sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Justiça

ACHO que foi Eduardo, o guarda-redes da Selecção, que disse «para falarmos de justiça com frieza, devíamos ter conseguido a qualificação directa para a fase final do Mundial». Foi o mesmo que disse Bolatti no final do jogo com o Uruguai, se bem que Portugal esteja apenas no 'play-off': «A Selecção merecia este apuramento.»
Lamento, mas não é verdade. Portugal não merecia o apuramento directo para o Mundial porque fez uma carreira sofrível e medíocre antes destes jogos decisivos, com empates e derrotas inexplicáveis; e a Argentina não sei se merecia passar com tanta limpeza depois do que (não) fez sob o comando de um Diego Maradona que, de jogador genial e de talento único, passou a ser um arrivista sem desculpa, um anão ao pé do seu currículo. Mas as coisas são como são: a Argentina já lá anda e Portugal há-de lá ir se se esforçar.

Em futebol não existe o merecimento absoluto – existem resultados e existe qualidade de jogo. O ideal é que as duas coisas coincidam e se aliem para um espectáculo fatal; mas não venham, rapazes, falar de justiça. A justiça não tem nada a ver com isto. Isto é futebol.

Por exemplo: é justo o FC Porto ter deixado sair um rapaz como Diego, um talento que fez jogos irrepreensíveis, depois duma época em que Adriaanse transformou o plantel num molho holandês? Não é. Já viram onde eu quero chegar.

Maradona foi um talento extraordinário. Só o vi jogar uma vez no relvado, mas a sua magia ultrapassava os limites do campo – até onde chegava um golo de Maradona chegava o seu mérito, a sua capacidade de nos pôr a sonhar, a magia do baixinho. Vi-o, depois, no estádio do Boca, em Buenos Aires, a assistir ao jogo do centenário do seu clube de sempre. Era já uma sombra daquele talento. A mesma sombra arrastou-se pela forma como tem dirigido a Argentina durante esta campanha do Mundial. Para terminar, insultou a imprensa e os críticos. A Argentina precisa de se livrar da figurinha.

Vítor Baía completou ontem 40 anos. Parabéns atrasados a um dos grandes nomes do FC Porto.

Francisco José Viegas n' A Bola.

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