quarta-feira, 20 de abril de 2011

André Villas-Boas - Perder um jogo com o Benfica já foi suficiente e não gostei

Esta eliminatória da Taça está 2-0, a favor do Benfica; o duelo particular com Jesus está 3-1, favorável a Villas-Boas. O treinador portista acredita que pode anular a desvantagem e confessa que a derrota da primeira mão lhe deixou a certeza de não querer repetir a experiência.


Apesar da desvantagem, por ter sido campeão e por ter vencido na Luz, encara esta eliminatória com 50-50 de favoritismo?
Se estivermos ao nosso melhor nível, podemos garantir um resultado positivo. Se será ou não suficiente para passar a eliminatória, não sei. O Benfica é uma equipa extremamente competitiva e competente; os desafios costumam ser renhidos e difíceis de ganhar para ambos. A nossa motivação é total, porque se trata do acesso a uma final, mas temos de perceber que é preciso contrariar a desvantagem logo desde o início para que possamos tentar disputar esta eliminatória na parte final do jogo.

É diferente preparar a equipa para vencer e prepará-la para ter de vencer por mais de dois golos?
Nas eliminatórias que tivemos na Liga Europa não passámos por nenhuma situação de reviravolta. É a primeira vez que nos confrontamos com a situação de ter de dar a volta a um resultado. Impossível não é, obviamente. Será importante dar um sinal forte desde o início, o que não significa que não possamos ter capacidade emocional para reagir tarde e mudar nessa altura o rumo das coisas. Estamos confiantes e temos uma identidade sólida de muitos anos. Esperamos que essa identidade nos permita fazer golos e inverter o rumo da eliminatória.

A Taça é ou não prioridade?
Entramos em todos os objectivos para ganhar e este não foge à regra. Há clubes que vão ficando pelo caminho, mas queremos ter uma palavra a dizer. O ano passado vencemos a competição, há dois anos também; ainda podemos vencê-la este ano. Na época passada, o Benfica não esteve na final e também caiu nessa caminhada da Taça. Se passarmos, será óptimo, porque podemos ter hipótese de garantir a dobradinha. Se não acontecer, o objectivo principal, que era o campeonato, como acontece em qualquer clube do mundo, está ganho.

O facto de partir em desvantagem é, por si, um incentivo para que o FC Porto se transcenda?
Pode ser. Tudo parece encaminhado para que o Benfica passe à final e o FC Porto tem esta possibilidade de mudar um pouco o destino. É uma boa oportunidade para nos transcendermos, mas sem cometer erros, porque quem muito se quer transcender acaba por esquecer a realidade das coisas. Não vamos demasiado acelerados. Correndo bem o jogo, podemos ganhá-lo. Mas, é preciso perceber que ganhar pode não ser suficiente. Tudo tem de correr na perfeição. Transcendermo-nos em demasia pode levar a erros que não podemos cometer.

Falou da necessidade de a equipa se transcender. Esta é melhor fase para o pedir? Afinal, foi campeão há pouco tempo, venceu na Luz, tem quebrado uma série de recordes...
Acima de tudo, como disse, é uma boa oportunidade para contrariar o que se espera que aconteça. Se o que se espera é ter o Benfica na final, será uma boa oportunidade para provar o contrário. Não basta transcendência, será preciso competência e sabedoria. Jogaremos 90 ou 120 minutos.

Duas perguntas: se o facto de ser Roberto o guarda-redes do Benfica pode ser uma vantagem para o FC Porto e se, enquanto treinador, fica particularmente irritado ao perder com o Benfica.
Não vou responder à primeira parte da pergunta. Se fico irritado por perder com o Benfica? Perder um jogo já foi suficiente e não gostei, como qualquer adepto do FC Porto e como qualquer treinador que defende as cores de um clube. Ninguém gosta de perder, seja contra quem for, e perdemos com o Benfica no Dragão. Pode acontecer em qualquer jogo; perder, ganhar ou empatar é normal. Ganhar pode é ser insuficiente para garantir o objectivo de estar na final...

"Ficar a 19 pontos é uma frustração..."

O FC Porto queixou-se de 15 erros no jogo de campeonato que venceu na Luz e, anteontem, o director de comunicação do Benfica disse ficar à espera de nova conferência portista para avaliar o trabalho de Artur Soares Dias no clássico com o Sporting, que os portistas venceram. Villas-Boas respodeu à provocação.


Estamos a praticamente 24 horas do jogo. Parece-lhe normal não haver ainda árbitro designado quando já o há para a final da Taça da Liga, que é só no sábado?
É um bocado peculiar, tal como a distância entre os dois jogos nesta eliminatória. Talvez tenha que ver com a disponibilidade dos árbitros ou talvez seja uma defesa do árbitro, tendo em conta o clima de suspeição à volta do Artur Soares Dias [árbitro do FC Porto-Sporting]. Desejamos é que o jogo lhe corra bem.

