sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Jesualdo Ferreira - "Não atribuo importância aos lenços brancos"

Jesualdo Ferreira detém a fórmula para o FC Porto regressar aos triunfos: concretizar as ocasiões que cria e evitar os golos atípicos dos adversários. Parece simples. Amanhã, na Figueira da Foz, perante um adversário que considerou "muito difícil", a equipa tem nova prova de fogo e o técnico acrescentou agressividade e concentração à fórmula para garantir os três pontos. Jesualdo saiu ainda em defesa de Rodríguez, lembrou que os grandes andam a perder muitos pontos, mas não explicou a razão que impede Helton de ser convocado.

Disse que também assobiaria se estivesse na bancada, mas agora foram vistos lenços brancos no final do jogo com o Leixões. Que importância lhes atribui?

Quando surge um resultado negativo, é natural que aconteçam as mais diferentes manifestações. Estamos habituados a isto e vai continuar a verificar-se. Não lhes atribuo importância para além daquela que é normal. Como adepto, as minhas manifestações seriam de carinho e de motivação. O FC Porto perdeu um jogo que não devia ter perdido e houve várias manifestações. Nada mais.

Tomás Costa alertou para a necessidade de o FC Porto ser mais agressivo em campo. Partilha dessa opinião?

Se ele diz é porque já o ouviu. Comportamentos agressivos sob o ponto de vista táctico e de empenhamento são fundamentais.

É isso que tem faltado?

Numa ou noutra situação, mas não tem sido essa a nossa matriz.

Então, o que precisa o FC Porto de melhorar para voltar às vitórias?

Duas coisas: primeiro, concretizar os golos que cria; segundo, evitar os golos que tem sofrido. Foram golos atípicos. Excepto o último do Leixões, que é um belo golo, não resultaram de um menor entendimento da equipa ou de processos errados. Em Alvalade sofremos de penálti, com o Dínamo de livre, o primeiro com o Leixões foi de bola parada directa e o segundo na sequência de uma bola parada. São lances que não atestam incapacidades defensivas. Há que conversar, trabalhar para resolver isto e manter os níveis de concentração.

E no ataque?

Aí, recordo que já vamos na nona bola ao poste. Chegou a hora de baterem lá e entrarem. Mas é um facto que aconteceu, em momentos e em jogos que, certamente, teriam virado os resultados. Por estas razões, a confiança que temos nos nossos processos e nos jogadores não nos desvia das nossas convicções. Não se trata de empenho dos jogadores. Com excepção dos primeiros 45 minutos com o Rio Ave, não há nada a apontar ao investimento pessoal de cada um deles.

Tem faltado mais pontaria ou tranquilidade?

Jogos atípicos, golos atípicos e derrotas imerecidas. Parece-me que a derrota do Leixões foi uma consequência do Dínamo de Kiev. Houve situações que, em determinados momentos dos jogos, nos retiraram confiança. Sofrer um golo aos três minutos tira confiança, mas não perdemos a confiança no nosso trabalho.

"Grandes estão a perder muitos pontos"

Na tentativa de explicar os desaires do FC Porto, Jesualdo Ferreira lembrou que o fenómeno não é um exclusivo da sua equipa. "Os grandes estão a perder muitos pontos", referiu. "Embora já se tenham realizado os duelos com os grandes, onde ganhámos pontos, perdemos com equipas que não têm os mesmos objectivos que nós e o mesmo aconteceu ao Sporting e ao Benfica", disse. Para o técnico portista, isso deve-se a dois factores interligados: "Pode concluir-se que os grandes não estão tão fortes como isso, mas é preciso ter outra atenção aos adversários. Equipas como o Leixões, o Nacional ou o Paços de Ferreira, e outras, têm vindo a roubar pontos e condicionam as classificações. Há um quadro de alterações evidente", rematou o técnico.

"Helton? Já disse o que tinha a dizer"

Qual o grau de dificuldade do jogo com a Naval?

