Guarín conversou com O JOGO sentado na bancada do Estádio do Dragão, um local de sentimentos contraditórios, de onde só recentemente se habituou a ouvir palmas. O bom final de época, disse o colombiano, não foi apenas isso, até porque o médio promete continuar a jogar bem se - e há sempre um se - puder jogar com a mesma regularidade. Pelo meio, ainda elogiou o futebol praticado pela Académica de André Villas-Boas.
Como explica o seu grande final de época?
Deve-se ao trabalho diário e ao facto de ter sabido esperar pela minha oportunidade. Para mim, não foi fácil ficar um ano e meio sem jogar regularmente; estava sempre à espera de jogar três ou quatro jogos seguidos, mas por uma razão ou por outra nunca acontecia. Apesar disso, no meu íntimo, mantive a confiança e a crença de que esse dia acabaria por chegar, e pensava sempre que teria de estar bem nessa altura. E foi isso que aconteceu. Era um objectivo pessoal e fico contente por, finalmente, ter conseguido mostrar aquilo que posso fazer. Fiquei muito orgulhoso por cada golo que marquei. Às vezes - nem sei bem como explicar isto... - sentia uma enorme raiva por não conseguir mostrar o meu futebol neste grande clube. Sabia que tinha condições para ser titular, mas acabava sempre por acontecer alguma coisa que não me ajudava a continuar na equipa. Agora, no final da época, ganhei uma enorme confiança com o decorrer dos jogos e penso que aproveitei da melhor forma as oportunidades. Mas não quero ficar por aqui; quero continuar assim na próxima época, porque posso dar ainda mais a este clube.
Durante o período em que não era titular chegou alguma vez a pensar que nunca iria ter sucesso no FC Porto?
Sim, muitas vezes. Houve momentos em que me passavam mil e uma coisas pela cabeça, pensamentos negativos e, às vezes, positivos. Apesar disso, sempre mantive a esperança de que um dia ia conseguir mostrar o meu talento.
A mudança táctica - utilização de quatro médios - favoreceu esse crescimento individual?
No final da época, e com esta nova táctica, o treinador deu-me muita liberdade para jogar. Isso foi fundamental, porque consegui demonstrar o meu melhor futebol; podia atacar, estar sempre perto da área, à espera da bola para rematar, e só por isso é que marquei tantos golos. Houve alturas em que quase jogava como avançado, porque estava muito adiantado no campo. O treinador deu-me confiança e liberdade para jogar assim e correu tudo bem, não só a mim, como à equipa.
Quando chegou, tinha saído Paulo Assunção e foi experimentado a trinco...
Sim, é verdade, e acho que isso me prejudicou. Quando cheguei, pensava que um trinco no FC Porto tinha as mesmas funções de um trinco na Colômbia, ou seja, que era um jogador que podia sair a jogar e acompanhar os médios de ataque. Mas, aqui, não é isso que se pede a um trinco, porque o médio-defensivo não joga da mesma forma que na América do Sul. Isso prejudicou-me, mas também prejudicou outros jogadores, como o Bolatti ou até o Tomás Costa. Normalmente, um médio-defensivo que jogue numa equipa sul-americana não costuma ter tantas responsabilidades defensivas como no FC Porto. Apesar disso, aprendi algumas noções para desempenhar essa função e até posso jogar naquela posição, embora, definitivamente, não seja essa a minha posição de origem no actual esquema do FC Porto.
Como se encontra o processo de renovação com o FC Porto?
Neste momento, tenho a garantia de que vou continuar na próxima temporada. Tenho mais dois anos de contrato com o FC Porto e, quando voltar das férias, fiquei de conversar com o Antero sobre o assunto. Existe a possibilidade de prolongar o contrato. Logo veremos o que acontece.
O que pode prometer aos adeptos para a próxima época a nível individual?
Estou muito confiante e, com este final de época, vou regressar para a próxima com uma motivação tão grande que espero demonstrar em definitivo todo o meu potencial. Quero fazer uma grande temporada para ajudar o FC Porto a ganhar títulos, até como forma de retribuir tudo o que o clube tem feito por mim. Também espero conseguir retribuir, finalmente, o carinho que sempre senti dos adeptos do FC Porto, mas também dos colombianos. Só espero que o novo treinador confie em mim e me dê oportunidades.
Pedro Marques Costa n' O Jogo.
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