VIRAM? Resultou, afinal. O FC Porto segue em frente na Champions como único representante português na maior competição mundial de clubes — não vale a pena enumerar os factores que fazem do FC Porto um «caso de sucesso» nos esquadrões lusitanos da bola; para isso estão economistas e políticos de passagem, especialistas em cotação na bolsa e astrólogos que fazem previsões sobre a vida financeira das sociedades anónimas desportivas. Nós, pobre gente sem competência, interessamo-nos por futebol. Comovemo-nos com Radamel Falcao, arrepiamo-nos com uma incursão de Hulk, lembramos uma jogada que desperta a ilusão de uma felicidade momentânea. Não são precisos grandes comentários sobre o assunto.
Também não foi preciso nenhum fundamentalista da ordem vir acusar-me de ser «um homem em fé» — a festa da passagem aos oitavos-de-final obnubilou os vigilantes e a coisa passou. Lembro-lhes que não passou. Foi o próprio Jesualdo que lembrou que a qualidade do futebol praticado nem sempre esteve ao melhor nível, que faltava ali qualquer coisa, que não podia ser. Ah, como ele tem razão. Às vezes isso acontece; acontece durante semanas, acontece durante dois meses, meia temporada cheia de desníveis e solavancos — mas o talento ultrapassa os desaires e as desconfianças. Dois ou três leitores que, como eu, vestem de azul-e-branco, acham que eu sou especialista em não confiar em Jesualdo, e escreveram-me a dizê-lo. É mentira: apenas lembro, ai de mim, os melhores momentos do FC Porto recente e pergunto por que razão não estamos «ao nível». Lá iremos, dizemos todos nós, semana a semana. No fundo, já estamos a dois pontos do Benfica (lembrando o Bom Jesus de Braga e fazendo contas para os próximos jogos) e nunca se sabe. Depois da passagem à nova fase da Champions, talvez laterais e miolo respirem melhor e afinem a pontaria. Já que o jogo com o Belenenses é melhor esquecê-lo, digamos que Braga e Nicósia serviram como preparação psicológica, foi o que foi.
Francisco José Viegas n' A Bola.
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