Que comentário lhe merece a intervenção do director de comunicação do Benfica, que disse esperar uma conferência de Imprensa do FC Porto para falar dessa arbitragem do jogo com o Sporting?
Ficar a 17 pontos é diferente de ficar a 19 pontos, que será a maior diferença da história. É uma frustração natural de um clube que investiu da forma como o Benfica investiu; quaisquer dois pontos são uma óptima chama de motivação e, se calhar, era dessa motivação que andavam à procura, tentando justificar o injustificável. O melhor é mandar na sua própria casa e não mandar recados para a casa dos outros.

"Não me quero autovangloriar prefiro homenagear a minha equipa"

Se não conseguir os objectivos neste jogo, não vai dizer que tem a equipa mais desgastada?
Não, porque fisicamente temos estado a um nível fora do normal. Quem vem com uma viagem de seis horas da Rússia devia ter direito a jogar na segunda-feira, mas não pôde . Mesmo assim, apresentou-se com tremenda agressividade mental e física num clássico, onde supostamente pouco havia para conquistar - e eu refuto isso, porque há muito a ganhar ainda. Apresentar-se àquele nível, sobretudo depois do desgaste no sintético de Moscovo, é fruto do talento dos jogadores, mas também é mérito da minha equipa técnica, que vai gerindo a recuperação. Não me quero autovangloriar; prefiro prestar uma homenagem mais do que justa à minha equipa.

Mas não teria sido mais confortável fazer descansar quatro ou cinco jogadores?
Apresentamos as convocatórias com quem nos dá máximas garantias. E eram aqueles que foram chamados que as davam, como se viu.

"Castigo? Cada um é responsável pelo que faz"

Merece-lhe algum comentário a discrepância entre o castigo proposto pela instrutora do processo a Jorge Jesus e o que lhe foi efectivamente aplicado pela CD da Liga? Por outro lado, ter Jesus no banco pode trazer mais emoção ao duelo táctico entre os dois?
Os clássicos são vividos com grande intensidade e fico satisfeito por o defrontar mais uma vez. É uma grande oportunidade, e tenho tido já algumas durante a carreira. Esta não é uma luta entre os dois treinadores, mas sim entre dois clubes; duas grandes organizações. Tenho um respeito máximo pela sua competência e pela forma como as suas equipas jogam, não tenho dito outra coisa. Relativamente ao castigo, não atribuo grande importância a isso, porque a decisão está tomada, por muito que existam opiniões divergentes sobre o que poderia ter pesado. A realidade é que saiu aquele castigo e não tenho nada que ver com isso; cada um é responsável pelo que faz. Mas é, naturalmente, estranho para toda a gente.

Treinou grandes penalidades para a Luz?
Sim, treinámos hoje.

Nem Roma, nem... Real

André Villas-Boas garantiu não ter recebido qualquer proposta do Roma, notícia que, de há uns tempos para cá, tem sido recorrente. "Não é verdade", disse. E disse também que não recebeu sondagens de "nenhum clube". Mais à frente, perguntaram-lhe se já lhe passou pela cabeça enfrentar o Real de Mourinho na próxima Supertaça Europeia, caso vença a Liga Europa e Mourinho a Champions. "Nem sequer perspectivo isso. São demasiados "ses" para responder à pergunta".

Villarreal é da "verdadeira Liga Europa"

Villas-Boas assistiu à vitória do Villarreal sobre o Saragoça, preparando a meia-final da próxima semana e reforçou certezas quanto ao adversário. "É uma equipa que eliminou Nápoles, Bayer Leverkusen e Twente, que era líder na Holanda; teve uma fase de grupos com enorme qualidade de jogo. Estamos a falar de uma equipa que nos provoca um maior desafio; é uma final antecipada, com uma equipa que vem desde o início da competição, algo que deve ser valorizado. Será bom para UEFA ter na final pelo menos um representante da verdadeira Liga Europa". Sobre a hipótese de ter Belluschi nesse jogo, algumas reservas. "Temos de ir com calma, porque é preciso reintegrá-lo. Queremos muito o seu regresso, como o dos outros, mas, para já, ainda não está dentro das expectativas".






Hugo Sousa n'O Jogo.

1 comentário:

P. Ungaro disse...

Boas,

Mais uma vez vamos defrontar o clube do xistrema !!! é castigos ridiculos ao treinador, são arbitragens como se viu da ultima vez que la fomos, são os vandalos que apedrejam desde policias a casas ... a esse clube tudo é permitido.
Mas mais uma vez a nossa equipa se estiver com a atitude, a raça e a determinação que nos caracteriza vamos ganhar.

Um abraço

http://fcportonoticias-dodragao.blogspot.com

PS - tenho o teu link no meu blog se pudesses fazer o contrario agradecia.