NÃO sei se o Benfica se sagra campeão esta semana ou na próxima — mas o título não lhe escapa. Honra aos vencedores. Espero que os adeptos do Benfica não estejam um ano à espera de receber o troféu, como aconteceu com o FC Porto, no que foi mais uma tentativa de humilhar o tetracampeão e de mostrar quem manda. Uma deselegância.
Seja como for, e uma vez sem exemplo, felicite-se o Benfica; o pior que há a fazer nestas (e noutras) circunstâncias é reunir desculpas que apenas mascaram o ressentimento. Neste caso, também, não há desculpas - o Benfica merece o título. Jogou melhor, tem excelentes jogadores, um bom treinador e, não convém menosprezar, teve a sorte do seu lado. A sorte é também construída e não depende apenas do arbítrio dos deuses (se bem que outros «arbítrios» fossem convenientes); dá trabalho, exige escolhas difíceis, intuição e vontade. Conta-se que, quando recomendavam um general a Napoleão, este não se limitava a querer conhecer os seus dotes, conhecimentos e exemplos de coragem e valentia. Queria, também, saber se era um homem com sorte. Jorge Jesus é treinador inteligente, mordaz, esperto e guerreiro — e soube merecer a sorte. Para cúmulo, gosta de bons jogadores, um dom que encanta adeptos e proporciona bons resultados.
Com opositores fragilizados ( Sporting em disputas internas, FC Porto alvo de perseguição histriónica na imprensa e na chamada «justiça desportiva»), o Benfica de Jesus (não de Vieira nem de Costa, como muito justamente dizia Mozer) aproveitou todas as oportunidades. Aproveitar as oportunidades é também uma virtude que se deve realçar (já o FC Porto, por exemplo, desperdiçou várias).
Aos meus amigos que não me perdoarão esta crónica, o seguinte: apesar do vergonhoso comportamento da assim chamada «justiça desportiva», o FC Porto perdeu por sua culpa. Faltou-lhe plantel, energia e vontade.
Francisco José Viegas n' A Bola.
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