terça-feira, 9 de novembro de 2010

Calvário

Estive para aqui às voltas com a minha consciência, a tentar resistir à tentação da metáfora fácil, mas a verdade é que sou um fraco. Ora, depois de ter sido anunciado aos sete ventos como o messias, depois de ter arrastado atrás de si multidões de fiéis para ouvir os seus sermões, depois de ter sido chamado mestre e mesmo depois de ter conseguido literalmente ressuscitar um morto, Jesus parece condenado à crucificação. Foi entregue nas manchetes dos jornais de ontem por alguns dos que se diziam seus apóstolos e há-de servir mais adiante para expiar os pecados cometidos por outros, mas provavelmente ainda tem uma longa via sacra para cumprir. Com dez pontos de desvantagem para o FC Porto de André Villas-Boas à 10ª jornada, com uma goleada que há-de ecoar pelos próximos anos às costas e sem perspectivas de operar um milagre que negue a evidência da superioridade do principal rival, Jesus só pode desejar que o calvário termine depressa. Entretanto, na sombra, não há-de faltar por aí quem lave as mãos.

Jorge Maia n' O Jogo.

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