sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ainda estão nos dribles

HOUVE, no passado, empates e derrotas que depois se encaminharam para o penta. Empatar na 1.ª jornada era chato, mas resolvia-se. Com o tempo aprende-se a esperar pelo tempo — as coisas não estão afinadas, ainda não há automatismos (uma das palavras que menos tem a ver com futebol), é uma equipa nova, com jogadores que ainda não estão a cem por cento. Todos sabem inventar desculpas e algumas estarão inteiramente correctas depois de vermos os empates dos grandes.
Terminei a crónica da semana passada pedindo para o FC Porto jogar de acordo com o que Jesualdo disse no final do jogo com o Paços (o da Supertaça) — e não com aquilo que jogou nesse dia. Meu dito, meu feito: fizeram ao contrário. Não gosto muito de repetir desculpas e prefiro olhar para a semana seguinte, para o jogo seguinte, para a vitória seguinte. Se o futebol fosse da ordem dos automatismos, jogava-se a régua e esquadro com um transferidor pelo meio; acontece que o Verão ainda vai no seu segundo terço propriamente dito e as temperaturas pedem tranquilidade nos adeptos e concentração aos artistas. É o que faço.

De resto, Bento, Jesus e Jesualdo não têm entendimento muito diferente do que deve ser um jogo de futebol. No entanto, mandam jogar de maneira diferente — e obtêm os mesmos resultados. Ainda estão nos dribles.

Hulk tem um problema essencial — para o adepto sem rede e munido de fé para ser adepto. Esse problema chama-se baliza e não me venham com explicações rebuscadas. A defesa adversária treme quando vê Hulk, o homem que é capaz de fazer tudo até chegar diante da baliza: arrancar com uma potência quase sobre-humana, correr e desenhar laterais de sonho, fintar, driblar em duplas perfeitas, cruzar com elegância e até cair. As defesas tremem de medo diante de Hulk, os guarda-redes tremem de medo. Mas as balizas, caramba, as balizas não tremem nem por decreto. Ora, um homem destes enerva-se frequentemente. E isso não pode acontecer.

Francisco José Viegas n'A Bola.

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