terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

André Villas-Boas - Das últimas vezes o Benfica também estava motivado

André Villas-Boas apresentou-se ontem na sala de Imprensa tranquilo, pouco polémico e com muitos elogios para o Benfica. Mas os elogios ao adversário serviram também para dimensionar os méritos deste FC Porto...

Este vai ser o terceiro jogo com o Benfica esta época, tendo o FC Porto vencido os dois anteriores com um score total de 7-0. Apesar disso, considera que este embate vai ser mais complicado do que os últimos dois, devido ao bom momento do adversário?
A motivação do Benfica está em alta, fortíssima, tendo como base os meses de Dezembro e Janeiro, onde acumularam um número importante de vitórias consecutivas. O Benfica está forte, mas acreditamos que o Benfica que defrontámos na Supertaça e depois no Dragão também estava em crescendo. Não foi um Benfica em queda. Vamos defrontar a mesma equipa dos dois últimos jogos; uma equipa organizada, de ataque, que tem um número incrível de golos marcados e uma capacidade ofensiva notável. É a mesma equipa que se sagrou campeã no ano passado, que mostrou o seu futebol de uma forma clara, mas também a que defrontámos nos dois últimos clássicos. Não quero acreditar que os princípios de jogo do Benfica mudem e também não me parece que as alterações que fizeram para o jogo com o Dragão tenham sido tão substanciais como se fez crer. Por isso, espero o mesmo Benfica de sempre, extremamente motivado pela sequência de vitórias.

Jorge Jesus referiu que o Benfica vinha em alta ao Dragão. Acha que a formação da Luz está mais forte nesta fase da época?
Da minha parte, vem a mesma equipa. Se para o treinador do Benfica vem outra, só ele poderá explicar porquê. Acredito na mesma organização de jogo que, no Benfica, muda muito pouco, embora também acredite que o factor motivacional deles esteja agora mais reforçado. Mas pergunto: será que não estava na Supertaça, tendo em conta a pré-época que fizeram? E não estava reforçado no jogo da primeira volta, tendo em conta os jogos consecutivos que tinham ganho antes de visitar o Dragão? Por isso, para mim, vem exactamente a mesma equipa. Agora, não sei se estarão mais motivados pela sequência de 13 vitórias consecutivas, ou 10, ou lá quantas são, porque não sei bem essa contabilidade.

A recente vitória por 5-0 traz maior motivação ou responsabilidade à sua equipa?
Esse é um resultado anormal. Não é comum, embora no futebol espanhol também apareçam resultados destes de vez em quando. Mas, normalmente, o que acontece são jogos bem disputados, com resultados curtos e pouca diferença de golos, muito por culpa da grande intensidade como são vividos estes embates. Não me parece, sinceramente, que o resultado da primeira volta para o campeonato se possa agora repetir.

A Taça de Portugal ganha mais importância devido à eliminação na Taça da Liga?
Não. Perdemos a Taça da Liga, não perdemos a Liga dos Campeões. É preciso atribuir a importância que cada competição merece. Queremos ganhar todas as provas que disputamos, mas nenhuma ganha maior preponderância a partir do momento em que perdemos a Taça da Liga. Nessa competição, os nossos objectivos ficaram comprometidos desde o início.

Tinha preferido outro adversário nesta altura da temporada?
O adversário foi ditado pelo sorteio. Temos um calendário apertado nos meses de Janeiro e Fevereiro, mas essa é a realidade das equipas de topo. A partir daí, sentimo-nos confortáveis com qualquer adversário. O mais importante era seguir em frente nas competições onde estamos inseridos; falhámos uma, mas continuamos o nosso percurso na Taça, com um clássico pela frente e o objectivo de chegar à final.

Na eventualidade de o jogo não correr bem ao FC Porto, espera um público paciente?
Estou à espera que o Dragão esteja cheio. É isso que queremos. Tudo o que é emoção vinda do público é importante para nós. Pode mesmo ser decisivo. É esse espírito que precisamos e a emoção que vem dos nossos adeptos nunca será negativa, mas sim positiva.

Qual é a influência que este jogo pode ter para o campeonato?
Não quero acreditar muito nisso. Não quero acreditar que uma meia-final da Taça de Portugal disputada a duas mãos se possa relacionar com o que se seguirá no campeonato ou nas competições europeias. A seguir, temos o compromisso de vencer o Rio Ave, tal como o Benfica terá o objectivo de ganhar na visita a Setúbal. Não acredito que este jogo tenha o poder de destruir ou motivar uma das equipas.

