segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Belluschi - Só me falta o golo e sinto que está a chegar

Na primeira grande entrevista desde que assinou pelo FC Porto, Belluschi fez questão de evitar comparações com o jogador que está a substituir no onze: Lucho. Diz, ainda assim, que tem um jogo mais directo do que o compatriota, garante não desistir de nenhum lance e confessa que só lhe falta mesmo um golo, prometendo-o para breve. Surpreendido com a qualidade dos dois centrais que encontrou no Dragão, o médio explicou a JOGO a pontaria de Falcao, com quem já jogou no River Plate. A propósito de finalização, "El Samurai" ou "El Pelado" ou "El Rasta" - ele explica as alcunhas todas... - não se assusta com os resultados do Benfica, garantindo que o FC Porto continua a ser o principal candidato ao título e que não se repetirá outra exibição tão pobre como a de Braga.

Fez duas assistências para golo no último jogo. É esta a imagem do Belluschi?
A minha missão passa também por aí: estar no meio, junto ao Raul e ao Fernando, manobrar a bola, organizar o jogo do FC Porto e, obviamente, assistir. A única coisa que me está a faltar talvez seja um golo, o melhor que um jogador pode conseguir. Dá mais confiança, mas, com tranquilidade, sei que o golo vai chegar.


Na pré-época marcou e tentou várias vezes, agora tem rematado menos. Porquê?
As poucas ocasiões que tenho tido não concretizei. É verdade que, noutro momento da minha carreira, a cada duas oportunidades uma dava golo. Mas, há que manter a calma e ir tentando. Marcando um, depois é uma questão de me ir habituando e fazer mais. A cada jogo que passa sinto que está perto, que vou marcar. Espero fazê-lo já no próximo jogo.


Preferia jogar um pouco mais adiantado, no vértice avançado de um 4x4x2, como fez no River?
Os sistemas tácticos são diferentes. Na Argentina tinha mais obrigação de acompanhar os avançados, porque os médios exteriores não subiam tanto como fazem aqui. Em Portugal, ataca-se muito por fora, com extremos, e isso permite-me investir mais pelo centro do que pelas alas. Gosto disso, porque, assim, estou sempre mais perto da baliza contrária


A adaptação ao sistema do FC Porto foi fácil?
Foi. É um sistema muito ofensivo e para um jogador como eu, que gosta de ir sempre para a frente, foi mais fácil.


Quando chegou fez questão de dizer que é diferente do Lucho, que substituiu no meio-campo. Ainda assim, ele é uma referência para si?
Sem dúvida. Aprendemos sempre com jogadores de classe, que ganharam muitas coisas e que têm qualidade. Em todas as equipas por onde passei aprendi com alguém. Vendo os jogos pela televisão, aprendi muito com o Lucho, mas somos jogadores diferentes. As pessoas, agora, vão ter de habituar-se ao meu estilo de jogo e ver o Belluschi em campo, sabendo que sou diferente do Lucho.


E que diferenças são essas, concretamente?
Lucho é um jogador que assiste mais os companheiros, embora também finalize bem. Eu sou um jogador mais frontal, directo: gosto de pegar na bola e terminar na baliza contrária o mais rápido possível. O Lucho manobrava melhor a bola. Cada jogador tem as suas características e procura aproveitá-las ao máximo. É o que vou fazer e só espero ganhar tantos campeonatos como o Lucho ganhou aqui.


Quando ainda jogava no Newell's Old Boys, Ariel Ortega disse que Belluschi era um "pibe con huevos", valorizando-lhe a coragem em campo. É essa a sua melhor definição?
Ariel queria dizer que nunca dou por perdida uma bola e que não baixo os braços. Deixo sempre tudo em campo para que a equipa ganhe.


No lance do primeiro golo do FC Porto em Olhão, preferiu cruzar em vez de ganhar canto. É o melhor exemplo disso?
Foi um 'feeling'. Podia pensar-se que, se deixasse a bola sair, seria canto e poderíamos aproveitar esse lance para procurar o golo, mas, na hora de recolher a bola, tive a convicção de que poderíamos tirar melhor proveito com um bom cruzamento. É verdade que um defesa podia ter cortado o lance, mas é preciso arriscar, e quando o faço é com a convicção de que vai sair bem.


Há quem ache que Belluschi é um jogador mais talhado para o contra-ataque...
Às vezes dá-se essa possibilidade... Tenho uma boa capacidade de passe que os avançados podem aproveitar. O FC Porto não joga assim, prefere manter a bola, jogar no apoio, porque os adversários, normalmente, jogam com toda a defesa metida na área.


Ainda não viu nenhum cartão, apesar de jogar num meio-campo que exige compensações defensivas. Isso significa que faz poucas faltas?
Sim. Se vejo um amarelo é por uma entrada fora de tempo ou uma falta sem intenção, porque não sou um jogador que costuma jogar duro ou ser desleal. Procuro jogar limpo e, quantos menos cartões, melhor.


Uma provocação agora: Daniel Passarella disse há tempos que você valia 40 milhões de dólares. Vale?
É muito (risos). Ele procurou fazer uma comparação com o que se passava na altura, na Argentina. Mas, a verdade é que, para mim, foi uma alegria ouvir uma pessoa com o seu passado, com tudo o que ganhou enquanto jogador e treinador, dizer isso de mim. Deu-me confiança no River e estou-lhe muito agradecido.

Belluschi quer deixar a sua marca

As assistências que fez no jogo com o Olhanense são apenas um exemplo do que pode acrescentar ao FC Porto. O médio garantiu que deixa sempre tudo em campo e tem-se revelado um talismã nas equipas por onde passou. Foi campeão na Argentina, na Grécia e com ele em campo o FC Porto não perdeu...

Carlos Gouveia n' O Jogo.

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