A Naval é uma boa equipa, que disputa os jogos com os grandes com um comportamento táctico bem definido. Demonstrou-o na Luz. Tem um bom treinador e, pelo que jogou, até poderia ter conseguido um resultado positivo na Luz. Esperamos uma equipa ainda mais difícil com uma defesa sólida, um meio-campo alterado em relação à época passada e um ataque que tem um perfil simples, com jogadores rápidos. Para nós, é importante termos um jogo difícil, porque, quanto mais difíceis forem as nossas tarefas, melhor jogamos. A ideia de facilidade é negativa.

É preferível jogar fora nesta altura?

Não, gostávamos muito de fazer este jogo no Dragão.

Quer explicar por que razão o Helton não é convocado?

Por que tem sido convocado o Nuno e o Ventura. Não há motivo nenhum. Sobre os guarda-redes já disse o que tinha a dizer.

Falou em golos atípicos, a defesa pode estar a precisar da experiência de Pedro Emanuel?

Não. Precisamos é que não aconteçam golos atípicos. Não faço comentários sobre isso.

"Depositamos grandes esperanças em Rodríguez"

Que comentário faz ao incidente entre Rodríguez e alguns adeptos?

Pelo que conversei com o jogador e pelo que li, creio que foi um acto isolado que não compromete os SuperDragões, nem a massa associativa. Mas, na nossa opinião, foi uma manifestação reprovável.

E isso pode condicionar o jogador ou mesmo os companheiros?

Creio que não. Porque foi um gesto isolado, do tipo estar no local errado à hora errada. Acontece a qualquer um.

Mas desde que chegou, é o segundo episódio que envolve Rodríguez [o outro foi à partida para Londres]…

O Rodríguez é um jogador com muita qualidade, novo e com um ano e pouco de futebol português. A sua transferência para o FC Porto foi surpreendente em alguns aspectos. Temos um carinho e depositamos grandes esperanças nas suas capacidades. O facto de ele não estar ao nível que devia prende-se com outras questões. Não só ele, como outros, que têm tido constantes interrupções no trabalho por causa das selecções. A exibição dele na Luz deu a todos uma imagem da sua qualidade, mas ainda será muito mais forte do que é. Ele está consciente disso.

A forma de superar isso é jogar?

É jogar e treinar. Aliás, esta foi a única semana normal nos últimos dois meses. Não estou a dizer que as selecções são um entrave à evolução dos jogadores, mas retira-lhes capacidade durante algum tempo até que as coisas cheguem ao normal.

Vitórias para Reinaldo Teles

O momento difícil que está a passar Reinaldo Teles, que hoje deverá ser operado na sequência de um enfarte, não deixa o grupo de trabalho indiferente. Jesualdo Ferreira considerou que é mais um motivo para a equipa dar as mãos. "A equipa técnica e os jogadores têm um apreço muito grande pelo senhor Reinaldo Teles. Lamentamos o momento que está a atravessar e é mais um motivo para nos unirmos para que, no final de uma série de jogos importantes que temos, lhe possamos dedicar as vitórias", referiu.

Pinto da Costa "está sempre presente"

A presença de Pinto da Costa no Olival para assistir ao primeiro treino após a derrota com o Leixões foi amplamente noticiada, mas Jesualdo Ferreira não lhe atribui grande significado por considerar "normal" a visita. "O presidente está sempre presente quando a equipa ganha ou perde e a posição dele é sempre a mesma: de confiança. É uma característica de ele trabalhar com quem tem confiança e a sua presença só significa isso. Quantas vezes o têm visto por aqui? E não quero dizer que só vem quando a equipa perde, porque, então, seria raro e ele está cá muitas vezes", frisou.

D' O Jogo

1 comentário:

dragao vila pouca disse...

Pena que o Professor não tinha dito - também ninguém lhe perguntou - qual era a ideia dele, ao colocar o Mariano a defesa esquerdo no jogo contra o Leixões.
Um abraço