Pedro Emanuel descalçou de vez as chuteiras e abraçou a carreira de técnico nos sub-17 do FC Porto, mas não se desligou da equipa principal. Continua a estar nos almoços do plantel, a assistir aos jogos e tem uma opinião optimista sobre o momento da equipa. Em entrevista a O JOGO, o antigo capitão admitiu que a "máquina não está a funcionar", mas não duvida de que, em breve, tudo mudará, considerando Jesualdo Ferreira o homem certo para o fazer. À semelhança da época passada, recordou.
O FC Porto está a cinco pontos da liderança e numa fase menos boa. O que se passa?
Se todos se recordam,há um ano estávamos a falar do mesmo. Lembro-me de uma conferência de Imprensa, em Kiev, em que a situação do FC Porto era idêntica: estava um pouco melhor no campeonato, mas pior na Champions. O discurso tem de ser o mesmo: acreditar naquilo que o grupo de trabalho pode fazer, e acredito que o FC Porto vai dar a volta, até porque tem valor para isso. Vai entrar no caminho certo.
Privou três anos com Jesualdo Ferreira, considera que continua a ser a pessoa certa para dar a volta ao problema?
Absolutamente. Repito: há um ano a situação era idêntica e ficou provado que tínhamos mais do que valor para dar a volta e os resultados saltaram à vista. Fomos eliminados de uma forma infeliz nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, fomos campeões e ganhámos a Taça. Este ano está tudo em aberto. Sou defensor da máxima - 'não está tudo bem quando ganhamos, nem tudo mal quando perdemos'. Há que encontrar o equilíbrio das coisas, e é o que o FC Porto irá fazer nos próximos tempos, recuperando a confiança que muitas pessoas estão a tentar fazer crer que não existe.
Contudo, os adversários internos estão mais fortes do que na época passada…
Estão a fazer o trabalho deles. Normalmente, é o FC Porto quem está naquela posição e agora é o adversário. Compete ao FC Porto correr atrás do prejuízo e cumprir com a sua obrigação para voltar a estar no patamar a que habituou os adeptos, e que tem valor para estar.
O Pedro conhece o plantel. Acha-o tão forte como os anteriores?
É difícil desligar-me do grupo. Tenho sido convidado para alguns dos almoços da equipa, sinto que o espírito de grupo mantém-se intacto e isso é fundamental para o sucesso do trabalho. Conheço grande parte deles, com mais intimidade os que já lá estavam, e reconheço que a união existe. Não penso que será por aí que vem mal ao mundo. Um grupo unido tem mais facilidade para ultrapassar as dificuldades.
Considera, portanto, que não se notam as saídas do Pedro e do Lucho, jogadores importantes no balneário?
Não. O FC Porto é um clube ganhador, mas também vendedor. Todos os anos saem jogadores e é preciso colmatar, umas vezes com maior celeridade, outras menos. As adaptações nem sempre funcionam cedo. Quando a máquina começar a funcionar normalmente, os resultados vão aparecer.
E porque é que a máquina não está a funcionar?
De certeza que o grupo de trabalho já detectou o problema e vai solucioná-lo. Tenho a minha opinião, todos têm, mas não me parece correcto dá-la. Sou treinador das camadas jovens, um adepto do FC Porto que vive o clube, e tenho a minha opinião. Se fizermos uma sondagem haverá variadíssimos cenários, uns verdadeiros outros não. O que interessa é que o grupo arranje soluções.
Esta temporada, o FC Porto teve dois momentos distintos: um em que equipa funcionou bem e agora menos bem. Isso significa que o potencial está lá?
Precisamente. Há um ou outro resultado infeliz, mesmo esta derrota na Madeira em que sofremos um autogolo e desperdiçámos várias oportunidades; contra o Belenenses também produzimos o suficiente para ganhar. Mas não nos podemos desligar da realidade. São os resultados que ditam os momentos e, seguramente, ninguém gostaria que este estivesse a acontecer. Não é nada que já não se tenha vivido e que não possa ser ultrapassado.
Jorge Maia e Carlos Gouveia n' O Jogo.
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