sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A exigência e o exagero

JESUALDO desabafou sobre a crítica. Já percebeu que muita dela estranha a hegemonia de um clube da província. E não são só os saudosistas dos tempos da velha senhora, em que se vencia por um decreto que não abrangia o FC Porto. Há gente moderna e bem pensante que não aceita este domínio que, por ocorrer fora de portas, desmente as mais inverosímeis suspeitas, e que se fia nestas para adiar o diagnóstico sobre o que desequilibra os pratos da balança.
Ora, um dos segredos do FC Porto é a cultura interna de exigência, que impede a desculpa fácil de que os adversários abusam, como Miguel Sousa Tavares apontou, a semana passada, a propósito das exageradas críticas dos benfiquistas às arbitragens, uma desculpabilização que também explica a falta de atitude que o insuspeito Fernando Seara reconheceu, depois da Trofa.

Por isso, Jesualdo sofre com a aparente injustiça, mas usufrui dessa exigência e da vigilância dos adeptos que, como eu, o admiram.

A esse propósito, recordo da sua participação no Trio d'Ataque — estava ele a caminho do Bessa —, em que lhe perguntei com pouca inocência quando iria treinar o FC Porto, uma premonição do que sucederia poucas semanas depois. E, é justo que diga (até porque há quem desconfie da sua conversão) que já então, nessa noite e em conversa após o programa, lhe ouvi os maiores elogios ao clube. Pena é que esta pressão lhe cause insegurança, depois de tantos anos e sucessos. É que, ainda que a lealdade nunca seja exagerada, razão pela qual se justifica a sua total adesão às políticas do clube, vai longe de mais quando afirma que o FC Porto é formador, só porque tenta valorizar, como qualquer outro clube, os atletas que compra.

Ser mais anterista do que Antero —o responsável pela discutível formação — é imaginativo mas escusado.

Não lhe fica bem.

Rui Moreira n' A Bola.

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