UM dos métodos mais ilustres e definitivos de calcular a eficácia de uma equipa é avaliar o plantel escolhido. Como treinador de bancada, sigo-o sempre que posso. Às segundas-feiras, então, é infalível. O Jesualdo meteu o Guarín? Pois, foi o que se viu. Nos últimos três meses o refrão voltava-se contra Mariano, o empregado de mesa. Contra Tomás Costa, valha a verdade que desde que deixou crescer o cabelo não cometeu tantos dislates, a provar que os cabeludos de antigamente não eram mal escolhidos, se bem que a barba de Ernesto Farías merece reparo. Mas olha o Belluschi, com aquela poupa topa, como se cavalgasse pelos pampas...
Acontece que, um dia, o treinador de sofá perde de goleada quando entram no relvado, ao mesmo tempo, todos os defeituosos, coxos e extravagantes. Aí, o treinador de sofá arrepela os cabelos e torce-se na bancada (a minha cadeira fica em declive, tremendo). E não é que aquilo funciona mesmo? E não é que Mariano marca, corre, empurra, salta e sorri? E não é que Tomás Costa consegue fazer duas assistências sem tropeçar no salto alto?
Infelizmente, esta derrota do treinador de sofá (ou de bancada) não dura muito. Dois jogos depois, a mesma família de foragidos entra em campo e o resultado é totalmente contrário. É isso que tem sido a minha vida: a ver que os mesmos processos (o termo de Jesualdo) e idênticas peças (o termo de Karpov, parece) produzem resultados delirantes e contrários. Porque empatámos com o Leixões? Porque não funcionou. Porque ganhámos ao Nacional? Porque funcionou.
De resto, para os mais descrentes e reticentes, aviso que um golo destes, o de Radamel Falcao a passe de Ruben Micael, não é de todos os dias. Foi assim que o Arsenal marcou ao Chelsea; foi assim que um dia fomos eliminados pelo Bayern. Entramos na alta-roda do futebol europeu. Foi pena não ter sido depois dos noventa.
Francisco José Viegas n' A Bola.
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