sábado, 11 de dezembro de 2010

André Villas-Boas - Quero tornar esta equipa inesquecível

A Tomaz Andrade n'O Jogo:

Durante 25 minutos, o treinador do FC Porto falou do Setúbal, da imprevisibilidade da Taça de Portugal, de Costinha e do Sporting e também negou saídas de jogadores, do núcleo duro... aos menos utilizados.

Depois da goleada ao Juventude de Évora em 1997/98, espera um jogo igualmente fácil?

Não. Estava na bancada a ver esse jogo, que o FC Porto tornou fácil. É uma competição desigual em termos de individualidades, mas o impacto motivacional pode ter importância, como aconteceu com o Limianos. Nesse jogo chegámos ao intervalo a ganhar apenas por 1-0 e tivemos que trabalhar forte para conseguir um resultado mais volumoso, que foi alcançado na parte final. Quero acreditar que a mensagem vai ser essa e que vamos ter um adversário motivado. Vem de uma derrota para o campeonato, mas, a jogar no Dragão contra este FC Porto, há motivação suficiente para recuperar fisicamente a equipa. Obviamente que as qualidades individuais não estão em causa, porque há uma discrepância enorme, mas os factores motivacionais e humanos podem ter influência e a dificuldade será sempre nesse aspecto. Queremos acreditar que vamos apresentar-nos motivados e, curiosamente, recordo uma frase do Del Bosque, a propósito do Portugal-Espanha, que disse aos meus jogadores na partida com o Moreirense. O seleccionador espanhol, em vez de ter optado por qualquer análise táctica ou de organização, chegou à conferência de Imprensa e disse que a Espanha não tinha encontrado motivação suficiente para jogar com Portugal. Os campeões do Mundo não tiveram motivação suficiente para jogar com Portugal e aconteceu o que aconteceu. Estamos preparados para encontrar motivação suficiente para jogar com o Juventude de Évora e é esse o nosso objectivo. Queremos seguir em frente na competição.

Há um mês disse que o objectivo era virar o ano invicto. Nesse sentido, este é o jogo mais fácil?

A análise é essa, de um jogo fácil para o FC Porto, mas a realidade é diferente. Quando toda a gente esperava um FC Porto que fosse a Moreira de Cónegos passear, foi necessário lutar e só marcámos a dez minutos do fim. Foi uma vitória bastante suada. O impacto dos jogos da Taça é este mesmo e passa-se aqui como em outro país qualquer. O Alcorcón eliminou o Real Madrid na época passada. Tudo pode acontecer. São jogos mágicos que trazem esse tipo de imprevisibilidade. Queremos reduzir essa imprevisibilidade , porque, no resto, a leitura é desigual, invidual e colectivamente. Se a motivação não estiver no topo paga-se caro o erro, saindo de uma competição que é histórica para nós e que queremos vencer.

Em que medida é que vai rodar a equipa?

Vamos fazer a gestão como temos feito, apresentando uma equipa supercompetitiva. Todos os jogadores dão-nos máximas garantias. Temos sido afectados por alguns problemas físicos, uns musculares e outros traumáticos. Mas sentimos que a equipa está pronta e temos opções para este jogo.

O facto de poder bater um novo recorde de jogos consecutivos sem perder, no caso 34, contando com a época passada, dá mais estímulo para este jogo?

Não, o estímulo tem de ser vencer. A invencibilidade anterior veio de uma equipa histórica, que venceu a Taça UEFA, a Liga dos Campeões e que ganhou títulos [em 2003/04]. Nós queremos tornar esta equipa inesquecível. Não é por este registo de invencibilidade, mais o da época passada, que nos orgulhamos. Orgulhamo-nos pelos títulos que queremos conquistar e estou confiante que os vamos alcançar. Essa equipa histórica que conquistou dois troféus importantes tem mais peso do que o trabalho que estamos a fazer.

Pergunta O JOGO
"Jaílson deu-me alívio enorme"

Como estava castigado e não foi possível vê-lo no banco, como viveu o momento em que Jaílson marcou o penálti e depois falhou a repetição?

Foi um alívio enorme. Era uma redução de pontos, ou melhor, ganharíamos um ponto, porque os outros já estavam a cinco. Os outros já tinham feito o encurtamento e o FC Porto estava com menos um jogo, mas ainda conseguiria ganhar um ponto. De qualquer forma, haveria sempre um encurtamento de pontos em relação à jornada anterior e naquele lance tivemos a estrelinha de campeão.

Directo
Motivação para a Taça de Portugal

"Recordo uma frase do Del Bosque, a propósito do Portugal-Espanha, que disse aos meus jogadores antes do Moreirense (...) Disse ele que a Espanha não encontrou motivação suficiente para jogar com Portugal e aconteceu o que aconteceu..."

Recorde à vista

"A invencibilidade anterior veio de uma equipa histórica, que venceu a Taça UEFA, a Liga dos Campeões e que ganhou títulos. Não é por este registo de invencibilidade que nos orgulhamos. Essa equipa histórica tem mais peso do que o nosso trabalho actual."

Mourinho, Guardiola ou Del Bosque: quem foi o melhor?

