes acentua que houve um «risco calculado» na política de vendas e na reconstrução da equipa. Ou seja, passa a ideia de que tudo foi meticulosamente planificado. Depois, como não podia deixar de ser, atira-se aos críticos, que acusa de estarem «apaixonados pelo passivo» e garante que o que importa é que o FC Porto consiga fazer face a todos os compromissos.

Ora, não tendo eu a obsessão do défice, porque este é crónico no futebol e só pode ser colmatado com mais-valias resultantes de vendas de passes de jogadores, e não tendo por isso uma visão estática do plantel, preocupo-me com a capacidade de endividamento, e com o custo deste. Gostava, por isso de saber, e não fiquei a saber pela entrevista, se os encaixes financeiros permitem resgatar o oneroso empréstimo obrigacionista que o FC Porto teve de contrair, e se essa decisão já está equacionada.

Rui Moreira n' A Bola.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pré-época: Porto vence

Troféu Albufeira Anima: FCPorto 1 - Dínamo de Bucareste 0.

Capas de 23 de Julho de 2009


Duas medidas

É curioso como exactamente a mesma coisa nos pode parecer completamente diferente dependendo do ângulo pelo qual a vemos. Ou ouvimos. Não falta, por exemplo, quem olhe para as declarações de Domingos Paciência sobre o alegado sub-rendimento do Braga na última temporada - "Podia ter feito mais em todas as competições" - e veja nelas uma deselegante provocação a Jorge Jesus, um sinal evidente de sobranceria, injustificada vaidade e falta de camaradagem. Curiosamente, as pessoas que assim tão duramente classificam Paciência são exactamente as mesmas que vêem, nas declarações de Jesus sobre o Benfica da última temporada - "Comigo, vai jogar o dobro" -, um sinal de grande ambição, inegável coragem e evidente audácia. Claro que, no caso de Jorge Jesus, nenhum desses "críticos" coloca as questões da deselegância, da sobranceria, da vaidade e da falta de camaradagem em relação a Quique Flores, seu antecessor no cargo. Como nenhum deles coloca as questões da ambição, coragem e audácia no caso de Domingos. Simplesmente porque o que interessa não é o que Jesus e Domingos dizem, mas aquilo que quem os "critica" quer ouvir.

Jorge Maia n' O Jogo.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Capas de 22 de Julho de 2009

A tese de rastos

Garantia ou mera curiosidade, o certo é que, antes de se confirmarem como reforços oficiais desta época, Falcao, Valeri ou Belluschi tinham em comum o rótulo de notícias precoces. Afinal, os três estiveram ligados ao FC Porto no defeso... da época passada, o que, tomando Falcao como exemplo, ajuda a desconfiar da tal tese segundo a qual, este ano, os portistas se limitaram a seguir o rasto de outros. Adiante. Mais do que reforçar ou invalidar estas teses, vale a pena sublinhar o detalhe da insistência, porque, com ela, fica a sensação de ter havido tempo para os portistas amadurecerem o interesse nos tais alvos que se anunciavam há mais de um ano. Se calhar foi por isso, pelo acompanhamento longo, que o FC Porto arriscou depois de uma época em que Falcao, Valeri ou Belluschi nem estiveram no seu melhor. Acreditar naquilo, ou naqueles, que se conhece bem é um bom princípio. Mesmo que não anule o risco.

Hugo Sousa n' O Jogo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Capas de 21 de Julho de 2009

Que fazer com 70 milhões?

QUE deve a SAD do FC Porto fazer com os incríveis 70 milhões de euros facturados em quinze dias de vendas e que fazem do clube o segundo maior vendedor da época a nível planetário, depois de ter sido o primeiro na época anterior?
Há três respostas possíveis para esta pergunta. Resposta n.º 1: abater o passivo. Resposta n.º 2. abater o passivo. E resposta n.º 3: abater o passivo. Só assim se garante que para o ano não vai ser preciso vender outra vez os melhores, perpetuando um círculo vicioso, de fazer e desfazer a equipa, sem fim à vista.

