terça-feira, 22 de julho de 2008

Há males que vêm por bem

Jorge Maia

Há males que vêm por bem. Não deve haver ditado mais convictamente católico, apostólico e romano do que este, que a minha avó repetia agarrada ao terço como quem se agarra a uma bóia em alto mar. Apenas mais uma forma de se convencer que a todo o sofrimento correspondia uma redenção mais ou menos proporcional lá mais adiante. Mas, apesar de todo o meu cepticismo quanto a redenções, lá que há males que vêm por bem, há. Por exemplo, tenho muitas dúvidas que Aimar fosse jogador do Benfica se o FC Porto não tivesse sido confirmado na Liga dos Campeões na semana passada. A "derrota" dos encarnados no TAS exigia uma vitória a qualquer custo nas negociações com o Saragoça sob pena - pena capital, neste caso - de começarem já a rolar cabeças para o lado da Luz. Um desaire ainda se suporta, até porque uma grande parte da imprensa ajuda a varrer essas coisas para baixo do tapete, longe da vista e do coração, maltratado coração. Mas dois na mesma semana, um a seguir ao outro, de rajada, dois desaires seguidos seriam insuportáveis até porque indisfarçáveis. Exigia-se uma vitória na contratação de Aimar, um bem que compensasse o mal que o TAS tinha feito em Lausana e ela chegou mesmo a tempo de ocupar as primeiras páginas de cima abaixo, sem espaço para as outras minudências. Foi uma vitória paga a peso de ouro e com custos difíceis de avaliar até em termos de estabilidade dentro do plantel encarnado - que ficou a olhar de baixo para cima para o ordenado do argentino - mas se há alturas em que é preciso ganhar a qualquer custo para não ter de se pagar um preço mais alto, esta era claramente uma delas."

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