sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Contra os alvos errados

DESDE o início do Apito Dourado que o FC Porto deixou de reagir, pela voz do presidente, aos casos em que tem sido prejudicado pelas arbitragens. Também se calou perante outros enxovalhos, como os de Platini. Hoje são os adversários quem usa o verbo, com menor mestria e ironia, mas com a acutilância que era nosso timbre.
Não seria expectável que os dirigentes tivessem secundado Jesualdo Ferreira e protestado depois, como fizeram os bracarenses e os leões, depois das mais recentes calabotagens? Com Pinto da Costa suspenso e, por isso, amordaçado, não se poderia endossar essa competência a outro dirigente? Para que serve a direcção de comunicação?

Ora, não acredito que o clube esteja atemorizado e admito que o silêncio faça parte de uma estratégia de contenção de danos, gizada pelo departamento jurídico. A ser assim, e enquanto a situação não se alterar, teremos de penar, ora sob o fogo da suspeita, ora impossibilitados de protestar. Resta-nos, durante este condicionamento incómodo mas temporário, aperfeiçoar a cultura de exigência do clube, que contrasta com a desculpabilização a que os adversários recorrem, quando atribuem os seus insucessos e aselhices a fantasiosos sistemas.

Ora, essa cultura só beneficia da discussão interna, livre e construtiva, que sempre existiu no clube. Por isso, é inaceitável que, poupando o inimigo externo, se apontem as baterias para o interior, tentando inibir e silenciar quem acha que nem tudo está sempre bem. Não havendo forças de bloqueio ou inimigos internos nas hostes portistas, essa censura exercida sob a forma de bravatas oficiais e de intrigas anónimas em instrumentos oficiosos, acaba por ser fútil, injustificada e injusta. É um tique absolutista, que não beneficia a coesão nem honra as cores azuis e brancas e as suas tradições.

Rui Moreira n' A Bola.

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