Deve haver um bom motivo para o egoísmo não ser um dos sete pecados mortais, mesmo que ande por lá, na lista, a insinuar-se. Afinal, um verdadeiro egoísta é sempre alguém que cede à tentação do orgulho, e também ninguém seria capaz de negar que há uma pontinha de gula e avareza nessa aversão quase incontrolável a partilhar. Ainda assim, quer-me parecer que o egoísmo não é, ele próprio, um dos sete pecados mortais, porque, na verdade, em doses moderadas e devidamente orientadas, o egoísmo pode assemelhar-se a uma virtude. Claro que tudo depende da competência do egoísta. No caso de Hulk, por exemplo, o egoísmo é a melhor forma que ele tem de ser altruísta, no sentido em que um altruísta se preocupa com o bem colectivo. O egoísmo dele, a capacidade que tem para pegar na bola, correr dezenas de metros com ela, aguentar a pressão dos adversários e rematar, é a melhor forma que tem de trabalhar para a equipa. Claro que também há bons motivos para o egoísmo não ser uma das sete virtudes redentoras. Às vezes, o melhor é mesmo passar a bola. E, agora que Hulk começa a perceber isso, está muito mais perto de ser incrível.
Jorge Maia n' O Jogo
Jorge Maia n' O Jogo
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