sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O risco dos activos tóxicos

A crise mundial já chegou, naturalmente, ao futebol. Por cá, onde há muito que se sabia que havia clubes com dificuldades financeiras, a situação agravou-se muito e não me admira que alguns dos membros da Liga se vejam forçados, ainda no decorrer da presente época, a anunciar a sua insolvência, o que terá efeitos caóticos no panorama geral e um terrível impacto nas provas oficiais, deturpando os resultados e afectando a verdade desportiva.
Tendencialmente, todas as receitas vão diminuir. Já se nota que há menos espectadores nos estádios, com uma quebra de mais de 1000 espectadores por jogo. Os anunciantes também começam a apertar os cordões, e sabe-se que pelo menos um dos patrocinadores dos três maiores clubes portugueses irá deixar de os apoiar. No caso dos direitos televisivos, até aqueles que os negociaram mal devem estar agora a esfregar as mãos de contentamento por, ao menos, estarem «longos» nessas receitas. Por fim, e esta é uma questão crítica para os clubes nacionais, a probabilidade de mais-valias nos seus plantéis é, hoje, muito mais reduzida, na medida em que com a indústria em recessão, os passes dos jogadores terão, forçosamente, de sofrer uma desvalorização.

Neste cenário, preocupa-me muito a situação do FC Porto, porque tem muitos jogadores sob contrato: provavelmente o dobro dos que seriam necessários para disputar uma época. Ora, se esses jogadores não se valorizarem — ou pior, se não aceitarem eventuais rescisões e não puderem ser emprestados em condições de neutralidade — as amortizações de activos vão aumentar, a factura salarial vai, pelo menos, manter-se e não haverá a contrapartida nos resultados extraordinários. Já sei que me vão dizer que os outros estão muito pior. Pois seja, mas com as preocupações deles posso eu bem…

Rui Moreira n' A Bola.

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