"O Guardiola ganhou e continua a ganhar títulos, tal como José Mourinho, mas o Del Bosque venceu o título mais importante em termos de competições internacionais. O único título que tem. A lista de candidatos parece-me o mais meritória possível e dois não vão ficar satisfeitos"

Candidatos frustrados que vêm da Liga dos Campeões

"Aos candidatos actuais da Liga Europa juntam-se novos candidatos vindos de uma frustração na Liga dos Campeões. Como é que equipas que são eliminadas dessa competição entram nos 16 avos-de-final da Liga Europa. É a maior aberração."

Também foi o factor motivacional que pesou nos jogos com o Moreirense e Setúbal? E que apreciação faz à arbitragem no jogo com o Setúbal?

Com o Moreirense não foi esse o caso. Com o Setúbal parece-me óbvio que a segunda parte é pouco conseguida. Foi o jogo em que o FC Porto esteve mais rematador, com uma primeira parte excelente, e não marcámos mais golos por mera infelicidade. Depois andou-se no limite do risco e poderíamos ter pago caro um erro colectivo final. Mas, nem tudo foi tão negativo como pareceu. Por que é que o FC Porto não há-de encontrar boas organizações? Por que é que todos os jogos têm de ser de grande espectáculo e goleada? Como não chegámos cedo a uma vantagem confortável, passámos uma segunda parte intranquila emocionalmente, também pela resposta que veio do público, que não ajudou. Não é uma crítica, porque é algo cultural. Já fui adepto e sei como funciona. Isso cria ansiedade e dificuldade. Quanto à arbitragem, a análise é simples: são dois lances para penálti e, no caso do apito, não o ouço da parte de Elmano Santos quando o Jaílson bate a bola. Quais são os casos do Setúbal?

Collin diz que Falcao lhe confessou que não era penálti...

Disparate pegado. Foi uma oportunidade para o Collin brilhar com uma mentira. Qualquer pessoa no fim do jogo pode dizer o que lhe apetece e passar a mensagem que quer. Como é que uma mensagem mentirosa passa da forma como passou? É um absurdo completo.

Pinto da Costa já disse que em Janeiro não sai ninguém do núcleo duro, mas que pode haver saídas de outros. A escassa utilização de alguns jogadores pode ser o indicador dessas saídas, havendo os casos de Castro, Ukra e James...

Não saem de forma alguma, principalmente esses três jogadores. São fundamentais para mim. O Castro e o Ukra têm recebido constantes elogios meus, em privado e em público. Não quero abdicar deles e é isso que lhes tenho comunicado. Espero continuar a tê-los aqui após o fecho do mercado de Janeiro. Não há dúvida de que o plantel é extenso, mas é controlável. Não é uma questão preocupante. São 26, mas podiam ser 24. Quero contar com o Castro, o Ukra e o James. O James sabe que muito dificilmente sairá; é um jogador que tem um potencial incrível e quero potenciá-lo. Vai ter uma oportunidade amanhã [hoje] com o Juventude de Évora. Não é uma oportunidade-limite, no sentido que se lhe correr mal termina o seu tempo aqui. Pelo contrário. Digamos que é o início de uma oportunidade perante uma semana que foi extremamente positiva para ele. E também ele já transmitiu o desejo de continuar. Quero ter um plantel competitivo e que me dê a máxima garantia para os cinco meses mais importantes da época.

E o Souza?

O mesmo. De forma alguma sairá. Não é um jogador afastado. Teve um problema lombar um pouco preocupante, recuperou nas duas últimas semanas e integrou o grupo. Mais tarde ou mais cedo vai competir para a convocatória.

Se Falcao se lesionar, e tendo em conta que Walter não tem os mesmos atributos, como vai gerir a situação? E, já agora, acompanha-o no Twitter?

Acho curioso que o Falcao partilhe momentos da sua vida pessoal. Ele sabe quais são as nossas linhas de orientação em termos de comunicação e o que faz da vida pessoal só a ele diz respeito. Em relação ao Walter, dá as máximas garantias. É um goleador, com quatro golos marcados em pouco tempo. Dá-nos muitas soluções, mas é claro que pode melhorar. Também me parece que poderá competitr com o Falcao de uma forma mais agressiva. Veio de um período longo de paragem, está a adaptar-se e a regressar a um nível positivo. Vai continuar a ter oportunidades e estou confiante que me traz competitividade suficiente para manter Falcao no topo.


1 comentário:

Dragus Invictus disse...

Bom dia,

Hoje vamos ter pela certa, um Juventude de Évora motivadíssimo no Dragão, pois não tem nada a perder. Só tem a ganhar ... tentar fazer história, jogar contra alguns dos seus ídolos, e quem sabe mostrarem qualidade para dar o salto para divisões superiores.

Ao nosso Porto, independentemente de quem jogue, não há desculpas para falhar. Os atletas tem de encarar o jogo com seriedade, ambição e garra, tal como se um jogo contra uma grande equipa se tratasse. Só assim se constroem equipas com mentalidades vencedoras.

Espera-se naturalmente uma vitória do nosso Porto, e não precisa ser de goleada como a de à 12 anos, basta ser uma vitória "sem espinhas".

Espera-se uma grande festa no estádio, que as gentes de Évora compareçam, e que os portistas aproveitem o jogo para trazer as suas famílias ao Dragão neste dia de festa da Taça.

Abraço e bom fim de semana

Paulo

http://pronunciadodragao.blogspot.com/