terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Quique já devia saber que não temos segundas linhas


Conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira n' O Jogo:


O prestígio do FC Porto e do futebol português, a identidade do clube e a sua forma de estar em competição, mais o dinheiro que uma vitória pode trazer para os cofres dos dragões são, segundo Jesualdo Ferreira, argumentos mais do que suficientes para manter todo o interesse em redor de um jogo vazio do ponto de vista da luta pela passagem aos oitavos-de-final da Champions. Por tudo isso, o técnico do FC Porto prometeu uma equipa capaz de lutar pelos três pontos. Quique que se desengane, então, em relação ao desejo, manifestado horas antes, de ver uma equipa adversária construída à base de jogadores de segunda linha, porque Jesualdo nem sequer lhe deu hipóteses, quando respondeu que no FC Porto não havia jogadores de segunda linha. A equipa que subir hoje ao relvado do Vicente Calderón vai jogar para ganhar, sem contemplações.

Tendo em conta as características deste jogo, vai fazer uma gestão diferente?

Um jogo da Champions, independentemente do quadro deste, tem exactamente as mesmas responsabilidades, diria mesmo acrescidas, em relação a outros que já aconteceram. Se pensarmos no prestígio do clube e do futebol português, no prestígio dos jogadores também e no dinheiro que está em jogo, que é sempre importante, em nenhum momento, pelas razões que acabei de dizer, se colocam em causa as nossas responsabilidades num jogo deste tipo. Mas também nunca senti que fosse necessário fazer mais do que aquilo que fizemos até aqui, e já vamos em 32 jogos na Champions, para além daquilo que é o normal nestas circunstâncias. Não é preciso apelar a questões emocionais, mas mais a questões de natureza táctica e à forma como a equipa terá de abordar o jogo, em função do adversário, neste caso o Atlético de Madrid. É uma equipa que vem em ascensão, que acabou por fazer bons resultados nos últimos jogos e que procura uma qualificação para a Liga Europa. Portanto está criado um clima diferente de outros jogos, que pode ser prenúncio de um bom jogo, sem nervos, mas que apele à qualidade e a um bom ambiente no que diz respeito ao apoio dos sócios e adeptos dos dois clubes. Por todas estas razões, nada nos afasta das exigências de um jogo da Liga dos Campeões, onde o FC Porto tem um prestígio a defender.

Falando em gestão e já que o FC Porto está apurado para os oitavos-de-final, Quique Flores disse que seria bom se o FC Porto jogasse com a sua segunda linha…

Primeiro quero felicitar o Quique, vou ter muito prazer em cumprimentá-lo amanhã. Foi um treinador que esteve num clube rival do FC Porto, mas que teve sempre um posicionamento profissional e uma simpatia na forma como enfrentou as dificuldades que lhe foram aparecendo no seu trajecto. Foi o primeiro classificado da Liga portuguesa durante muito tempo, mas também lhe vou dizer que se nos conhecesse bem, não teria manifestado esse desejo, porque em nenhum momento o FC Porto iria abordar um jogo destes com segundas linhas, porque não temos segundas linhas. Sempre que o FC Porto entra a jogar, seja em que competição for, tem sempre a melhor equipa em campo. Aquela análise que se faz em relação aos jogadores excluídos, pode dar ideia de que se trata de escolhas fora daquilo que é o contexto normal e daquilo que é a rotina da equipa. Já disse que a nossa intenção, cada vez que aparece um jogo com características diferentes do anterior, os jogadores também o sentem de forma diferente e obrigam a diferentes propósitos tácticos e competitivos. Nesta perspectiva, o FC Porto vai apresentar uma equipa, que eu penso, será a ideal para discutir o jogo com a do Atlético de Madrid e ganhá-lo.

Que FC Porto podemos esperar, depois dos jogos com o Rio Ave e o Guimarães?

Recordo que há cerca de nove meses, jogámos aqui os oitavos-de-final da Champions. Nesse jogo, aquela equipa do FC Porto que vinha com muitas dificuldades, tinha acabado de subir ao primeiro lugar da Liga portuguesa e fez aqui um jogo e uma eliminatória que permitiu conquistar tudo aquilo que tínhamos para conquistar, não só no plano interno, mas como no prestígio que se ganhou nos jogos a seguir com o Manchester United. Daí para cá, algumas coisas se alteraram, não só no Atlético de Madrid, como na nossa equipa. A ascensão do FC Porto é notória, como já o disse, é aquilo que eu esperava que viesse a acontecer com o decorrer do tempo e com o trabalho que temos vindo a fazer. O que conseguimos nos últimos jogos foi fazer golos e vencer. Como sempre, os golos e os resultados influenciam as análises que se fazem, mas nem eu considero que o jogo de Guimarães foi tão bom pelo facto de termos goleado, como acho que em alguns jogos não conseguimos ganhar - caso do Chelsea, por exemplo, ou fazer mais golos, como no caso do Rio Ave - também não foram tão maus como se quis fazer querer. O FC Porto está numa fase de equilíbrio, claramente de subida e, jogo a jogo, vamos construir a equipa que queremos de forma a atingirmos os nossos objectivos. Dentro desse quadro, apesar do que aconteceu com Rolando, à última hora, e outros, em jogos anteriores, o nosso trabalho dá garantias de optimismo e confiança em relação àquilo que são as opções. Espero um comportamento muito bom do FC Porto, mas diferente dos jogos que tem vindo a fazer. O que eu espero é um FC Porto mais equilibrado e mais personalizado do que tem sido. Temos mais três jogos até ao fim deste período e queremos fazê-los com qualidade e com resultados. Se amanhã [hoje] no final do jogo as coisas não correrem como nós queremos, cá estarei também para explicar o porquê das nossas opções e das nossas exibições.


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