sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ninguém de boa-fé pode dizer que fomos beneficiados em Alvalade

A arbitragem, nomeadamente a de Bruno Paixão em Alvalade, foi o tema forte da conferência de ontem de Jesualdo Ferreira, que voltou a criticar fortemente as entidades reguladoras do futebol português.

Que opinião tem sobre a polémica criada após a arbitragem de Alvalade?

Conhecem as minhas declarações no final do jogo e deixo uma pergunta para quem quiser responder: haverá alguém de boa-fé que consiga dizer que o FC Porto foi beneficiado no jogo com o Sporting?

Mas qual é a sua resposta para essa pergunta?

Já sabem qual é… Já falei sobre o assunto. No entanto, vi as análises que foram feitas depois do encontro e parece que algumas pessoas viram outro jogo. Estive em Alvalade, vi aquele jogo, mas algumas pessoas devem ter estado noutro sítio qualquer. E já agora podia deixar outra pergunta sobre a nota do árbitro, até porque agora temos um problema no país por causa das avaliações... A questão das avaliações é muito importante, porque promovem o desenvolvimento. Isto é: serve para eliminar os incompetentes e valorizar os competentes. E quando se trata de avaliar profissionais, é importante que a pessoa que avalia também tenha competência para o fazer. Ao longo destes anos, tenho lido alguns relatórios de observadores, e eu, tal como muitas pessoas, ficam incrédulas com o que vêem e não acreditam minimamente naquilo. O problema é que depois continua tudo igual. Quem comanda o futebol, a estrutura que está no topo, não pode permitir que estas situações se repitam.

Mas que nota daria ao trabalho de Bruno Paixão em Alvalade?

Não dou notas, porque não tenho competência para o fazer. Aquilo que vi foi uma arbitragem difícil, num jogo intenso e difícil, que obrigaria o árbitro a assumir uma posição forte e a tomar decisões que exigiam competência e coragem.

Disse, antes do jogo, que o Bruno Paixão era uma árbitro competente. Está arrependido de ter proferido essas declarações?

Como sabem, nunca fiz juízos de valor por antecipação. A única coisa que disse antes do jogo foi que queria uma equipa de arbitragem competente e com coragem, porque para aquilo é preciso ter coragem. Disse no fim do jogo e repito: para se fazer carreira como árbitro profissional é preciso ter coragem, é preciso tomar decisões. Dar palpites e falar é fácil, mas decidir não o é. Por isso é que se tem de ser competente e ter coragem. Muitas vezes existe competência, mas não existe essa tal coragem. Logo há um desvio de comportamento. Sei que é muito difícil a tarefa de um árbitro - às vezes arbitro nos treinos e sei o que custa -, e nunca me viram, nem vão ver, a tomar uma atitude agressiva perante um árbitro. A questão fundamental, no meio disto tudo, passa por saber quem vai tomar conta disto e quem vai fazer o quê.

Nessa perspectiva, que análise faz das declarações do Paulo Bento no final do jogo?

Todas a gente sabe que tenho um carinho e uma estima pessoal e profissional muito grande pelo Paulo Bento e, se ele disse aquilo, de certeza que vai assumir a sua posição, porque é uma pessoa de coragem.

Jesualdo Ferreira n' O Jogo

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