VALE a pena gostar de Falcao. O golo (aquele golo) da jornada passada valeu por vários desgostos dos adeptos mas não compensa o resto das desilusões. Há quem, entre os adeptos do FC Porto, acredite que não vale a pena falar de derrotas, pois o futebol é um jogo, certamente, mas também uma realidade financeira e um palco de poder; por isso, qualquer derrota tem um peso extraordinário na economia dos clubes. Há quem acredite que não se pode brincar com o assunto. Pode.
Lembram-se quando um simpático guarda-redes belga que ameaçou que a sua selecção nacional iria moer Ronaldo com pancada? Uma onda de indignação cresceu como se fosse um ataque às quinas, ao hino e ao bacalhau. Foi ridículo. Devíamos ter rido e suportado a brincadeira, inventando outra maior e mais humilhante. Um jogo também é isso. É o humor diante das derrotas. A piada que inventamos, na hora, sobre a derrota (a mais recente, já agora, Liverpool: the Fab Four), é importante. Desdramatizar meio caminho andado para encarar as próximas jornadas. Penso nisso quando, na tv, vejo alguns comentadores de emblema ao peito, rosto fechado, linguagem ressentida, e incapazes de um sorriso, de uma piada, de uma ironia. Ao vê-los, inteirados, apetece pensar que estou a tratar das alterações ao PEC. Futebol também é riso puro, artimanha, artifício, drible, desmoralizar o adversário.
Por exemplo, no FC Porto, preciso lembrar que, depois de quatro campeonatos vitoriosos e sucessivos, manda a lógica que se encomende um novo ciclo. Uma espécie de até já, voltamos para o ano, e com mais gente no túnel. O humor é um instrumento fundamental no cavalheirismo do futebol. Ele permite lembrar que, na derrota, há uma virtude a descobrir, porque ensina a não contratar primos do Prediger.
Estamos tranquilos. O mundo não termina ao fundo do túnel (eu sei que é uma piada recorrente...). Se este campeonato nos escapar, dedicamos o próximo ao Benfica. Salvo seja.
Francisco José Viegas n' A Bola.
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