Alex Ferguson acabou o jogo de ontem de rosto fechado, a castigar uma chiclete com o maxilar nervoso e o olhar perdido no infinito do relvado de Old Trafford. Sorrisos, como aquele que rasgou no rosto no dia em que o sorteio lhe colocou o FC Porto no caminho, nem vê-los. E a verdade é que o treinador do Manchester United não tinha grandes motivos para sorrir. O FC Porto foi a melhor equipa em campo no jogo de ontem - sim, estamos a falar das três que por lá passaram - e apenas não volta ao Porto com uma vitória na bagagem por causa de um lance inacreditavelmente infeliz de Bruno Alves. Um atraso automático para Helton interceptado pela inteligência e capacidade de antecipação de Rooney, um dos poucos jogadores do Manchester United a fazer justiça ao título de fora-de-série.
Personalizados e solidários, os portistas apresentaram-se no Teatro dos Sonhos sem complexos de inferioridade, tal como Jesualdo Ferreira tinha prometido. Indiferente ao peso dos nomes que compõem o plantel do Manchester United, o FC Porto entrou em campo com o esquema do costume, sem ceder na tentação do superpovoamento defensivo, nem sequer das marcações individuais a Ronaldo e Rooney. Jogando olhos nos olhos, foram os portistas que entraram melhor, surpreendendo uma defesa do Manchester United pouco habituada a tais atrevimentos e multiplicando as oportunidades de golo nos primeiros minutos da partida. A vantagem, garantida por um excelente movimento de Rodríguez, surgiu com naturalidade, e as oportunidades para a aumentar multiplicaram-se durante o primeiro quarto-de-hora, com a defesa zonal dos portistas, indiferente às movimentações dos avançados do Manchester, a asfixiar completamente o ataque do campeão europeu. O Manchester já desesperava longe da baliza de Helton quando Bruno Alves traiu a equipa. O empate, falso como Judas, reflectiu-se na atitude do FC Porto, que se retraiu o suficiente para que o jogo se equilibrasse a meio-campo. Ainda assim, até ao intervalo, foram dos portistas as melhores oportunidades.
A segunda parte começou diferente. Ferguson alargou a frente de ataque para quatro homens e o Manchester subiu no relvado até habitar o meio-campo do FC Porto. E foi aqui que apareceu Fernando, enorme, a desmentir a sua relativa inexperiência e a roubar a bola dos pés de Ronaldo, e de Rooney, e de Fletcher e de Tevez e de toda a gente e mais alguém. Mais atrás, eram Sapunaru, Rolando e especialmente Cissokho que se desmultiplicavam para chegar a todas as encomendas. Ainda assim, o Manchester chegou à vantagem, mais uma vez com um golo mais consentido do que imposto. Um lançamento da linha lateral, Rooney antecipa-se a Bruno Alves com um toque de calcanhar e Tevez chega antes de Rolando ao lance, batendo Helton. Mas, a verdadeira surpresa ainda estava para chegar. É que o FC Porto não se rendeu, cresceu. Ensaiou um par de contra-ataques e, à terceira tentativa, Lisandro foi descobrir Mariano, o mais improvável dos heróis, sozinho no lado esquerdo do ataque. A bola ainda bateu num central do Manchester, mas chegou a Mariano, que, mesmo em desquilíbrio, bateu Van der Sar e ganhou para o FC Porto e para os portistas o direito a voltar sonhar. Os adeptos do Manchester renderam-se e até aplaudiram.
Jorge Maia n' O Jogo.
