sexta-feira, 6 de março de 2009

A absolvição e o falso réu

JESUALDO sabe muito de futebol. Os portistas estão-lhe gratos e acreditam que conseguirá a proeza de vencer o terceiro título nacional. Já há, por isso, quem ache que não pode sequer ser discutido e, imagine-se, quem diga que nunca se poderá provar que, se as opções tivessem sido outras, o resultado teria sido melhor. Ora, também se pode contrapor a esse lapaliciano simplismo que, pela mesma ordem de ideias, nunca se poderá provar que as alternativas não seriam melhores.

Vem isto a propósito de Jesualdo ter voltado a recorrer a Pedro Emanuel para jogar a lateral em Madrid, e de novo no Dragão. Ora, com Tomás Costa e Mariano Gonzalez disponíveis, ainda compreendo que, no primeiro caso, tivesse sido utilizado como substituto, porque restava pouco tempo e sua a experiência e voz de comando poderiam compensar a sua lentidão. Já contra o debilitado Sporting, não consigo entender que tenha sido escolhido de início.

Desde logo, porque uma opção tão defensiva era um sinal de temor perante o adversário, o que é um estado de alma inaceitável e injustificado. Depois, porque obrigaria Lucho e depois Raul Meireles a trabalhos forçados, jogando mais recuados e encostados à linha, o que os desgastou e por reflexo facilitou o controlo do meio-campo pelo adversário.

O que me leva a escrever isto são as duras críticas que foram dirigidas a Pedro Emanuel. Ora, se há alguém que não contribuiu para esta escolha foi ele, que fez das tripas coração para jogar os 90 minutos no Dragão, em duas posições que não se adaptam à sua experiência e às suas aptidões físicas.

Por isso e para evitar injustiças, siga-se o mesmo princípio que desculpabiliza o professor. Admita-se, ao menos, que sem Pedro Emanuel, as coisas ainda poderiam ter corrido pior. Porque ele não merece ser réu, só porque se quer absolver outra pessoa.

Rui Moreira n' A Bola.

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