quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Males que vão por bem

Como ninguém me dá palmadinhas nas costas há muito tempo vou ter de partilhar com os meus pacientes leitores um complicado exercício de contorcionismo para me felicitar a mim próprio: tinhas razão, pá. Quem, eu? Muito obrigado. É verdade, tinhas razão quando disseste há uns meses que Itália e o seu futebol feito de rigores tácticos e desenhado a régua e esquadro eram, provavelmente, o pior destino para o anarquismo curvilíneo de Quaresma. E, não apenas isso, também tinhas razão quando disseste que os adeptos do Inter e José Mourinho seriam muito menos tolerantes do que os do FC Porto e Jesualdo Ferreira em relação aos excessos do artista. Mas ninguém te dá ouvidos e depois acontecem desgraças, como esta de termos um dos jogadores mais talentosos do futebol português a marcar passo quando devia estar a marcar golos. E que falta fazem os golos dele à Selecção Nacional. Por outro lado, há sempre males que vêm por bem. Ou que vão. Quaresma foi e deixou-nos perceber em Raul Meireles o jogador que sempre ali esteve, pronto para fazer assistências e golos e marcar livres e cantos. Caramba, até tinha lugar no Inter.

Jorge maia n' O Jogo

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