«PARABÉNS, fizeram um grande jogo». Foi essa a mensagem que enviei por SMS a alguns amigos leoninos e que aqui deixo, também, aos adeptos sportinguistas que lêem esta coluna porque Carvalhal e os seus jogadores vingaram a pesada derrota que haviam sofrido no Dragão. O resultado foi inteiramente merecido, num jogo em que Sporting quis e soube vencer.
Pelo contrário, o FC Porto perdeu tudo o que tinha a perder. Depois do jogo da Luz, era difícil imaginar que ainda iríamos assistir a um pior desastre colectivo, e logo quando não havia margem para erro. Foi uma derrota indesculpável, de falta de classe e de empenho individual de uma equipa, à deriva, sem tino, sem capacidade de choque, sem um líder dentro de campo. Raul Meireles e Bruno Alves, os jogadores a quem se poderia exigir essa função, estiveram entre os piores. Talvez desiludido e desmotivado por não ter alcançado o eldorado catalão, quem sabe se afectado pelo recente castigo interno, Bruno tem tido prestações intermitentes. Quanto a Meireles, desde a saída de Lucho que parece órfão nesta equipa, onde tem sempre lugar garantido apesar da sua incapacidade em pressionar os adversários e de fazer transições rápidas.
Para além de Falcao e Varela que muito lutaram, mais ninguém escapou do naufrágio e quando ouvimos Jesualdo reconhecer a justeza da derrota mas escudar-se no cansaço para explicar o inexplicável, ficamos com a amarga sensação de que o treinador não consegue perceber o que está a acontecer, tanto mais que defrontara uma equipa que jogara três dias antes. Tem sido assim este ano, com as contratações falhadas, com a indisciplina, com os equívocos tácticos, com o evidente desperdício da formação e também com o problema dos lugares cativos na equipa, em que os nomes das camisolas se sobrepõem ao bom senso e à objectividade que deve presidir às escolhas, o que desmotiva jogadores que se vêem subitamente preteridos sem que as suas prestações o justifiquem.
É cedo para falar no futuro, porque esta época ainda há muito em jogo. Para além das taças nacionais, há também a Liga dos Campeões em que o FC Porto deve, agora, concentrar todos os seus recursos. Para os jogadores que querem sair pela porta grande, esta é a grande montra para mostrarem o que valem. Quanto ao campeonato, está irremediavelmente perdido, por mérito de Benfica e Braga e por demérito próprio, já que os castigos e a arbitragem, que mais uma vez prejudicaram o FC Porto, não chegam para explicar tudo. Mas, é preciso dizer que não é por o FC Porto estar arredado do título que se justificam ou se podem esquecer as jogadas de bastidores, e basta ouvir a forma como alguns comentadores benfiquistas se transformaram em branqueadores oficiais dessas tramóias para perceber que, até para eles, o factor toupeira é tanto ou mais importante que a indiscutível qualidade da sua equipa.
O palco europeu
NO ano em que o FC Porto ganhou a Taça dos Campeões Europeus, com Artur Jorge ao leme, a época também não correu nada bem a nível interno, com exibições frouxas e com muitas lesões e contratempos. Ainda assim, o FC Porto conseguiu eliminar o Dínamo de Kiev, que era porventura a melhor equipa da Europa dessa época e, chegado à final, amputado de alguns dos seus melhores jogadores, conseguiu sair vencedor, dando a volta ao resultado, ante o poderosíssimo e super-favorito Bayern de Munique. A história não se repete, e será muito difícil repetir esse feito, mas é com isso que os adeptos sonham, antes da ida a Londres para defrontar o Arsenal.
O que tu queres sei eu
RICARDO ARAÚJO PEREIRA é um bom humorista, e ainda bem que há gente assim, mas não é só por isso que me dá imensa vontade de rir. Calculará, ainda assim, que não me consigo zangar com as suas insinuações encomendadas. A isso obriga a sua profissão. Mas, recordando um dos seus saudosos momentos de inspiração, deixe-me que lhe diga que «o que tu queres sei eu», e acrescente «nem que seja à custa das toupeiras». Por fim, também o Senhor Cruz dos Santos, que tanto respeito, me dedica algumas linhas, imaginando que o insultei só porque dele discordei. Por pouco, conseguia fazer o pleno dos cronistas deste jornal, onde não é fácil, mas dá imenso gozo, escrever e ser portista assumido…
Curiosa sintonia
É curiosa a sintonia entre as críticas de alguns ilustres benfiquistas, as prestimosas insinuações de zelotas recém-convertidos aos méritos da gestão de LF Vieira, os insultos da corja que se esconde no anonimato de alguns blogues e as ameaças de heróis que me telefonam de números anónimos. Tudo isto, imagine-se, porque estive, com adeptos do FC Porto e de outros clubes, numa manifestação de protesto contra decisões da CD da Liga. O que terá isso a ver com o seu Benfica, ou será que consideram que a injustiça é um handicap indispensável? E será que a verdade desportiva, de que tanto falavam, só existe quando os seus adversários são penalizados e impedidos de concorrer com armas iguais?
Rui Moreira n' A Bola.
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