A capacidade vendedora do FC Porto tornou-se, de facto, um case study e devido a vários factores conjugados: primeiro que tudo, o trabalho de observação de jogadores emergentes em mercados como o argentino, onde os profissionais têm mostrado uma notável facilidade em se adaptarem ao futebol e às equipas europeias. É verdade também que há muitas compras aí feitas que se revelaram inúteis e que, às vezes até, se tornam difíceis de entender — digamos que por cada um bom jogador comprado, têm aparecido dois que se demonstra serem um fiasco, mas também é verdade que, se se podia falhar menos (ou comprar menos), também não se pode acertar sempre. Segundo factor de valorização extraordinária dos activos do FC Porto tem sido, a meu ver, o excelente trabalho desenvolvido por alguns técnicos — de que os melhores exemplos foram, sem dúvida, Mourinho e Jesualdo Ferreira. Isso, mais a cultura de vitória e o espírito de equipa, que são uma tradição do FC Porto, faz com que o comum dos adeptos já tenha interiorizado o facto de ali todos os jogadores se valorizarem mais do que nos rivais: até parece por vezes que, no Dragão, até um cepo se consegue transformar num bom jogador. E quem lá chega sabe isso, porque o historial dos últimos anos mostra que o FC Porto é uma plataforma única para que os bons jogadores cheguem ao Olimpo do futebol europeu e mundial — essa dúzia de clubes capazes de gastarem tranquilamente 20 ou 30 milhões num «passe». Quer dizer que eles entendem bem que, uma vez chegados ao Porto, vale a pena trabalhar no duro e investir no clube, se quiserem subir ao topo da mais alta montanha. Até porque — e esse é o terceiro factor de projecção — o FC Porto está cronicamente na montra da Champions. Nem Benfica nem Sporting podem oferecer tantas perspectivas de valorização a um jogador como o FC Porto oferece. Vir parar ao FC Porto é acertar na sorte grande; vir parar a Benfica e Sporting é apenas uma aposta na terminação. É por isso que, mais uma vez, por exemplo, o Benfica não consegue vender ninguém (nem sequer o sempre anunciado como cobiçadíssimo Luisão). Luís Filipe Viera irá dizer, como costuma, que preservou todos os «activos», mas a verdade é que os preservou de cobiça nenhuma — e bem que lhe deveria dar jeito desfazer-se de alguns «activos»!

Eu imagino quanto os responsáveis pelas contas das SAD de Benfica e Sporting se devem roer de inveja e espanto quando vêem notícias como a da venda de Cissokho por 15 milhões, depois de ter sido comprado por três, seis meses antes. Mas, para que isso fosse possível, foi necessário, primeiro, tê-lo descoberto — e estava ali mesmo à mão; depois, ter um treinador capaz de potenciar rapidamente o seu crescimento como jogador, e, finalmente estar na Champions e tê-lo a jogar contra colossos como o Manchester United. O resto faz o mercado, e o grande mercado, aquele que interessa, nunca se engana com os grandes jogadores, raramente compra gato por lebre (é por isso que ninguém quer os titulares do Benfica da época passada, como ninguém quer também os suplentes do FC Porto, cujo nível não se comparava com o dos titulares).

Facto é que o FC Porto comprou barato este ano e vendeu muito e muito bem. Se Bruno Alves sair também, a SAD portista atingirá a quantia astronómica de 100 milhões de euros facturados numa só época a vender jogadores — mais do que o Manchester United, que, neste momento, lidera o ranking de facturação graças aos impensáveis 94 milhões que o Real pagou por Cristiano Ronaldo. Esta semana, as coisas mudaram um pouco em relação a Bruno Alves: o FC Porto deixou de ter qualquer necessidade de o vender e Pinto da Costa tem oportunidade de cumprir a promessa pública de só o deixar sair pelo valor da cláusula de rescisão. Todavia, e mesmo sem esses 30 milhões a juntar aos 70 já facturados, o essencial mantém-se: são demasiados lucros extraordinários de exercício para poderem simplesmente desaparecer em dois ou três anos de gestão ruinosa. Ou eles servem para abater ao défice instalado ou jamais o défice será domado, porque nem todos os anos são dourados. E o défice das SAD é igual ao défice das contas públicas do Estado: algum terá de ser pago e com juros.

ENTRETANTO, prosseguem os jogos de preparação e, como gritou triunfalmente a imprensa, Jorge Jesus já ganhou o primeiro título ao serviço do Benfica: o Torneio do Guadiana — aquele para o qual o FC Porto, judiciosamente, nunca é convidado, não fosse estragar a festa ao Benfica. Não vi a «final» entre o Benfica e o Olhanense, mas rezam as crónicas que a vitória encarnada, arrancada a ferros no último minuto, foi até bastante injusta. Também não vi o Sporting perder com o Feyenoord na apresentação aos sócios, mas rezam as crónicas que a derrota foi apenas uma parte desagradável da desagradável prestação leonina. E também não vi o FC Porto despachar o Mónaco com os mesmos inesquecíveis 3-0 da final de Gelsenkirchen, mas contam que a primeira parte dos portistas chegou a ser brilhante, mesmo sem a equipa completa com os que se presume venham a ser os titulares habituais. Ou seja, parece que (e até Nuno Gomes o diz) vira o disco e toca o mesmo: o FC Porto continua a ser o grande favorito a dominar a nova época que aí vem, a nível interno.

