segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Hulk: da Paraíba ao estrelato

Entrevista publicada no site Terra:

Arrancar mais do que duas ou três frases de Hulk é um desafio. A timidez e a simplicidade são marcas comuns ao atacante que impressiona a Europa por tudo o que vem fazendo no Porto. Pacato, ele é celebridade mesmo é em Campina Grande, na Paraíba. "As crianças daqui lhe adoram", conta Zé do Egito, seu descobridor no futebol.

O camisa 12 portista, personagem desse conteúdo especial preparado pelo Terra, é do tipo que não faz questão de reconhecimento. Quer mesmo é se firmar na Seleção Brasileira e foi chamado por Mano Menezes para enfrentar a França, em amistoso marcado para a próxima quarta-feira.

Na caça recente do Real Madrid por um camisa 9, o paraibano foi nome pedido por José Mourinho, mas Adebayor acabou se saindo um reforço mais acessível. Sem problemas para Hulk, que acredita já estar em clube de ponta. "O Porto tem duas Ligas dos Campeões", justifica.

Sua saída de Portugal não é simples por um detalhe: quando foi adquirido junto ao futebol japonês, Hulk teve apenas 50% dos direitos econômicos vendidos ao Porto. Logo, em uma negociação, os portugueses só ficam com metade do pagamento - o resto vai para um grupo de empresários liderado pelo uruguaio Juan Figger.

Abaixo, saiba mais do que pensa Hulk conferindo a íntegra de sua entrevista exclusiva ao Terra:

Terra - Hoje você é o grande atacante brasileiro na Europa. Como se sente por isso?
Hulk - Feliz por ter meu trabalho reconhecido. Devo isso ao Porto, que me deu todo esse espaço para me destacar aqui. Estando em um clube grande, é fácil ser reconhecido se você trabalha bem.

Terra - Você é geralmente um ponta no Porto. Acha possível atuar como centroavante na Seleção, que tem carências na posição?
Hulk - Aqui no Porto, isso é normal, e jogo nas duas. Jogo como centroavante em algumas partidas e sempre tento dar o meu melhor. Procuro fazer o melhor por aqui para jogar na Seleção. Seja como ponta ou como camisa 9, quero fazer gols e ser reconhecido pelo Mano.

Terra - Sua trajetória é bastante incomum. A que isso se deve?
Hulk - Tive que sair cedo do Brasil para jogar no Japão. Tinha só 18 anos e passei três anos e meio. Foi um grande aprendizado, descobri muitas coisas, evolui e tive a felicidade de ir para um clube grande da Europa. Hoje está tudo muito bem e sou feliz por isso.

Terra - Saiu contra vontade do Vitória para o Japão?
Hulk - Eu também quis ir para o Japão. É que a questão financeira era muito boa. Eu só tinha feito dois jogos no Campeonato Brasileiro e fiz a minha vida toda no Japão. Após um ano de adaptação, tudo por lá foi uma maravilha.

Terra - Você chegou a Portugal sem experiência por clubes grandes e logo mostrou serviço. Por quê?
Hulk - Me adaptei muito bem a Portugal, mas na segunda época tive dificuldades e fiquei sem jogar por três meses. Acho que perdi a Copa do Mundo também por isso. Antes desse castigo, tive a oportunidade de deixar uma boa impressão e acho que poderia jogar o Mundial.

O jogador teve uma punição polêmica: em um clássico com o Benfica, durante a saída no túnel de acesso aos vestiários, houve confusão generalizada e o brasileiro, junto ao companheiro de time Sapunaru, teria agredido um chefe de segurança do estádio.

Terra - A punição foi justa?
Hulk - Não, na verdade até hoje não sei por que fui punido. Me pergunto o porquê disso. Não sei o que aconteceu, foi uma confusão no túnel e não tinha imagem que mostrasse uma agressão clara, mas o Sapunaru e eu fomos punidos. Falaram que seriam três jogos, mas na verdade foram 18. Deixei isso para trás e atravesso um grande momento. Trabalhei bastante para voltar por cima e, desde então, tudo vem dando certo.

As suspensões foram polêmicas: Hulk e Sapunaru foram imediatamente afastados e esperaram um julgamento por dois meses. A decisão tomada pela Comissão Disciplinar, cujo presidente é benfiquista fervoroso, foi revogada pelo Conselho de Justiça da Federação. O brasileiro perdeu 18 partidas.

Terra - Você tirou lições da punição?
Hulk - Lógico, sim. Evoluí bastante. Trabalhando firme no dia a dia, você colhe frutos. E acho que venho colhendo. Temos que procurar aprender com o que acontece de errado e também melhorar com as coisas boas.

Terra - Você já recebeu propostas concretas para deixar o Porto? Se sim, de quais clubes?
Hulk - Sempre tem especulações, mas digo que não é bom dar ouvidos para elas. O importante é ficar preocupado no Porto e fazer bem meu trabalho. Deixo tudo isso para meus empresários. Penso só no Porto.

Terra - Mas você não almeja jogar em um centro maior que Portugal?
Hulk - Já estou em um time grande da Europa, que ganhou a Liga dos Campeões e a Liga Europa. Aqui procuro dar meu melhor. Se ocorrer uma transferência, que seja boa para todos. Mas repito: deixo com meus empresários.

Terra - O apelido Hulk é um marketing forte. Isso também te ajuda?
Hulk - Também chama a atenção, né? Eu gostava do Hulk, que é conhecido mundialmente, e agora também tem outro Hulk, no futebol. Vem dando certo assim. Vamos torcer para eu continuar forte como ele (risos).

Terra - Você sente falta de ser mais conhecido pelos brasileiros?
Hulk - Não ligo tanto para mídia ou em ser reconhecido. Quero é fazer bem meu trabalho no Porto e ser chamado para a Seleção. A preocupação que tenho é de jogar bem. E sem dúvida que a Seleção me ajudará a ser reconhecido. Quero e tenho esse sonho de fazer minha história. Vou continuar em busca disso. 

Dassler Marquez

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