NA primeira parte, em Guimarães, o FC Porto mostrou que tem argumentos mais do que suficientes para lutar pelo título nacional. Perante um Vitória empolgado por uma série de bons resultados, a equipa fez uma exibição notável e poderia ter resolvido o jogo antes do intervalo, não fosse a qualidade do guarda-redes adversário.
Depois, as coisas complicaram-se no último minuto da primeira parte, quando o Vitória reduziu a diferença. Tudo começou num passe de risco de Belluschi que, perdendo a bola, obrigou Fernando a recorrer à falta que resultaria no livre directo e no golo adversário. Houve quem criticasse Belluschi por esse erro, mas convém não esquecer que o primeiro golo portista começa nos seus pés, quando rouba a bola a Nuno Assis e a endossa a Varela. Creio que nem Belluschi merece tantas críticas, nem Assis merece tantas loas. O argentino não será igual a Lucho. Não será, sequer, um jogador extraordinário. No entanto, é muito útil, exactamente porque toma a iniciativa e arrisca, desequilibrando a cobertura dos adversários. A sua imprevisibilidade obriga, naturalmente, a compensações, e nesse aspecto combina melhor com Varela do que com Hulk.
Talvez por isso, em Madrid, Jesualdo resolveu apostar de início no brasileiro, e escalou Valeri para o lugar de Belluschi. Para um jogador que apenas fora titular contra o Sertanense, Valeri fez uma excelente exibição, com uma grande consistência táctica, dando a Fucile a confiança para subir pelo seu flanco, sabendo que tinha alguém a proteger a retaguarda.
Ou seja, o FC Porto parece ter, agora, duas opções bem distintas para a ala-direita, com Fucile como elemento comum: ou joga com Belluschi e Varela, ou com Valeri e Hulk. Jesualdo tem vindo a dizer que, com as lesões debeladas e com a integração de um número crescente de jogadores, a sua equipa vai continuar a crescer. Foi isso, de facto, que se viu em Guimarães e principalmente em Madrid, onde fez um resultado histórico, para mais tarde recordar. Pode-se alegar que o Atlético Madrid é frágil na defesa, que está a fazer uma época difícil, mas a verdade é que empatara com o Chelsea e nunca, no seu longo historial, fora derrotado por tão desnivelado resultado numa prova europeia.
As duas vitórias têm, como é óbvio, um significado distinto. O FC Porto continua, a espaços, a ter dificuldades de recuperar a bola, as transições não são ainda tão fáceis como eram quando Lucho mandava no meio-campo. Mas o facto de o FC Porto estar mais forte, ter tantas opções e parecer mais à vontade fora-de-casa, como aliás já acontecera na época passada, é muito animador quando faltam poucos dias para a crucial deslocação à Luz.
Um golo extraordinário
Osegundo golo do Sporting no Bonfim é digno de figurar no anedotário do futebol nacional. O árbitro assistente assinalara um fora-de-jogo a Liedson. O jogador apercebeu-se da infracção, viu que ela fora assinalada e só então se desinteressou do lance. Não se pode, por isso, invocar que o fora-de-jogo era meramente posicional, já que o jogador tentou prosseguir a jogada até esse momento. O guarda-redes sadino deixou que a bola saísse das quatro linhas e, como lhe competia, despachou-a para que o livre fosse marcado. Tudo isto ocorreu nas barbas do árbitro. Liedson aproveitou o erro e fez o golo mais ridículo do ano. A culpa, pela teoria de Platini, é da maldita televisão.
Um 'frango' à portuguesa
NÃO é a primeira vez que acontece com Eduardo. Em Matosinhos, voltou a borrar a pintura com um frango escandaloso. De vez em quando, o titular da Selecção Nacional tem destas brancas. Eduardo tem qualidades: é capaz de fazer defesas impossíveis, é corajoso a sair aos pés do adversário. Mas, a guarda das redes nacionais não pode estar entregue a alguém que oscila entre o óptimo e o péssimo. Desde que Baía foi afastado que não temos um grande guarda-redes na Selecção. Não creio que Rui Patrício seja opção, pelas mesmas razões, nem sequer Beto, por não ser titular no FC Porto. A experiência e a rodagem contam e, por isso, espero que Quim seja, pelo menos, convocado para a África do Sul.
Simão ou 'Simulão'?
SABROSA não tem um feitio fácil. Conhece-se a cena que protagonizou no Benfica, quando cobiçou a braçadeira de capitão. Já se viu o mesmo na Selecção, quando amuou e se recusou a celebrar um golo com os colegas. Além disso, está em má forma. Nos jogos do play-off foi o pior dos jogadores portugueses. No Atlético Madrid, a vida também não lhe corre de feição, e teve que engolir as suas bravatas acerca do FC Porto. No jogo da última terça-feira, fez uma exibição lastimável. Pior do que isso, porque os grandes jogadores têm altos e baixos, abusou das suas patéticas simulações, sem resultado. Simão esqueceu-se que já não está no seu velho clube e que o árbitro não é português.
O grande Ronaldo
FELIZMENTE, o grande Cristiano Ronaldo parece estar de regresso, depois da lesão que o afastou dos relvados. A nossa árdua tarefa na África do Sul vai depender, em larga medida, do momento de forma do melhor jogador do Mundo. Ao contrário de muitos observadores, gostei do nosso grupo. Se Portugal tem pretensões a discutir a vitória no Campeonato do Mundo, qualquer grupo lhe deve servir e não se pode, por isso, atemorizar com os adversários que lhe calharam. O primeiro jogo com a Costa do Marfim será vital, mas o grande embate será contra o Brasil. A primeira e última vez que jogamos a sério foi em 1966, e ganhámos por 3-1. Então foi com Eusébio, desta vez espero que seja com Cristiano Ronaldo…
Rui Moreira n' A Bola.
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