sexta-feira, 25 de julho de 2008

Quartel-general em Abrantes

O ambiente desanuviou-se com a entrevista de Luís Filipe Vieira à RTP. Devo ter percebido mal, mas pareceu-me ouvir, do simpático presidente do Benfica, que tinha muito orgulho na escuta em que foi apanhado.
Passado esse equívoco, pelo qual me penalizo, garanto-vos que o ouvi explicitar a verdadeira intenção do Benfica, na questão em que se envolveu, a propósito da UEFA. Afinal, tudo se resumia a tentar repor a verdade desportiva. Foi essa a única razão pela qual enviou advogados à Suíça. Por isso, o clube nada perdeu na cruzada, em que a única vítima foi a verdade desportiva, ferida de morte com a participação do FC Porto que, como se sabe, não ganhou o campeonato.

Ficamos a saber que, para Vieira, o seu clube não deveria participar na Liga dos Campeões, caso o FC Porto tivesse sido excluído. Como nunca houve oportunismo, não haverá, também, aproveitamento futuro. Conclui-se, pois, que o Benfica nada perdeu e que o único prejudicado pelo fracasso do recurso foi o Vitória de Setúbal, que se devia estar a preparar, agora, para disputar a pré-eliminatória dessa competição.

Ficamos, também, com a certeza de que o presidente do Benfica não marca golos, e não se considera responsável pelos maus resultados desportivos do clube. Algo de que já se suspeitava, desde a venda tardia de Simão e o despedimento de Fernando Santos, há cerca de um ano. E, para que não fiquem dúvidas sobre a liderança, ouvimos a sua confissão de que, para esta época, tentou contratar Eriksson e Carlos Queirós. É um forte estímulo a Quique Flores, que assim aparece como de terceira apanha e iliba o presidente, se as coisas correrem para o torto.

Ficamos, por fim, com a agradável sensação de que, por este andar, não precisamos de estar preocupados. Tudo continuará como dantes, em Abrantes e no futebol português.


Rui Moreira no jornal A Bola

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