O FC Porto voltou a perder em Stamford Bridge onde, como vai sendo hábito, jogou bem e deixou a ideia que o desfecho poderia ter sido outro. Uma derrota destas não deslustra, como aliás se comprova pelas declarações do treinador adversário e pelos ecos na imprensa internacional, mas não pode ser tomada por um bom resultado. Este FC Porto é uma equipa que nunca se conforma com a derrota e este é um clube que deixou de acreditar nas vitórias morais há trinta anos.
Preferíamos todos, naturalmente, que o FC Porto tivesse ganho, mesmo que o tivesse conseguido jogando mal. Ainda assim, e a frio, depois da ressaca ter passado, dificilmente se poderia exigir mais da equipa. É fácil, agora, e injusto, criticar as opções de Jesualdo, dirão muitos portistas, para quem a boa exibição é um bom augúrio para os próximos jogos da Liga dos Campeões, e todos convirão que para ganhar em Londres teria sido preciso que tudo corresse na perfeição, o que depende da sorte, das opções tácticas e, também, do desempenho individual dos jogadores.
Não vou, por tudo isso, censurar as opções que foram feitas, e muito menos criticar este ou aquele jogador, porque até os menos felizes — que os houve de facto — jogaram com brio e arreganho. Prefiro, desta vez, elogiar aqueles que melhor jogaram. Helton, que tantas vezes critico quando falha num ou outro jogo, fez de salva-vidas no charco londrino. Guarín, a quem finalmente foi dada a oportunidade de jogar no lugar que mais lhe convém, explicou porque razão, apesar de pouco utilizado, continua no clube e faz parte da selecção colombiana. Varela foi, também ele, um dos jogadores que melhor jogou, desmentindo quem se preocupava com a sua pouca experiência.
Jesualdo tem razão quando diz que, nos últimos minutos, encostou os ingleses às cordas, mas fica-nos um certo travo amargo por não se terem concretizado as oportunidades de que o FC Porto então dispôs, e a dúvida se essa superioridade não terá acontecido por, então, a equipa estar a jogar na sua táctica habitual, o se o desfecho não teria sido outro se essa tivesse sido usada de início. Jesualdo explicou a sua opção por reforçar e alargar o meio-campo para tentar limitar as incursões dos laterais adversários pelas alas. Mas, foi quando Varela entrou em jogo, com uma atitude que a sua pouca experiência não deixaria adivinhar, que os laterais ingleses deixaram de arriscar as subidas.
A verdade é que a equipa está a crescer e terá, em breve, argumentos para replicar os feitos do ano passado. Para conseguir isso, será preciso que algumas das suas peças fundamentais apurem a sua forma, já que pouco mais se pode exigir aos recém-chegados. Veremos o que acontece daqui a duas semanas, no jogo no Dragão com o Atlético de Madrid, que não conseguiu melhor que um empate a zero contra os cipriotas e que agora precisará de jogar aberto para ganhar.
'Frangos' e incómodos
HELTON que está, justamente, na berlinda depois da imaculada exibição londrina, veio dizer que «só criticam quem incomoda». Pois o simpático jogador tem toda a razão. Só posso falar por mim, mas pode ter a certeza que, de facto, só critico negativamente o que me incomoda. Ora, o que me incomoda não é Helton: são os frangos que por vezes tem dado, e que comprometem o trabalho da equipa e o resultado dos jogos, principalmente quando me parecem displicências. Quando, pelo contrário, cumpre a sua missão e exibe todas as suas qualidades, nada me incomoda. E sempre que marca a diferença, como foi o caso em Londres, notará que a única referência que faço é, como acima constatará, muito elogiosa.
Como fechar o trinco
COM a expulsão de Fernando, e não sendo previsível que a disciplina da UEFA corrija o erro do árbitro, que se equivocou no primeiro cartão que resultou de uma falta de Guarín, Jesualdo Ferreira passa a ter um problema difícil, por não ter, nos jogadores inscritos, qualquer candidato natural ao vértice defensivo do triângulo do meio-campo. Por isso, é previsível que se veja obrigado a inverter o vértice desse triângulo ou, em alternativa, opte por jogar com um meio-campo reforçado com um quarto jogador. Não me parece que Meireles, que está melhor mas a quem ainda falta fulgor físico, ou Tomás Costa, cuja passagem por esse lugar não deixa saudades, possam resolver esse problema.
Mingos e os samurais
AGORA, segue-se mais um jogo difícil em Braga, em casa do comandante do campeonato que, ao contrário do que transparece, ainda não é o Benfica. Diz-se que a equipa bracarense não joga tão bem como na época passada, em que era treinada por Jesus, e que tem sido ajudada pelas arbitragens. Ora, eu desconfio dessa lógica e, pelo que vi, por exemplo em Alvalade, o Sporting de Braga é uma equipa bem estruturada, com alguns valores individuais de grande qualidade. Ainda por cima, é treinada por Domingos Paciência, um homem discreto e humilde, e que não goza, por isso, dos favores da imprensa e dos louvores dos comentadores, mas que tem o hábito de surpreender os maiores.
A justiça depenada
COMO se esperava, quem antes gabava a justiça desportiva, anda incomodado com as leis e com os tribunais. Afinal, queriam uma justiça justiceira, mas as contas saíram-lhes furadas. Definitivamente, as escutas telefónicas não podem ser utilizadas como meio de prova em processos disciplinares, como é o caso do Apito Final. Ora, mesmo sabendo que Ricardo Costa alega que as penas aplicadas nos processos que envolvem o Boavista FC e o FC Porto não se fundamentaram apenas nesse meio de prova, a verdade é que a Comissão Disciplinar da Liga o utilizou, de forma imprudente e pouco avisada. Mais não seja por isso, espero que o FC Porto não prescinda de qualquer dos seus direitos.
