segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A verdade. Só.

Pela terceira vez o Benfica dedica-me um solene comunicado no seu site oficial, com o original título “A verdade é como o azeite”, para me atacar violentamente e colocar em causa a minha honorabilidade. E que crime é que eu cometi desde tempos imemoriais? Apenas um, não ser benfiquista (na mente desta gente que não aceita a diferença).

Alega o Benfica que durante o período em que assumi a editoria de desporto da Agência Lusa mantive uma prática “difamatória, parcial e tendenciosa em relação ao tratamento que dava a toda a matéria noticiosa do SL Benfica” e acrescenta que fez várias queixas à Entidade Reguladora da Comunicação e ao presidente da Lusa.

E importa esclarecer que nunca a ERC me condenou, censurou, recomendou o que quer que fosse, já o contrário… Tão pouco o presidente da Agência Lusa alguma vez se imiscuiu no trabalho da editoria de desporto.

Mas houve uma coisa que o Benfica nunca conseguiu negar, foi a autenticidade das notícias por mim assinadas. Eram todas verdadeiras, em especial as que mais doeram à “inteligentzia” do Benfica, como aquela em que noticiei que apesar do quarto lugar na época 2008/09 a SAD tinha pago prémios de desempenho à Administração. E que desempenho, digo eu. 

Ou aquela outra notícia, suportada em imagens vídeo, em que se via (e vê, que elas existem para quem não quiser ter palas) um funcionário do Benfica a desviar o alcance de uma câmara do sistema interno de vídeovigilância horas antes da recepção ao FC Porto de forma a não registar as agressões à comitiva do FC Porto (nas imagens apenas se percebe o team-manager do FC Porto a ser agredido com um pontapé nas costas). 

Isto foi na época anterior ao célebre túnel da Luz e ilustra uma forma de agir de um clube que gosta muito de parecer educado mas que não resiste à tentação de armar ciladas aos seus adversários. A máscara haveria de cair, como se viu este domingo, no final do jogo com o Marítimo, ou há poucas semanas, no final do jogo com o Nacional.

O que o Benfica não aceita realmente é que haja quem pense diferente, quem não aceite ser subserviente a este ou aquele poder e, acima de tudo, que haja quem lhe fuja ao controlo. 

Durante mais de 20 anos desempenhei várias funções como jornalista, aprendi com os melhores e procurei sempre continuar a evoluir e a partilhar o meu conhecimento. Ao longo desse tempo conheci jornalistas de muitas cores, de muitos credos e de muitas ideologias e com todos mantive sempre as melhores relações, porque, sendo adepto do FC Porto, não acho que só os adeptos do FC Porto sejam sérios. 

Na Lusa encontrei um grupo de jornalistas maioritariamente adeptos do Benfica, mas nenhum deles algum dia poderá dizer que prejudiquei ou beneficiei este ou aquele por ser do clube A ou do clube B e nunca escondi a ninguém que sempre fui adepto do FC Porto. A atestar a minha honorabilidade e honestidade profissional deixo ficar aqui alguns dos mails que recebi da minha equipa quando anunciei a saída da Agência Lusa, que provam como é possível trabalhar de forma séria e honesta com gente séria e honesta, independentemente do clube de cada um, mas isso as pessoas com responsabilidades actuais no Benfica jamais poderão compreender.

“O melhor chefe de sempre.
Soube motivar.
Muitas vezes incentivou o impossível, que outras tantas se tornou possivel.
Tem uma coluna.
É um grande profissional.
Merece a melhor sorte, no novo caminho que escolheu.
Merece a pior sorte no clube regional que escolheu.
Merecíamos melhor sorte, mas os bons são assim, enguias que não cristalizam num sitio.
Muitas felicidades ao intragável portista”.

“Francisco, faço minhas as palavras do XXXXX :)
O melhor chefe que tive. Que me motivou, ensinou, tentou valorizar (e aproveitar o que eu sabia fazer melhor).
Vais deixar saudades, até nas nossas diferenças clubísticas (enormeeeeeeeeees, como sabes).
Boa sorte na tua nova aventura. 
XXXXX deseja-te toda a sorte”

“Francisco,
Há bocado fui apanhado um bocado de surpresa e nem disse nada. 
Acima de tudo quero desejar-te grande sorte neste novo desafio profissional (que fico à espera de saber qual é!), mas também agradecer por este período em que estiveste ao leme do barco! Sei das minhas dificuldades e reconheço-as, mas apesar de tudo sei que também me ajudaste a melhorar e a ser um pouco mais desenmerdado (acho que a palavra não existe, mas se tiveres dúvidas podes sempre perguntar ao Ciberdúvidas!). 
Prometo continuar a defender as cores azuis e brancas neste lugar infectado de lampiões e lagartos!
Um abraço”

“Foi com tristeza que recebi a tua noticia e realmente tenho muita pena que vás embora. Obrigado por dois anos em que aprendi muito mas mesmo muito contigo. A melhor sorte do mundo para o novo desafio profissional. Um grande abraço deste "lagarto".”

Para finalizar, ao longo da minha carreira de jornalista escrevi textos simpáticos e antipáticos para com o FC Porto, para com o Benfica, para com o Sporting e para com todos os clubes. É a vida. É um facto indesmentível que escrevi que o FC Porto se sagrou pentacampeão, que o FC Porto venceu a Taça UEFA, que o FC Porto venceu a Liga dos Campeões, a Taça Intercontinental, o tetracampeonato e nunca o fiz em relação ao Benfica, mas a culpa não é minha. Juro.

Francisco J. Marques
Director de Informação do FC Porto

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