sexta-feira, 21 de maio de 2010

Gratidão sempre

ESCREVO ainda sem saber quem será o novo treinador do FC Porto, assumindo que Jesualdo Ferreira parte, abandonando o clube que ajudou a conquistar três títulos consecutivos – um tri com sabor a tetra. O balanço é necessariamente positivo; mais do que isso: é um feito único que deve ser assinalado na história azul e branca.
Jesualdo confirmou que é um notável construtor de equipas, um formador e – além disso – um técnico elegante e paciente. São qualidades que não se esquecem num clube que assistiu ao abandono de Mourinho, à transformação de Co Adriaanse ou à encenação patética de Del Neri. Jesualdo construiu, a partir daí, duas equipas vencedoras. Este ano, a conjugação de factores extrafutebolísticos (uma perseguição permanente e criminosa ao FC Porto) não permitiu o mesmo êxito. Mas não retira a Jesualdo o aplauso merecido e exigível num clube com história, com memória e com o sentido de gratidão. A gratidão é uma marca de gente superior; todos os portistas devem estar gratos a Jesualdo por ter sido a peça fundamental do clube nestes anos de pressão e de sucesso. Mesmo quando eles se repetirem, num futuro próximo, não retirarão a Jesualdo nenhuma centelha do brilho que transportou para o clube.

Pensemos, pois, no futuro. O novo treinador deverá estar consciente das circunstâncias especiais que vivem o futebol português e as suas estruturas dirigentes – e deve, pelo seu exemplo, pela sua capacidade de liderança e de exigência, eleger a palavra «cavalheirismo» como um vector fundamental para a vitória. Já aqui escrevi sobre o assunto e já relembrei – a par de Jesualdo – Bobby Robson como um dos nomes a relembrar, um padrão, um termo de comparação insubstituível. Esta semana será, por isso, decisiva.

PS – Foi a todos os títulos lamentável o comportamento de alguns jogadores estrangeiros ao serviço do FC Porto durante a final da Taça de Portugal, ao não cumprimentarem, como deviam, o Presidente da República. Essa é uma das razões por que falei de cavalheirismo. Não está fora de moda.

Francisco José Viegas n' A Bola.

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