José Mourinho diz, numa entrevista, ontem, ao Público, que dois anos no FC Porto o habituaram mal. Falava a propósito da necessidade que sente de dar o peito às balas nos clubes por onde tem passado e de como lhe sabia bem ver aparecer alguém com um colete à prova de balas como acontecia no FC Porto. Mas também podia falar de outras coisas. Da forma como dois anos a ganhar tudo e mais alguma coisa podem habituar mal. De como lhe faziam todas as vontades. Ou de como lhe perdoaram todos os excessos. Mas admito que seja importante para um treinador sentir-se protegido. Mesmo um treinador que gosta de dar o peito às balas e ainda lhe desenha um alvo colorido por cima. Jesualdo Ferreira, por exemplo, havia de gostar de um colete à prova de balas. Afinal, passou os últimos anos a dar o peito a todas as balas, até às que nem sequer eram para ele, e continua a ser o alvo preferido de qualquer pretendente a "sniper". Adeptos do FC Porto, adeptos dos rivais, críticos, até padres nos seus sermões aproveitam para praticar tiro ao alvo com o treinador do FC Porto. Há três anos que é assim. E há três anos que Jesualdo Ferreira é campeão. Sem coletes.
Jorge Maia n' O Jogo.
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