Tendo em conta que se vai disputar uma eliminatória a duas mãos, que resultado lhe agradaria neste jogo?
O factor casa é sempre importante, se bem que o FC Porto tenha um historial nas competições europeias de vitórias alcançadas com os jogos da segunda mão a serem jogados fora. Ou seja, temos essa experiência. Por isso, acredito que é no jogo do Estádio da Luz que tudo se vai decidir.

Que comentário lhe merece o facto da segunda mão se jogar daqui a quase três meses?
É estranho e não faz sentido. É muito, muito tempo. Mas é assim que o calendário está estipulado e foi, muito provavelmente, aprovado pelos clubes, pelo que, a partir daí, haverá pouco a dizer. Mas serão dois jogos completamente diferentes.

Acredita que o Benfica vai utilizar o seu esquema habitual, com dois avançados, dois alas, um médio-ofensivo e apenas um defensivo?
Só conheço o Benfica com essa estrutura e foi com essa estrutura que também nos defrontaram das últimas vezes. É verdade que tiveram jogadores diferentes, tal como nós, mas a estrutura foi essa...

Acha que pode tirar vantagem do facto de o FC Porto jogar com três jogadores na zona central do meio-campo, contra apenas dois do Benfica?
Não... Supostamente, no meio-campo até poderemos ficar em inferioridade numérica, dependendo do posicionamento dos médios-interiores do Benfica - se dão mais largura ou se vão jogar mais por dentro. Se derem mais largura, no papel podem oferecer-nos superioridade de três para dois; mas também podemos ficar em inferioridade de quatro para três se jogarem por dentro. No entanto, tudo depende da dinâmica utilizada pelas duas equipas, porque a táctica não é uma questão estática. Não acredito que isso será decisivo no jogo. Acredito, sobretudo, que o Benfica vem jogar ao Dragão com a mesma estrutura de sempre e com os mesmos princípios de jogo.

André Villas-Boas garante que a troca de palavras com Jorge Jesus não passa de "mind games". Por isso, espera que o treinador do Benfica não tenha interpretado as "bocas" como um ataque... pessoal.


As relações entre o FC Porto e o Benfica não são as melhores; para além disso, tem-se assistido a constantes trocas de palavras entre os dois treinadores. Está à espera de um jogo tranquilo ou antevê problemas?
Queremos proporcionar um grande espectáculo e acreditamos que do outro lado a intenção seja a mesma. O jogo vai ser disputado entre as duas equipas que estão a lugar pelo primeiro lugar do campeonato; o FC Porto encontra-se na liderança e com uma boa vantagem, mas o Benfica está num forte crescendo relativamente ao início da época. Estes dois jogos vão dar acesso à final da Taça de Portugal e espero que se assista a um bom espectáculo no Dragão. Não quero que este jogo se destaque pela negativa, através de confrontações ou expulsões. Não é esse o clássico que ambiciono. Espero uma partida bem disputada e, no final, que ganhe o melhor.

Vai cumprimentar Jorge Jesus?
Penso que sim. Se for oportuno da parte dele, por mim não há nenhum problema. Como sabem, acredito nos mind games e na construção de vitórias através da comunicação para o exterior. Não tenho problema em fazê-lo. No entanto, não sei se ele terá levado alguma das minhas afirmações para o lado pessoal. Da minha parte, não vejo problema nenhum com isso.

Estas conversas à distância com Jorge Jesus podem criar ansiedade nos jogadores das duas equipas?
Acho que não. Nos meus não. Isso faz parte da liderança e da construção de um grupo animicamente forte. Não acredito que isso iniba o rendimento dos jogadores que lidam, ao longo da carreira, com vários tipos de treinadores. Aqui, é o talento individual e colectivo que fará a diferença. A partir do momento em que o jogo começa, o imprevisível pode sempre acontecer e somos tão espectadores como qualquer outro. Quem decide os jogos são eles; os jogadores é que levam as nossas ideias para o relvado.





Pedro Marques Costa n' O Jogo.

1 comentário:

Dragus Invictus disse...

Bom dia,

Logo vai ser um jogo totalmente diferente do que seria um a contar para o campeonato. Trata-se de uma eliminatória a duas mãos, e por conseguinte isso irá condicionar táticamente as equipas.

Espera-se que seja um excelente jogo de futebol, que ambas as equipas joguem um futebol de ataque, e que o péssimo árbitro nomeado não tenha influência no resultado.

Que os jogadores se respeitem e não entrem em picardias, e que tudo corra bem fora do campo entre adeptos.

Basta de guerras, isto não passa de um jogo de futebol.

Se o nosso Porto estiver ao seu nível, vencerá este jogo, pois é no seu conjunto melhor e mais sólido que o Benfica.

Abraço

Paulo

http://pronunciadodragao.blogspot.com/