quarta-feira, 25 de março de 2009

Ver ao longe

Por razões que pouco interessam para aqui, passei a última semana muito próximo de pacientes atrapalhados por cataratas que lhes foram consumindo a visão. Foi curioso testemunhar a alegria com que, depois de operados, detalhavam o novo alcance da vista, já sem sinal de desfocagem. Lembrei-me disso ontem, a propósito da decisão da UEFA. E porquê? Simples: nestes últimos dez meses, houve quem desfocasse o essencial - uma norma mal redigida, como reconheceu a UEFA -, preferindo sobrevalorizar os interesses da guerrilha entre clubes. Mas, descontando estas "cataratas" de clubite aguda que podem ter condicionado o que foi dito e escrito sobre a matéria, sobra desta embrulhada toda, entre outros, o papel ridículo de Michel Platini. Esquecendo a diplomacia que o cargo lhe exige, destravou a língua vezes sem conta, antecipando-se às decisões judiciais; achou por bem dar lições de moral e quis fazer da cruzada contra o FC Porto um exemplo de autoridade. No fundo, escolheu uma trincheira e, provavelmente, vai fazer de conta que o tiro no pé não lhe doeu muito.


Hugo Sousa n' O Jogo.

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