MESMO com incidentes e acidentes, o jogo com o APOEL aproxima o FC Porto de mais uma fase na Liga dos Campeões, os oitavos de final. É preciso mais um esforço em Chipre, dirão os mais realistas e optimistas, preocupados com o essencial – os resultados, a eficácia do marcador, o que afinal interessa: passar em frente. Há estatísticas que ajudam: o número de remates à baliza, por exemplo, diz que o FC Porto ataca bastante. Infelizmente, o jogo com o APOEL teve bastantes remates mas um resultado magro que prolongou o jogo para lá do desejável e até do aceitável. Fucile disse que nunca viu o jogo em perigo. Eu vi, todos vimos. É essa a diferença entre este FC Porto (que, caramba!, irá a Chipre sem Mariano) e o FC Porto do ano passado: nós, adeptos, sofremos mais. Se a observação parece antipática, já Jesualdo tem de entender o sofrimento dos outros – de nós, que não sabemos de arquitectura e de jogo tirado à esquadria, mas que estamos sentados em redor do relvado a contar os minutos de jogo. Ele que me perdoe, mas eu não quero passar 90 minutos assustados pelo APOEL (quem?).
O FC Porto tem de ter sempre alguém para que as bancadas possam assobiar à vontade. Este ano é Mariano González, que tem aquele ar de empregado de mesa do café Tortoni, de Buenos Aires. O cabelinho, o jeito de segurar na bandeja, tudo – ele tem feito de empregado de mesa, até quando é expulso. Até a maneira como a clientela fica exasperada. E, no entanto, os números do jogo com o APOEL, por exemplo, mostram quanto são injustos os assobios diante dos passes certos e das curvas que desenhou pelo relvado. Em outras épocas, houve outros jogadores. Lembro-me de Quaresma entrar em campo e de se levantarem os assobiadores – era injusto, porque ele tinha o seu jeito, o seu compasso, uma forma de pôr os pés no tablao em que exercitava o seu flamenco. Uma coisa, porém, era ver assobiar Quaresma e mandar calar o coro de juízes de bancada; outra, diferente, é pensar que o FC Porto vai a Chipre sem Mariano. E respirar de alívio.
Francisco José Viegas n' A Bola.
O FC Porto tem de ter sempre alguém para que as bancadas possam assobiar à vontade. Este ano é Mariano González, que tem aquele ar de empregado de mesa do café Tortoni, de Buenos Aires. O cabelinho, o jeito de segurar na bandeja, tudo – ele tem feito de empregado de mesa, até quando é expulso. Até a maneira como a clientela fica exasperada. E, no entanto, os números do jogo com o APOEL, por exemplo, mostram quanto são injustos os assobios diante dos passes certos e das curvas que desenhou pelo relvado. Em outras épocas, houve outros jogadores. Lembro-me de Quaresma entrar em campo e de se levantarem os assobiadores – era injusto, porque ele tinha o seu jeito, o seu compasso, uma forma de pôr os pés no tablao em que exercitava o seu flamenco. Uma coisa, porém, era ver assobiar Quaresma e mandar calar o coro de juízes de bancada; outra, diferente, é pensar que o FC Porto vai a Chipre sem Mariano. E respirar de alívio.
Francisco José Viegas n' A Bola.
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