quinta-feira, 23 de julho de 2009

Duas medidas

É curioso como exactamente a mesma coisa nos pode parecer completamente diferente dependendo do ângulo pelo qual a vemos. Ou ouvimos. Não falta, por exemplo, quem olhe para as declarações de Domingos Paciência sobre o alegado sub-rendimento do Braga na última temporada - "Podia ter feito mais em todas as competições" - e veja nelas uma deselegante provocação a Jorge Jesus, um sinal evidente de sobranceria, injustificada vaidade e falta de camaradagem. Curiosamente, as pessoas que assim tão duramente classificam Paciência são exactamente as mesmas que vêem, nas declarações de Jesus sobre o Benfica da última temporada - "Comigo, vai jogar o dobro" -, um sinal de grande ambição, inegável coragem e evidente audácia. Claro que, no caso de Jorge Jesus, nenhum desses "críticos" coloca as questões da deselegância, da sobranceria, da vaidade e da falta de camaradagem em relação a Quique Flores, seu antecessor no cargo. Como nenhum deles coloca as questões da ambição, coragem e audácia no caso de Domingos. Simplesmente porque o que interessa não é o que Jesus e Domingos dizem, mas aquilo que quem os "critica" quer ouvir.

Jorge Maia n' O Jogo.

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