terça-feira, 5 de maio de 2009

Corrida ao bilhete da festa

A venda estava anunciada na página oficial do clube, mas a maioria assumiu que foi até lá por palpite: uma volta pelo Dragão, como quem não quer a coisa, serviu para confirmar que já havia bilhetes para o jogo com o Nacional, o tal que pode carimbar matematicamente o tetra. Ontem, a meio da tarde, dezenas de adeptos preferiram não arriscar, enfrentando a fila de espera para garantirem lugar, reservado, nesta fase, a associados. Aliás, o mais provável é que a venda nem sequer seja alargada ao público em geral, porque, a avaliar pelo que se viu, o carimbo de lotação esgotada deve ser conseguido só com a procura dos sócios. Para tristeza, entre muitos outros, de três holandeses que ontem espreitavam o estádio de cachecol preto e amarelo ao pescoço, as cores do Venlo - "O que andam aqui a fazer os adeptos do Beira-Mar?", questionava um portista mais desatento. Também eles, em inglês, perguntavam se podiam comprar. Oficialmente, não podem.

Números redondos de ingressos disponíveis para domingo, não há, até porque é preciso conjugá-los com os lugares anuais. Um detalhe que não é novo, mas que, por ser um jogo especial, ganha outro impacto. Foi também por receio de falhar a festa que muitos preferiram esperar. As senhas só foram disponibilizadas a partir das quatro da tarde, num esquema organizado e bem resumido por uma adepta de humor afiado. "Isto parece a Segurança Social." E parecia mesmo: sete balcões, ainda que só quatro a funcionar, e um sistema de senhas que evitava aglomerações desnecessárias. A letra e número correspondente dependia do serviço desejado: da simples regularização de quotas, ao preenchimento dos papéis para novos associados, passando pela compra dos bilhetes. "Nas antigas bilheteiras, era sempre a andar", ouviu-se, porque, tal como na Segurança Social, há sempre quem ache que o ritmo pode ser outro. Mas, era mesmo difícil acelerar.

Com um calor insuportável, notava-se pouco o ar condicionado na sala acanhada. No ecrã, cravado na parede, passava a repetição do Real Madrid-Barcelona, entretenimento de circunstância e, diga-se, uma excelente propaganda ao futebol: oito golos, seis deles do Barça. Ninguém ligou muito. Afinal, honra lhe seja feita, o sistema permitia controlar os números à distância e apanhar ar fresco junto à porta. E era essa agitação, junto à porta, que fazia com que alguns parassem o carro à pressa na Alameda para ver de perto o que se passava, avisando os amigos por telefone, ainda que a Loja do Associado, no Dragão, não seja o único ponto de venda. Hoje há mais.

Hugo Sousa n' O Jogo.

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