terça-feira, 18 de maio de 2010

O silêncio dos cúmplices

Quando o tema é a violência envolvendo claques e adeptos, todos os clubes têm telhados de vidro e nenhum devia atirar pedras ao vizinho. Infelizmente, ninguém parece capaz de resistir à tentação de uma boa lapidação. O último apedrejamento público aconteceu depois da final da Taça de Portugal, quando os adeptos do FC Porto e do Chaves iniciavam a longa viagem de regresso a casa, depois de um jogo que, tanto uns como os outros, fizeram questão que fosse uma festa. Foi um apedrejamento como os outros. Tão violento, cobarde e criminoso como os outros e também fez vítimas e causou danos materiais como os outros. A diferença, talvez a única, foi a cobertura que mereceu. Olhando para alguns jornais, vendo algumas televisões e ouvindo algumas rádios, fica-se com a impressão que nada se passou e vai-se alimentando a ideia que a violência se escreve sempre com pronúncia do Norte. Não é verdade. Como não é verdade que o silêncio seja só um refúgio dos inocentes. Às vezes, quem cala, consente.

Jorge Maia n' O Jogo.

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