1 Quem se ausentou para o estrangeiro nos últimos tempos verificou, com tristeza, que o tradicional cartão-postal do nosso país sofreu uma radical alteração. As tintas das descrições e apreciações mudaram de cor. No lugar do sol chamejante, do mar do sonho da nossa errância e peregrinação pelo mundo, da beleza das paisagens, da culinária de fazer crescer água na boca e da afabilidade das pessoas, surgem diariamente no panorama mediático, notícias de um país sombrio, minado pelo à-vontade da desvergonha e corrupção, com referências desprimorosas aos nossos governantes. A imagem dada é a de uma terra sem rei nem roque, de um saque, festim e conluio de interesses e promiscuidades entre famílias, oligarquias, corporações e sociedades claras e ocultas, de uma coutada onde medram e gozam de subido estatuto habilidosos, espertalhões e passarões poisados nos vários ramos do poder. Ao lado ou acima destas ilustres figuras há cavalheiros que, com legitimidade e espartano porte, chamam a atenção para os desmandos e o naufrágio; mas falta à sua voz autoridade moral, porquanto a hipotecaram ao avalizar a montagem de negócios com laivos de podridão e ao dar aos seus autores a capa da protecção. O regime democrático vive o estertor, sem ter chegado verdadeiramente a vingar, por ter caído no fosso da imundície e degradação. Os políticos são vistos como actores de um circo sem nobreza e elevação; só cuidam de se arranjar e servir, não mostrando pelo bem-estar geral apego ou paixão.
Acredite o leitor, estas palavras não brotam de um ânimo leve; são o retrato do País que corre além fronteiras. E o pior é que não se trata de exagero, mas da fotografia nua e crua de uma realidade que, por mais que nos desgoste e surpreenda, ultrapassa de longe o conhecimento que dela temos. Há muitas mais coisas fétidas e vis que se escapulam do nosso olhar. Porventura aqui nunca as veremos, nem tampouco serão reveladas; para as perceber é preciso mirar, lá de fora, o esterqueiro que cresce cá dentro, mesmo debaixo do nosso nariz.
2 Foi isto que me confrangeu e doeu à flor da pele e nas dobradiças e entranhas do corpo e da alma, durante a recente ausência do País. Em contraste com este monturo asfixiante e nauseabundo da vida pública nacional e da chafurdice que a perfaz, surgiu um outro cartão postal, colorido com termos de admiração e exclamação, exaltando a nossa infinda capacidade de transcendência e superação. Esse cartão tem a marca Porto, que é, afinal, a raiz da origem de Portugal e constitui a referência para a esperança na grandeza do seu destino.
Porto é muito mais do que uma cidade; é bandeira e símbolo maior da sublimação do nosso país em todo o mundo, através da generosidade e espírito do vinho, da obra de internacionalização da universidade e da gesta de um clube de futebol. Este não se dá bem com a mesquinhez e pequenez e teima em se afirmar e seguir o seu curso entre os maiores, lavrando com ambição, ousadia, esforço, suor e visão um caminho que aos parceiros indígenas e à Liga da sua organização devia suscitar apreço, louvores e inspiração, em vez de lhes despertar inveja, aversão e perseguição. O nome Porto evoca orgulho e dignidade, é uma lufada de ar fresco e um raio de luz no cenário feio de ridículo e troça que, lá fora, se faz da bagunça do Portugal actual.
Sim, estava no estrangeiro quando o FCP saiu da Liga dos Campeões pela porta grande. Por isso pude ler e ouvir comentários opostos aos do quadro sujo em que é emoldurada a baderna da política, da justiça, dos media, das iniquidades, mentiras e fraudes, dos abusos e esbulhos, dos fretes e tráfico de favores, da nossa assombração e desilusão.
É neste Porto de revolta que me revejo e é também nele que ergo e bebo a taça do amor infindo ao Portugal eterno, da minha afeição e devoção. É ele que pede respeito para o primeiro-ministro, pelo simbolismo da sua função presente; e para todos os cidadãos honrados, pela seriedade permanente e pelo exemplo de uma vida limpa e decente.
Jorge Olímpio Bento n' A Bola.
Acredite o leitor, estas palavras não brotam de um ânimo leve; são o retrato do País que corre além fronteiras. E o pior é que não se trata de exagero, mas da fotografia nua e crua de uma realidade que, por mais que nos desgoste e surpreenda, ultrapassa de longe o conhecimento que dela temos. Há muitas mais coisas fétidas e vis que se escapulam do nosso olhar. Porventura aqui nunca as veremos, nem tampouco serão reveladas; para as perceber é preciso mirar, lá de fora, o esterqueiro que cresce cá dentro, mesmo debaixo do nosso nariz.
2 Foi isto que me confrangeu e doeu à flor da pele e nas dobradiças e entranhas do corpo e da alma, durante a recente ausência do País. Em contraste com este monturo asfixiante e nauseabundo da vida pública nacional e da chafurdice que a perfaz, surgiu um outro cartão postal, colorido com termos de admiração e exclamação, exaltando a nossa infinda capacidade de transcendência e superação. Esse cartão tem a marca Porto, que é, afinal, a raiz da origem de Portugal e constitui a referência para a esperança na grandeza do seu destino.
Porto é muito mais do que uma cidade; é bandeira e símbolo maior da sublimação do nosso país em todo o mundo, através da generosidade e espírito do vinho, da obra de internacionalização da universidade e da gesta de um clube de futebol. Este não se dá bem com a mesquinhez e pequenez e teima em se afirmar e seguir o seu curso entre os maiores, lavrando com ambição, ousadia, esforço, suor e visão um caminho que aos parceiros indígenas e à Liga da sua organização devia suscitar apreço, louvores e inspiração, em vez de lhes despertar inveja, aversão e perseguição. O nome Porto evoca orgulho e dignidade, é uma lufada de ar fresco e um raio de luz no cenário feio de ridículo e troça que, lá fora, se faz da bagunça do Portugal actual.
Sim, estava no estrangeiro quando o FCP saiu da Liga dos Campeões pela porta grande. Por isso pude ler e ouvir comentários opostos aos do quadro sujo em que é emoldurada a baderna da política, da justiça, dos media, das iniquidades, mentiras e fraudes, dos abusos e esbulhos, dos fretes e tráfico de favores, da nossa assombração e desilusão.
É neste Porto de revolta que me revejo e é também nele que ergo e bebo a taça do amor infindo ao Portugal eterno, da minha afeição e devoção. É ele que pede respeito para o primeiro-ministro, pelo simbolismo da sua função presente; e para todos os cidadãos honrados, pela seriedade permanente e pelo exemplo de uma vida limpa e decente.
Jorge Olímpio Bento n' A Bola.
2 comentários:
É um belo artigo do Jorge Olímpio Bento, no jornal vermelho.
Um abraço
É um bocado estranho que este senhor escreva o que escreveu. Em 1º lugar confunde o seu clube com a cidade. Nada mais errado. Ainda para mais, vindo de uma pessoa que não nasceu no Porto mas sim em Bragança...
Depois, as considerações que faz, com os cargos que ocupa na vida pública, fica-lhe um bocado mal...
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