Poucos se lembram e haverá mesmo por aí quem jure nunca ter pensado semelhante, mas os que têm boa memória sabem que Falcao não chegou ao FC Porto coberto pelo manto da unanimidade. Dito isto, que podia muito bem ser - mas não é - uma crítica fácil a esses juízos precipitados, a verdade é que havia pelo menos duas sombras sobre esse Falcao que chegava do River. Ambas de Lisandro. Licha era um goleador de mão-cheia, o que seria suficiente para deixar saudades, mas também se esfolava em campo. Se encontrar um goleador que o substituísse já parecia coisa difícil, achar um que fosse idêntico na entrega era capaz de ser coisa do domínio da ficção. Mas que 'los hay, los hay'. Mais do que a eficácia deste Falcao (desconfio que nem os adeptos do River acreditam ser o mesmo e é desconcertante a forma como os colombianos se interrogam sobre quem é este El Tigre europeu que não pega na selecção...), sobressai precisamente a entrega. Também ele se esfola em campo, seja em relva fofinha, em lama ou num campo de patinagem no gelo com balizas. Falcao explica-se: "O FC Porto potenciou-me". Eficaz, dedicado e a falar directo ao coração dos adeptos. Quer-me parecer que há-de deixar três sombras ao próximo...
Hugo Sousa n'O Jogo.
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