Rui Moreira n' A Bola.
Preferíamos todos, naturalmente, que o FC Porto tivesse ganho, mesmo que o tivesse conseguido jogando mal. Ainda assim, e a frio, depois da ressaca ter passado, dificilmente se poderia exigir mais da equipa. É fácil, agora, e injusto, criticar as opções de Jesualdo, dirão muitos portistas, para quem a boa exibição é um bom augúrio para os próximos jogos da Liga dos Campeões, e todos convirão que para ganhar em Londres teria sido preciso que tudo corresse na perfeição, o que depende da sorte, das opções tácticas e, também, do desempenho individual dos jogadores.
Não vou, por tudo isso, censurar as opções que foram feitas, e muito menos criticar este ou aquele jogador, porque até os menos felizes — que os houve de facto — jogaram com brio e arreganho. Prefiro, desta vez, elogiar aqueles que melhor jogaram. Helton, que tantas vezes critico quando falha num ou outro jogo, fez de salva-vidas no charco londrino. Guarín, a quem finalmente foi dada a oportunidade de jogar no lugar que mais lhe convém, explicou porque razão, apesar de pouco utilizado, continua no clube e faz parte da selecção colombiana. Varela foi, também ele, um dos jogadores que melhor jogou, desmentindo quem se preocupava com a sua pouca experiência.
Jesualdo tem razão quando diz que, nos últimos minutos, encostou os ingleses às cordas, mas fica-nos um certo travo amargo por não se terem concretizado as oportunidades de que o FC Porto então dispôs, e a dúvida se essa superioridade não terá acontecido por, então, a equipa estar a jogar na sua táctica habitual, o se o desfecho não teria sido outro se essa tivesse sido usada de início. Jesualdo explicou a sua opção por reforçar e alargar o meio-campo para tentar limitar as incursões dos laterais adversários pelas alas. Mas, foi quando Varela entrou em jogo, com uma atitude que a sua pouca experiência não deixaria adivinhar, que os laterais ingleses deixaram de arriscar as subidas.
A verdade é que a equipa está a crescer e terá, em breve, argumentos para replicar os feitos do ano passado. Para conseguir isso, será preciso que algumas das suas peças fundamentais apurem a sua forma, já que pouco mais se pode exigir aos recém-chegados. Veremos o que acontece daqui a duas semanas, no jogo no Dragão com o Atlético de Madrid, que não conseguiu melhor que um empate a zero contra os cipriotas e que agora precisará de jogar aberto para ganhar.
'Frangos' e incómodos
HELTON que está, justamente, na berlinda depois da imaculada exibição londrina, veio dizer que «só criticam quem incomoda». Pois o simpático jogador tem toda a razão. Só posso falar por mim, mas pode ter a certeza que, de facto, só critico negativamente o que me incomoda. Ora, o que me incomoda não é Helton: são os frangos que por vezes tem dado, e que comprometem o trabalho da equipa e o resultado dos jogos, principalmente quando me parecem displicências. Quando, pelo contrário, cumpre a sua missão e exibe todas as suas qualidades, nada me incomoda. E sempre que marca a diferença, como foi o caso em Londres, notará que a única referência que faço é, como acima constatará, muito elogiosa.
Como fechar o trinco
COM a expulsão de Fernando, e não sendo previsível que a disciplina da UEFA corrija o erro do árbitro, que se equivocou no primeiro cartão que resultou de uma falta de Guarín, Jesualdo Ferreira passa a ter um problema difícil, por não ter, nos jogadores inscritos, qualquer candidato natural ao vértice defensivo do triângulo do meio-campo. Por isso, é previsível que se veja obrigado a inverter o vértice desse triângulo ou, em alternativa, opte por jogar com um meio-campo reforçado com um quarto jogador. Não me parece que Meireles, que está melhor mas a quem ainda falta fulgor físico, ou Tomás Costa, cuja passagem por esse lugar não deixa saudades, possam resolver esse problema.
Mingos e os samurais
AGORA, segue-se mais um jogo difícil em Braga, em casa do comandante do campeonato que, ao contrário do que transparece, ainda não é o Benfica. Diz-se que a equipa bracarense não joga tão bem como na época passada, em que era treinada por Jesus, e que tem sido ajudada pelas arbitragens. Ora, eu desconfio dessa lógica e, pelo que vi, por exemplo em Alvalade, o Sporting de Braga é uma equipa bem estruturada, com alguns valores individuais de grande qualidade. Ainda por cima, é treinada por Domingos Paciência, um homem discreto e humilde, e que não goza, por isso, dos favores da imprensa e dos louvores dos comentadores, mas que tem o hábito de surpreender os maiores.
A justiça depenada
COMO se esperava, quem antes gabava a justiça desportiva, anda incomodado com as leis e com os tribunais. Afinal, queriam uma justiça justiceira, mas as contas saíram-lhes furadas. Definitivamente, as escutas telefónicas não podem ser utilizadas como meio de prova em processos disciplinares, como é o caso do Apito Final. Ora, mesmo sabendo que Ricardo Costa alega que as penas aplicadas nos processos que envolvem o Boavista FC e o FC Porto não se fundamentaram apenas nesse meio de prova, a verdade é que a Comissão Disciplinar da Liga o utilizou, de forma imprudente e pouco avisada. Mais não seja por isso, espero que o FC Porto não prescinda de qualquer dos seus direitos.
Rui Moreira n' A Bola.
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