Considerando, enquanto adepto do futebol, que mais um «penta» portista poderia ser altamente deprimente para o clima competitivo português, estou quase ao ponto de condescender e trocar, este ano, uma grande prestação europeia pelo título nacional, deixando mais confortados os adeptos verdes ou encarnados. A verdade é que tanto domínio também já vem cansando um pouco (embora eu, como qualquer adepto e qualquer portista, na hora da verdade, só queira mais e mais). Mas, por exemplo, tanto alarido, sempre habitual, com a nova época, quando ainda nem se esfumaram para nós as lembranças e alegrias da época que terminou, deixa-me um sabor a coisa forçada, prematura e até injusta. Só nos deixam saborear as vitórias tão recentes um simples mês? Já nos querem convencer que o «campeonato do defeso» — como sempre, ganho pelo Benfica, sem oposição — é mais actual do que tudo o que nós ganhámos há um simples mês atrás?



Miguel Sousa Tavares n' A Bola.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Capas de 20 de Julho de 2009


Prosperar na crise

Há três meses, quando a recessão económica nos arrastava a todos para o fundo, ninguém imaginava que o FC Porto chegasse ao final do mês de Julho com quase 70 milhões de euros realizados em transferências. Mesmo os dirigentes dos principais clubes admitiam que o tempo das vacas gordas tinha passado e que a abordagem ao mercado teria de ser mais conservadora. Depois veio o terramoto Florentino Pérez - e tudo mudou. O problema dos terramotos é que são difíceis de prever. Podem acontecer de um momento para o outro, transtornando a vida, transformando a geografia e dividindo o tempo entre o antes e o depois do grande abalo. Ora, se é quase impossível prever um terramoto, é possível estar preparado para a eventualidade de ele acontecer. O FC Porto estava. E estava da única forma que é possível estar preparado para um terramoto: com um edifício sólido, construído na base de uma prospecção eficaz e de uma política de contratações inteligente, reforçado pela valorização dos activos e pela capacidade de negociação do clube. Condições fundamentais para surfar na crista do tsunami que varreu o futebol europeu na sequência do terramoto Florentino Pérez

Jorge Maia n' O Jogo.

Superleague Formula - FCP em 12.º lugar

Grande Pedro!

HÁ em Portugal muita lágrima de crocodilo e muito discurso tolo. Não falta pelo burgo quem descarregue no futebol, vendo nele, como indústria ou como desporto, o verdadeiro cancro do País, ou por necessidade de protagonismo ou por inveja, porque sabe-se que hoje se olha com mais simpatia para o futebol do que para a política ou a finança ou mesmo para o jet set. O País precisa de se divertir, já que andam uns quantos a divertirem-se com o País e com quem nele habita e trabalha.
Há por aí muitos colunistas colunáveis, barbados e barbeados, que necessitam de escrever sobre futebol para serem lidos, porque já há pouca pachorra para aguentar com os Freeport, com os Portas, com os Isaltinos, e com essa jardinagem política que vem lá da Madeira embrulhada em papel do tempo da outra senhora.

Enfim, valha-nos, sim, o futebol que voltou a entrar em campo em toda a força, com emoção, com discussão e com paixão. Com gestos tão bonitos que faz bem a quem se esforça por ver neste desporto uma excelente forma de desopilar o fígado.

O que se passou anteontem no Estádio do Dragão talvez sirva para os doutores anti-futebol entenderem que há homens a trabalhar no meio... Pedro Emanuel abandonou a carreira e teve por parte do FC Porto uma despedida sentida, emocionada, linda até, uma despedida feliz com lágrimas. O capitão do FC Porto entregou a braçadeira e deixou o estádio em lágrimas. Há, necessariamente, tanta nostalgia do futebolista por uma carreira de que só se pode orgulhar. E talvez os aplausos e algumas lágrimas que se ouviram e viram na plateia azul sirvam de algum conforto a quem se despediu. E que mereceu a ovação.

Como se percebe, há mais do que milhões de euros na cabeça dos futebolistas. Oxalá continue a haver por muitos anos jogadores que tenham a coragem de chorar na hora de dizer adeus ao clube que serviram.

Parabéns, Pedro Emanuel.

Carlos Pereira Santos n' A Bola.