Desconfio sempre das cartas que saltam da manga dos treinadores à última da hora, porque, mesmo que bem intencionadas, elas costumam atrelar a tentação de brilho em nome próprio, como num jogo de xadrez. Se calhar foi isso: em Inglaterra, de tanto insistir nas alterações, em seis das sete vezes que lá jogou, Jesualdo Ferreira talvez tenha tentado jogar xadrez. Mas, vamos lá ver se me faço entender: explicar esta goleada apenas com Nuno André Coelho, mesmo que este nunca tenha merecido confiança antes (e se calhar merecia), é redutor e simplista, porque houve um Fucile espantosamente desastrado, houve uma dupla de centrais inconsistente; não houve Meireles... e por aí fora, quase ninguém escapa. O que atraiçoa a opção de Jesualdo é que, já sem Fernando, teve jogos suficientes para trabalhar a alternativa Nuno André Coelho e nunca o fez. À falta de melhor explicação, e ele não deu nenhuma, guardou-a na manga, como escolha de génio à espera de um tabuleiro de extremos: era oito ou 80. E deu oito.
Hugo Sousa n' O Jogo.
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