sexta-feira, 27 de março de 2009

O essencial e o acessório

O FC Porto vai disputar os quartos-de-final da Liga dos Campeões com o Manchester United, uma equipa que por acaso já eliminou duas vezes em provas da UEFA. Em vez de recordarem essas façanhas, de se congratularem com a vinda de Cristiano Ronaldo e Nani a Portugal, ou de avaliarem o mau momento da equipa inglesa que tem delapidado a sua vantagem no campeonato doméstico, houve jornais que preferiram dar eco às velhas bravatas de sir Alex, esquecendo que ele as engoliu em seco depois do célebre golo de Costinha em Old Trafford.
Naturalmente, o inglês disse, como lhe compete, que o FC Porto era o adversário que pretendia. É normal porque conhece bem o futebol português e porque parte com a vantagem que resulta da diferença de orçamentos entre os dois clubes, que é de doze para um. Curiosamente, Jesualdo Ferreira disse precisamente o mesmo, ou seja, que o sorteio correspondeu à sua preferência, porque fará história se eliminar o campeão europeu. Com dois treinadores tão felizes, veremos o que acontece em Abril. Há uma coincidência feliz: este ano, a data da final coincide com a do célebre jogo de Viena, em 1987, em que por acaso também não éramos levados a sério…

Por cá, a final da Taça da Liga correspondeu inteiramente às expectativas. Depois da questão da reinterpretação dos novos regulamentos, depois de sucessivas arbitragens isentas (de avaliação, é claro), depois do jogo invisível na Madeira (inspirado num célebre filme de César Monteiro), a final conseguiu ser a cereja no bolo da vergonha, com violência, pouco fairplay e uma arbitragem «à Lucílio», em que o internacional quis homenagear condignamente o cinquentenário do caso Calabote. Afinal, quem tem razão é o presidente do Benfica, que vai gritando que o futebol é uma mentira.

Rui Moreira n' A Bola.

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