Personalizados e solidários, os portistas apresentaram-se no Teatro dos Sonhos sem complexos de inferioridade, tal como Jesualdo Ferreira tinha prometido. Indiferente ao peso dos nomes que compõem o plantel do Manchester United, o FC Porto entrou em campo com o esquema do costume, sem ceder na tentação do superpovoamento defensivo, nem sequer das marcações individuais a Ronaldo e Rooney. Jogando olhos nos olhos, foram os portistas que entraram melhor, surpreendendo uma defesa do Manchester United pouco habituada a tais atrevimentos e multiplicando as oportunidades de golo nos primeiros minutos da partida. A vantagem, garantida por um excelente movimento de Rodríguez, surgiu com naturalidade, e as oportunidades para a aumentar multiplicaram-se durante o primeiro quarto-de-hora, com a defesa zonal dos portistas, indiferente às movimentações dos avançados do Manchester, a asfixiar completamente o ataque do campeão europeu. O Manchester já desesperava longe da baliza de Helton quando Bruno Alves traiu a equipa. O empate, falso como Judas, reflectiu-se na atitude do FC Porto, que se retraiu o suficiente para que o jogo se equilibrasse a meio-campo. Ainda assim, até ao intervalo, foram dos portistas as melhores oportunidades.
A segunda parte começou diferente. Ferguson alargou a frente de ataque para quatro homens e o Manchester subiu no relvado até habitar o meio-campo do FC Porto. E foi aqui que apareceu Fernando, enorme, a desmentir a sua relativa inexperiência e a roubar a bola dos pés de Ronaldo, e de Rooney, e de Fletcher e de Tevez e de toda a gente e mais alguém. Mais atrás, eram Sapunaru, Rolando e especialmente Cissokho que se desmultiplicavam para chegar a todas as encomendas. Ainda assim, o Manchester chegou à vantagem, mais uma vez com um golo mais consentido do que imposto. Um lançamento da linha lateral, Rooney antecipa-se a Bruno Alves com um toque de calcanhar e Tevez chega antes de Rolando ao lance, batendo Helton. Mas, a verdadeira surpresa ainda estava para chegar. É que o FC Porto não se rendeu, cresceu. Ensaiou um par de contra-ataques e, à terceira tentativa, Lisandro foi descobrir Mariano, o mais improvável dos heróis, sozinho no lado esquerdo do ataque. A bola ainda bateu num central do Manchester, mas chegou a Mariano, que, mesmo em desquilíbrio, bateu Van der Sar e ganhou para o FC Porto e para os portistas o direito a voltar sonhar. Os adeptos do Manchester renderam-se e até aplaudiram.
Jorge Maia n' O Jogo.
1 comentário:
A classe do campeão!
De há uns tempos a esta parte, a palavra sonho começou a tomar conta do Universo portista - nos Estádios, junto dos adeptos, nas crónicas dos colunistas portistas, nos comentadores de programas de televisão e rádio, que gostam do Tricampeão, mas principalmente, nesta grande realidade que é a blogosfera. Começamos a sonhar e sonhamos, com tanta força, com tanta convicção, que agora, ninguém se atreve a dizer, que o sonho, o sonho da Dragão, é uma utopia. Não sei se a equipa também sonhava, mas sei que ela agora, alimenta o sonho. E de que maneira!
Jogamos em Manchester, contra o Campeão da Europa e do Mundo, olhos nos olhos, sem medo e taco a taco, dizendo na Pátria do futebol, que em Portugal há um clube, que tem a "mania" de ser Grande, num País de anões - e paga um preço muito elevado por isso. Numa altura que que os clubes ingleses dominam, a seu belo prazer, o futebol do Velho Continente, que o milionário Inter de José Mourinho, foi eliminado sem honra nem glória, aos pés da equipa de Ferguson e C.Ronaldo, o F.C.Porto, mais uma vez, põe o Mundo do futebol, a interrogar-se, como é possível, qual é o segredo, o que é que o Porto tem? Que classe, que maturidade, que personalidade!
Não vou destacar ninguém pois, o F.C.Porto valeu pelo seu conjunto. Tudo bem, Fernando fez um grande jogo, mas o grupo é o grande destaque.
Ainda falta a segunda-mão, não podemos e não vamos, embandeirar em arco, mas com o apoio dos adeptos - obrigado aos portistas, com especial destaque às claques, que tanto apoiaram em Old Trafford. Também nesta matéria, somos os melhores! -, que vão encher o Dragão, com o respeito que o adversário vai merecer, estou convencido que vamos continuar a fazer História.
Um abraço
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