terça-feira, 27 de outubro de 2009

Mariano: Suponho que esta semana vão falar bem de mim...

A redenção de Mariano perante a plateia azul e branca surgiu da forma menos provável: com um inédito golo de cabeça que quebrou a muralha defensiva da Académica. Os assobios, que já eram uma constante no Dragão, foram substituídos por aplausos, e o argentino até acredita que, por uns dias, os jornais vão passar a falar mais bem dele. Mariano tem a impressão de que os adeptos têm menos tolerância com ele do que com outros companheiros, mas não faz disso um caso nem mostra qualquer ressentimento, porque, garantiu a O JOGO, deixa sempre tudo em campo.


Concorda que o golo apontado à Académica foi muito importante para o FC Porto, mas também para si?
O golo foi importante para a equipa, porque nos deu vantagem contra um adversário que estava muito fechado e se mostrava complicado de bater. É verdade que também significou muito para mim por tudo o que se falou durante a semana.

De alguma forma, foi um golo de raiva?
Não, foi importante pelo momento em que surgiu, quando estávamos empatados. O meu golo abriu o jogo. "A posteriori", pensando em tudo o que aconteceu, ganha outro significado.

Os festejos foram divididos entre os companheiros e a claque. Por alguma razão em especial?
Eles aplaudem-me desde que cheguei ao FC Porto. Apoiam e cantam o meu nome; têm demonstrado o seu apoio, e aquela foi a minha forma de lhes agradecer.

Já outros adeptos parece que não têm muita paciência consigo...
Obviamente, não é uma situação que me agrade. Procuro receber aplausos e ter alegrias. Mas não comando a cabeça ou as acções de tanta gente. Tenho de pensar em fazer as coisas para que a equipa ganhe e ajudar os meus companheiros. Procuro não pensar nisso nem escutar os assobios.

Acha que esses adeptos têm menos paciência consigo do que com outros jogadores? Contra o APOEL, por exemplo, começaram a assobiá-lo aos quatro minutos...
É possível, mas é normal. Há sempre um adepto que fala ou reclama mais do que outro. Também tenho sido criticado na Imprensa, e as pessoas são influenciadas. Mais do que tudo, dou a vida em campo e suponho que esta semana vão falar melhor de mim do que fizeram na anterior. São as diferentes formas de ver futebol.

Antes do golo teve uma excelente jogada individual que terminou com um cruzamento disparatado e um coro de assobios. Onde foi buscar forças para não baixar os braços?
Acredito no meu trabalho e no meu valor. A minha intenção era a melhor: o Falcao estava sozinho dentro da área e, talvez por alguma ansiedade, não controlei bem a bola. Tentei cruzar pelo chão e a bola saiu muito alta. Uma das coisas de que me dizia o psicólogo era que todos cometem erros, mas que na jogada seguinte ou no minuto seguinte há sempre a oportunidade de corrigir.

Agora trabalha essa componente psicológica com Jesualdo?

Sempre. Mas isso acontece com todos. Há momentos bons e menos bons. No meu caso, como já referi, existe uma tolerância menor, e isso gera uma situação mais grave.

A expulsão com o APOEL contribuiu para os assobios?
Não, isso já vem de trás, mas claro que as coisas se vão acumulando.

Carlos Gouveia n' O Jogo.

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